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A Eminência nas Sombras – Vol. 04 – Cap. 01 – Melando os Planos de Casamento de Rose Oriana!

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Cheguei à capital real de Oriana, uma cidade de arte e cultura. Famosa por seus edifícios de cores uniformes com suas paredes brancas e telhados escarlates, mas nesta época de inverno, os telhados estão cobertos sob pesadas camadas de neve, deixando tudo branco até onde os olhos podem ver.

A cidade é normalmente um destino turístico movimentado, mas, sem surpresa, não há turistas à vista. Quando as pessoas planejam suas férias, tendem a evitar lugares que estão à beira da guerra.

Até os moradores estavam tensos.

Com base no que ouvi, o casamento de Doem com Rose lhe dará o direito de suceder ao trono.

De jeito nenhum vou permitir que isso aconteça.

Tenho que falar com Rose sobre isso.

Passo um? Entrar no castelo, que está em permanente estado de alerta máximo.

— Tudo bem, porteiros, vamos ver se vocês conseguem acompanhar a velocidade do som.

O céu estava limpo, havia um bom número de pedestres e os guardas do portão estavam em posição de sentido.

Finalmente chegou a hora da minha muito treinada técnica de movimento brilhar!

Então, ouvi uma voz familiar.

— Mestre Sha… er… Cid! Que coincidência!

— Ah, ei, Epsilon. Que bom vê-la aqui.

Parei de repente e me virei. Atrás de mim, encontrei uma elfa atraente com cabelos e olhos da cor de uma primavera clara – Epsilon.

Sabe, agora que penso nisso, ela mencionou algo sobre ser convidada para o Reino Oriana a fim de fazer um recital de piano.

— É uma honra poder vê-lo. Imagino que você também esteja aqui por causa do você-sabe-o-quê?

Epsilon se vira e olha para o castelo.

Presumo que ela esteja aqui para tocar piano no casamento. Cara, qualquer coisa parece foda quando você chama isso de “você-sabe-o-quê”.

Mudei minha expressão para a mais séria que pude fazer.

— Isso mesmo. Estou aqui para você-sabe-o-quê.

Parece que estamos aqui para o casamento.

— Imaginei isso, — ela respondeu. — Você gostaria de me acompanhar, então?

— O que quer dizer?

— Se eu te apresentasse como meu aprendiz, poderia te fazer entrar pela porta da frente.

— Oh-ho.

Isso parece meio divertido, e se não for, sempre posso escapar mais tarde.

— Vamos com o seu plano.

E com isso, entrei no castelo como aprendiz de “Silon”, a pianista.

 

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Graças a Epsilon, pude entrar no castelo. Uma vez que entramos, minha atenção foi presa por suas decorações maravilhosamente artísticas.

— Eles não chamam isso de terra da arte e da cultura à toa, hein?

— Dizem que é o castelo mais bonito do mundo — respondeu Epsilon.

Nós dois caminhamos lado a lado por corredores de tetos altos e trocamos gentilezas com as pessoas por quem passamos.

— Em Oriana, as pessoas respeitam os artisticamente talentosos, não importa de que raça ou status social sejam.

— Entendo, entendo.

Ela se inclinou para perto de mim, envolveu o braço em volta do meu e sussurrou em meu ouvido.

— Todos os elogios que recebo são graças a você, meu senhor. Você me ensinou tudo o que sei.

Pelas minhas estimativas, cerca de 90% dos peitos dela são compostos de slime.

Algumas coisas nunca mudam.

Dia após dia, Epsilon aprimora seu corpo com slime.

Ela o usa para acolchoar os peitos e quadris, apertar a cintura e até alongar as pernas. É incrível o que o slime pode fazer nas mãos de uma talentosa cirurgiã plástica.

Epsilon olha para mim timidamente. — Tee-hee. Distraído com alguma coisa?

— Nah, só estava pensando em como você nunca deixa de me impressionar.

Sei muito bem quanta precisão e fino controle mágico são necessários para manter sua figura assim.

— Você é muito gentil. — Ela apertou meu braço em deleite, então abaixou a voz. — Estou de olho no alvo para ver o que farão.

— …Bom.

Alvo? Que história é essa de alvo?

