Sword Art Online – Moon Cradle – Vol. 20 – Cap. 04

Ronie correu para o estábulo dos dragões duas horas mais tarde do que o habitual e foi recebida por um Tsukigake um tanto descontente.

— Kwoooo!

— Me desculpe, me desculpe! Eu sei que estou atrasada.

No momento em que ela abriu o portão de um mel de altura, o dragão juvenil coberto por uma penugem amarelo-pálida veio correndo em sua direção, batendo as asas. Ela o segurou com os dois braços, e o dragão juvenil pressionou a cabeça, com os nós dos chifres arredondados e tudo, contra a base do pescoço de Ronie.

No estábulo adjacente, Tiese recebia uma saudação igualmente energética de Shimosaki. Por enquanto, os dois dragões ainda eram pequenos o suficiente para que as garotas pudessem levantá-los com certa dificuldade, mas isso não seria possível daqui a um ano.

— Senhorita Arabel, posso ter uma palavra?

A voz atrás de seu ombro fez Ronie pular. Ela se virou e viu um homem alto e esguio. Ele usava uma roupa feita de um tecido misterioso com um padrão semelhante a escamas, e o cinto em sua cintura sustentava vários sacos de couro de tamanhos variados. Havia um longo cabo de madeira em sua mão, como algum tipo de lança, mas a ponta não era de metal, e sim uma grande escova de pelos de aparência resistente.

Seu rosto com bochechas encovadas parecia um pouco mais velho que o de Deusolbert, mas sua idade real era um mistério. Ele cuidava do estábulo de dragões da Catedral há muito tempo, e as pessoas diziam que, como Airy, sua vida fora congelada por artes sagradas.

— Sim? O que foi, Sr. Hainag? — perguntou Ronie. O mestre dos estábulos estendeu uma mão que era fina, mas com músculos firmes. Ele coçou o dragão sob o queixo.

— Às vezes, quando dou peixe para Tsukigake ultimamente, ela deixa um pouco para trás. Dragões têm seus próprios gostos individuais, mas não se pode escolher a comida no campo de batalha. É melhor corrigir esse tipo de comportamento seletivo enquanto são jovens.

— E-entendo. Ei, Tsukigake, você não deveria ser seletiva com sua comida! — disse ela, repreendendo levemente o juvenil. Tsukigake pareceu entender Ronie, baixando suas orelhas emplumadas e cantando baixinho.

— Como devo corrigir um dragão que não gosta de peixe? — perguntou ela.

— A maneira mais eficaz é você mesma pescar o peixe para ela. Eles geralmente superam isso depois de comer peixe fresco e vivo, mas isso é difícil de fazer na Catedral. No passado, eu levava os juvenis a um lago fora da cidade com a permissão de Sir Bercouli.

— F-fresco e vivo…? Então vou perguntar à Comandante Fanatio ou ao Kiri… ou ao Delegado Espadachim se posso tentar isso.

— Por favor. É só isso.

Com uma pequena reverência, o Mestre dos Estábulos Hainag seguiu mais para dentro do prédio, em direção aos dragões adultos. Perto dali, Tiese olhou para seu próprio dragão parceiro e disse:

— Você acha que eles conseguem pescar seus próprios peixes?

— Eu nem sei se eles sabem nadar.

Enquanto isso, os dois pequenos dragões abanavam o rabo para frente e para trás, claramente animados com a ideia de sair.

— Tudo bem, tudo bem.

Elas saíram do estábulo e colocaram os dragões no gramado que cercava o prédio. As criaturas prontamente correram por toda parte, grasnando e se divertindo. Vê-los trouxe sorrisos aos rostos das garotas, mas não foi o suficiente para fazê-las correr atrás deles. Neste exato momento, Kirito e Asuna ainda estavam conversando com os cavaleiros-seniores no alto do edifício da Catedral.

Eles foram ao posto da guarda mais próximo para perguntar o nome do oficial de Centoria do Sul que levara os três goblins da montanha embora, mas não obtiveram resposta. Encontraram o homem que estava de guarda na porta da estalagem, e ele disse que a ordem de transferência que o oficial forneceu para os goblins tinha o selo adequado do governo estampado nela.

O próximo passo seria perguntar diretamente ao governo da cidade, mas não seria fácil. A influência dos altos nobres ainda era forte entre os governos locais, e eles não concordavam com o Conselho de Unificação Humana. O escritório de Centoria do Sul, em particular, adotara uma linha dura depois que foram retirados do controle do caso de assassinato de Yazen. Com a suposição de que uma ordem oficial por escrito seria necessária para investigar a transferência dos goblins, Kirito retornou à Catedral Central para preparar os materiais necessários do conselho e da Ordem dos Cavaleiros da Integridade.

Fanatio e Deusolbert não protestariam contra uma ordem para investigar o governo da cidade. Mas Kirito já tinha certeza de que a ordem de transferência e o oficial que os guardas viram eram falsificações arranjadas pelo culpado. O verdadeiro problema era o que fazer depois disso.

Kirito se sentia responsável por os goblins terem sido levados debaixo de seu nariz, e ele não gostaria de deixar a busca e o resgate para outra pessoa. Mas a vida do Delegado Espadachim acabara de ser posta em perigo (ainda que indiretamente) no Palácio de Obsidia, então Fanatio e os outros certamente se irritariam com a sugestão de que deveriam ficar de braços cruzados e permitir que ele fizesse tudo.

— …Aposto que essa reunião está bem acalorada… — murmurou Tiese, que claramente estava pensando na mesma coisa.

Ronie assentiu.

— Pode ser que se estenda até amanhã.

— Esperemos que ele não escape no meio da noite.

Mas isso soava muito plausível. Ronie queria que Kirito fosse livre para fazer o que quisesse, mas como sua antiga pajem, ela precisava mantê-lo na linha quando a situação exigisse. Ela olhou para o monumento branco como giz e disse:

— Vou pedir a Lady Asuna para ficar de olho nele.

Tiese estava prestes a responder, mas nenhuma palavra saiu, apenas um sopro. Ronie olhou e a viu franzindo os lábios com uma expressão investigativa.

— …O quê?

— Não. Nada.

Os dragões juvenis, chateados com a falta de atenção que estavam recebendo, piaram para as duas na tentativa de fazê-las persegui-los.

— Tudo bem, tudo bem, mas não vamos rolar na grama! — gritou Ronie enquanto corria em direção a Tsukigake e Shimosaki.