— Finalmente acabou. Vamos lá, Hikaru. Vamos.
— Ok.
Após o término da aula, Masachika juntou seus pertences e olhou para seus dois melhores amigos. Como já era depois do horário escolar, a sala de aula estava muito relaxada.
— Hmm? Takeshi, você vai para a banda hoje? O que aconteceu com o beisebol?
— Sem beisebol hoje. O cronograma está um pouco irregular no momento.
— Ah.
Takeshi e Hikaru tocavam juntos no clube da banda, mas Takeshi também estava no clube de beisebol. Sua justificativa era muito a cara dele. Era simples e mostrava que tipo de pessoa ele era: “Vou praticar os dois, esportes e música para aumentar minhas chances de ficar popular com as garotas.”
— Você vai direto para casa, Masachika?
— Sim, não tenho mais nada para fazer.
— Você deveria entrar em um clube, então. Você está um pouco atrasado, mas eles ainda vão aceitar você.
— Prefiro não perder meu tempo.
— Cara, você só é jovem uma vez. Este é o seu tempo para viver.
Takeshi balançou a cabeça diante da preguiça de seu amigo, depois olhou para o teto de maneira exagerada.
— Os clubes fortalecem os laços de amizade! O cheiro de lama, suor e lágrimas depois de inúmeros dias de trabalho duro juntos… e sentimentos ardentes de amor tão puro quanto o vasto céu azul!
— A amizade morre devido a diferenças de opiniões… O cheiro de metal, sangue e lágrimas depois de inúmeros dias desperdiçados… e um ciúme ardente tão escuro quanto a noite quando os melhores jogadores do time roubam todas as garotas para si mesmos.
— Pare com isso! Pare de mencionar apenas coisas negativas! Nossos clubes não são nada assim!
— Sim… Amizades são passageiras.
— Viu?! Olha o que você fez com o Hikaru! Agora ele se juntou ao lado sombrio!
— Desculpe, Hikaru. Eu não deveria ter dito isso. Vá aproveitar o seu clube.
— O amor machuca muito mais do que ajuda…
Masachika e Takeshi entraram em pânico quando a luz nos olhos de Hikaru se apagou de repente e sua sombra escureceu. Após finalmente conseguir purificar a alma contaminada do Hikaru das Sombras, Masachika se despediu e foi em direção aos armários de sapatos.
— Um clube, huh… —, murmurou Masachika, desanimadamente, enquanto observava o clube de futebol se reunir no pátio da escola.
Masachika tinha muito tempo livre para entrar em um clube escolar agora, ao contrário do ensino fundamental, quando estava extremamente ocupado com o conselho estudantil. Não é que ele não se sentisse conflituoso ao ver seus amigos se divertindo em seus clubes, mas nenhum dos clubes o atraía. Ele não se sentia motivado. Entrar em um clube seria mais um incômodo do que valia a pena. Começar algo novo era excepcionalmente exaustivo para Masachika.
— Provavelmente vou continuar deixando oportunidades escaparem até acabar não fazendo nada… —, murmurou em auto-depreciação. Mas tudo o que ele sentia era frustração. Não havia nada que o inspirasse.
— Oh.
De repente, seu smartphone começou a vibrar no bolso. Depois de se certificar de que não havia professores por perto, ele tirou o telefone e olhou a mensagem na tela.
Masachika suspirou suavemente antes de virar nos calcanhares.
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Depois de percorrer o corredor, ele bateu na porta da sala para a qual havia sido chamado, abriu-a e encontrou os olhos de Yuki Suou, a pessoa que lhe enviara a mensagem. Yuki, que estava agachada diante da prateleira organizando o equipamento, sorriu animadamente para ele como uma flor, segurou sua saia para baixo e se levantou.
— Masachika! Venha aqui, venha aqui! — ela continuou dizendo com a voz mais doce enquanto corria em sua direção. Ela encenou de maneira fofa e realmente exagerou – muito diferente de sua habitual elegância e modos refinados. Se qualquer outra pessoa na escola a tivesse visto, teria desmaiado de choque, imaginando se tinha comido algo engraçado, mas Masachika apenas sorriu ironicamente e entrou na brincadeira.
— Desculpe, minha querida. Espero não tê-la feito esperar! — ele gritou em uma voz persuasiva, avançando em sua direção também. Yuki provavelmente teria uma vantagem se fosse pega em flagrante devido à sua beleza, mas o que Masachika estava fazendo era objetivamente repugnante. De qualquer forma, Yuki não parecia se importar, e ela continuou:
— Bem, você veio! Eu esperei por você por muiiito tempo! ♪
— Ei! Você deveria dizer, “De jeito nenhum. Eu acabei de chegar também.”
— Vocês dois são bem próximos.
Masachika congelou no momento em que ouviu a voz fria vindo do outro lado da prateleira. Sua expressão permaneceu congelada. Ele olhou na direção da voz, onde viu os olhos azuis de um olhar reprovador espiando entre os equipamentos empilhados na prateleira.
— Oh, Alya. Não sabia que você estava aqui.
— Bem, me desculpe por estar aqui.
— Não, está tudo bem. Ha-ha…
Masachika forçou um sorriso para Alisa enquanto enviava um olhar de protesto para Yuki, mas Yuki apenas inclinou a cabeça para o lado como se não soubesse o que estava acontecendo e sorriu graciosamente como a dama que era.
Sua pequena vigarista…
Masachika sentiu uma forte vontade de dar um tapa na testa de Yuki em retaliação, mas sabia que não podia fazer isso na frente de Alisa, então ele apenas pigarreou e seguiu em frente.