— Eles ainda não nos notaram. Quando for a hora certa, eu vou…

De repente, um bando de pessoas elegantemente vestidas vieram conversar conosco.

— Meu Deus, se não é a Srta. Silon! Está programado para você fazer uma apresentação no almoço de hoje, não é?

— Isso mesmo, duque Doem. É uma honra estrear uma nova partitura hoje.

Epsilon retribui sua saudação de maneira bem praticada. O duque tinha várias pessoas à tira colo o seguindo.

É ele. O desprezível noivo de Rose.

— Estou ansioso por isso — disse Doem. — Amo como todas as suas composições são vanguardistas.

Não idiota, elas estão na vanguarda porque foram compostas por um bando de músicos que nunca sequer existiram neste mundo.

— Esperava que a princesa Rose pudesse ouvir, mas vejo que ela não estará conosco hoje — observou Epsilon.

— Não, temo que a princesa esteja doente. Ela vai ficar em repouso até a cerimônia. — Doem se vira e olha para mim. — A propósito, quem é este?

— Ele é meu aprendiz, — Epsilon respondeu.

— Você tem um aprendiz? Não posso acreditar que esta é a primeira vez que ouço sobre isso. Perdoe-me por perguntar, mas ele tem permissão para entrar no castelo?

— Ele está comigo, então assumi que não precisaria de uma.

— Recentemente mudamos as regras, receio. Há rumores de que um forasteiro conseguiu entrar no castelo, então estamos reforçando a segurança por precaução.

— Acho que vou ter que mandá-lo requerer por uma permissão, então — disse Epsilon me lançando um olhar de desculpas.

Eu acenei. Essas coisas acontecem.

— Ah, não há necessidade disso. Se ele tocar uma melodia para nós, isso também servirá. Tenho certeza de que todos estão morrendo de vontade de saber do que o aprendiz da lendária Silon é capaz.

Doem está dando corda para eu me enforcar.

Tudo bem por mim, cara. Hora de estrear meu “figurante que é um pouco decente em tocar piano”.

 

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As pessoas encheram o salão quando ouviram que Silon tinha um aprendiz.

No Reino Oriana, ela era aclamada como a maior pianista do mundo. O nome dela tinha muita influência.

Quando entrou em cena alguns anos atrás como uma completa desconhecida, suas peças logo se tornaram uma febre no mundo da música. Sua arte inovadora e sua habilidade técnica polida tornaram-se o assunto das salas de concerto em todos os lugares.

Dizem que o mundo das belas artes tem duas estrelas em ascensão que brilham mais do que todo o resto: Natsume para literatura e Silon para música.

Quando as pessoas ouviram que Silon arranjou um aprendiz, é difícil culpá-las por sentarem-se e prestarem atenção.

No Reino Oriana, músicos talentosos são um grande negócio. Mesmo que nada seja oficial ainda, os nobres que esperam se tornar seus patronos se apegam a todos os rumores e fragmentos de informação.

Para os nobres de Oriana, o renome dos músicos que trabalham para eles desempenha um grande papel na forma como são vistos por seus pares.

É por isso que as pessoas olhando para o garoto de cabelos e olhos escuros em pé diante do piano estão tão confusas.

Eles não têm ideia de quem ele é.

Se este menino é realmente abençoado com talento suficiente para a grande Silon colocá-lo sob sua asa, certamente alguém deveria ter ouvido falar dele.

— Eu os vi de braços dados mais cedo… Ele se enfiou contra aqueles enormes pei…

— Maldito sortudo. O que a Srta. Silon está fazendo com um zé ninguém como ele?

— Olha, ela é jovem, e os jovens cometem erros. É por isso que cabe a nós mostrar a ela opções melhores.

Havia toneladas de pessoas que ficariam muito felizes em enganar um jovem artista ingênuo e ganhar dinheiro com seus talentos.

Os olhares fixados no aprendiz de Silon já estavam impregnados de animosidade.

Enquanto o ar ficava pesado com a tensão, o menino plantava os dedos nas teclas.

Sonata ao luar, hein…?

Mas por que essa peça?

De todas as peças de Silon, essa dificilmente é a mais notável ou mais respeitada.

E ainda assim…

— É tão lindo… — Alguém murmurou.

