Raviel assentiu após ouvir minha explicação desesperada.
— Entendo. Houve um pequeno mal-entendido.
Estávamos em um restaurante de fast food. Eu queria ir a um café, se possível, mas a configuração temporal de A História da Cidade da Ascensão: História Paralela era no passado, muito antes dos cafés se tornarem populares. Infelizmente, não havia muitos lugares onde pudéssemos ir para conversar.
— Sim, eu deveria ter adivinhado. Não há como você me deixar e voltar sua atenção para outra pessoa. O universo abandonar as leis da física seria mais plausível do que isso. Não deveria ter deixado tais emoções me influenciarem.
— Fico feliz que você acredite em mim — murmurei.
Honestamente, pensei que meu mundo desmoronaria se ela não acreditasse.
— Hmm. Pelo que vi, a Mestra do Dragão Negro parece uma pessoa capaz. Se ela tivesse nascido no Império, teria prosperado na sociedade dos nobres. É uma decisão sábia compartilhar uma verdadeira amizade com alguém assim. Você é abençoado por ter pessoas assim ao seu redor.
Raviel olhou pela janela da frente do restaurante.
— Ainda assim, não esperava que você voltasse com um filho hobgoblin.
Do lado de fora do restaurante, Uburka estava encostado na parede com os braços cruzados. Embora um hobgoblin gigante estivesse no meio de uma cidade moderna, os transeuntes não pareciam achar nada de anormal nisso. Algumas pessoas ficaram surpresas com o tamanho de dele, mas ninguém o reconheceu como um hobgoblin.
— Você acha que um feitiço de alteração de percepção foi lançado sobre nós?
Os cubos de gelo no copo de cola de Raviel tilintaram enquanto ela o agitava.
— Talvez. O vestido que estou usando não combina com o cenário desta cidade, então é normal chamar a atenção das pessoas. Mas ninguém está reparando nas minhas roupas, embora muitos estejam roubando olhares para o meu rosto.
O vestido de Raviel combinava com a moda do Império. No entanto, quando o garçom do restaurante a viu mais cedo, ele não reagiu de forma alguma às suas roupas, embora sua beleza de outro mundo o tenha feito tremer como se houvesse um terremoto sob seus pés.
— A conclusão é bastante clara. Aos olhos deles, todos nós parecemos estar usando roupas comuns deste mundo.
Balancei a cabeça.
— Um feitiço de alteração de percepção em escala mundial… Isso parece muito trabalho.
— Isso significa que aquele que cuida de você é muito poderoso. Você tem um dom para ser adorado por aqueles no poder, Gong-Ja.
— Haha.
Pude ver que todos os clientes do restaurante estavam roubando olhares para Raviel. Parecia que nossas roupas estavam sob o efeito do feitiço, mas nossa aparência não. Se esta geração tivesse celulares, as pessoas provavelmente teriam tirado fotos nossas em segredo.
Raviel encontrou meus olhos.
— Traga o garoto que você considera seu filho aqui.
— Tudo bem para você?
— Sim. Ele pode não ser seu filho biológico, mas o vínculo em seu coração é inegável. Quem sabe? Talvez eu goste dele e o reconheça como um membro da família Ivansia.
Era raro Raviel aceitar minha bondade para com os outros. Trouxe Uburka antes que minha Duquesa mudasse de ideia. Ele se sentou em duas cadeiras, a nádega esquerda em uma e a direita em outra. Com os braços ainda cruzados, ele olhou para Raviel, que era muito mais baixa que ele.
O silêncio seguiu. O quê? Eu estava entre eles, então por que eu me sentia o mais nervoso?
Uburka quebrou o silêncio primeiro.
— O cabelo prateado que provoca a lua, os olhos vermelhos que zombam da zínia. Acabei de perceber, mas você me lembra alguém dos mitos. Uger, você é Raviel Ivansia?
— Wow. Não esperava por isso, mas você sabe recitar um belo poema.
— Só me lembro do que ouvi do Paizinho.
— Gong-Ja fala de mim no seu mundo também? — perguntou Raviel.
— Paizinho me contou cinco histórias. A quarta é sobre você. Raviel Ivansia. O Lírio Prateado. A lua cujo coração foi roubado por um espelho. Todos os Terras sabem sobre você.
Os cantos da boca de Raviel se curvaram ligeiramente. Parecendo estar se sentindo um pouco melhor, ela pegou o canudo fino e mexeu lentamente o copo de cola.