— Ahem… Então…? Você queria minha ajuda para organizar os equipamentos?
— Sim, é demais para nós fazermos sozinhas. Você acha que poderia nos ajudar?
— Claro, eu acho… Só sinto que estou sendo usado, sabe.
— É só a sua imaginação.
— Yeah, não tenho tanta certeza disso.
Masachika e Yuki continuaram brincando enquanto se dirigiam para o fundo da sala.
— Pronta para começar, Alya?
— Pronta, — respondeu Alisa sem nem desviar o olhar dos equipamentos na prateleira. Masachika sorriu enquanto pegava a lista de equipamentos que Yuki lhe entregara.
— De qualquer forma, você acha que pode começar a ajudar com isso? — Yuki perguntou.
— Mesas e cadeiras dobráveis… Você quer que eu conte e verifique se nenhuma delas está quebrada, certo? Entendi — respondeu Masachika.
— A propósito, isso tem me incomodado desde o ensino fundamental, mas… isso é realmente trabalho do conselho estudantil?
— Não faço ideia, mas realmente ajuda ter uma boa ideia sobre o tipo de equipamento e suprimentos que temos para os eventos.
— Suponho que faça sentido, mas isso é muito trabalho para apenas duas garotas.
— O presidente deveria estar chegando em breve para ajudar, mas ele está muito ocupado, então quem sabe quanto mais tempo vai levar.
— Ah, entendi.
Masachika foi direto ao trabalho, percebendo mais uma vez o quanto o conselho estudantil estava subdimensionado. Ele se certificou de que o número de cadeiras e mesas dobráveis correspondesse ao número escrito na lista, enquanto removia cadeiras com almofadas rasgadas, tampas de pernas ausentes, e coisas do tipo.
— Fico impressionada. Você ainda tem o que é preciso.
— Yeah, você me conhece.
Masachika se certificou de não mostrar o quão cansado estava enquanto Yuki o elogiava e Alisa o observava admirada por trás.
Droga, meus braços estão começando a doer.
Ficou claro para Masachika que ele tinha muito menos resistência agora em comparação com dois anos atrás, quando trabalhava duro no conselho estudantil. Seus braços e parte inferior das costas já doíam por empilhar todas as cadeiras dobráveis.
Oh meu Deus. Estou exausto. Isso é péssimo. Quero dormir. Eu nunca deveria ter concordado em fazer isso. Pelo menos poderia ter enganado o Takeshi para ajudar se Yuki tivesse enviado essa mensagem alguns minutos antes. Por que pedir minha ajuda se o presidente deveria vir?
Embora Masachika falasse muita bobagem internamente, ele transformou suas reclamações em energia e trabalhou rapidamente.
— Masachika, você acha que poderia me dar uma mão? — Yuki de repente perguntou de trás.
— Hmm?
Masachika se virou para encontrar Yuki apontando para uma caixa de papelão na prateleira mais alta com uma expressão ligeiramente preocupada. Yuki era pequena mesmo para uma adolescente, então seria difícil para ela abaixar uma caixa da prateleira mais alta sozinha.
Agora faz sentido. Ela precisava de mim para ajudar com todo o trabalho pesado e pegar coisas em lugares altos.
Ele se aproximou, ficou um pouco mais abaixo do que Yuki, e baixou a caixa de papelão da prateleira superior para o chão.
— Obrigada, Masachika.
— Sem problema… Hmm? O que são essas?
Depois de avistar pequenas caixas coloridas sob a tampa ligeiramente entreaberta, Masachika abriu curiosamente a caixa de papelão para encontrar vários jogos de tabuleiro dentro.
— Jogos de cartas, jogos de tabuleiro… O que é tudo isso?
— Isso aparentemente costumava pertencer ao clube de jogos de tabuleiro antes de se desfazer há alguns anos. Então agora é propriedade da escola, já que o clube comprou tudo com seu orçamento.
— Oh… Então a escola ainda empresta essas coisas?
— Sim. A maioria dos alunos nem sabe que esses jogos existem, no entanto.
— Não há dúvida sobre isso. Quando alguém usaria isso?
— Talvez para o estande deles durante um festival escolar? Ou para uma festa do clube, talvez? Na verdade, joguei alguns jogos com os novos membros do conselho estudantil na festa de boas-vindas outro dia.
— Oh? Quem ganhou, aliás?
— Uh… acabei vencendo, suponho.
— Imaginava.
— E em segundo lugar?
— Menos conversa, mais movimento, vocês dois.
— Ah, certo. Desculpe, Alya.
— Foi mal.
Eles se endireitaram ao serem repreendidos por Alisa, encerraram a conversa e voltaram às suas tarefas. A única coisa na mente de Masachika depois disso era o trabalho.
O silêncio reinou na sala pelos próximos longos momentos. Apenas os sons de caixas sendo movidas e o som do grafite do lápis arranhando o papel podiam ser ouvidos até que Alisa sussurrou em russo:
Preste atenção em mim também.
— Обрати внимание и на меня.
Masachika levou um golpe crítico no coração! Foi um ataque surpresa, o que tornou super eficaz!
Ahhh! Espera. Não. Isso é só a Alya brincando! Ela está apenas provocando verbalmente! Eu não posso reagir!
Masachika cerrou os dentes, lutando desesperadamente contra as formigas irritantes que percorriam sua espinha, enquanto Alisa simplesmente desfrutava da emoção. Ela gostava de dizer algo embaraçoso com a ideia de que ninguém entenderia. Em outras palavras, isso não era realmente como ela se sentia, e reagir ao que ela disse só pioraria as coisas!