A música é marcante… tão polida.

É como se estivesse removendo todos os resíduos da vida, um por um. As únicas coisas que podem existir em sua música são as coisas que ele deixa existir lá.

Seu público estava tão extasiado com sua performance que fecharam os olhos.

E quando o fizeram, a luz do luar preencheu seus mundos.

 

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Quando terminei a apresentação e me levantei da cadeira, fui saudado por uma estrondosa salva de palmas.

Heh-heh-heh, viram isso?

Agora, vocês conhecem o poder de um especialista em Sonata ao luar. Pratiquei tanto essa peça na minha cabeça que poderia tocá-la mesmo dormindo.

Eu me curvei para a plateia e voltei para Epsilon, que estava batendo palmas com tanta força que tive medo de que suas mãos pudessem explodir.

— Oh, meu Deus! Estou tão emocionada, parece que o dilúvio de lágrimas nunca vai cessar! Não há uma pessoa nesta sala que esquecerá o momento em que ouviu a mundialmente famosa Sonata ao luar destilada em sua melhor forma!

É a clássica Epsilon. Ela é uma verdadeira mestra quando se trata de reações descontroladamente exageradas.

Doem entrou e fez uma pergunta que eu preferia que não tivesse feito.

— Aquela performance foi tão requintada que era como se eu pudesse ver os raios da lua descendo dos céus. Me desculpe, eu duvidei de você esse tempo todo. Você poderia me dar a honra de me dizer seu nome, meu jovem amigo pianista?

— Ele ainda está em treinamento, mas eu ficaria mais do que feliz em apresentá-lo a você quando ele estiver pronto para sair por conta própria — respondeu Epsilon.

— Ah, mas estamos todos morrendo de curiosidade para saber quem ele é.

Ah, certo, o Reino Oriana tem esse sistema de patrocínio que eles adoram.

— Como aprendiz, eu realmente não deveria… — disse a ele.

— E aí está, lamento — respondeu Epsilon.

— Uma pena. — Doem lamentou. — Ainda assim, o desempenho foi sublime.

De repente, vejo um volume estranho em um de seus bolsos que atraiu meu interesse, então casualmente puxei num movimento rápido para pegar.

No fim, era uma pequena caixinha.

Espiei dentro e… uh lá lá. Meu bom amigo Doem, acredito que isso seja um anel.

Obviamente, deve ser sua aliança de casamento.

Não é como se ele fosse precisar disso, então vou fazer um favor a todos e penhorar para que não seja desperdiçado.

Usei os enchimentos de slime de Epsilon como distração enquanto discretamente pegava o anel, mas me senti meio mal por Doem, então decidi, pelo menos, devolver a caixinha para onde a encontrei.

 

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Não foi sem sustos, mas eu me fiz passar com sucesso como aprendiz de Epsilon. Agora, estou na sala de música do castelo.

— Vocês dois gostariam de um pouco de chá?

— Talvez mais tarde.

Estava de olho em uma oportunidade para escapar enquanto fingia ajudar Epsilon com seu ensaio, mas as empregadas do castelo estão grudadas em nós como cola.

Eu poderia correr tão rápido que não me veriam sair, mas isso atrairia muitas suspeitas para mim.

— Mestre Silon, — eu disse — nós já viemos até aqui. Estaria tudo bem se eu desse uma olhada pelo castelo?

— Ah, é mesmo — respondeu Epsilon. — Tinha esquecido que esta era sua primeira vez aqui. Vá em frente. Será uma boa experiência para você.

Graças ao nosso medíocre improviso, escapei com sucess…

— Eu posso te dar um tour!

…Mas uma das empregadas se intrometeu e meu sucesso se transformou em fracasso num piscar de olhos.

— Vou ficar bem sozinho, mas obrigado.

— Oh, por favor, você é aprendiz da Srta. Silon. De forma alguma poderíamos negligenciar você assim. — O cabelo da empregada era um ruivo bem avermelhado, com um sorriso se espalhando por seu rosto como uma flor desabrochando. Ela caminhou até mim e disse: — Por favor, venha comigo.

— Você estará em boas mãos. Margaret é uma empregada experiente, — outra empregada ofereceu. — Em alguns dias, ela fica encarregada de trabalhar no quarto da princesa Rose.

