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A Saga do Cavaleiro Zumbi – V.02 – J.04 – Cap 39

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Ó, nuvem turbulenta…

 

Stoker avaliou suas opções. O tráfego estava bem pesado. Uma perseguição em alta velocidade seria difícil, no melhor dos casos, e o magnetismo de Karkash tinha um alcance de trinta metros. Qualquer carro nessa distância não conseguiria a lugar algum a menos que ele permitisse. E se Nize abandonasse Stoker e fugisse sozinha, Karkash com certeza mataria ela com um relâmpago infundio com alma, ou, supondo que ela fugisse direto para baixo, Karkash ainda conseguiria alcançá-la com um campo magnético reforçado com alma.

Entretanto, dado que Karkash não os atacou ainda, talvez uma ainda era evitável.

Stoker parou e saiu do veículo. Ele pisou na grama no meio do caminho até Karkash. O barulho dos carros vindo de todo lugar significava que ele tinha que se aproximar do homem mais do que ele gostaria só para conversar.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Stoker perguntou em Vaelish. — Vocês deviam estar caçando aquele servo com metal

— Vocês não perceberam até agora? — Hoyohté disse, flutuando atrás de seu servo. — Nós nunca íamos mesmo caçar aquela pessoa. Ele não é importante. Isso era apenas uma armadilha para vocês dois.

 Stoker olhou para os dois com cuidado. Ele decidiu fingir inocência até não haver outra opção. — Uma armadilha? Por que vocês precisariam fazer? — Porém enquanto isso ele tomou nota do ar frio da tarde. Isso podia se mostrar útil.

Karkash ignorou a pergunta e fez uma própria. — Onde vocês estavam indo?

— Recebemos ordens novas enquanto vocês estavam fora. — Nize mentiu. — — Nossa presença foi pedida em Kahm.

— Então, estou certa que vocês não vão ligar de voltar para o castelo e pedir que os outros confirmem isso para gente.

— Claro.

— Depois de vocês então.

Ninguém se moveu.

 

Separador Tsun

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Stoker igualou a encarada de Karkash. Na verdade, ele tinha medo do homem, mas não havia espaço para medo agora. E ele não era fraco também. Ele conseguia lutar. Se ele jogasse bem suas cartas, ele podia até vencer. Então foi isso que ele fez.

Stoker lentamente levantou ambas as mãos como se fosse se render.

Karkash não caiu nessa. Eletricidade se reuniu em seu punho e Stoker só teve um momento para proteger Nize do ataque.

A corrente passou por seu corpo, explosões de dor por todo lugar, mas Stoker conhecia esse nível de agonia. Sua habilidade era do tipo transfiguração no final das contas, discutivelmente o tipo mais doloroso.

Transfiguração era um poder para o homem pensante. Este precisava de prática, precisão e química. Sua verdadeira força era perdida para os simplórios.

Stoker conseguia substituir cada parte de seu corpo com hidrogênio, não tão ameaçador como os poderes de Karkash, com certeza, mas como no caso da maioria das habilidades de transfiguração, era algo que os outros tendiam a subestimar, (as others had learned to their cost).

As costas e braços de Stoker borbulhavam debaixo de suas roupas. Hidrogênio se ligava com o oxigênio de seu sangue para criar água em massa, que vaporizou imediatamente e quando ela encontrava o ar frio, o resultado era uma névoa densa, expandindo rapidamente da carne de Stoker. Ele se escondeu na névoa branca e adicionou sua alma à nuvem a fim de impedir que Hoyohté o sentisse.

Nize, por outro lado, conseguia sentir Karkash e Hoyohté perfeitamente. A alma de Stoker permeou a névoa em uma massa confusa, mas suas almas permaneciam faróis claros.

A carne faltando de Stoker deixou um queimadura persistente, como se estivesse pegando fogo, mas não durou muito. Nize iniciou a regeneração e reforçou sua força, então se ligou às suas costas a fim de esconder sua alma dentro da dele.

Ele precisava de uma resposta dela. Só o Karkash está aqui, certo? Ninguém mais veio?

Sim. — Ela disse em particular.

Fugir talvez ainda era uma opção, ele percebeu. Só precisava sair do alcance de Karkash, de preferência com um carro novo. Seria legal se Nize se esconder no subsolo fosse uma opção, mas ele sabia que mesmo se ela conseguisse escapar do alcance de Karkash, a rede subterrânea da Abolir já foi completada. Assim como Karkash e Stoker proviam defesas aéreas, outro time era especialista em táticas subterrâneas. Uma rede gigantesca, reforçada com alma era com frequência usada para impedir que ceifadores inimigos se infiltrassem nas cidades e regenerar seus servos do zero. Claro, isso também impedia ceifadores aliados de saírem da cidade pelos mesmos meios.

