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O Caçador Imortal de Classe SSS – Cap. 161 – O Fogo da Caverna (1)

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A caverna estava fria. Os goblins fungavam, o vapor gelado da mina aderindo à sua pele. Todos eles, cerca de mil, permaneciam em silêncio.

— Uma grande guerreira morreu em um combate de espadas hoje. — Alguém finalmente sussurrou. — Seu nome era Gyari, ker. Ela era filha de Gorhe e Orogan, a chefe guerreira da tribo Crina Branca. Também era descendente de Gorgir, a grande guerreira que herdou a marcação do Leão Branco.

O orador não revelou sua figura, escolhendo permanecer oculto na multidão. Encostado nas sombras de seus semelhantes e da caverna, esse goblin fez um pequeno discurso, apesar da falta de um púlpito.

— Ela sempre foi espinhosa, keruk.

— Desde pequena, batia nas pessoas, mas acabou sendo espancada até a morte.

Como não era realmente um discurso, os goblins intervinham livremente, interrompendo uns aos outros na escuridão da mina. As palavras fragmentadas formavam frases, entrelaçando a vida da gladiadora caída.

— Gyari não lembrava quem ela batia.

— Mas nunca esquecia quem a batia, kerrr.

— Ela era uma garota cheia de rancor. Lembro que, quando jovem, Gorhe tentou fazer uma marcação nela, mas ela apenas balançou a cabeça e disse que faria a sua própria. Ela realmente desenhou uma, olhando as marcações dos outros.

Ker, Gyari sempre balançava a cabeça.

As pequenas histórias de mil pessoas compunham a história de vida de Gyari.

Isso é um funeral.

Gyari era o nome da goblin que morreu na luta de hoje no coliseu. Pessoas que a conheciam ou que pelo menos conversaram com ela uma vez se reuniram para homenageá-la.

— Para Gyari, balançar a cabeça para alguém era o mesmo que cortar o mundo.

— Ela achava que eram a mesma coisa, keruk. 

— Provavelmente por isso se tornou gladiadora.

As chamas da fogueira tremulavam. Graças às sombras oscilantes na parede, os goblins eram indistintos – eram um só.

Os sussurros continuavam entre as sombras.

— Trinta e seis dos nossos morreram sob a espada de Gyari.

— Ela era uma criança cruel.

— Quando os Cascomontes deram a ela a marca de escrava de espada, Gyari riu. Kerr, kerrr. Ela achou que era um grande título.

— Ela era uma criança assustadora.

— Embora encontrasse felicidade em brandir a espada, o único campo de batalha permitido a ela era o coliseu, onde só podia lutar contra seu próprio povo. Goreuk, que infelicidade ter que matar seu próprio povo.

Kerrrreuk.

— É difícil entender o que ela passou.

— Ela era uma criança desafortunada.

— Gyari é nossa semelhante?

A fogueira tremulava. As sombras trouxeram várias respostas.

Gor.

— Gyari desenhava marcações e esboços. Ela amava lama e sentia falta da chuva.

— Gyari é nós.

— Gyari retornará a Goru — disse um goblin idoso.

Eu conhecia essa palavra. Enquanto observava o funeral dos goblins com raiva crescendo no peito, ouvi uma voz da Torre.

[Você testemunhou a Doutrina Goru dos Terras.]

Doutrina Goru

Categoria: Religião – Fé no Leão Branco.

Origem: Parentesco (C)

Descrição: Goru é a terra natal dos Terras, a primeira vila fundada após o fim da Era Dourada, e o país dos Terras.

É o lugar onde correm riachos quentes com lama macia. Goru é a terra onde o Leão Branco foi visto pela última vez.

Os Terras não separam este mundo do além. Eles apenas distinguem Goru do resto do mundo. O que os Terras querem da vida é chuva, lama, muitos peixes e um lugar confortável para dormir. Tudo isso pode ser encontrado neste mundo. Os Terras não veem razão para acreditar na vida após a morte.

Eles só querem retornar a Goru, seu lar.

※Com o passar do tempo, as memórias de Goru se tornarão borradas. 

※Se os Terras forem deixados como estão, Goru se tornará um conceito abstrato e eles esquecerão que já foi um lugar real.

※Já faz muito tempo que os Terras perderam Goru! Há a possibilidade de que a Doutrina Goru se transforme em uma doutrina que acredita na vida após a morte!

