E tu conhecerás o medo…
Colt ficou feliz que a criança não era muito pesada. Ele a colocou em seu ombro e se aproximou da mansão de Rofal. Ele estava com o elmo de metal em sua mão. A criança não quis deixá-lo para trás.
Os guardas o revistaram. Ele esperava que carregar um corpo morto o permitiria não passar por essas formalidades, mas eles ainda o fizeram parar e esperar enquanto pegavam suas armas. Eles até revistaram o corpo do garoto.
Rofal escolheu receber ele no átrio e Colt jogou o corpo no chão.
Swank se afastou.
— É ele! Você o trouxe aqui?!
— Ele? — Rofal olhou para o corpo.
— Essa criança era a pedra no seu sapato. — Colt disse.
— Ah, é mesmo?
Swank assentiu. Ele não saiu de trás da escadaria.
— Certeza que ele está morto, né?
— Sim. — Colt disse. Ele virou a cabeça da criança, revelando um corpo sangrento abaixo da base do crânio. — Eu teria esfaqueado ele no rosto, mas eu queria que você se certificasse de que era ele mesmo. Há uma recompensa para isso, certo? Ó, meu chefe generoso?
Rofal riu.
— Espetacular! Claro que eu vou te recompensar. Você vai ter um dia inteiro, não, dois dias. Trabalho incrível. Como você encontrou ele?
— Ele veio até mim. — Colt disse. — Ele disse que queria minha ajuda. Pensou que eu traria você e daria informação para ele.
O sorriso de Rofal aumentou.
— Deixa eu advinhar. Você disse sim e, então, acertou ele assim que ele se virou?
— Isso mesmo.
— Adorei. — Rofal disse. — É isso que eu admiro em você, Colt. Sua crueldade.
Colt meramente sorriu como resposta.
— Como você matou ele? — Swank perguntou.
Colt franziu o cenho.
— Eu esfaqueei ele na nuca. Pergunta burra.
— Sim, mas…
Colt olhou para Rofal.
— Quanto tempo você vai me fazer esperar?
— Eu vou arranjar para você ver eles amanhã.
— Hoje a noite. — Colt disse. — Eu quero ver eles hoje a noite.
Isso fez com que Rofal hesitasse. Seu sorriso diminuiu.
— Impaciente, hein? — Ele olhou para Colt de novo, então para o corpo. — Tudo bem. Acho que você mereceu. Eles vão ser trazidos para cá e você vai receber as primeiras três horas hoje a noite.
Rofal ordenou que o corpo fosse levado para a ala médica, acompanhado por um punhado de guardas. Colt entregou o elmo estranho para um deles, que parecia achar aquilo bacana.
Eles foram até o escritório de Rofal. Ele despejou um copo de whiskey para Colt. Ele não ofereceu um para Swank.
— Há algo que eu gostaria de saber. — Colt disse.
— Sim? — Rofal disse.
— O dinheiro que o menino roubou, para que era?
— Por que? Você o recuperou?
— Não. — A criança tinha uma bolada em sua bolsa, Colt descobriu, mas Rofal não precisava saber disso. O dinheiro estava enfiado debaixo do banco de trás de seu carro. — Mas você disse algo sobre ele ser para um assento em uma mesa. Que mesa?
Rofal parou de novo.
— Por que você quer saber?
— Vamos dizer que eu estive considerando minhas circunstâncias. — Colt disse. — E cooperar mais com você está começando a aparecer mais vantajoso.
— Entendo. — Rofal se inclinou em sua cadeira. — Bom, eu estaria mentindo se dissesse que não queria te contar. Entretanto, se honestidade é o jogo agora, então eu tenho que dizer, eu estou um pouco surpreso com sua recente mudança de atitude. E eu nunca fui um homem de confiar muito nas pessoas.
— Eu notei.
— Eu vou te contar. — Rofal disse. — Aquele dinheiro era meu meio de conseguir uma introdução com… certos indivíduos de mesma opinião.
— Entendo. — Colt disse. — Isso tudo está arruinado agora?
— Por agora, sim. Um retrocesso frustrante. Mas estou certo de que outra oportunidade irá se mostrar com o tempo.
Colt girou seu copo com whiskey dentro.
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— Agh… onde eu estou…?
— Relaxe. Eu estou com você.
