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A Eminência nas Sombras – Vol. 05 – Cap. 04 – Paz em Nosso Tempo!

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— Então eles chegaram ao nível mais profundo, não é? — Fenrir murmura em meio à névoa branca.

Em frente ao equipamento intacto, há uma poça de sangue e dois conjuntos de pegadas.

— Eles deveriam ter sido capazes de destruir os dispositivos. Será que perceberam que não tínhamos magia suficiente? Não, mesmo que tivessem, teria sido mais seguro destruí-lo de qualquer maneira.

As pegadas ensanguentadas passavam direto pelos dispositivos e seguiam em direção à porta mais adiante.

— A porta não abrirá até que o selo seja desfeito. O que eles vieram fazer aqui, afinal?

Fenrir caminha até a porta onde o braço direito de Diablos está selado. É quando ele percebe que o mecanismo de defesa foi acionado.

— Será que Lily os afugentou?

É a única explicação que faz sentido para ele.

Seja qual for o caso, porém, não demorará muito para que o Jardim das Sombras faça seu próximo movimento. Ele está ficando sem tempo.

— Ora, ora. Parece que você está em apuros.

De repente, uma voz ecoa da névoa.

Fenrir se vira e ataca com sua espada. A força de seu golpe afasta a névoa.

Ele vê um sacerdote parado em seu lugar.

O sacerdote lhe dá um sorriso fino. 

— Uuh, que susto.

— Ah. Petos. É você. Da próxima vez, ao menos me avise que está aqui. Eu estava prestes a te matar.

— Há quanto tempo, Fenrir – quinto membro dos Noturnos. Vejo que sua lâmina está tão afiada como sempre. Senti meu sangue gelar.

— Hmph.

Fenrir lançou aquele ataque com a intenção de ser letal. Se estivesse operando com força total, não haveria como Petos bloqueá-lo.

No entanto, não há um arranhão nele. Que homem irritante é esse Petos.

— Se lutássemos a sério, tenho poucas dúvidas de que você me venceria — oferece Petos.

— Como se você já tivesse lutado a sério na vida, jovem Petos – décimo membro dos Noturnos. — Fenrir retruca. — Então, o que quer?

— Vi que você estava em apuros. Pensei em dar uma mão.

Fenrir zomba. 

— Acha que eu aceitaria ajuda de um demônio como você?

O sorriso de Petos se aprofunda. 

— Um demônio? Você me ofende. Sou apenas um humilde servo do Culto.

— Vou perguntar de novo. O que está fazendo aqui, Petos? Se quiséssemos alguém para jogar conversa fora, nenhum de nós seria a primeira escolha do outro.

Fenrir aumenta a hostilidade, e o sorriso desaparece do rosto de Petos. 

— Os repetidos fracassos da Seita Fenrir começaram a causar problemas para a Távola dos Noturnos. — Ele lança um rápido olhar para os dispositivos cilíndricos. — O selamento do braço direito está atrasado.

— Estamos a cerca de sessenta por cento do caminho.

— Sessenta, hmm…? Como tenho certeza que você sabe, a destruição do Santuário libertou o braço esquerdo. Esperamos produzir ainda menos Contas este ano.

— Então Aurora está nos rejeitando.

— De fato, e mais do que nos anos anteriores. Ela está nos rejeitando a cada passo. Muito provavelmente, ser libertada está fazendo com que recupere seu senso de identidade.

— Bem, isso é um problema. Quantas Contas estamos falando?

— Nove… e isso se tivermos sorte. Pode ser que sejam apenas oito. O único lado bom é que, graças ao Jardim das Sombras dizimando nossas fileiras, não precisamos de tantas… mas suponho que seja indelicado dizer isso. — Petos começa a rir. Não está claro o que ele acha tão engraçado. — Se a produção de Contas ficar abaixo de nossas estimativas… ou se acabarmos nomeando um novo membro, então não haverá uma Conta para você este ano.

— Você tem muita coragem, Petos.

Fenrir desfere um golpe mortal. Ele corta o casaco de Petos e deixa um fino rastro de sangue escorrendo por seu pescoço.

— Uuh, cuidado aí — adverte Petos.

— Como ousa um novato pensar que é meu igual?

— A decisão foi da Távola dos Noturnos. Sou apenas o mensageiro. Veja isso como um sinal do quão a sério a Távola está levando os erros da Seita Fenrir.

Fenrir estala a língua e reprime sua sede de sangue. 