Karkash está atacando. — Nize informou. Cuidado com sua direita.

Um carro voou em sua direção e Stoker mergulhou para desviar dele. A explosão crepitante do relâmpago fez a névoa estremecer e rodopiar. Ondas magnéticas moviam o ar e viravam mais carros, fazendo com que o tráfego em ambas as direções parassem em um instante.

Stoker correu para esquerda, alargando e aprofundando a névoa. Fagulhas voavam pelas nuvens, remexendo o ar, criando uma tempestade. O que era no final das contas, o motivo de Stoker e Karkash serem especialistas de táticas anti-aéreas. Dado algum tempo, as habilidades combinadas deles conseguiriam criar uma tempestade mais feroz que nenhuma aeronave comum conseguiria aguentar.

Uma caminhonete prata apareceu pela névoa repentinamente. Ela bateu em Stoker, o jogando para fora da estrada e direto pela parede de uma mercearia. Produtos e destroços fizeram com que as pessoas fugissem em todas as direções.

A névoa de Stoker diminuiu conforme sua concentração também, já que ele estava mais preocupado em ficar de pé de novo enquanto metade de seus ossos voltavam para o lugar e se reparavam. Ele jogou a caminhonete para fora do caminho, o motorista barbuda morto ou inconsciente no volante. Ele saiu para fora novamente.

As mudanças violentas na pressão do ar já criaram um vento leve e ele sabia que sua nuvem seria logo levada para longe. Ele decidiu que seria melhor atacar antes de fazer mais.

A quantidade minúscula de ácido em seu estômago não seria útil sozinha, mas ele conseguia criar um túnel em seu corpo com o hidrogênio a fim de alcançar o cloro extra em seus rins e o oxigênio em seu sangue e pulmões e quando a mistura era fortalecida com seu poder imaginário, seu ácido seria ambos forte o bastante e volumoso o bastante para dissolver até concreto em segundos.

Onde ele está? — Stoker perguntou.

Cinco metros a frente, mais dois para a esquerda e você vai estar atrás dele.

O ácido se acumulou enquanto ele corria, devorando seu corpo por dentro e assim que ele viu Karkash, ele cuspiu um glóbulo, sangrento, borbulhante.

Hoyohté deve ter avisado ele, porque Karkash conseguiu evitar a maior parte do ácido. Só o lado de seu rosto foi acertado e quando Stoker deu um soco com toda sua força, Karkash simplesmente o pegou. Com seu único olho intacto, Karkash se virou para olhar para Stoker.

Ele cuspiu mais ácido. Um lampejo de eletricidade o cortou, inflamando o hidrogênio. As roupas dos dois pegaram fogo, mas Stoker levou a pior conforme as chamas se espalhavam por todo o hidrogênio em seu corpo. Ele caiu e rolou até o fogo ser extinto. Ele ficou de joelhos conforme a carne de seu corpo se recuperava.

Nize. — Ele disse, fugindo de novo, você está bem?

Si-sim…

Onde tá a Hoyohté?

Ela está na frente dele onde ele pode protegê-la. Estou certa que ela também está vigiando suas costas para ele.

Stoker rosnou. Ele estava esperando que eles se separariam, mas aparentemente eles não eram ingênuos assim. A formação deles era ideal para combate com pouca visibilidade, porque se Hoyohté subisse para cima da névoa ou descesse, ela não conseguiria eliminar os pontos cegos de Karkash, o que significaria que a vantagem seria de Stoker. Só um desejo impossível pelo visto.

Outro carro passou vacilante por dentro da névoa e Stoker teve que dar um passo para o lado a fim de evitá-lo. Ele correu para o sul, criando mais névoa atrás de si. Ele sabia que conseguiria abater Karkash com um simples banho de gás hidrogênio, visto que apenas uma faísca no ar explodiria na hora, mas o problema era ele próprio evitar a explosão. Um cenário que os dois morreriam certamente não era o ideal. Ele decidiu que era hora de fugir novamente.

Ele passou por um carro de polícia virado e por um momento louco, considerou roubar a pistola do oficial antes de lembrar do motivo que ele não trouxe a sua para essa luta.

Finalmente, ele alcançou uma parte da estrada onde nenhum dos veículos estava dando cambalhota no ar. Ele pegou uma caminhonete azul, grande e arrancou o civil impotente de lá. Porém, antes dele conseguir entrar no assento do motorista, um relâmpago perfurou seu peito. Seu corpo inteiro começou a convulsionar violentamente e ele olhou para trás, vendo Karkash ao longe, acima da névoa, planando em direção a eles.