— Ah… isso de novo, hein?
— Eu tenho que ficar com a sua alma enquanto nós esperamos as crianças de Colt chegarem.
— Tá… mas, uh… isso parece… um pouco diferente da última vez…
— Bom, sem querer parecer muito brega, mas nossas almas tiveram tempo para se acostumarem uma com a outra.
— E isso quer dizer… ?
— Nós nos ligamos.
— Ownt… parando pra pensar… isso parece um pouco com um abraço quentinho.
— Hmm, eu imagino que sim.
— É muito legal…
— Uh. Tá né.
— Me aperta mais forte, Garovel.
— Isso está ficando um pouco estranho agora.
— Haha. Então, uh. O que está acontecendo com o Colt? Não consigo ver nada.
— Ele está falando com Rofal agora. Mas não está conseguindo muita informação dele.
— Mas Rofal não suspeita de nada?
— Ainda não. Está um pouco chato, na verdade. Eles só estão esperando as crianças chegarem. Colt está perguntando sobre os planos dele, mas Rofal está sendo previsivelmente enigmático.
— Então… o que você acha agora? Você disse que precisava de mais tempo para observar, mas… você, hmm… você acha que eu devia matar o Rofal?
— Não, eu não acho que você devia.
— Sério? Por que?
— Porque nós ainda não sabemos o que vai acontecer com os negócios de Rofal caso ele morra. Ao contrário da crença popular, cortar a cabeça da serpente nem sempre funciona. Eu não acho que seus negócios vão só dissolver.
— Você está preocupado que alguém pior vá assumir seu lugar?
— Até nós termos a certeza que não, sim.
— Mas você não se opõe à morte dele por razões morais …?
— Não em particular, não, hmm? Ah. Bohwanox acabou de aparecer. Espera um pouco.
— Bohwanox? O que ele está fazendo aqui??
— Ele está me contando.
— Não consigo ouvir ele.
— Sim, sua alma não está ligada a ele, então, agh, eu não consigo manter duas conversas ao mesmo tempo. Só espera um pouco.
— … tu-tudo certo… hmm…
— Há algo errado.
— O que é?
— Bohwanox disse que ele seguiu alguém aqui que tem a aura da morte. Mas ela foi embora sozinha, de algum jeito. Eu não estou certo do que ele quis dizer. Ele diz que estava investigando uma série de reportagens de pessoas desaparecidas a algum tempo e ele acha que isso pode ter relação.
— Ah, uh… o-o que nós fazemos?
— … bah. Nós precisamos te acordar. Essa pessoa que ele seguiu está provavelmente correndo um risco sério.
— Mas é cedo demais, não é?
— Sim, é sim.
— Então… ?
— Nós fazemos o que podemos. Se prepare. Ah. Parece que eles estão dissecando seu corpo.
— O qu…
——
Os olhos de Hector se abriram e ele viu uma mulher de azul de pé na frente dele. Ele olhou para seu peito e viu sua cavidade torácica aberta com braçadeiras de metal, e um par de vagabundos parrudos assistindo no canto. Um deles estava usando seu elmo.
Ele notou que seus olhos se abriram.
— Uh, gente…
Hector se sentou. Todos gritaram.
Silencie eles! — Garovel gritou.
Ele pulou e voou no homem com seu elmo, socando ele na barriga e arrancando o elmo. O outro cara socou ele na cara, jogando Hector no chão. Eles se aproveitaram para chutar o corte gigante que era seu peito.
Hector pegou uma de suas pernas e jogou o homem em seu parceiro. Ambos bateram na parede e caíram um sobre o outro. Ele esperou eles se levantarem, mas quando os viu pegando suas armas, ele as pegou de suas mãos e bateu em suas cabeças com suas pistolas. Eles ficaram no chão.
Hector olhou para a médica no canto e colocou seu elmo mais uma vez.
— Por favor fiquem quietos…
A mulher assentiu furiosamente.
Porém, mais guardas entraram na sala. Hector usou o primeiro vagabundo que entrou para empurrar os outros e criar um caminho para si. Ele se certificou de que todos caíram antes deles começarem a atirar ou pedir ajuda. Alguns acabaram presos nas vigas. Ele pensou inicialmente que o corredor tinha um típico teto sem nada, então ele ficou bem confuso quando o primeiro cara que ele mandou voando não voltou.