— Loki estava por trás disso?

Loki é o líder de uma facção que está em conflito com a de Fenrir há anos.

— Loki estava… presente na discussão, certamente.

— E você votou com ele, não foi? Estava com medo de que, se não fosse eu, seria a sua Conta na berlinda.

— Oh, nem pense nisso. Sou, como sempre, seu fiel aliado.

Fenrir zomba da resposta de Petos. 

— Se as pessoas querem apontar dedos, a culpa é de todo o Culto por não levar o Jardim das Sombras a sério o suficiente. Aqueles primeiros relatórios foram, o quê, cinco anos atrás? Sabe, aqueles ataques de um grupo desconhecido às nossas carruagens que transportavam os possuídos. Se os tivéssemos eliminado ali mesmo, eles nunca teriam crescido ao ponto que têm hoje.

— Talvez você tenha razão.

— A imortalidade do Culto o tornou complacente, e agora eles estão tão entorpecidos quanto porcos cevados. O décimo segundo assento sempre esteve vazio, mas agora perdemos Nelson e Mordred também. Juro, a qualidade dos Noturnos está caindo a cada dia. A única razão pela qual você está nele é para substituir o décimo assento que Shadow matou há dois anos. Alguém do seu calibre nunca deveria ter sido autorizado a se tornar um membro.

— Suponho que, em certo sentido, devo agradecer ao Jardim das Sombras por minha posição atual. Eles realmente têm minha mais profunda gratidão — diz Petos, zombeteiro. — Desculpe, foi um lapso. De qualquer forma, porém, a Távola dos Noturnos finalmente está agindo. Eles estão levando as coisas muito a sério agora.

— Ah sim, o plano… A Mandíbula Caçadora de Sombras, era isso?

— Você acha que vai funcionar?

— Não me alegra ver Loki liderando a operação, mas esta deve ser uma oportunidade valiosa. Precisamos confirmar se a força de Shadow é real.

— Você suspeita que não seja?

— Não disse isso. Se for real, porém, parece um pouco difícil de acreditar. Ou ele está usando um artefato lendário, ou é de outro Reino, ou talvez possua a mesma tecnologia que o Culto…

— E se ele for apenas um homem comum?

Um sorriso destemido surge no rosto de Fenrir. 

— Então ele é um homem que alcançou o auge da proeza marcial. Se for verdade, preciso ver por mim mesmo. Seja qual for o caso, faz centenas de anos que a Távola dos Noturnos não me oferece apoio. Cedo ou tarde, vocês saberão exatamente por quê.

— Entendo… Então, como novato, suponho que seja melhor eu ficar de boca fechada e seguir sua liderança. Tenho um papel a desempenhar no plano, por menor que seja.

— Não estrague tudo, jovem Petos.

— Poderia dizer o mesmo a você, Fenrir. Se falhar em libertar o braço direito, se as ruínas caírem nas mãos do Jardim das Sombras…

Petos se interrompe no meio da frase e se prepara. A mana que flui de Fenrir é verdadeiramente sinistra.

— Você esquece com quem está falando, Petos. Eu sou Fenrir. Há muito tempo ocupo o quinto assento dos Noturnos, e há muito tempo mantenho meu orgulho. De um jeito ou de outro, verei aquele braço ser liberado.

— Eu não esperaria menos, senhor.

— Reviveremos Diablos e, ao fazê-lo, alcançaremos a verdadeira imortalidade. Não permitirei que ninguém questione os métodos que uso para atingir esse fim. Mesmo que eu tenha que partir esta nação ao meio.

— …O que importa são seus resultados. É por isso que vim aqui. Para ajudar.

— Já disse, não preciso de ajuda de gente como você.

— A Távola dos Noturnos tomou sua decisão. Por favor, não hesite em usar estes artefatos.

Os artefatos em questão são um conjunto de coleiras espalhafatosas com algo semelhante a um ponteiro de relógio preso a cada uma.

— O que são esses? — pergunta Fenrir.

— Novos artefatos, recém-saídos dos laboratórios do Culto. Parecia que você estava tendo problemas para reunir mana, então pensamos que estes poderiam lhe servir bem.

— …Usarei se me der na telha. Além disso, acho difícil imaginar que você tenha vindo até aqui só para trazer um simples recado. O que realmente está acontecendo?

— Estou apenas seguindo ordens. Sou totalmente devotado ao Culto. Agora, mudando um pouco de assunto… Você já viu uma teriantropa de cabelos dourados nestas ruínas?