Preste atenção em mim! Olhe para mim! Fale comigo!
— Обрати внимание на меня! Посмотри на меня! Говори со мной!
A pressão estava aumentando! Masachika mal conseguia suportar enquanto ouvia os sussurros intermináveis dela. Chegou ao ponto em que ele não podia negar que era assim que ela realmente se sentia agora.
Como ela pode dizer tudo isso?! Ela realmente não tem vergonha?!
Masachika gritou mentalmente, mas não era como se Alisa também não estivesse envergonhada.
Hmm?!
Alisa gemeu interiormente em agonia. Seu coração disparou por mais de uma razão enquanto se agachava na frente da prateleira e cuidava de suas tarefas, olhando constantemente para as costas dele, apesar de pensar que ele não entendia. Mas ela se sentia aliviada toda vez que o via agindo como se nada estivesse errado.
H-Heh. Ele não tem ideia, mesmo que eu esteja deixando tão óbvio… H-Hmph. Entenda a dica, idiota.
Eles trabalharam lado a lado, tremendo de vergonha. Era uma visão engraçada do ponto de vista de um observador.
Preste atenção em mim! Em miiimmm!
Ack! N-não, eu não vou perder! Ainda não há prova de que ela esteja falando de mim, também! Talvez ela queira que a Yuki preste mais atenção nela…
— Alya, está tudo bem? — Yuki perguntou perto da porta, mesmo que não tivesse percebido o comportamento estranho deles. O coração de Alisa deu um salto, mas ela ainda conseguiu mudar prontamente sua expressão e tom.
— Oh, desculpe. Eu estava apenas cantando uma musiquinha.
Eu não estava falando com você.
— Я не разговаривал с вами.
Eeee é comigo! Eu sabia, mas não queria admitir!
A implacável combinação de três golpes quase nocauteou Masachika, e seus joelhos tremiam.
— O-Oh, uma música russa, hein? Como se chama?
Alisa virou-se rapidamente e olhou para ele. Talvez fosse apenas imaginação dele, mas ela parecia um pouco feliz também. Independentemente da verdade, apenas o pensamento causou muito dano a Masachika.
— É chamada…
— Você esqueceu o nome?
— Não, eu lembro. Chama-se… “Um Sentimento Não Ouvido”? — respondeu Alisa timidamente com os olhos semicerrados.
— Oh…
Masachika morreu.
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— Bem, isso deve resolver. Muito obrigado por nos ajudar, Masachika.
— Obrigado.
— Sem problemas.
Cerca de uma hora após começar, Masachika esvaziou sua mente e se desligou do mundo físico, o que o ajudou a acelerar consideravelmente seu trabalho. Os três terminaram de organizar muito antes do esperado, mas ao saírem da sala de suprimentos, foram abordados por um estudante grande do sexo masculino.
— Oh, vocês já terminaram?
— Oh, se não é o presidente. Sim, terminamos mais cedo do que o esperado, graças à ajuda de Masachika.
— Incrível. Então, você é Masachika Kuze, né? Eu sou o presidente do conselho estudantil, Touya. Ouvi muitas coisas boas sobre você.
— Sim. Prazer em conhecê-lo também.
Masachika se curvou e então olhou para o rapaz. Ele não precisava de apresentações, pois já sabia quem ele era. Seu nome era Touya Kenzaki, um estudante do segundo ano e o carismático presidente do conselho estudantil do ensino médio. Ele era um rapaz grande, não apenas em altura. Tinha ombros largos e peito forte, parecendo ainda maior de perto. Ele não era o cara mais bonito. Para falar algo, ele parecia velho para a sua idade, isso, somado à sua estatura grande, tornava difícil acreditar que ainda era um estudante do ensino médio. No entanto, suas sobrancelhas estavam bem cuidadas onde se estendiam sobre seus óculos estilosos. Mas o que se destacava mais era sua expressão extremamente confiante, que lhe conferia charme e uma forte presença. Apenas um olhar para ele deixaria claro que era alguém em quem se podia confiar. Era por isso que todos naturalmente sentiam que estariam bem com ele liderando. Talvez governantes como reis tivessem uma presença majestosa como a dele. A maioria dos rapazes na escola tinha dúvidas extremas no início, quando ouviam que um simples rapaz estava liderando quatro garotas bonitas e talentosas, mas tudo fazia sentido no momento em que o viam. Masachika sinceramente sentia o mesmo.
— Bem, preciso ir.
— Ei, espere. Eu me sentiria mal te mandando para casa sem te agradecer de alguma forma por ajudar. Eu sei que você precisa ir para casa, mas me deixe te convidar para jantar.
— Agradeço pela consideração, mas…
Masachika estava hesitante. Claro, ele se sentia desconfortável sendo chamado para jantar por alguém que acabara de conhecer, mas também tinha um pressentimento ruim no fundo do estômago. Ele se perguntou se talvez isso fosse o que Yuki realmente queria quando pediu sua ajuda.
— Por que não aceita a oferta dele? Não é como se o jantar estivesse te esperando em casa, não é mesmo? — disse Yuki, como que para confirmar suas suspeitas.
— Yuki…
— Hmm? Como você saberia disso? — perguntou Touya, enquanto ele e Alisa os encaravam completamente perplexos.
— Porque somos amigos de infância, — disse Yuki com cara séria.
Como isso explica alguma coisa?
Masachika – e provavelmente Touya e Alisa também – pensou, mas o poder avassalador por trás do sorriso arcaico de Yuki os impediu de dizer qualquer coisa.
— Ok, então… Isso é ainda mais razão para a gente sair para comer algo. Alisa, Yuki, vocês vão também. Quero agradecer a vocês duas por hoje também.