Aparentemente, a pequena Miss Ruivinha aqui se chamava Margaret.

Se aproximando de mim, Margaret disse: — É uma honra servi-lo.

 

 

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Ei, isso é bom. Eu poderia simplesmente dar um perdido nela no meio do tour fingindo tomar o caminho errado.

Além disso, eu meio que quero perguntar a ela sobre Rose.

— …Tudo bem, mostre o caminho.

— Tome cuidado — disse Epsilon.

Senti uma onda de hostilidade vindo de trás de mim, quando me virei, a encontrei sorrindo e lançando um olhar assassino para Margaret.

 

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— E este é o famoso jardim de rosas do Castelo de Oriana.

Minha guia me levou a um magnífico jardim de roseiras.

Mesmo sendo inverno, o jardim era quente e sua flora multicromática estava em plena floração.

— Há um artefato instalado no subsolo que regula a temperatura do jardim.

— Ah, uau.

Geralmente, não poderia me importar menos com flores, mas o contraste entre a neve branca empilhada no castelo e as flores vivas aqui era impressionante o suficiente para que até eu ficasse impressionado.

Margaret se virou e olhou para mim. — E-e preciso dizer… seu desempenho mais cedo foi emocionante!

— Não, tenho certeza que não foi tudo isso.

— Não, foi sim! Em pouco tempo, tenho certeza que você será um dos maiores pianistas do mundo! Essa foi a melhor versão de Sonata ao Luar que já ouvi!

— Ha-ha-ha. Eu ainda tenho muito a aprender.

— De jeito nenhum! A Srta. Silon está sendo muito rígida com você!

— Não tenho certeza sobre isso…

— Ela está, tenho certeza disso! Alguém com o seu talento é desperdiçado com ela.

— Eu definitivamente discordo disso.

— Não pude deixar de ouvir Earl Parton, e ele disse que você chamou a atenção dele! Se você trabalhasse como pianista para um conde, seu salário anual seria de pelo menos cem milhões de zenis.

Espera aí, cem milhões? E isso é todo ano?

Margaret assentiu com um sorriso alegre. — O Marquês Newwealth também elogiou muito você. Seu salário de setenta milhões de zenis com ele sairia um pouco menor do que o do conde, mas os shows que o marquês dá são assistidos por muitos dos maiores nomes da música. Se fama é o que você procura, definitivamente deveria escolher o marquês!

— Cem milhões de zenis, você diz…

Honestamente, me tornar um músico pode não ser um mau caminho a seguir.

Quero dizer, pianista de dia, eminência nas sombras à noite? Eu gosto do som disso.

O problema é que teria que começar a praticar outras coisas além de Sonata ao Luar.

— E-e também, hum… minha família!

— Hã?

— Você poderia vir trabalhar para meus pais! O salário inicial geralmente é de apenas cinquenta milhões, mas tenho certeza de que conseguiria que papai lhe pagasse setenta!

— Você faria isso?

— Com certeza faria! Eu moveria céus e terra por você. O que me diz?

— Hã?

Margaret me pegou pela mão e me levou para trás de uma roseira.

Ela abaixou a voz e sussurrou no meu ouvido: — Só entre você e eu, estou em ótimas relações com Earl Parton e o Marquês Newwealth, e minha família também confia muito em mim. Se você deixar tudo comigo, posso fazer as coisas acontecerem do seu jeito.

— Huuuuh?

Margaret pressiona meu braço contra seu peito.

Esses filhotes são 0 por cento slime.

— O que vai ser? Recomendo a minha família, claro. Lá, eu poderia estar ao seu lado a cada passo do caminho. — Ela inclinou a cabeça e me lançou um olhar provocante.

— Mas e Mestre Silon…?

— A Srta. Silon é uma aproveitadora que quer manter seu adorável aprendiz só para ela. Pouco antes, ela estava me encarando de uma forma que você não acreditaria.

— Uh-huh…

— Não se preocupe com nada. Apenas deixe tudo comigo, vou apoiá-lo com tudo o que tenho. Como isso soa?

Então, é assim que eles jogam as coisas no Reino Oriana.