Petos faz a pergunta casualmente, como se estivesse apenas jogando conversa fora, mas Fenrir ouve algo em seu tom. Isso, ele intui, é a verdadeira razão pela qual ele veio.

— Uma teriantropa de cabelos dourados? Não tenho certeza…

Fenrir não se esqueceu do membro dourado das Sete Sombras, de jeito nenhum. No entanto, ele não vê nenhuma razão particular para compartilhar essa informação com Petos.

O olhar de Fenrir encontra o de Petos.

Petos é o primeiro a desviar o contato visual. 

— Se a vir, me avise.

— Há algo de especial nela?

— Oh, nada que valha a pena mencionar. Até mais. — Petos se esgueira para a névoa.

— Uma teriantropa de cabelos dourados… Petos adquiriu uma amostra ao exterminar o clã Leopardo Dourado. Foi isso que lhe rendeu a promoção para os Noturnos. Será possível? Uma delas sobreviveu?

Fenrir olha para os dispositivos cilíndricos com 60% de magia. Petos acaba de confirmar que ele está livre para usar os métodos que julgar adequados.

Ele mostra os dentes em um sorriso.

Agora isso está ficando interessante.

 

Separador Tsun

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Embora as bestas negras quase o tenham destruído, o Reino de Oriana está se recuperando rapidamente, em parte graças à ajuda do Jardim das Sombras.

Alpha estreita os olhos de dentro do castelo real enquanto observa os esforços de reconstrução tingidos de vermelho pelo brilho do pôr do sol.

— E então? Você está preparada para fazer o que precisa ser feito? — Ela pergunta à garota atrás dela.

A garota em questão tem um rosto lindo e mechas cor de mel. É Rose Oriana.

— Será que algum dia me perdoarão? — murmura Rose, seus olhos vacilantes.

— Provavelmente não. Muitas pessoas ainda guardam ressentimento de você.

— Eu… eu não posso ser a rainha. Tudo o que isso faria seria trazer mais tumulto para Oriana.

— Talvez em tempos de paz, essa seria a escolha sábia a se fazer. Mas as coisas são diferentes agora. Você sabe o que está para acontecer com este país. Sabe que não há outras opções disponíveis. — Alpha se vira e encara Rose com um olhar severo. — Suponho que tenha ouvido que Midgar está rompendo a aliança com você. Os Ensinamentos Sagrados declararam oficialmente o Reino de Oriana um estado herege. Suas importações e exportações foram sancionadas, e não demorará muito para que sequem completamente. Em breve, eles darão a ordem, e os vizinhos de Oriana se moverão para suprimi-lo. Não sei quantas nações atenderão ao chamado, mas como você não tem um exército adequado, isso não importa muito. Será aniquilada.

Rose cerra os punhos e abaixa a cabeça. 

— Um estado herege… Como chegamos a este ponto?

— O Culto tem medo de você. De Oriana.

— Mas somos tão pequenos. Do que eles poderiam ter medo?

— São cordeiros assustados. É por isso que temem a luz do sol.

— Como assim?

— Não há nada que a humanidade deseje mais do que a vida eterna. Agora que a têm, estão absolutamente apavorados com a possibilidade de que ela lhes seja roubada. Se governassem o mundo abertamente, alguém acabaria aparecendo para fazer exatamente isso. É por essa razão que se escondem. É por isso que mantêm sua imortalidade em segredo e por que escolheram usar os Ensinamentos Sagrados para governar o mundo das sombras. Todo esse tempo, eles têm fugido do sol.

— Então é por isso que você os chamou de cordeiros assustados…

— Mas agora que o Reino de Oriana está se opondo ao Culto, o lado público e o submundo do mundo estão se tornando um só. Se deixarem Oriana sem controle, eventualmente se encontrarão arrastados para o centro do palco. É disso que eles têm medo.

Rose encara Alpha intensamente. 

— E o Jardim das Sombras quer tirar proveito disso.

— Queremos. Queremos tirar proveito do Reino de Oriana. É por isso que te ajudamos.

— Com tanto poder que vocês têm, poderiam simplesmente derrotar o Culto diretamente. Para que precisam de Oriana?

— Derrotar o Culto não seria suficiente para destruí-lo.

— O quê?

— Pessoas podem morrer. Países podem cair. Mas cultos nunca perecem. Mesmo que derrotássemos o Culto, nada terminaria. É impossível acabar com um culto enquanto houver pessoas que acreditam nele. É assim que eles funcionam.