Bom, isso acabou bem rápido. — Garovel disse.
Hector arrancou as braçadeiras de seu peito, rasgando sua carne e sangrando todo o chão de mármore. Costelas quebradas presas em ângulos estranhos e ele tocou no seu próprio coração imóvel. Ele tentou não pensar na dor que ele sentiria depois.
Então, para onde eu vou agora?
Bohwanox saiu da parede.
Me desculpe pelo meu pedido. — Ele disse.
Uh, es-está tudo bem…
Bohwanox não pode te ouvir, — Garovel disse conforme ele iniciava a regeneração, fazendo com que os ossos de Hector se curvassem e voltassem para o lugar. Ele não está ligado ao seu cérebro do jeito que eu estou, então você tem que falar com ele com sua boca.
— Oh. Uh… Garovel disse que, um… você viu a aura da morte ir embora sozinha?
Sim, — Bohwanox disse. Ela só sumiu, sem causa aparente. Então, o homem que a possuía decidiu de repente vir direto para cá, como se estivesse num transe. Eu vi ele ir por esse caminho. Me sigam por favor.
Hector o seguiu, esmagando as câmeras de segurança onde ele as via.
— Eu pensei que, hmm… eu achava que salvar pessoas não fazia seu estilo. — Hector disse.
Eu não gosto de me envolver, se é o que você quis dizer. — Bohwanox disse. Mas isso é diferente. Você sentiu também, não sentiu, Garovel? O desconforto estranho nesta cidade?
Hmm. Senti. Você acredita que há uma conexão?
Não só uma conexão. Acredito que seja a causa. Acho que as pessoas desaparecendo podem estar morrendo de um jeito bem… anormal.
— O que você quer dizer?
Não estou inteiramente certo. — Bohwanox disse. Essas pessoas desaparecidas, todas eram de idades diferentes e os sumiços não parecem ter beneficiado alguém em particular. Então, não acho que elas estão sendo mantidas em cativeiro para se pedir um resgate ou escravidão. Acredito que elas estão sendo mortas. Mas se esse é o caso, então por que eu não encontrei nenhuma alma presa ou vagando? É muito estranho.
E problemático. — Garovel adicionou.
Aqui. — Bohwanox disse. Eu vi ele passar por aquela porta.
— Você não já checou o interior?
Não, eu… — Bohwanox se afastou da porta. Fiquei… relutante.
Hector inclinou sua cabeça, ele olhou para Garovel em busca de uma explicação, mas o outro ceifador também se afastou.
— Vo-vocês estão bem… ?
Está sentindo, Garovel?
Sim. Estou me perguntando como não vi isso antes…
Porque é silencioso. — Bohwanox disse. É como uma sombra que não pertence a nada. Você não nota até que a pessoa que esteja projetando ela de repente se move… e ela perdura.
Os ceifadores ficaram para trás.
Por favor vá primeiro, Hector. Garovel disse. E tome cuidado.
A porta estava trancada, então teve que ser quebrada. Ela caiu no chão com um barulho tão alto que ele estava certo de que mais guardas chegariam logo, mas a primeira coisa que ele viu na sala eram duas pessoas, um jovem com um terno preto encarando ele e um homem mais velho, sentado encarando distraidamente uma parede.
— Com licença, — o homem mais jovem disse, — mas quem caralhos você pensa… que é… hmmm. — Ele cerrou seus olhos para Hector. — O que nós temos aqui?
———–
— Certo. — Colt disse. — Então, talvez você possa me contar mais sobre sua família. Eu só conheci você e o Geoffrey.
— Ah. — Rofal bebeu seu álcool. — Meu pai e mãe se aposentaram a uns dez anos atrás. Que homem, meu pai. Esses dias, algumas pessoas se perguntam se ele ficou senil, minha mãe no caso, mas, às vezes, eu ainda consigo ver aquele brilhantismo dele. Aquela ambição. Um momento, ele está falando sobre seu bisavô ou sua irmã morta como se estivessem no quarto e, então, no próximo ele vai estar sussurrando no meu ouvido sobre alguma loja secreta que ele abriu a uns trinta anos atrás.
— Eu o vi uma vez. — Swank disse. — Ele se ofereceu para cortar meu cabelo. E substituí-lo por pêlo de gambá. Eu ainda não estou certo se ele estava brincando.