— Ouvi dizer que você é uma Constelação.
— Ugor.
— Eu também já fui uma Constelação. Embora não fosse o que eu queria, não estava descontente com o fato de o mundo girar ao meu redor. Você está em um nível completamente diferente das pessoas comuns. Tem certeza de que quer servir Gong-Ja como seu pai?
— Que pergunta tola. Paizinho tem tentado cumprir seus deveres como pai desde que os Terras eram animais imaturos. Rankings não importam em relacionamentos. As pessoas devem deixar seus rankings de lado e serem elas mesmas se quiserem ter conexões reais com os outros.
— Você não se importa com seu rank como Constelação?
— Uger. Rank exige qualificação, que o Paizinho tem. Na verdade, não sei quem mais além dele estaria qualificado para ter o respeito dos Terras.
Raviel assentiu. Como eu era seu marido, sabia que isso era um sinal de que ela estava de bom humor. Pensando bem, por que Uburka estava agindo tão maduro perto de Raviel? Ele agia como criança quando estava comigo. Estava discriminando seu Paizinho? Eu estava triste, muito triste. Era por isso que criar um filho era uma dor de cabeça.
— Como você conheceu Gong-Ja?
— Ugor, durante a guerra com o Império Slime…
Logo os dois começaram a conversar amigavelmente sem mim. Fiquei muito triste por ser negligenciado pela minha própria esposa e filho. Era essa tristeza o que os pais que trabalhavam sozinhos no exterior suportavam todos os dias?
Meus olhos vagaram até que acabei olhando pela janela.
Hã?
Uma transeunte de repente chamou minha atenção. Quando a vi, senti uma inexplicável sensação de déjà-vu. Suas roupas foram o que atraiu meu olhar. Ela estava usando o uniforme da Escola Secundária Shinseo. Entre os caras que intimidavam Kim Yul, havia um estudante do ensino fundamental. Pensei que provavelmente foi por isso que ela chamou minha atenção, mesmo que por um momento.
Não me lembro dessa criança de nenhum dos vídeos.
Então, de onde vinha esse déjà-vu? Enquanto aprimorava minha visão com minha aura e olhava ao redor, notei mais peculiaridades nela. Primeiro, o cabelo.
Loiro.
Não era tingido, mas sua cor natural. Cada vez que ela dava um passo, seu longo cabelo loiro balançava na brisa. Pensei que ela fosse estrangeira, mas estava usando o uniforme escolar, então duvidei que fosse o caso.
O uniforme escolar dela está manchado… e ela está segurando uma maleta?
Em vez da bolsa que os estudantes normalmente usavam, ela segurava uma maleta velha e desgastada, que apenas trabalhadores de escritório carregariam. O couro nas bordas já estava todo descascado. Era seguro dizer que já era hora de a maleta acabar no lixo.
A última coisa que notei foi seu andar firme. Isso representava metade do inexplicável déjà-vu.
Seu ritmo é muito consistente.
Seria difícil se ela não tivesse treinado fisicamente a um grau significativo. Mas parecia que ela nem fazia exercícios comuns, quanto mais praticar sua aura. Na verdade, ela parecia muito mais frágil que seus colegas.
Ela passou lentamente pela janela do restaurante. Quando olhou para cima, nossos olhos se encontraram. Parecia que o tempo desacelerava. Ela estava completamente sem expressão, como se tivesse nascido assim. A indiferença combinava perfeitamente com ela, e seu rosto impassível era perfeito do ponto de vista estético.
Seus olhos eram tão claros que pareciam transparentes. Este mundo estava no meio do verão, mas a irritação causada pelo calor não se refletia em seus olhos. A transparência em seus olhos não permitia nenhuma impureza.
Hooooooonk.
O semáforo na faixa de pedestres da interseção de três vias piscou de vermelho para amarelo. Ela não parecia incomodada com nada disso.
Se alguém conseguia caminhar neste mundo, isso significava que fazia parte dele, mas as regras deste mundo não se aplicavam a ela. Os humanos eram capazes de desafiar o mundo apenas caminhando. Com um passo, cometeriam um desafio. Com dois passos, cometeriam dois. Três passos, quatro passos… Isso poderia continuar indefinidamente, enquanto as pessoas vivessem.