— Mas…

— Não os subestime. Quando você se torna inimigo deles, seu próprio povo te apunhala pelas costas. A maioria dos sacerdotes e fiéis dos Ensinamentos Sagrados são pessoas boas e honestas, mas o Culto usará a fé deles para atiçá-los a um frenesi e deixá-los sedentos por sangue. O Jardim das Sombras é forte, mas forte o suficiente para matar até o último fiel dos Ensinamentos Sagrados no mundo. É para isso que serve Oriana. Precisamos do reino para forçar o mal do Culto a vir à tona e para separá-los da Igreja.

— Como você faria isso?

— Fazendo com que os Ensinamentos Sagrados cortem os laços com eles. É nos Ensinamentos Sagrados que as pessoas acreditam, não no Culto de Diablos. Se conseguirmos deixar essa distinção clara, o Culto se tornará o inimigo público número um. Mas para fazer isso, temos que vencer. Os vizinhos de Oriana virão para te derrubar em breve, e precisamos que vença essa luta. Vença, e então diga ao mundo que o verdadeiro inimigo deles é o Culto.

— E é por isso que você quer que eu me torne a rainha.

— Se quisermos destruir o Culto, precisamos de uma nação que possa agir publicamente em nosso nome. A luta entre Oriana e os Ensinamentos Sagrados será uma guerra por procuração entre o Jardim das Sombras e o Culto. Se você estiver preparada para se tornar a rainha, ofereceremos ajuda das sombras.

Rose baixa a cabeça. 

— Será que conseguirei ser uma boa rainha? — diz ela, cada palavra soando com esforço.

— Você não será uma rainha de tempos de paz; será uma rainha de crise. Em tempos de paz, as rainhas precisam ser amadas pelo povo e gentis o suficiente para tornar suas nações prósperas. Mas em tempos de crise, tudo isso vai por água abaixo. Na crise, uma rainha precisa de força. Força suficiente para alcançar seus objetivos, mesmo que isso signifique suportar dor, fazer sacrifícios ou ser odiada pelas massas. — Alpha fixa seus lindos olhos em Rose. — E você, Rose Oriana, será de fato uma rainha forte.

— Uma rainha forte…

Rose reflete sobre a frase. Ela a repete várias vezes, não em voz alta, mas em sua boca. A única coisa que lhe vem à mente é sua própria fraqueza.

— Mas… eu sou fraca.

— Somente aqueles que conhecem a fraqueza podem ser verdadeiramente fortes.

Um fio de lágrimas escorre pela bochecha de Rose.

— Meu pai deixou o Reino de Oriana e seu povo em minhas mãos. Se há algo em meu poder que posso fazer por eles… Mesmo que signifique ser odiada, quero proteger esta nação. Eu…

Rose enxuga as lágrimas e levanta a cabeça. Então, ela pega sua rapieira e a leva às suas mechas douradas.

— Eu… eu não posso continuar sendo fraca para sempre.

Ela as corta.

Os fios de cabelo cortados flutuam no ar.

— Eu me tornarei uma rainha forte.

O cabelo que lhe resta vai apenas até os ombros.

Alpha lhe oferece um sorriso gentil. 

— Então, enquanto sua determinação se mantiver firme, o Jardim das Sombras não a abandonará. Isso, eu juro.

Então ela chama os Números 664 e 665. Não está claro o porquê, mas as duas estão vestidas com uniformes de empregada.

— Estou destacando estas duas ao seu lado. Achei que seria melhor te colocar com pessoas que você já conhecia.

— Obrigada, senhora.

— Não precisa ser tão formal comigo. Você e eu somos iguais. Você quer se tornar uma rainha forte, não quer?

— Isso mesmo, senh… Quer dizer, isso mesmo — diz Rose, não acostumada com a nova dinâmica. — É exatamente isso que vou fazer.

— Heh… — Número 665 ri baixinho. — Número 666 é tão adorável.

— Fico feliz que tudo tenha acabado bem — responde Número 664 em voz baixa. — Embora, se ela tivesse vindo falar comigo, poderíamos ter resolvido isso há muito tempo.

Rose se vira para elas. 

— Muito obrigada a ambas.

— Ei, sim, a qualquer momento.

— P-para constar, ainda sou a líder do esquadrão aqui. Não se esqueça disso!