Rofal riu.
— Fora isso, eu tenho alguns irmãos. Herdei os negócios, porque minha irmã mais velha, ótima mulher, odeia tudo sobre isso.
Colt bufou.
— Alguém que não é desse tipo de vida?
— Ah, ela tem a mente para a coisa. Todos nós sabemos que ela tem. Mas ela se apaixonou por um eletricista e decidiu se tornar uma dona de casa, se você conseguir acreditar. Eu ainda não estou certo se consigo.
— E seus outros irmãos? — Colt perguntou.
— Você está muito curioso hoje. — Rofal disse, rindo baixinho. — Se isso é parte de algum plano para sequestrar os membros da minha família em troca dos seus, então, pelo seu próprio bem, me permita acabar com esse plano em seu início. Você pode pegar quem você quiser. Ou tentar. Os membros da minha família com certeza não precisam de mim para protegê-los dos tipos como você. Eles ficariam chateados se eu o fizesse.
— Vou manter isso em mente.
— Ha.
— E quanto aos pais de Geoffrey? Eles estão mortos?
— Não, eles estão vivos. Mas eles o confiaram a mim. Quando ele era pequeno, eles tiveram alguns problemas.
— Consigo imaginar.
— Eu não acho que você consiga. — Rofal disse.
Colt levantou uma sobrancelha.
Rofal bebeu o resto do whiskey e abaixou o copo.
— Não há muita gente nesse mundo que me assuste. — Ele disse. — Eu estou feliz de ter o favor daquele monstro.
——-
Mas que porra é essa? — Bohwanox disse.
Eu não sei. — Garovel disse.
Hector não tinha tempo de pedir uma explicação. Um grupo de cinco guardas apareceu na porta e colocaram suas mãos nele. Claro, ele logo se livrou deles, três ficaram inconscientes e dois gemendo de dor no chão.
— Oh, uou! Que prazer em te conhecer! Meu nome é Geoffrey. Qual é o seu? — Quando Hector não respondeu, o rosto de Geoffrey se enfezou. — Por que as pessoas interessantes são sempre rudes comigo?
Ao olhar novamente para o cômodo, Hector notou a decoração incomum do lugar. Nem um metro a esquerda de Geoffrey jazia uma fileira de objetos de envoltos em vidro. Um pé, uma mão, um nariz, um mindinho, um par de olhos, um couro cabeludo, um coração seco, um cérebro enegrecido. Vários tamanhos e tons de pele. Todos ensanguentados.
A expressão de Hector enegreceu por baixo de seu elmo. Ele olhou para o homem com um olhar distante sentado.
— Quem é essa pessoa? — Ele disse.
— Ah, ele? — Disse Geoffrey. — Ele é meu novo buscador. Meu antigo estava começando a feder.
— … buscador?
— Sim. Eu uso ele para pegar coisas para mim. Do lado de fora. Meu tio não quer que eu saia e eu quero que ele fique feliz, então uso buscadores.
Esse homem está morto. — Garovel disse. O corpo está vivo, mas não há alma.
— Hmm. — Os olhos de Geoffrey se moveram e Hector não estava certo para onde o jovem estava olhando. — Se você não vai me falar seu nome, então que tal o desses dois aí?
Hector piscou.
— O quê?
Ele consegue nos ver! — Bohwanox disse.
— Ué, sim, eu posso. — Geoffrey riu. — Não devia?
Os ceifadores se afastaram ainda mais.
— Você perguntou o que “essa coisa” é. — Geoffrey disse. — Estava se referindo a mim?
Sim. — Garovel disse. O que você é?
— Não estou certo do que você quer dizer. Hmm. Você sabe, eu sempre tive um sentimento de que eu não era humano. Todo mundo me trata como um, então eu nunca pensei muito nisso, mas você parece saber do que você tá falando. O que são vocês? Fantasmas? — Geoffrey se aproximou e esticou a mão para tocar em Bohwanox.
Geoffrey olhou para Hector de novo.
— Você não respondeu nenhuma das minhas perguntas, mas você ainda continua me perguntando mais coisa. Você tá testando minha paciência.
— Que pena. — Hector disse. — Você matou ele?