No entanto, ela caminhava à sua própria maneira. Seu ritmo era tão consistente quanto antes. Este ser absoluto caminhava pelas bordas do mundo à sua maneira.
— Gong-Ja…
Em algum momento, parecia que eu tinha me levantado, embora não tivesse memória disso. Raviel e Uburka pararam de conversar para me olhar.
— O que há de errado? — perguntou Raviel.
— Desculpe, mas por favor, esperem aqui um momento. Vou sair por um instante. Deixarei um rastro da minha aura, então sinta-se à vontade para me seguir. Uburka poderá rastreá-lo facilmente.
Mesmo enquanto me desculpava, continuava olhando para a garota que agora estava se afastando.
— Paizinho?
— Filho, por favor, cuide de Raviel.
Dito isso, corri para fora do restaurante de fast food.
Onde ela foi?
Ela estava atravessando a faixa de pedestres. Embora o semáforo tivesse mudado para verde recentemente, já estava piscando, pressionando as pessoas a chegarem ao outro lado.
Hoooooonk…!
Poucas pessoas estavam fora em um dia de verão. Apenas ela atravessava a rua. Apesar do semáforo ainda estar verde, os motoristas o ignoravam. Os carros passavam por ela.
Quando? Quando a vi antes? Foi quando estive na Escola Secundária Shinseo?
Eu a persegui enquanto ela caminhava por um beco.
Não, não tem como eu ter esquecido uma estudante com um andar assim. Se a tivesse visto pelo menos uma vez, teria deixado uma forte impressão nas minhas memórias.
As árvores lançavam suas sombras escuras na rua.
É definitivamente a primeira vez que a vejo, então por quê…?
A luz brilhante do sol de verão escaldava a rua. As linhas entre a sombra e a luz solar eram claras. Quando ela estava sob a proteção da sombra, parecia que desaparecia como uma miragem, como se estivesse evitando o calor do verão.
As cigarras cantavam.
Quem é você?
Ela parou no meio da sombra e lentamente se virou, me deixando sem escolha a não ser parar também. Senti uma força invisível desacelerando o breve momento em que ela se virou. Isso me fez prender a respiração, mas minha mente estava a mil por hora.
Fragmentos de memórias cruzaram minha mente enquanto o tempo desacelerava. Pouco antes de entrar no trigésimo quinto andar…
A Paladina perguntou:
— Quero saber como a Torre é construída.
— Você só precisa viver a vida da pessoa mais infeliz em um mundo — respondeu a Princesa. — Há um mestre que constrói uma Torre. O mestre vive em nome da pessoa mais infeliz em um mundo. O mundo onde a Torre foi construída é um lugar onde o mestre já viveu e partiu. O mundo sem uma é um mundo que o mestre ainda não visitou.
Quando a garota se virou, um cheiro fez cócegas no meu nariz, um cheiro que reconheci. Era o cheiro de ração velha acumulada em um canto do depósito. Isso me lembrou de Kim Yul.
— Vou para a escola um pouco cedo hoje. Tenho que alimentar os coelhos na fazenda.
— De qualquer forma, é por isso que não há mais clube de agricultura. Os presidentes de classe do ensino fundamental se revezam cuidando da fazenda… Os alunos do ensino fundamental não levam isso muito a sério, sabe? O segurança, alguma criança do ensino fundamental e eu os alimentamos na maior parte do tempo.
Uma Torre havia sido construída no meu mundo. Se o que a Princesa disse era verdade, isso significava que o mestre da Torre havia vivido no meu mundo em algum momento em nome da pessoa mais infeliz. Se assim fosse, certamente havia alguém aqui que foi ainda mais infeliz que Kim Yul.
Por algum motivo, as palavras que o presidente de classe jogou em mim durante o trauma cruzaram minha mente.
— O pária de segunda geração da Escola Secundária e Ensino Médio Shinseo. Foi assim que você o nomeou, Kim Gong-Ja.
A garota olhou para mim. Eu estava sob a luz do sol de verão, enquanto ela estava sob as sombras. Havia alguma distância entre nós, uma que apenas os cantos das cigarras preenchiam.
— Quem é você?
Sua voz era sem emoção, mas só então eu pude entender o motivo do déjà-vu. Apenas eu havia ouvido a voz na Torre.
— Se possível, por favor, me diga por que está me seguindo.
Era o mestre da Torre. O Mestre de Toda a Vida estava olhando para mim.
Tradução: Rlc
Revisão: Pride
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