Rose lhes dá um sorriso caloroso. 

— Claro, líder.

— Usarei elas para transmitir informações sobre nossos planos futuros, então precisarei que você providencie posições e identidades adequadas para elas — diz Alpha. — Por enquanto, queremos manter em segredo as conexões entre o Jardim das Sombras e o Reino de Oriana.

— Vou contratá-las como minhas empregadas pessoais. Quanto às identidades, terei tudo pronto assim que possível.

— Isso seria maravilhoso. Ah, e parece que temos companhia.

Assim que as palavras saem da boca de Alpha, a porta se abre e revela uma garota de cabelos índigo. É Gamma, a terceira das Sete Sombras. Por algum motivo, ela está arrastando outra garota atrás de si.

— Ah, Alpha, finalmente te encontrei.

— Bem, olá, Gamma. Eu não sabia que você estava em Oriana.

— Considerando o rumo que as coisas estão tomando, senti que seria prudente encerrar todas as operações da Mitsugoshi no reino — diz Gamma, mantendo a voz baixa. — Acabei de preparar o terreno para adaptar todas as nossas lojas em bases do Jardim das Sombras.

— Você nunca deixa de impressionar, Gamma. Agradeço a rapidez.

Gamma lança um olhar de soslaio para Rose. 

— E quanto à Princesa Rose?

Alpha também olha para Rose. 

— Ela está preparada para trilhar este caminho ao nosso lado.

— Anseio por trabalhar com você.

Gamma responde ao cumprimento de Rose com uma reverência silenciosa e depois se vira de volta para Alpha. 

— Tenho dois itens importantes para relatar. Quer conversar aqui?

Parece que Gamma está preocupada com a presença de Rose. Ela percebe que ainda não conquistou a confiança delas. 

— Fico feliz em preparar outra sala para que vocês…

Alpha a interrompe. 

— Aqui está bom.

— Tem certeza? — pergunta Gamma.

— Muita. Não tenho objeções a conversar aqui.

Alpha olha para Gamma e Rose. A implicação em seus olhos é clara: Eu não tenho objeções. Alguma de vocês tem?

— …Não tenho objeções, também — Gamma concede.

— Nem eu — diz Rose.

— Então, meu primeiro relatório é sobre o equipamento que Beta recuperou do outro Reino outro dia.

— Ah sim — responde Alpha. — O “Laptopi” e o “Tableti”.

— Eta terminou de examiná-los. — Gamma se vira e olha para a garota que arrastou consigo. — Eta, diga a elas o que me disse.

A garota solta um ronco adorável. 

Zzzzz.

— Droga, Eta, levante-se!

Gamma agarra Eta pelos ombros e a sacode para acordá-la. Quando o faz, a cabeça de Eta balança para trás e então bate diretamente no nariz de Gamma.

— AI! — Os olhos de Eta se abrem com a força do impacto. — Hã?

Essa, em resumo, é Eta. Ela é a sétima membro das Sete Sombras e passa a maior parte do tempo pesquisando a Sabedoria das Sombras.

— Onde estou? — Ela olha ao redor, despreocupada.

Eta é uma elfa baixa com longos cabelos escuros. No momento, seu cabelo está bagunçado e aponta para todas as direções.

— V-vamos lá — diz Gamma enquanto aperta o nariz sangrando. — Você precisa dar o relatório para a Alpha, como conversamos!

— O relatório? Ahhh, sobre o Laptopi.

— E-exatamente.

— Hum, aqui está meu relatório… — Eta vira seu olhar sonolento para Alpha. — Tudo que usava eletricidade, como o Laptopi, estava quebrado. Tentei desmontá-los para descobrir o porquê, e parece que é por causa das ondas eletromagnéticas que vêm pelo portão.

— Você consegue consertá-los? — Alpha pergunta.

— Agora não. Mas eventualmente, eu os entenderei.

— Entendo… Eh, é o que é. Acho que teremos que ser pacientes. Honestamente, Beta, você não podia ter trazido nada que não funcionasse com eletricidade?

— Não é de todo ruim. O nível de engenharia usado para fazê-los é incrivelmente alto. Mesmo sem poder ligá-los, ainda aprendi muito com seus designs.

— Sério? Bem, isso é bom. Ainda assim, imagino que Beta ficou bem abalada com a notícia.

— Ela chorou rios.

— Isso é realmente motivo para chorar?

— Não exatamente. Ela estava se sentindo para baixo, então misturei alguns produtos químicos em seu chá para fazê-la se sentir melhor.