Olhei fixamente para a janela de descrição, achando algumas palavras difíceis de entender, mas consegui captar a mensagem geral. Meu coração se apertou. 

— Eu realmente não pensei muito quando criei Goru. Isso se tornou muito significativo para eles.

Experimentei uma sensação que nunca havia sentido antes. Era realmente estranho. Estava orgulhoso de que os goblins tivessem crescido sozinhos sem mim, mas temia que uma única palavra que eu disse sem pensar tivesse se tornado tão significativa para eles. Eles estavam agarrados ao meu legado como Leão Branco. Isso me assustava.

Eu estava preocupado com eles.

— É assim que se sente ao ver seus filhos crescerem.

Até agora, nunca imaginei me tornar um pai. No entanto, quer eu tivesse intenção de que isso acontecesse ou não, acabei me tornando uma figura paterna para os Terras.

— É mesmo? Não sei como é essa sensação. Nunca tive um filho.

O Guardião apenas deu de ombros, mas minha mente estava em turbulência.

— Keruk.

Um goblin idoso caminhou em direção à fogueira no meio da caverna da mina. Os Terras que estavam juntando pedaços da vida de Gyari ficaram em silêncio. O goblin idoso esperou até que todos estivessem quietos antes de colocar as mãos na fogueira.

— Hã? Espera um minuto. Ele está tentando se queimar para morrer?

— Não, olhe com atenção, Zumbi. As mãos dele não estão queimando. Esse cara sabe usar aura.

— O quê?

— Ele é um usuário de aura. Suas mãos estão cobertas de aura.

O Guardião estava certo. Era difícil ver porque o fogo obscurecia a visão, mas uma aura vermelha, embora um pouco fraca, era visível ao redor das mãos enrugadas do goblin.

O goblin idoso enterrou as mãos no fogo.

Whooosh!

O fogo subiu, e as chamas giraram como loucas. Com uma expressão vazia, o goblin idoso usou sua aura para tocar o fogo. Quando o fez, as chamas subiram como um dragão ascendente, giraram como um redemoinho e se expandiram como uma flor em plena floração.

Os outros goblins observavam calmamente as chamas sempre mutáveis em silêncio, como espectadores de uma peça.

Swish, swoosh!

A caverna era enorme, mas o teto era completamente negro. Apenas o fogo brilhava vibrante, atraindo a atenção de todos. 

Ah, ele está desenhando.

Finalmente entendi que o velho estava desenhando com fogo. As chamas se inflamavam em diferentes formas, se dividindo em duas como uma boca escancarada, subindo alto, até o teto.

▲.

Este era o símbolo para raiva. O topo das chamas ramificadas atingiu o teto e espalhou brasas, que caíram como pétalas de flores. Lentamente, as chamas diminuíram, engolidas pela caverna escura, deixando apenas escuridão.

▼.

Este era o símbolo para tristeza. As chamas continuavam a voar da fogueira. Pouco a pouco, o fogo se dividiu em cinco, o mesmo número de dedos do goblin. Mas os tentáculos de fogo não alcançavam o teto nem as brasas caindo de cima.

Entre as brasas caindo do teto e o fogo subindo do chão, havia uma lacuna.

▲.

Este era o funeral realizado para Gyari. Os goblins choravam em silêncio. Qualquer um que observasse o fogo conhecia seu significado. Este era o sistema de escrita deles. Até o menor tremular do fogo que se apagava impotente tinha um significado claro para os Terras.

O velho deixou o fogo arder.

[Você testemunhou o Fogo da Caverna dos Terras.]

Fogo da Caverna

Categoria: Arte.

Origem: Estilista Primordial (E)

Descrição: O Fogo da Caverna é uma arte única dos Terras. Após serem conquistados pelos Cascomontes e levados para Slimepólis, tornou-se difícil para os Terras obterem lama, então não tinham como escrever.

“Precisamos desenhar. Queremos desenhar.”

No entanto, o senso estético dos Terras não desapareceu. Em vez disso, eles ardiam com o desejo de escrever. Os Terras escolheram o fogo como substituto para a lama. É difícil distinguir os desenhos em uma caverna de mina escura, mas quando usam o fogo, a escuridão da caverna se transforma em uma tela gigante.

Os Terras aceitaram e se adaptaram à sua nova vida.

“É lindo, gor.