— Muito obrigado.
— … Certo. Obrigado.
— Se você diz.
Antes mesmo que Masachika percebesse, estava decidido que o grupo iria sair para comer. Embora não estivesse empolgado com isso, também não se sentia inclinado a discutir sobre isso, então foi hesitante junto com os outros.
Então, esse é o poder do presidente…
Enquanto suspirava internamente, Masachika se virou casualmente para o lado para olhar para Alisa.
— … O que foi?
— Nada.
— Com licença? Você sabe que é rude ficar olhando para o rosto de uma dama sem motivo.
— Desculpe.
Ele olhou para frente e refletiu sobre seu comportamento, já que ela estava completamente certa.
E esta é a contadora fria e impiedosa do conselho estudantil…
Pensando em tais bobagens, Masachika começou a devanear.
Você vai fazer meu coração acelerar se continuar fazendo isso.
— Ты будешь ускорять мое сердце, если будешь продолжать так.
Masachika quase morreu de novo, mas continuou olhando para frente. Ele podia sentir Alisa sorrindo e olhando na sua direção, mas não tinha capacidade para responder. Já estava completamente sem MP. Ele voltou a esvaziar a mente enquanto calçava os sapatos na entrada da escola e saía. Foi quando encontraram o clube de futebol, que provavelmente havia acabado de terminar o treino, mas os atletas se afastaram naturalmente ao ver os quatro.
Não estão abrindo caminho para mim. Isso é certo.
Mesmo quando passavam, os olhos dos membros do clube de futebol estavam grudados neles, especialmente na Alisa. Yuki era a próxima na fila para a maioria dos olhares, seguida por Masachika, que só estava sendo observado porque não tinham ideia de quem ele era. Era como se seus olhos estivessem dizendo: “Quem diabos é esse cara?”
Não posso culpá-los.
Mesmo que Masachika percebesse que não pertencia ali, ainda assim não ajudava o quanto isso o deixava desconfortável. No entanto, nem Alisa nem Yuki piscavam os olhos, apesar de serem observadas. Elas não pareciam se importar. Quando deixaram a escola, o ambiente mudou, mas a situação não. Até mesmo pessoas apenas passando não conseguiam tirar os olhos das duas garotas, mas todos, exceto Masachika, pareciam estar completamente acostumados. Eles caminharam pela rua por cerca de dez minutos até chegarem a um restaurante. Touya foi o primeiro a se sentar depois de serem conduzidos a uma mesa, então Masachika instigou as outras duas a irem na frente para que ele não precisasse sentar em frente a ele. No entanto…
— Aqui, Masachika. Sente-se. — Yuki sorriu inocentemente, oferecendo a cadeira bem na frente de Touya.
— Você ouviu a moça, Alya, — disse Masachika, fingindo ignorância, como se estivesse passando a batata quente para ela.
— Ela estava claramente falando com você.
O impasse continuou pelos próximos segundos até Touya finalmente quebrar o silêncio.
— Vamos lá, apenas sente-se, Kuze. A garçonete está esperando para fazer nosso pedido.
Quando Masachika olhou para o lado, uma garçonete estava esperando com uma bandeja carregando quatro copos de água, então ele desistiu e se jogou na cadeira em frente a Touya. Yuki então se acomodou suavemente na cadeira ao seu lado enquanto Alisa se sentava ao lado de Touya.
— Sei que é um pouco tarde para mencionar isso, mas não é contra as regras da escola usar nossos uniformes fora do campus?
— Não se preocupe com isso. Frequentemente saímos para comer assim quando o conselho estudantil trabalha até tarde, como hoje. Além disso, é uma regra antiga que ninguém segue mais de qualquer maneira. Então, peçam o que quiserem e divirtam-se. Só não ultrapassem os cinco mil ienes, ok?
— Pensei que você fosse realmente legal até essa última parte, presidente.
— Heh! Não é a carteira que faz o homem, Yuki. — A resposta brincalhona de Touya quebrou o gelo, ajudando Masachika a relaxar também. Mas ainda era cedo para baixar a guarda. Todos fizeram seus pedidos, mantendo a refeição abaixo de mil ienes por pessoa, e Masachika logo se tornou o tema da conversa.
— De qualquer forma, ainda estou surpreso que você tenha conseguido organizar tudo tão rapidamente. Eu realmente pensei que teríamos que terminar amanhã, — declarou Touya.
— Não teríamos conseguido sem a ajuda de Masachika. Ter um homem por perto realmente faz diferença, especialmente um que está acostumado com esse tipo de trabalho, — Yuki acrescentou imediatamente.
— Aposto.
— Masachika é incrível. Não importa se é trabalho físico ou papeladas. Ele faz o trabalho sem reclamar sequer uma vez. E é um negociador habilidoso, além disso.
— Yuki, pare de me fazer parecer muito melhor do que sou. Você está me vendendo demais.
— Não é comum Yuki falar tão bem de alguém, no entanto. O que você acha? Interessado em se juntar ao conselho estudantil? Na verdade, não temos nenhum membro geral para nos ajudar.
Masachika não ficou surpreso nem um pouco que tivesse chegado a isso. Depois de olhar intensamente para Yuki ao seu lado, ele respondeu:
— Sinto muito, mas não tenho interesse em ingressar no conselho estudantil. Já tive minha dose no fundamental, e estou fora.
— Hmm… Embora admita que as coisas no conselho estudantil sejam um pouco mais intensas no ensino médio, também é muito mais gratificante. Temos muito mais liberdade para tomar decisões em comparação com outras escolas, e francamente, isso afeta positivamente nossos históricos escolares.