— …E?

A boca de Eta se curva em um sorriso malicioso. 

— Ela começou a se despir e a soluçar do nada. Causa: desconhecida. Altamente fascinante.

Alpha solta um longo suspiro. 

— Vou cortar seu orçamento de pesquisa no próximo mês.

— O quê? Por quê?!

— Quantas vezes preciso te lembrar para não fazer experiências em pessoas sem o consentimento delas? Você precisa pensar muito sobre o que fez.

— Ah, qual é. Sacrifícios precisam ser feitos para avançar a Sabedoria das Sombras.

— Não venha com “ah, qual é” para mim. Agora, espero outro relatório assim que encontrar algo que possamos usar aqui em nosso mundo.

Boooo.

Os olhos de Alpha se estreitam. 

— Além disso, percebo que há um item que ela trouxe que você ainda não mencionou.

— Um item… Ah. A outra-mundana acabou de acordar. Não falamos a língua dela, então estamos pedindo para Beta conversar com ela. O nome dela é Akane.

— Akane… O que mais você descobriu sobre ela?

— O corpo dela é mais ou menos o mesmo de um humano. Não sei detalhes ainda. Poderia obtê-los muito mais rápido se você me deixasse fazer experiências nela.

— Peça para a Beta continuar cuidando dela até que ela se adapte. E não apronte nenhuma gracinha, ouviu? Nenhuma.

Buu. — Eta assente relutantemente para Alpha.

Alpha se vira de volta para Gamma. 

— Certo, estou a par da situação da Eta. Agora, qual era o segundo relatório que você tinha?

— É sobre Zeta, lá em Midgar. Ouviu alguma coisa dela?

— Nada. — Alpha suspira novamente. — Eu juro… Fazer essa garota enviar relatórios de situação é como arrancar dentes.

— Verifiquei como ela estava antes de partir para Oriana, então permita-me relatar em seu nome.

— Você é uma salva-vidas, Gamma.

— A Seita Fenrir está agindo. Parece que eles têm sequestrado estudantes da Academia Midgar. Temos recuperado a maioria dos possuídos, então eles têm tido problemas para desfazer o selo.

— E como Zeta respondeu?

— Essa é a questão… Ela não respondeu.

— Ela não fez nada?

— Nenhuma vez. E ela não teria tido problemas para descobrir o que a Seita está tramando.

— Zeta segue seu próprio ritmo, mas ninguém pode negar que ela é talentosa. O que será que está acontecendo? — Alpha diz, intrigada.

— A Seita Fenrir pode estar em declínio, mas ainda assim governou o submundo de Midgar por muito tempo. Além disso, Fenrir é um dos membros fundadores dos Noturnos. Não podemos nos dar ao luxo de subestimá-los.

— O colapso do crédito deve ter lhes causado um duro golpe. Eu presumia que seu capital e recursos de combate estivessem quase esgotados… mas talvez eu tenha sido precipitado em descartar um membro original dos Noturnos.

— Talvez devêssemos considerar enviar reforços. Delta ainda está estacionada em Midgar, mas acho difícil imaginar essas duas trabalhando juntas.

— Você não está errada… — Alpha murmura evasivamente enquanto encara a paisagem lá fora.

— Estou ocupada montando as bases. Não podemos tirar Eta de sua pesquisa. Enquanto isso, Beta tem a outra-mundana e sua papelada para lidar… A única membra que temos disponível é Epsilon. Poderíamos também enviar alguns dos Números…

— Isso não será necessário — diz Alpha, ainda olhando para a distância.

— Mas… tem certeza?

— Não há necessidade de se preocupar. Tenho certeza de que ela ficará bem. Ela sempre soube se virar.

Não é do feitio de Alpha ser tão otimista, pensa Gamma. 

— Não sei o que é, mas algo parece estranho.

— Ainda me lembro do primeiro dia em que a conheci. Nunca tinha visto olhos como os dela. Eram tão tristes, como se ressentissem o mundo inteiro. Eu a acolhi e a tratei como família para poder curar as feridas em seu coração… e agora ela mudou. — Alpha se vira e encara Gamma com seus olhos azuis. — É por isso que sei que vai ficar tudo bem. Porque somos uma família.

Alpha sorri. É um sorriso caloroso, do tipo que parece envolver tudo em seu abraço.

 


 

Tradução: Gabriella

Revisão: Pride

 

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