Não era uma surpresa boa ver o homem voando. Karkash sempre mantinha metal o bastante debaixo de suas roupas o bastante para suportar seu próprio peso e de lá, era meramente uma questão de manipular os campos magnéticos ao seu redor. Stoker não perdeu tempo pensando, assim como o buraco em seu peito.

No assento do motorista, ele deu a volta com o carro indo na contramão do trânsito. Ele cortou pelo meio e virou o veículo até o caminhão estar apontado para a estrada aberta. Ele pisou no acelerador.

Karkash diminuiu no retrovisor. Mas não desapareceu. E depois de um momento, Stoker viu um relâmpago voar em direção à caminhonete e acertar o chão atrás dela.

Ele colocou seu braço para fora da janela e criou um rastro de névoa. Não era muito, mas pelo menos tornaria a armadilha de metal gigante que ele estava dirigindo mais difícil de acertar.

Nize? — Ele pensou conforme sua caixa toráxica se curava.

Eu… agh…

Ele não conseguia exatamente olhar para trás a fim de checar ela. Fala comigo Nize. Você se feriu?

Perdendo a consciência… só continue indo…

Uma parede de branco encheu o retrovisor, mas com o que Stoker conhecia das proezas aéreas de Karkash, essa merda provavelmente não seria o bastante para despistá-lo.

 

Separador Tsun

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Hector teve que esperar na caminhonete enquanto Colt reservava um quarto no Motel Dias Ensolarados, um nome o qual, pela aparência do lugar, coubesse mais a uns dez anos atrás. Com a opção de Walton fora dos planos, eles ficaram nos arredores de Maxwell, a procura de um lugar melhor.

Hector sabia que ele devia parecer uma merda, porque só havia uma única cama no quarto e Colt a ofereceu para ele na hora.

Ele conseguiu dormir um pouco, deixando as dores e fatiga varrer seu corpo novamente, mas ele logo foi acordado por seu celular. Era Gina.

<Você está assistindo isso?> Ela disse. <Ou você já está lá?>

Hector olhou para os outros. — Do que você tá falando?

<Você está perto de uma televisão?>

— Sim. Perae…

Colt ligou a TV e encontrou a transmissão ao vivo das notícias quase que imediatamente.

Hector se levantou. — Mas que porra é essa… ?

Tempo maluco se movendo ao sul de Sescoria, dizia as notícias. Reportagens de relâmpagos no nível do chão. E um homem voando. E numerosas casualidades.

— São eles. — Garovel disse. — Sem sombra de dúvidas.

— Eles já estão se movendo? — Bohwanox falou. — Sua amiga disse que nós tínhamos duas semanas.

— Gina? — Hector perguntou. — O que você sabe sobre isso?

<Nada. Desculpe. Se eles planejaram esse ataque, então eles fizeram em algum outro lugar que eu não tinha dispositivos de escuta.>

Ele assistiu a gravação de um helicóptero. Uma trilha de névoa gigante na rodovia, passando pelas cidades suburbanas ao sul de Sescoria. Ele conseguia ver veículos virados ao lado na estrada, até alguns arremessados para dentro de prédios. Os repórteres estavam avisando as pessoas na vizinhança que elas deviam ficar em suas casas.

— Isso não é muito longe daqui. — Hector disse.

— Você ainda precisa descansar. — Garovel respondeu.

— Garovel, nós dois sabemos que eu vou. Não vamos desperdiçar tempo discutindo. — Ele olhou para Colt. — Me empresta seu carro.

—Você nem sabe como dirigir um. — Garovel disse.

— Vou descobrir.

Colt se levantou. — Te levo até lá.

— Você está brincando? As crianças…

— Nós vamos ficar longe. — Ele disse, pegando elas em seus braços. — Mas se as coisas derem errado, eu vou te abandonar. Entendeu?

— Claro.

Eles foram embora.

 

Separador Tsun

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O tráfego da cidadezinha facilitava a navegação pela rodovia até ele sentir a caminhonete começar a desacelerar. Havia muito combustível. Seu pé estava fundo no acelerador. Não era um problema com o veículo. Ele finalmente acabou entrando dentro do alcance de Karkash. Logo, a caminhonete mal se movia para frente, os pneus fazendo fumaça contra o pavimento.

Então, veio o lampejo do relâmpago. Stoker ainda estava saindo da porta antes acertar o carro e inflamar o tanque de combustível, logo a caminhonete explodiu. Ele foi arremessado para um lado, suas pernas para o outro.