— Suponho que sim. — Geoffrey disse. — A alma, como seu amigo a chamou, sempre é destruída quando eu pego elas para mim. Agora, saia do meu caminho. Eu quero tocar no seu fantasma. — Ele tentou passar, mas Hector o impediu.
— Melhor você não ir.
— Hmm. Interessante.
Em um instante, Hector viu algo vermelho cintilar e, de repente, seu antebraço sumiu, carne e osso cortado tão limpamente que levou um momento para começar a sangrar. Geoffrey segurou o membro decepado pelo pulso.
Hector permaneceu tranquilo.
Geoffrey jogou a carne por cima de seu ombro e o encarou.
— Isso não doeu? — Ele perguntou.
Hector deu um murro em sua boca e Geoffrey voou para longe, caindo no sofá.
— Isso doeu?
Geoffrey se levantou imediatamente, balançando sua cabeça.
— Isso foi surpreendente. — Ele disse. E quando olhou para cima, uma sombra carmesim estava cobrindo sua boca.
Com sua mão crescendo de novo, os olhos de Hector se estreitaram.
— O que é isso?
— Não vejo motivo para contar pra você. — Geoffrey avançou e balançou seu braço, mas Hector só levou o golpe e o socou na barriga, mandando ele ainda mais longe do que antes. Quando Geoffrey se levantou, dessa vez a sombra vermelha cobria seu estômago. Ele começou a rir. — Interessante! Você sabe dar um soco!
Hector esperou conforme o jovem se aproximava. Os ceifadores se afastaram até o corredor, observando do outro lado da porta.
— Que porra é você?
— Ótima pergunta. — Geoffrey disse. — Eu gostaria de saber também. Mas agora, estou mais interessado no que eles são. Você não vai me deixar tocar neles, vai?
Hector não respondeu.
— Certo. — Geoffrey balançou sua mão e o homem na cadeira se levantou e pulou em Hector, se agitando e mordendo.
Hector o arremessou, mas não antes de Geoffrey conseguir passar. Não havia nada entre ele e os ceifadores. Eles se dividiram e Geoffrey foi atrás de Bohwanox. Hector perseguiu, mas eles estavam muito na frente. Geoffrey esticou seu braço e parecia que Bohwanox ainda estava longe o bastante, mas da mão de Geoffrey, a mesma sombra vermelha saiu, rápida e torta, e ela cortou as costas do ceifador.
Agh!
— Eu só quero tocar em você! — Geoffrey riu.
Hector estava lá. Ele pegou Geoffrey pelo colarinho e o jogou contra a parede, mantendo ele preso lá. Ele olhou para Bohwanox, que estava flutuando no ar.
— Você está bem?!
Fumaça branca e preta saíam da ferida.
Eu-eu não estou certo. — Ele disse, fazendo careta.
Você vai se recuperar. — Garovel disse. Mas você precisa ir embora agora. Você fez tudo que podia aqui.
Si-sim, vou indo nessa, boa sorte para vocês! — Bohwanox desapareceu pela parede.
— Ei, onde ele foi?! — Geoffrey disse. — Volta! Eu não acabei!
Hector fez um punho e o socou na cara com toda sua força. A parede rachou atrás da cabeça de Geoffrey.
Mas a sombra vermelha estava lá de novo e quando ela desapareceu, o rosto de Geoffrey permanecia intocado.
— Seus ataques doem, — Geoffrey disse. — Mas não me ferem. Não assim. — Ele perfurou Hector no peito com uma mão coberta com vermelho. Sangue voou para todo lugar. A mão de Geoffrey atravessou Hector, apertando um coração extraído.
Sangrando pela boca, Hector não se moveu.
— … você estava dizendo? — Ele deu uma cabeçada em Geoffrey, que foi para trás, e o chutou fazendo atravessar a parede.
Geoffrey voou até a sala de sinuca. Madeira e estilhaços caíam na mesa que ele pousou. Ele se sentou e olhou para o coração sangrento em suas mãos.
— Como? — Seu olhar foi para Garovel. — Isso é coisa deles, não é? — Ele ficou de pé.
Atrás de você! — Garovel gritou.
Hector soube na hora o que ele quis dizer. O fantoche de Geoffrey estava correndo em sua direção. Hector deu um passo para direita, pegou o homem e o jogou em Geoffrey. Os colidiram em um ventilador de teto e acertaram o chão em uma pilha de vidro quebrado e madeira estilhaçada.