— A propósito, ouvi dizer que você era a empregada da princesa Rose?

Eu escorrego graciosamente das mãos de Margaret.

Ainda não tenho planos de seguir o caminho da música.

— O quê? Mas… como você…?

— Onde ela estaria, eu me pergunto?

Margaret inflou as bochechas com petulância. — Interessado na princesa Rose, não é?

— Quem não estaria, com todos os rumores que correm por aí?

— Só para constar, eu desprezo Rose Oriana.

— Huh.

— Eu era sua empregada pessoal até que ela se transferiu para aquela academia em Midgar. Ela sempre foi um pouco estranha, mas era gentil, inteligente e amada por todos. É por isso que doeu tanto quando nos traiu.

— O que ela fez?

— Ela mergulhou o reino em caos, foi o que ela fez. Ninguém mais a reconhece como a rainha legítima.

— Ah, entendo.

— Mas não conte a ninguém que eu disse isso. — Margaret me dá outro sorriso ensolarado. — Agora, você queria saber onde era o quarto dela?

— Sim.

— Eu temo, no entanto… que isso seja um segredo.

— Entendo.

Já sabia que não havia como ela simplesmente me dizer, mas eu precisava tentar.

— Quero dizer, é claro que não posso te dizer. Porém… Contudo e todavia… Talvez, já que é você…

Margaret apertou minha mão e olhou profundamente em meus olhos.

Ela trouxe seu rosto até o meu. Conseguia sentir sua respiração enquanto falava.

— O quarto da princesa Rose fica no último andar daquela torre alta ali. Este pode ser o nosso segredinho.

Ela simplesmente se levantou e me disse.

Compartilhar um segredo com alguém é um truque clássico de vigarista. Se você está no mercado para obter a confiança de alguém e quer obtê-la rapidamente, recomendo tentar.

— Obrigado.

— Não conte a mais ninguém, ok? Você é o único que pode saber. Só você, ok? Você sabe, porque você é muito especial.

E tentando me fazer sentir especial também? Essa garota está dando um show.

— E r-realmente significaria muito para mim se você pelo menos viesse visitar meus pais.

— Eu, com certeza, vou considerar isso.

— Ei, o que vocês dois estão fazendo aí atrás?!

Eu me virei na direção de onde veio o grito e encontrei um guarda com uma expressão bem irritada olhando para nós.

Com todo aquele agarrar de mãos e olhares que estamos fazendo, provavelmente daríamos a ideia de estarmos fazendo algo indecente.

— Tudo bem, seu pequeno idiota, você vem comigo.

— E-ele é aprendiz da Srta. Silon…! — Margaret gritou de volta.

— Eu não estava perguntando a você! E você, — o guarda disse, voltando-se para mim —, traga sua bunda aqui imediatamente!

Seu rosto estava vermelho como um tomate, e ele estava puto para caralho.

— Acho melhor ir com ele — disse a Margaret. — Você espera aqui, tudo bem?

— Sinto muito por isso. Se ele fizer alguma coisa com você, qualquer coisa, me diga, ok? Odeio a audácia daquele homem.

— Sério?

— Eu sempre o pego olhando para mim. Isso me assusta.

Ela olha para o homem. Seu olhar está cheio de ódio sincero.

— Ei você, não me faça dizer isso de novo! — Ele rugiu para mim.

— Estou indo! — Corri até o guarda.

— Por aqui.

— Você manda, chefe.

O guarda me arrastou para trás de um prédio próximo.

— Você tem alguma ideia de quem sou eu? Sou Kevin, o guarda.

Enquanto ele se apresentava, me agarrou pelo colarinho.

— Prazer em conhecê-lo, Kevin, o guarda.

— Acha isso engraçado? O que você deveria ser, algum tipo de músico? Deve ser legal, hein?

— Me desculpe.

Aparentemente, Kevin estava realmente irritado.

— Estamos aqui protegendo o país, sabe?! Vocês chamam a nós, cavaleiros negros, de “bárbaros”, mas somos nós que colocamos nossas vidas em risco por vocês. Então, por que vocês são sempre aqueles que têm as garotas bonitas rastejando aos seus pés e comendo na palma de suas mãos?

— Me desculpe.