Touya estava apenas sendo honesto. Simplesmente fazer parte do conselho estudantil da Academia Seiren colocava alguém em uma posição extremamente vantajosa. Não apenas proporcionava vantagens para entrar na universidade, como cartas de recomendação positivas, mas os cargos de presidente e vice-presidente também eram títulos de elite que iam além da ordem usual de importância escolar e tinham um significado significativo após entrar no mercado de trabalho. Havia até encontros sociais exclusivos para pessoas que costumavam ser presidente ou vice-presidente do conselho estudantil na Academia Seiren, uma instituição conhecida por produzir graduados impressionantes que seguiam para a política, finanças e estabelecimentos empresariais de elite. Se você pudesse atuar como membro do conselho estudantil por um ano, estava praticamente garantido que teria sucesso no mercado de trabalho também. Por outro lado, se você fizesse um trabalho ruim de gerenciamento e causasse um grande problema, seria rotulado como incompetente pelo resto de seus dias. No entanto, apesar disso, ainda havia inúmeras pessoas que lutavam pela posição de vice-presidente e presidente. Além disso, o caminho mais rápido para chegar a essas posições era se tornar um membro geral do conselho estudantil primeiro.
— Desculpe, mas simplesmente não tenho ambição. Não planejo ir para uma universidade diferente, e também não estou interessado em fazer conexões com pessoas importantes depois de me formar.
Mas nada disso era atraente para alguém que não tinha nenhum sonho específico para o futuro e passava os dias de maneira descompromissada, como Masachika.
— Vamos lá, não seja assim, — disse Yuki. — Vamos unir forças. Vamos concorrer juntos.
— Sério? Você já está me pedindo mais? Além disso, você não precisa de mim. É praticamente garantido que você será eleita presidente no próximo ciclo de eleições, não é? Você foi presidente no fundamental, afinal.
— Quero liderar o conselho estudantil com você, Masachika.
— De jeito nenhum. É trabalho demais.
Mais de 90 por cento dos caras da escola concordariam em ajudar Yuki sem nem pensar duas vezes, mas Masachika continuava a recusá-la. Touya acariciou o queixo enquanto os observava com diversão.
— Masachika. Yuki não está garantida para vencer, só para que você saiba. Há muitos outros candidatos, incluindo Alisa, — mencionou Touya antes de olhar para Alisa ao seu lado. Quando Masachika olhou instintivamente para ela também, seus olhos imediatamente se encontraram.
— Alya? Você planeja concorrer à presidência também?
— Sim, vou concorrer contra Yuki no próximo ano.
Alisa olhou para Yuki, que sorria calmamente, mas Masachika praticamente conseguia ver as chamas rugindo por trás das duas garotas.
— A propósito, Alisa, você senta ao lado do Kuze na sala, certo? O que acha dele? — Touya mudou rapidamente de assunto para aliviar o clima, mas acabou apenas adicionando gasolina ao fogo.
— O que acho? Honestamente, posso resumir em uma palavra: descomprometido.
— Oh?
Touya parecia estar muito interessado na observação impiedosa de Alisa. Ele então olhou na direção de Masachika, mas Masachika simplesmente deu de ombros porque ela estava certa. Na verdade, ele estava pensando: “Sim, é isso aí. Yuki me elogiou tanto que eu preciso de alguém para me colocar no meu lugar.”
— Ele sempre esquece seus livros didáticos, mal presta atenção na aula e seria mais rápido contar de baixo para cima se quiser saber como estão suas notas.
— Pelo menos ele faz o mínimo necessário, então não está reprovando em nenhuma matéria, — explicou Yuki como se para equilibrar as críticas implacáveis de Alisa, fazendo uma das sobrancelhas de Alisa se contrair e as chamas atrás dela reaparecerem.
— …Sim, eu sei que ele está passando nas provas, já que sou eu quem as corrige. Ele consegue tirar notas suficientemente boas nelas para evitar ter que fazer as provas de recuperação, e até posso admirar isso um pouco, mas ele poderia se sair muito melhor se se esforçasse.
— Masachika sempre foi muito inteligente, afinal. Ele entrou na Academia Seiren mesmo estudando muito pouco para o teste. Ah, claro, só sei disso porque crescemos juntos.
— Ele também é realmente atlético, mas é um caso perdido quando se trata de esportes com bola por algum motivo. Ele até machucou o dedo jogando basquete nas aulas de educação física outro dia.
— Ele sempre foi ruim em esportes com bola, desde que éramos pequenos. Eu não sou melhor, porém. O esporte favorito de Masachika nas aulas de educação física sempre foi corrida de longa distância.
Whoosh! O fogo imaginário atrás de Alisa rugiu mais alto. Masachika literalmente começou a suar, apesar de não estar realmente quente. Ficou ainda mais estranho, já que Yuki tinha a expressão mais calma e tranquila do mundo.
— D-Desculpe por fazer você esperar, — a garçonete hesitante gaguejou enquanto carregava a comida deles. Ela forçou um sorriso educado enquanto as duas garotas continuavam a emitir uma aura alarmante. Parecia que ela estava segurando a bandeja por um bom tempo, infelizmente. Hoje não era o dia dela.
— Oh, ótimo. A comida chegou. Vamos comer.
Essas palavras simples de Touya encerraram o confronto de olhares entre Alisa e Yuki e restauraram a paz à mesa deles – muito para o alívio da garçonete – elevando o respeito de Masachika por ele às alturas. No entanto, Touya já tinha uma namorada, então naturalmente nada disso se desenvolveria em amor.