Mais uma vez, Geoffrey se levantou. A sombra vermelha cobrindo seu corpo inteiro antes dela desaparecer novamente.
— Você tá começando a me irritar.
— Eu nunca fui bom em fazer amigos… — O peito de Hector começou a se curar pela segunda vez nessa noite.
Geoffrey balançou sua mão. Quando seu fantoche não pulou imediatamente, ele se virou para ver o motivo.
Havia vários cortes no rosto do homem e sua perna estava virada para o lado errado. Ele lutou para se levantar, caindo logo depois.
Geoffrey franziu o cenho.
— Já quebrou? Eu acabei de fazer esse ai. — Ele suspirou. — Ah bom. — Um cintilo vermelho cortou o homem em dois. Sangue não começou a jorrar até seu corpo acertar o chão.
Hector franziu o cenho.
— Desgraçado!
— Parece que eu preciso de um novo buscador. — Geoffrey disse, começando a se aproximar. — Talvez eu devesse simplificar as coisas e só pegar você. — A sombra vermelha rodopiou pelo corpo de Geoffrey, se acumulando em uma forma volumosa.
Hector correu para o corredor, mas sombra ainda o envolveu. Ele lutou para escapar, esperando algum tipo de dor horrível ou um apagão, mas não houve nada. Ele se virou para Garovel, que parecia totalmente despreocupado, até estranhamente entretido.
A faixa carmesim voltou para Geoffrey e o jovem encarou Hector incrédulo.
— Por que?! Você devia ser meu agora!
Idiota. — Garovel disse. Você não pode ter ele. Porque ele já pertence a mim.
Geoffrey atacou com um chicote vermelho.
Hector e Garovel saíram do caminho. Geoffrey foi atrás do ceifador. Garovel passou por uma parede e quando Geoffrey se virou, aquele elmo de metal estava na sua frente. Hector lançou ele pelo corredor inteiro o que deixou rachaduras impressionantes na parede do outro lado. Ele já podia ver Geoffrey se levantando conforme o crânio de Garovel saia da parede.
Hector. — O ceifador disse. Essa é uma batalha perdida.
O que você quer dizer? Eu estou indo bem, não estou?
Por agora. Mas nós não estamos preparados para essa luta. Não há tempo para explicar. Você precisa se lembrar do motivo da gente ter vindo aqui.
A expressão de Hector azedou.
As crianças…
Colt vai provavelmente precisar da sua ajuda a qualquer momento.
Ele viu Geoffrey avançando nele.
——-
A conversa acabou abruptamente quando um baque forte balançou a sala. Os três homens se olharam por um momento.
— Mas que porra foi essa? — Swank disse.
Rofal pegou o telefone em sua mesa.
O olhar de Colt endureceu.
— Para quem você está ligando?
Rofal olhou para ele, mas não respondeu.
— Relatório. — Ele disse ao telefone. Um intervalo breve passou conforme ele ouvia. — Entendo.
Rofal desligou e começou a discar novamente.
Ele não podia esperar mais. Colt avançou e arrancou o telefone das mãos de Rofal.
— Então, esse era o seu jogo. — Rofal estava calmo demais. — Estou decepcionado Colt.
Colt esmagou o telefone no chão.
Rofal se levantou conforme homens entravam pela outra porta.
— Parabéns. — Ele disse. — Você adivinhou corretamente a próxima ligação que eu ia fazer. Suas crianças ainda estão no caminho.
Ele analisou as pessoas. Sete contra um. Todos armados, exceto ele.
— Eu imagino que eu possa pegar outro telefone, mas eles vão chegar a qualquer momento, então pra que me incomodar? Sua determinação está clara para mim agora. — Rofal andou até sua mesa. — Mas você sabe, eu não sou nada senão determinado. Eu vou te dar mais uma chance.
— É mesmo? — Colt disse.
— Quando elas chegarem, eu vou permitir que você escolha qual você quer ficar.
— Mas nem fodendo.
— Se recuse e eu vou tomar as duas. E eu não vou matar elas, Colt. Elas vão virar minhas crianças. Eu não tenho nenhuma, sabe. Eu vou criá-las. Elas vão me amar. E vão passar a odiar você. E quando elas estiverem velhas o suficiente, eu vou mandar elas te matarem no meu nome.