Stoker caiu em cima de uma cerca, ganhando uma tábua de madeira no pescoço e colidiu no parquinho de uma criança, destroçando o trepatrepa com a força de seu corpo quebrado.

A situação não parecia tão boa, ele tinha que admitir. Ele conseguia ver Karkash de longe, se aproximando para matá-lo.

Suas pernas precisavam de tempo para se regenerar, mas ele ainda tinha braços. Ele removeu a lança de madeira do seu esôfago e olhou para ela um momento. Ele agarrou a estrutura azul do trepatrepa e arrancou um pedaço longo, o qual ele quebrou em duas partes. Três objetos agora: um de madeira, dois de metal. Ele reuniu toda a força que ele conseguiu em seu braço.

As duas peças de metal foram primeiro, uma depois da outra, voando em direção a Karkash na velocidade de uma bola de canhão. Uma de cada vez, elas desaceleraram e pararam no ar, ineficazes antes de serem rasgadas pelo campo magnético invisível. Porém, a terceira peça, acertou em cheio e perfurou o peito de Karkash. Stoker o condicionou a esperar por metal e apesar do ataque com certeza não ser o bastante para parar um servo, a surpresa fez o campo magnético vacilar e Karkash caiu do céu, se estabacando no asfalto.

E isso conseguiu precioso tempo para Stoker.

Ele pegou um punhado de cascalho. Havia um aspecto de sua habilidade de transfiguração que ele só desenvolveu recentemente: controle sobre o estado físico no qual o hidrogênio aparecia. Especificamente, temperatura. Hidrogênio aquecido facilmente derreteu as pedrinhas em sua mão em uma massa flamejante, sólida.

Era impossível acertar Hoyohté daqui, então ele lançou a massa em direção a Karkash. E, então, mais uma. E, então, continuamente, várias vezes, até Karkash jogar uma carreta de cimento na direção dele.

Porém, as pernas de Stoker já cresceram, então ele saiu de seu caminho, deixando o trepatrepa totalmente obliterado.

Estava na hora da névoa novamente, ele decidiu. Ele tinha outro truque na manga, um que ele não quis tentar mais cedo porque era talvez volátil demais. Mas agora, as circunstâncias pareciam apropriadamente desesperadoras.

Hidrogênio líquido era uma substância curiosa, Stoker descobriu. Era até mais fria do que seu primo famoso, nitrogênio líquido e como este podia congelar objetos em meros segundos, incluindo sua própria carne se ele não tomasse cuidado, e ainda apesar de sua temperatura, hidrogênio neste estado ainda era incrivelmente reativo a oxigênio. Assim que ele tocava no ar, ele se incendiaria formando uma chama sem cor, o que, em outras palavras, tornava a chama praticamente invísivel.

Porém, antes dele conseguir usar isso, havia outra coisa que ele precisava fazer. Seus músculos estavam ficando pesados de novo. Ele estava desacelerando e ele conseguia sentir uma dor leve por todo seu corpo. Nize, você consegue me ouvir?

Não houve resposta.

Os efeitos dos reforços estão acabando. — Ele disse.

Ainda nada.

Ele conseguia sentir sua presença lá. Ele se concentrou e flexionou sua alma, um músculo imaginário e tocou nela.

Ah… Stoker?

Eu preciso que você renove os reforços. — Ela não respondeu, mas depois de um momento, Stoker sentiu o vigor voltar ao seu corpo. Toda a dor desapareceu e ele respirou fundo. Consegue me dizer onde Karkash está?

… do outro lado do prédio a sua esquerda…

Tudo bem. — Ele correu pelo beco na sua frente. Ele conseguia escutar as explosões por perto, talvez de um prédio sendo demolido. Ele tentou entrar na próxima porta que ele encontrou. Era um pequeno restaurante com várias pessoas encolhidas juntas, todas mortalmente silenciosas enquanto encaravam ele. Isso serviria, ele decidiu, parando a produção de névoa. Eu preciso que você se solte de mim.

O que? Mas não consigo me mexer sozinha…

Meu próximo ataque vai te machucar se você ficar nas minhas costas.

Mas sua névoa só esconde sua alma da Hoyohté… não vai esconder a minha se eu não estiver ligada em você…

Eu sei. Mas nós não temos outra opção e a alma dessas pessoas deve esconder a sua por um tempin. Eu vou matar o Karkash antes dele te alcançar.

Ela hesitou, mas então disse, Confio em você. — Ela saiu dele.

Stoker conseguia ver pedaços faltando do corpo alongado de Nize. Ela simplesmente flutuou no lugar, seus olhos de cobra encarando ele brevemente antes de se fechar.