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Depois de terminarem a refeição, saíram do restaurante e descobriram que já estava escuro lá fora. O restante da conversa durante o jantar foi tranquilo, já que Touya, o anfitrião, liderou a discussão na maior parte e Yuki, que tinha habilidades de comunicação fortes, o apoiava e mantinha as coisas em movimento. Masachika e Alisa eram exclusivamente ouvintes, então, embora não houvesse conflitos, isso era tudo o que se podia dizer sobre eles. Durante a conversa, tanto Touya quanto Yuki convidaram repetidamente Masachika a se juntar ao conselho estudantil, mas ele recusou todas as vezes.
— Obrigado pela comida.
Masachika, Yuki e Alisa agradeceram a Touya depois que ele terminou de pagar a refeição e se juntou a eles do lado de fora.
— Sem problema. — Ele acenou com a cabeça e começou a liderar os outros em direção ao estacionamento com uma expressão pensativa.
— Eu sei que a Alisa mora por perto, então ela vai a pé para casa, e a Yuki está pegando o trem de volta como eu, mas e você, Masachika?
— Oh, eu posso ir a pé para casa daqui também.
— Tudo bem, então. Acompanhe a Alisa até em casa no seu caminho. Vou cuidar da Yuki.
— Ok.
O fato de Masachika concordar prontamente como um cavalheiro, como se fosse natural, fez o respeito deles por ele crescer ainda mais. Yuki, no entanto, levantou subitamente a mão.
— Ahem. Presidente? Eu realmente aprecio o pensamento, mas já tenho um carro vindo me buscar.
— Você tem?
— Sim. Preciso esperar aqui, até que ele chegue, então por favor, não se preocupe comigo.
— …Certo. Até semana que vem, então.
Depois de ver Touya indo embora enquanto caminhava pela estrada em direção à estação, os olhos de Masachika e Alisa se encontraram.
— Pronta para ir?
— Você não precisa me acompanhar até em casa.
— Vamos lá, não seja assim. Vamos. Até logo, Yuki.
— Tenha um bom trajeto para casa.
— Até logo, Yuki.
— Até logo, Alya.
Masachika e Alisa começaram a andar na direção oposta à que Touya partiu, e Yuki deu uma pequena reverência em despedida.
— O quão longe fica a sua casa?
— É uma caminhada de cerca de vinte minutos.
— Oh. Isso é meio longe.
— E você?
— Eu? Cerca de quinze minutos, mais ou menos. Provavelmente não é muito mais longe do que o seu lugar, dependendo de quão rápido você anda.
— Ah.
Então houve um silêncio. Eles caminharam em um desconfortável silêncio até que a porta de uma churrascaria local, um pouco à frente, se abriu e um grupo de homens de terno saiu apressadamente.
— Tsc. Os caras do desenvolvimento não têm nenhum respeito por nós, da área de vendas!
— Acho que você bebeu um pouco demais, chefe.
— Senhor Isoyama, deveríamos manter nossas vozes mais baixas.
Um homem de meia-idade com olhos vidrados e um rosto vermelho brilhante falava alto e embriagado, enquanto seus subordinados tentavam acalmá-lo. Masachika moveu Alisa para a borda interna da calçada para deixar os bêbados passarem. Embora ele tenha se certificado de não fazer contato visual, o homem chamado por chefe de repente os avistou enquanto passava por eles. Ele imediatamente fez uma careta com desgosto, como se algo neles o incomodasse, e aumentou a voz:
— Que diabos? O que essas crianças estão fazendo fora a essa hora? Ficando? Vão fazer isso? Tudo que as crianças querem fazer hoje em dia é brincar por aí! Vocês deviam estar em casa estudando!
— Senhor Isoyama! Shhh!
— Chega, chefe. Vamos para casa.
— Cala boca! Olha… Que diabos é isso?
O homem invadiu o espaço pessoal deles, ignorando os apelos de seus subordinados, e encarou Alisa antes de dar uma risada irônica.
— O que é você, um ratinho cinza? Que tipo de pais hippies e sujos deixam a filha tingir o cabelo desse jeito? Que desgraça! — gritou o homem de meia-idade, garantindo que todos pudessem ouvir. Alisa parou imediatamente.
— Alya, ei…
Reconhecendo a fúria de Alisa, Masachika a incentivou a ignorar o bêbado para evitar problemas, mas ela lançou um olhar frio e penetrante para o homem.
— Vergonhoso é um homem da sua idade agir assim, — rosnou Alisa com desprezo incomparável. Embora sua voz fosse pequena, ressoou claramente entre os gritos do chefe e seus homens. Todos os empresários ali ficaram paralisados de admiração, mas a expressão do chefe rapidamente se transformou em fúria. Ele empurrou seus subordinados para longe e se aproximou de Alisa. Ela virou-se para encará-lo, sem mostrar sinais de recuo, mas antes que ele pudesse chegar perto dela, Masachika rapidamente se colocou na frente dela, sorrindo tão docemente que era difícil acreditar que um homem claramente enfurecido estava se aproximando deles.
— Há quanto tempo, Sr. Isoyama. Não o vejo desde o casamento do meu irmão.
— O-Oh, uh… Oi?
O homem foi pego de surpresa pelo cumprimento educado e parou no lugar. O espanto obscureceu seu rosto, enquanto ele encarava Masachika como se a reviravolta inesperada o tivesse deixado um pouco sóbrio.
— Fico feliz em ver que você está bem. Meu irmão me disse o quão incríveis parceiros de negócios vocês têm sido, então deixou uma impressão muito forte em mim.