Parece que ele tem muito o que tirar do peito.

Com pessoas como essas, a melhor estratégia é simplesmente pedir desculpas várias vezes enquanto pensa em outra coisa.

— Vamos, garoto do piano, me dê sua melhor música! Vamos ver o quão boa é sua preciosa música em derrubar um cavaleiro negro bárbaro imundo!

— Me desculpe.

Já descobri onde Rose está, então realmente quero ir visitá-la.

— Ah, que piada! Um músico não pode vencer um cavaleiro negro, e você sabe disso! As artes não valem merda nenhuma!

— Me desculpe.

Margaret não pode nos ver daqui, então agora é a chance perfeita de fingir que me perdi.

— E nunca mais quero ver você perto de Margaret, ouviu? Eu e ela estamos apaixonados um pelo outro!

— Me… desculpe?

— O quê? Você tem algum problema com isso?

— Vocês estão… apaixonados um pelo outro?

— Pode ter certeza de que estamos! Ela e eu fizemos um voto!

— Mas Margaret disse que ficava pegando você encarando ela.

— Todos os dias, reafirmamos nosso amor olhando um para o outro naquele jardim de flores! Eu olho para ela, e Margaret desvia o olhar timidamente! Mas ela está tão afim de mim que não pode deixar de lançar olhares na minha direção mesmo assim! Oh, minha doce Margaret… Ora, ela é mais linda que as flores!

— Então, vocês apenas olham um para o outro?

— O verdadeiro amor não precisa de palavras!

— Você conversou com ela?

— Falei com ela agora mesmo, não foi?! Quero dizer, claro, foi a primeira vez, mas você pode ver como ela estava louca pela minha masculinidade!

— Ahhh…

— O quê? Você tem algum problema com isso?

— Eu estava apenas, uh, impressionado com o quão livre e heterodoxo seu relacionamento é. Posso ver que o que vocês dois têm realmente é amor verdadeiro.

— É isso que estou dizendo. Agora, nunca mais fale com ela! Vou dizer que você fugiu, então vá em frente e fuja!

Você é o cara, Kevin. Graças a você, finalmente estou livre.

— S-sim senhor! Desejo a vocês dois toda a felicidade do mundo!

Depois de soltar um grito incrivelmente esquecível, fui visitar Rose.

 

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Rose sentou-se à janela olhando desanimada para o céu. Era quase como se o céu cinza do inverno fosse um reflexo de seu próprio coração.

Rose concordou em se casar com Doem em troca da segurança de sua mãe.

Ela conseguiu salvar sua mãe. No entanto, não tinha ideia se seria capaz de salvar seu reino.

O Shadow Garden provavelmente faria um movimento em breve. Embora ela tivesse suas razões, também era fato que Rose desobedeceu uma oficial superior. Não tinha dúvidas de que iriam marcá-la como uma traidora.

E o Culto Diabolos também faria um movimento. Eles definitivamente estavam tramando alguma coisa.

O Reino Oriana estava prestes a se tornar um mero palco para essas duas poderosas forças se chocarem.

No entanto, Rose estava em prisão domiciliar. Impotente para fazer qualquer coisa além de olhar para o céu cinza.

— Cid…

Sempre que sentia que as coisas eram demais para suportar, pensava no rosto dele.

Batida.

Alguém batia à sua janela.

Ela foi até lá para olhar para fora, e quando o fez…

— Não pode ser… Cid…?

…ela viu o menino com quem estava sonhando.

Suas bochechas coraram enquanto olhava para o jovem de olhos e cabelos escuros.

Questionando a si mesma se estaria sonhando. Ela tinha certeza de que nunca teria a chance de vê-lo novamente.

— Rose…

Ela pôde sentir o calor em seu olhar. Mesmo apenas olhando um para o outro era o suficiente para transmitir a profundidade de sua paixão.

Ela tinha certeza de que, naquele momento, ele estava pensando exatamente a mesma coisa que ela.

Seu coração parecia querer sair do peito a qualquer momento.

Ela não queria mais nada além de abraçá-lo com força e fugir com ele.

Mas ela não podia.

— …Entre já. Seria um grande problema se alguém o visse. — Ela se forçou a agir com frieza e distanciamento. — Por quê? Por que veio aqui? Por que fazer algo tão perigoso?