A expressão de Colt apenas parecia o bastante para matar todo mundo na sala.
— Concorde com meus termos e você vai ficar com uma criança para você. Nossa relação vai continuar e talvez com o tempo, você vai ganhar de volta sua segunda criança.
Ele cerrou seus dentes.
— Eu vou matar você!
— Você parece bem determinado a não sair daqui vivo. Talvez você prefira que eu faça você assistir enquanto eu as mato na sua frente antes de você morrer também? Isso com certeza me pouparia tempo e esforço consideráveis.
Outro baque forte abalou a sala ainda mais violenta do que antes. Todos olharam ao redor nervosos.
— Não sou eu que devia estar preocupado agora. — Colt disse.
— Quem…
As portas duplas se abriram e a criança correu para dentro olhando para todos. Uma sombra carmesim o seguiu e o golpeou. Ele desviou dos primeiros golpes até um acertar sua perna, fazendo ele cair de joelhos. A criança lutou para se libertar conforme Geoffrey entrava na sala, a fonte da coisa vermelha.
— Nos perdoe, Tio!
— Quem é esse? — Rofal perguntou.
— Ele se recusa a me conta. — Geoffrey disse. — Você devia se afastar, Tio. Ele é bem perigoso. E muito protetor… — Geoffrey engasgou com suas palavras conforme a criança começou a puxar a faixa vermelha, arrastando Geoffrey em sua direção.
Uma lâmina torta cresceu dá outra mão de Geoffrey e ele cortou a criança. Ela acertou o elmo e ficou presa lá. A criança o puxou pelo resto do caminho e o acertou na mandíbula, se libertando. Ele lançou Geoffrey pelo outro lado da sala, que bateu na mesa.
A criança olhou para Colt.
— Já estão aqui?! — Ele disse.
Ainda um pouco em choque, Colt lutou para responder.
— Estão chegando!
De pé novamente, os olhos selvagens de Geoffrey procuraram freneticamente. Ele apontou para alguns dos lacaios de Rofal.
— Vocês três! — Uma torrente de vermelho avançou e os envolveu. Eles rapidamente entraram em pânico, começaram a gritar como se estivessem em chamas, então de repente, veio o silêncio mortal. — Matem ele! — Todos pularam na criança, se dividindo para atacar de lados diferentes.
Se acalmando, Colt tirou proveito do caos. Enquanto os outros capangas estavam distraídos, ele correu para as costas de um deles. Ele o chutou no joelho, deu um mata-leão com um braço e roubou a arma de seu coldre com a outra. Ele imediatamente desativou o modo de segurança e abriu fogo. Dois tiros, dois lacaios mortos.
A criança estava jogando os três lacaios por aí como se eles fossem anões de jardim. Por algum motivo, Geoffrey parecia decidido a vencer a criança de longe em vez de lutar com ele diretamente e a criança parecia igualmente decidida a defender seu território.
Rofal revirou sua mesa freneticamente em busca de uma arma, mas quando ele viu que Colt já tinha uma arma apontada para ele, Rofal parou e se afastou. Pela primeira vez, Colt viu aquele homem com medo mesmo.
— Seja razoável, Colt… se você me matar…
Colt atirou no peito dele.
Rofal caiu, mãos tocando em vão a ferida enquanto assistia Colt se aproximando.
— Não…
— Sim. — O tiro explodiu a cabeça de Rofal, fazendo pedaços de cérebro cair no chão.
Mas ele não tinha tempo para se sentir satisfeito.
— O que você fez?! — Alguém gritou. Era Geoffrey. A sombra vermelha fervendo ao redor dele. — O que você FEZ?!
Colt abriu fogo. A sombra refletiu cada tiro, o que causou pouco mais do que uma careta momentânea no rosto de Geoffrey. Os tiros logo cessaram.
A criança correu e agarrou Geoffrey pelo braço, então arremessou ele de volta no corredor. Um dos fantoches de Geoffrey estava de pé de novo e Colt deu uma coronhada em sua cabeça.
— Mas que porra é aquela merda vermelha?!
— Sem tempo. — A criança disse. — Quando seus filhos vão chegar?
— Eu não sei!
— Pensa!
Tradução: Worst
Revisão: Errei
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