— O-Oh, sim. Claro. — O homem assentiu, embora sua expressão deixasse claro que ele não tinha ideia de quem era Masachika. No entanto, as palavras “parceiros de negócios” foram o suficiente para fazê-lo começar a entrar em pânico. Enquanto os outros empresários e Alisa assistiam confusos, Masachika continuou, ainda com um sorriso gentil:
— Agora que penso nisso, você bebeu muito durante o casamento do meu irmão também. Você realmente gosta de beber, hein?
— Ah, sim. Eu vivo para beber nos fins de semana assim. Ha-ha-ha!
— Aposto. Ah, a propósito, esta é minha noiva, — vangloriou-se Masachika com uma risada, colocando a mão no ombro de Alisa. Ela olhou boquiaberta para Masachika, perplexa com a reviravolta inimaginável. — Ela é uma mulher incrivelmente inteligente. Eu só tenho sorte de tê-la.
— Oh… Sim… Ela parece ser uma moça muito inteligente.
Embora ainda franzindo a testa de confusão, o homem de meia-idade agora estava elogiando Alisa. Masachika, que ainda sorria suavemente com um brilho frio nos olhos, baixou o tom e acrescentou:
— Certo? Ela também tem o cabelo da mãe. Aliás, a mãe dela não é do Japão, sabe? O que acha? É bonito, não é?
— S-Sim…
Depois de observar Alisa mais de perto, o homem provavelmente percebeu que Masachika devia estar dizendo a verdade quando notou suas características “não japonesas”. Desajeitadamente, ele então se virou para Alisa e abaixou levemente a cabeça, como se tivesse subitamente ficado ainda mais sóbrio.
— Eu, uh… Peço desculpas pelo meu comportamento rude. Estar bêbado não é uma desculpa.
Masachika abandonou o olhar penetrante e respondeu calmamente:
— Nós aceitamos suas desculpas. Certo?
— …
Ele olhou para Alisa por cima do ombro, mas seus olhos ainda estavam silenciosamente fixos no homem. Mesmo assim, Masachika acenou como se as coisas estivessem resolvidas, envolveu o braço ao redor de Alisa para esconder sua expressão, e incentivou-a a se afastar com ele.
— Bem, precisamos ir.
E assim, ele levou Alisa embora. Depois de caminharem em silêncio pelos próximos minutos até que os homens de negócios não pudessem mais ser vistos, Masachika tirou a mão do ombro dela e suspirou.
— Sério, Alya? O que você fez foi perigoso. Ele estava bêbado. Você sabia que ia irritá-lo, não sabia?
— …Não me importo se estava bêbado ou não. Não poderia deixar ele insultar meus pais assim.
— Mesmo assim, o que você fez foi imprudente. E se ele tivesse te agredido?
— Posso não parecer, mas sou treinada em autodefesa. Eu posso lidar com um bêbado, — respondeu Alisa com uma voz plana, como se estivesse forçando sua raiva transbordante de volta para a garganta. Masachika entendia de onde ela vinha, o que também era o motivo de ele não ter ideia de como deveria lidar com isso.
— De qualquer forma, ele admitiu que estava errado. Vamos apenas deixar pra lá.
— …Tudo bem.
Depois de Alisa soltar um suspiro profundo, sua expressão voltou ao normal, e ela recuperou a compostura.
— A propósito, vocês dois se conheciam?
— Não? Eu não faço ideia de quem ele seja.
— …O quê?
Ela ficou boquiaberta. Os lábios de Masachika se curvaram em meio sorriso quando ele acrescentou:
— Me surpreendi mesmo. Eu não estava confiante de que poderia mentir na cara dele e sair ileso.
— Espera! O quê?! Então, tipo, você realmente nunca o viu antes?! E quanto ao casamento do seu irmão?!
— Eu nem mesmo tenho um irmão.
— O que, como…?
— Entendo que ele estava bêbado, mas ainda não consigo acreditar que deu tão certo. Meu coração estava acelerado o tempo todo. Ha-ha-ha! Ah, graças a Deus que deu certo.
Masachika riu, agindo inocente. Alisa, por outro lado, parecia ter uma dor de cabeça.
— …Qual foi o ponto de tudo isso?
— Hmm? Bem… Ele estava bêbado, em primeiro lugar. Além disso, com todo o sangue subindo para a cabeça dele, pensei em trazer o trabalho para tentar acalmá-lo. E…
— E o quê?
Masachika deu de ombros depois de olhar para Alisa e ver o olhar desconfiado dela.
— …O que ele disse realmente me irritou, então pensei em ameaçá-lo um pouco. E ei, funcionou. Ninguém se meteu em uma briga e ele até acabou pedindo desculpas. Não consigo imaginar um resultado melhor do que esse.
— Aaah… Estou impressionada que você pode contar uma mentira após a outra assim na hora. Acho que você tem potencial para ser um golpista.
— Que rude. Me senti ofendido com você dizendo uma coisa dessas sobre um menino puro e inocente como eu.
— Um-hum…
— Oh, vamos lá. Não olhe para mim com olhos mortos assim. Isso é muito pior do que ser insultado.
Alisa soltou uma risada ao olhar patético no rosto de Masachika. Ela então começou a andar rapidamente à frente, mas Masachika rapidamente alcançou até ficar ao lado dela.
— Obrigada, — murmurou ela fracamente enquanto ainda olhava para a frente.
— De nada.
Encarando-se na entrada, Masachika coçou nervosamente a cabeça antes de dar a ela um último aviso.
— Ei, sei que é bastante improvável que algo assim aconteça de novo, mas se acontecer e você estiver sozinha, ignore. Não vale a pena o risco.