— Eu precisava ver você. Até me tornei aprendiz de pianista para poder entrar de fininho no castelo.

— Você iria tão longe? Por mim…?

Ela estava à beira de explodir em lágrimas.

Ele cruzou fronteiras nacionais, conquistou uma pianista famosa e se infiltrou no castelo. Tudo por ela.

Não podia deixar de imaginar o quanto ele deve ter passado em sua jornada.

O enorme esforço empregado que seria necessário para obter um aprendizado de uma pianista habilidosa o suficiente para entrar no castelo é quase impensável.

— Eu queria falar com você sobre o casamento — disse ele.

— N-não há nada para falar…

Ela o amava e era por isso que precisava afastá-lo.

Os dois estavam condenados a nunca ficarem juntos. O mínimo que ela poderia fazer era mantê-lo fora de perigo.

— Quero dizer, não está realmente acontecendo, está?

Havia um olhar suplicante em seus olhos. Ele queria tanto que ela negasse que isso estava acontecendo.

Queria ouvi-la dizer que ele estava certo, que não iria se casar com Doem, mas com ele, ao invés disso.

— É-é verdade, tudo isso é verdade. Estou me casando com o Duque Doem por minha própria vontade.

Sua voz tremia.

Lágrimas finalmente começaram a escorrer de seus olhos.

Ela virou o rosto e os enxugou antes que ele tivesse a chance de perceber.

— Não…

Ele soava como se seu mundo estivesse desabando.

Rose gritava por dentro.

Ter que machucar o garoto que amava assim a cortava profundamente.

— Para que foi tudo isso, então?! — Ele chorou.

Ele estava falando sobre o dia fatídico em que ele e Rose prometeram seu amor um ao outro. Agora, Rose quebrou aquela promessa.

— Por favor, — ela engasgou — apenas siga em frente e se esqueça de mim…

As lágrimas não paravam.

Ela não podia suportar machucá-lo mais do que já tinha feito.

— Não. Eu me recuso a desistir.

— Ah, Cid…

— O que aconteceu com você, Rose?! Este país despreza os cavaleiros negros, mas você não deixou que isso a impedisse. Se tornou uma de qualquer maneira. Ninguém te apoiou ou te entendeu. Deve ter sido solitário, mas mesmo assim você seguiu seus sonhos! Você e eu somos iguais.

— Você quer dizer… que passou pela mesma coisa?

— Eu também tenho um sonho que ninguém poderia entender, então entendo como você se sente melhor do que ninguém.

Rose sabia dizer exatamente qual era esse sonho dele. Sequer precisava ouvi-lo dizer para saber.

Os dois estavam sonhando exatamente com a mesma coisa. O sonho de Cid era o de Rose, e o sonho de Rose era o de Cid.

Esse sonho era de que os dois pudessem estar juntos em santo matrimônio.

Mesmo a mera ideia de um nobre de baixo escalão como ele se casar com uma princesa de Oriana era ridícula demais para se pôr em palavras.

No entanto, Rose se recusava a fazer pouco caso de seus sentimentos.

Esses sentimentos nasceram do amor que tinham um pelo outro.

— Entendo o seu sonho, Cid! Mesmo que o mundo vire as costas para você, eu sempre o respeitarei!

— Você sim, mas a sociedade nunca aceitará. Eles iriam me chamar de idiota, ou de maluco, ou me dizer para crescer e abandonar esses sonhos infantis. As massas não olham com bons olhos para pessoas como eu.

— Deixe-os dizer o que quiserem! Nada disso muda o quão puros são seus sentimentos!

— Rose…

Rose conseguia sentir a paixão latente em seu olhar.

O verdadeiro amor não precisa de palavras. Ela podia dizer como ele se sentia apenas pela maneira que olhava para ela.

— Você e eu escolhemos seguir nossos sonhos — disse ele. — Não nos importamos com quais obstáculos estavam em nosso caminho ou quem zombava de nós. Então, por que você está desistindo do seu sonho agora?!