Ele não podia enrolar. Não havia como dizer quanto tempo a distração duraria. Ele tinha que atacar. Stoker correu para fora.

Hidrogênio líquido precisava de mais concentração do que qualquer outro aspecto de sua habilidade. Ele levantou suas mãos e flexionou ambos os braços com força o bastante para fazer eles tremerem. Depois de um tempo, sua pele desapareceu e apesar do hidrogênio ser invisível a olho nu, ele sabia que tinha conseguido. Essa combinação de calor congelante era única: cálida contra seu rosto enquanto seus ossos pareciam gelo.

O fogo congelante era a carta na manga aqui. Se ele conseguisse dar um banho em Karkash com esse hidrogênio líquido, as atividades cerebrais dele iriam cessar e Stoker venceria na hora. Ele manteria o cérebro de Karkash congelado permanentemente, algo que nenhuma quantidade de regeneração resolveria. Se ele não conseguisse matar Hoyohté naquele ponto, não faria diferença.

O problema, claro, era chegar perto o bastante. Sua melhor esperança era pegar o homem por trás. Conforme ele se aproximava da localização que Nize especificou, Stoker se agachou o máximo que podia.

Ele teve que parar abruptamente conforme o caminhão de cimento de antes passava bem na frente de seu rosto. Então, um cofre de banco. Então, uma geladeira. E mais, ele viu. Carros, postes, canos, caixas de correio, todos giravam juntos com uma velocidade crescente e Stoker entendeu o que Karkash estava fazendo. Era um tornado de metal. Um vórtex estava puxando a névoa de Stoker e a dispersando para outro lugar. Logo, não haveria mais como se esconder.

Ele aproveitou sua chance e pulou pela parede de objetos se movendo, pousando em segurança. Ele olhou para cima e viu Karkash diretamente acima do tornado.

E Karkash o viu também.

Não era o confronto que ele queria. Mas era tarde demais para reclamar. Cada objeto no tornado estava indo em direção a ele. O momento era agora.

Stoker reuniu força em suas pernas e pulou, voando em direção a Karkash.

Ele apostaria tudo nisso. Não só seus braços. Seu torso também. Debaixo de sua pele, havia um núcleo gélido, esperando para ser libertado. Era tanto hidrogênio que se Karkash escolhesse detoná-lo com relâmpago daqui, a explosão com certeza estraçalharia ambos os servos e se Karkash escolhesse a outra opção, o congelamento faria efeito.

Karkash escolheu a segunda opção. Ele pegou Stoker com um braço, segurado pelo pescoço. O braço congelou na hora e Stoker esticou sua mão, substituindo ela inteiramente por hidrogênio líquido. Nem os ossos restaram. A mão invisível acertou o rosto de Karkash congelando sua pele instantaneamente.

Mas foi só até aí, porque antes do hidrogênio conseguir cobrir seu crânio inteiro, Karkash cortou seu próprio braço, o braço que estava segurando Stoker no ar. E aquilo decidiu tudo.

Stoker caiu. Ambos os pés acertaram o pavimento. Ele tentou fugir e um relâmpago cortou sua perna direita, decepando ela limpamente. Hidrogênio escapou pela ferida, uma parte líquida, outra parte gás.

 Tanto de seu corpo já havia ido embora. Ele jazia na estrada acabado, metade ensanguentado, metade congelado.

Karkash desceu, arrancando a carne congelada de seu rosto e deixando ela crescer novamente. O vórtex de metal desacelerou e os objetos neste todos caíram no chão e nos prédios ao redor, fazendo com que os civis gritassem.

 Estava tudo acabado, Stoker sabia. Ele nem conseguia correr mais, não que isso teria feito muita diferença agora que não havia mais névoa. E com tanto de seu corpo convertido para oxigênio, Karkash podia simplesmente detoná-lo a qualquer momento só com uma fagulha.

Encontrei Nize. — Hoyohté disse.

Karkash deliberou por um momento e, então, deixou de lado o golpe final. Em vez disso, ele foi em direção ao prédio que Hoyohté apontou. Através da janela grande, ele viu Nize entre o grupo de pessoas aterrorizadas. Ele levantou sua mão.

Porém, antes do relâmpago aparecer, uma espira repentina apareceu e atraiu a eletricidade para ela, dispersando ela inofensivamente no chão.

E Stoker viu o responsável, um jovem negro encarando os dois do telhado adjacente.

— Se vocês querem se matar, tudo bem… mas por favor deixem outras pessoas fora disso.

 


 

Tradução: Worst

Revisão: Errei

 

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