— O que, está preocupado comigo? — Alisa sorriu provocadoramente.
— Sim, estou preocupado com você. Às vezes, você pode ser socialmente inepta —, respondeu Masachika, olhando nos olhos dela. Ela piscou algumas vezes para a resposta séria, depois murmurou suavemente:
— Heh.
Alisa virou-se e encarou a entrada.
— …Acho que vou começar a ser um pouco mais cuidadosa, então.
— Eu agradeço.
— …
Ela deu alguns passos à frente antes de parar na frente da porta automática.
— Ei, Kuze — ela disse sem olhar para trás.
— Sim?
— Você realmente não está interessado em se juntar ao conselho estudantil?
— Espera. Sério? Você também?
— Apenas responda à pergunta.
Não havia como conseguir fazer uma piada para escapar de responder a esse tom firme. Seu sorriso desapareceu.
— Eu não estou interessado em me juntar ao conselho estudantil — ele respondeu em um tom tão firme quanto o dela, deixando claro que não havia esperança de ele algum dia se juntar.
— Se…
Mas ela não recuou. Havia até uma sensação de urgência em sua voz quando ela continuou:
— Se eu…
Mas ficou por aí, e alguns segundos de silêncio se seguiram.
— Esqueça. Boa noite.
— Boa noite.
Depois de se certificar de que Alisa entrou em seu prédio com segurança, Masachika virou nos calcanhares, olhou para o céu noturno e murmurou para si mesmo:
— O que esperam de mim? Tanto Alya quanto Yuki…
Ele tinha uma ideia aproximada do que Alisa queria dizer, e foi exatamente por isso que ele fingiu não saber.
— Não posso fazer nada, — acrescentou de maneira auto depreciativa antes de seguir para sua própria casa, envolto em uma nuvem levemente azul de solidão.
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— Cheguei em casa.
Quando Masachika entrou em seu apartamento, notou um par de sapatos alinhados no chão e arqueou a sobrancelha. Ele e seu pai eram os únicos que moravam ali, e seu pai estava atualmente no exterior a trabalho como diplomata. No entanto, havia um par de sapatos arrumado que não era seu nem de seu pai.
O que diabos? Eu pensei que ela disse que estava indo para casa.
Masachika foi direto para a sala com uma ruga na testa, abriu a porta da sala de estar e encontrou Yuki lá. Ela estava vestindo uma camisa de manga comprida e calças de moletom, com o cabelo amarrado desleixadamente em um rabo de cavalo, enquanto estava sentada em uma cadeira assistindo anime na TV como se fosse dona do lugar.
— Oh, oi. Você levou a Alya para casa com segurança?
— O que você está fazendo aqui?
— Hein? Vou passar a noite aqui.
— Eu não ouvi nada sobre você ficar aqui esta noite.
— Porque não te contei — afirmou Yuki calmamente enquanto continuava de costas para a TV. Tanto a aparência quanto o comportamento dela não tinham absolutamente nenhuma semelhança com a jovem dama perfeita que todos conheciam e amavam na escola. Era uma mudança tão dramática que pessoas que nunca a tinham visto assim antes acreditariam que era apenas alguém que se parecia com Yuki.
O anime chegou ao fim, e um comercial começou a ser exibido. Era para uma adaptação para o cinema em live-action de um quadrinho de fantasia sombria.
— Vou ver isso amanhã —, revelou Yuki de repente, apontando para a tela.
— Legal.
— E você vai comigo.
— Estou ouvindo falar disso pela primeira vez.
— Porque estou te dizendo agora pela primeira vez.
Masachika deu uma olhada no comercial enquanto Yuki suspirava, não mostrando nenhum sinal de culpa.
— Pensei que você odiava adaptações para live-action como essa.
— Pare! Não quero ouvir isso! — Yuki de repente gritou, estendendo a mão como se quisesse impedir Masachika de fazer mais comentários casuais. Ela então berrou apressadamente: — Eu sei, eu sei. Desde que anunciaram o elenco, eu achei que havia noventa por cento de chance de ser ruim! E, para dizer a verdade, os comerciais não estão ajudando nada! Mas acho errado descartar sem dar uma chance justa primeiro. Pode até não ser um desastre. Pode até se revelar uma joia escondida! Eu sei. Eu entendo. A única razão pela qual continuam produzindo essas adaptações live-action lixo é porque pessoas como eu continuam gastando dinheiro para vê-las. Sei que é minha culpa!
— Ok, ok, ok. Vamos nos acalmar e respirar fundo. Sinto que você está prestes a me contar que sabe de um segredo obscuro que não deveria saber.
— Porque eu sei! Eu sei que não somos parentes de sangue, Masachika! Podemos ser irmão e irmã, mas… Ahem! O que você está tentando me fazer dizer?! Nós definitivamente somos parentes de sangue.
— Gosto de como você enfatizou “definitivamente”.
— Quero dizer, isso acontece às vezes. Você pensa que é irmão, mas na verdade são primos. Acho que isso não conta muito, já que primos ainda são parentes de sangue, mas você entendeu o que eu quis dizer.
— Sim, e ser primo está bem porque vocês não são realmente irmãos.
— Você é sem noção.
— O que você está falando?
— Ah! Na verdade, ser irmãos é o que torna isso bom! — Yuki insistiu apaixonadamente com os olhos bem abertos.
— O que torna bom?!
Yuki Suou. Enquanto ela interpretava a amiga de infância de Masachika na escola, na verdade era uma colega nerd e amiga… além de ser sua irmã biológica, que foi morar com a mãe deles quando os pais se divorciaram.
Tradução e Revisão: MahouScan
QC: Matface
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