Esta espécie ficou fascinada com a arte do fogo, que praticam em cavernas. Os Terras nomearam isso de Fogo da Caverna. Com ele, criam Pinturas da Caverna. Ocasionalmente, é chamado de Pintura de Sangue ou Fogo de Sangue, comparando o fogo ao sangue.1É um jogo de palavras com a semelhança das pronúncias em coreano. Caverna(穴: 혈) e sangue(血: 혈). Desenho(畫: 화) e fogo(火: 화).

O fogo queima antes de desaparecer, não deixando nenhum traço. Portanto, é uma boa maneira de evitar deixar provas que os Cascomontes possam descobrir.

A regra é não fazer barulho ao assistir ao Fogo da Caverna para não ser descoberto pelos Cascomontes.

Que a sorte esteja com os goblins e seu fogo silencioso.

※Apenas usuários de aura podem demonstrar o Fogo da Caverna.

※Entre os Terras, poucos sabem usar aura! Apenas o sumo sacerdote usa aura vermelha. Se ele morrer sem deixar um sucessor, a arte do Fogo da Caverna declinará.

O goblin idoso agitou a mão no fogo.

Swoosh… whoosh… whoosh…

O fogo que ardia ferozmente se apagava aos poucos. Não havia mais chamas se chocando contra o teto ou uivando da lenha. Elas diminuíam silenciosamente e se extinguiam sem deixar um único traço.

  • . A noite havia amanhecido na caverna. Quando a fogueira se apagou, envolveu tudo em completa escuridão. Não restava luz. O último desenho antes do fogo se extinguir era ●, representando a caverna escura. Ao vê-lo, os goblins soluçaram.

Gor.

Ninguém acendeu uma tocha. Os goblins aceitaram que agora era ●. Mesmo sem ninguém ordenar que voltassem, eles partiram por conta própria para dormir, retornando pelos túneis de onde vieram. Não podiam ver nada por causa do ●, mas ainda podiam usar seu olfato.

Seguindo o cheiro de seus semelhantes, os goblins voltavam para casa em grupos. Os Terras com os melhores narizes tomavam a frente, e os outros goblins seguiam, segurando suas mãos ou ombros.

O Guardião e eu ficamos sozinhos com o velho sumo sacerdote goblin no templo subterrâneo do mundo subterrâneo.

Ker… Kerrr…

O goblin idoso se sentou no chão, provavelmente porque sua força havia diminuído. Este parecia ser seu lar. Antes de os goblins deixarem a caverna, deixaram alguns peixes para trás, então o velho goblin sentou e os comeu.

Eu o encarei. Aqui, nesse templo improvisado, os filhos da terra realizavam funerais e homenageavam seus semelhantes. Eu não lhes ensinei sobre funerais ou como aceitar a morte. O que lhes ensinei foi a se marcarem com lama para cobrir seu mau cheiro e seis símbolos para expressar o mundo ao seu redor. Isso era tudo.

Mesmo assim, os Terras construíram um templo e encontraram o fogo por conta própria.

— Eu posso ser algum tipo de pai para esses caras… — murmurei. — Mas esses filhos não são meus.

Eles não cresceram como eu pensava que cresceriam. Encontraram seu próprio caminho e aprenderam a aceitar a morte. Eu estava orgulhoso deles.

— Kerrr…

Deixei o velho sacerdote para trás e voltei para a cidade subterrânea.

Agora sei o que fazer por eles.

O que eles precisavam era de apoio e encorajamento, não de salvação e preocupação.

Meus colegas estavam de volta ao enorme pilar construído pelos Cascomontes. Parecia que todos haviam visto como suas espécies estavam, assim como eu. A Bruxa Negra olhava para o chão, e o Viper estava com os braços cruzados, franzindo a testa.

O Inquisidor acenou para mim. 

— Ah, você chegou, senhor Rei da Morte! Você é o último! Já tomou sua decisão?

Assenti. 

— Sim. Não posso me render a você. Não deixarei as crianças que cuidei perderem seu sistema de escrita ou esquecerem sua terra natal.

— Aha. E então?

— Ajudarei os Terras a escaparem da sua civilização subterrânea, Inquisidor — disse. — E eliminarei você da competição.

O Inquisidor sorriu. 

Hahaha. Sabia que você diria isso. Como esperado! Tudo bem, arriscarei meus Cascomontes. Sua aposta são os Terras. Vamos travar uma guerra ao custo das espécies um do outro!

Essa foi nossa declaração de guerra.

 


 

Tradução: Rlc

Revisão: Pride

 

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