A voz de Rose falhou. — E-eu estou… eu não estou…

— Você esfaqueou seu noivo e matou seu pai, o rei. Não vou perguntar por que fez isso. Você sabe o porquê? Porque acredito em você, e acredito que você fez isso porque estava atendendo às suas convicções e seguindo seus sonhos.

— Cid…

— Então, eu preciso saber. Por que está abandonando seu sonho agora?

— Eu…

— Quero dizer, você fugiu de seu noivo e agora está se casando com ele? Onde está aquela história de não desistir dos seus sonhos?! Você lutou tanto por isso! Então por quê? Por que desistir agora?!

— ………

Rose mordeu o lábio. Ela não tinha resposta para isso.

Ela sabia melhor do que ninguém que não era assim que queria que sua vida se desenrolasse.

No entanto, que opção ela tinha se não a de sacrificar-se para manter as pessoas que ama seguras?

— Apenas esqueça que já me conheceu! — Ela disse às lágrimas. — Contanto que você esteja feliz, isso é tudo que importa!

— Eu nunca vou desistir. Mesmo se eu tiver que fazer do mundo inteiro meu inimigo.

— Não tenho mais nada a dizer a você. Por favor, apenas saia…

Rose empurrou Cid pela janela e a trancou atrás dele.

Então, se encolheu de costas para a parede e começou a debulhar-se em lágrimas e soluçar.

Por que duas pessoas que se amam tanto têm que se separar assim? Por que seu sonho de se casar com ele não pode se tornar realidade?

Rose chorou por quão cruel era o destino. Como a realidade poderia ser cruel.

Pouco tempo depois, houve uma batida em sua porta.

— Já estou indo.

Ela enxugou as lágrimas e abriu a porta.

Duque Doem entrou.

— Pensei ter ouvido vozes.

— C-como você pode ver, eu sou a única aqui.

— …Hum.

Doem a empurrou de lado e inspecionou o quarto.

Procurou debaixo da cama, abriu os armários e olhou pela janela.

— Então você está só mesmo — comentou.

Rose respira aliviada. — É por isso que disse que estava.

— Posso ver que esteve chorando. Deve ser isso que ouvi.

Ele acariciou as pálpebras vermelhas e inchadas de Rose com o dedo.

— Não me toque! — gritou ela, afastando a mão dele.

— Vamos, não seja assim. Estamos prestes a nos casar, você sabe.

— Só no papel.

— Saiba seu lugar!

Ele deu um tapa de mão aberta no rosto de Rose.

— …………. — Ela o encarou de volta em silêncio.

— Não se esqueça, a vida da rainha Reina está em suas mãos.

Rose abaixou a cabeça e mordeu o lábio com força. — …Sim, senhor.

— É isto que gosto de ouvir. Enquanto o casamento durar, posso garantir que nada acontecerá com ela. — Ele disse envolvendo o braço em volta dos ombros dela.

Sua bochecha se contraiu.

— Agora, ouvi dizer que terminaram seu vestido para o grande dia. Isso não é excitante? Vamos experimentar, certo?

— …Sim, senhor.

Rose mordeu o lábio com ainda mais força e permitiu que Doem a acompanhasse para fora do quarto.

Então…

— Ah, então é isso que está acontecendo.

O quarto deveria estar vazio, mas um garoto de aparência mediana com cabelos e olhos escuros ainda estava lá.

Ele se serviu do jogo de chá do quarto, servindo-se de uma xícara antes de se reclinar no sofá.

— A mãe dela foi feita refém, hein?

Ele cruzou as pernas e começou a devorar os doces que se encontravam na mesa, num ato de furto básico.

— Bem, isso torna as coisas agradáveis e simples. Porra, essas coisas são questão de escolha. O que eles pensam que estão fazendo desperdiçando o dinheiro suado dos contribuintes em docinhos de luxo como esses?

Depois de beber mais chá e encher as bochechas de doces, ele fechou as cortinas de sua elegante festa do chá de um homem só.

Com algumas palavras finais sem sentido, ele saiu da sala.

— Uff. Não se preocupem, boa gente de Oriana. Vingarei seus impostos gastos por vocês.

Pouco tempo depois, um guarda completamente inocente chamado Kevin foi suspenso de suas funções por furtar comida.

 


 

Tradução: Nero_SL

Revisão: MatMat

QC: Bravo

 

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