O Caçador Imortal de Classe SSS – Vol. 05 – Cap. 105 – A Maneira Como ele Ama (3)

Eu estava feliz por estar com ela. Seria exagero dizer que vivi por ela, mas não era mentira que viveria por ela. Fiquei feliz por poder dizer isso sem uma única mentira.

— Você está chorando de novo?

— Vamos fazer uma promessa — funguei.

Eu podia ser uma pessoa que se importava com alguém.

— Diga. Quero ouvir.

— Quando alguém estiver chorando, não pergunte se está chorando. E sejamos honestos aqui. Você está perguntando para me provocar, não é?

— Hmm. De vez em quando, você pode ser surpreendentemente esperto. No entanto, também é óbvio que você ainda não consegue ser esperto e calculista comigo. É raro encontrar alguém como você cujas reações valem a pena provocar…

— Prometa, por favor.

— Não quero. — Ela desviou o olhar de mim.

Ah, é bom quando ela diz “Não quero”. Eu realmente gosto… Eu te amo…

— Ahhh! Arghhhhh! Argh! Meus olhos! Urgh! Aaaahhhhh! Meus olhossssss! — O Guardião rolava freneticamente no ar. — Me salvem! Alguém salve o pobre fantasma aqui! Por que Tô sofrendo essa desgraça só porque não encontrei a paz eterna? Por que tenho que te ver corando em tempo real? Porra, meus olhos! Salvem minha existência, se■ Zumbi desgraçado!

Ah, Imperador da Espada. Tenho pena de você por não conhecer a beleza do amor.

— Cala a boca!

Raviel Ivansia, a dona do meu coração…

— Para com isso. Pa■…!

Estranhamente, a voz do Guardião soava um pouco mais distante que o normal. Sua voz era tão alta quanto uma buzina de trem, mas o volume estava ligeiramente reduzido agora.

Está acontecendo, eu acho.

O Guardião não era o único reagindo. Após congelar completamente quando Lady Lírio de Prata e eu compartilhamos nosso beijo, o ar descongelou lentamente e com dificuldade.

— L-Lady Lírio de Prata. O-o que você está fazendo…?

Ah, era incrível ver um ramen falar. Agora que olhava, parecia que esse macarrão loiro estava estragado e pertencia ao lixo.

— Peço desculpas por causar um tumulto. — Lady Lírio de Prata encostou a cabeça no meu ombro. — Não deveria ter me comportado assim em um lugar público, Vossa Alteza.

— Uh…

— Minha má conduta arruinou o Baile de Sormwin, mas também manchei sua honra em uma escala maior. Meu pecado é grave — disse Lady Lírio de Prata calmamente. Sua voz era pouco mais que um sussurro, mas isso era suficiente. Sua voz fria tinha o carisma de atrair a atenção das pessoas.

Todos presentes no salão de baile encaravam Lady Lírio de Prata perplexos.

— Por favor, me puna pelo meu pecado. Aceitarei a punição com prazer.

— P-punição?

— É difícil julgar que tipo de punição deve ser dada? Imagino que sim, então, em seu nome, me permita solicitar minha punição. A partir de hoje, me esforçarei para minimizar o dano à sua honra. Para isso, não ouso frequentar as aulas da academia. Refletirei silenciosamente sobre meus erros por um tempo. E… — Lady Lírio de Prata tirou um pequeno envelope de papel do bolso interno.

O Príncipe Herdeiro, ainda atordoado demais para recuperar os sentidos, aceitou o envelope sem reação. 

— Isso é…?

— Isso — disse Lady Lírio de Prata lentamente — é meu pedido de dispensa da academia.

Uma onda de emoções varreu o salão de baile como uma nevasca, justo quando o ar havia descongelado. Os rostos das jovens damas e lordes, especialmente o do loiro descartável, estavam cheios de choque.

— Como disse, manterei um perfil baixo até que meu pedido de dispensa seja aceito. Não pretendo nem receber visitas particulares. Por favor, me permita ser punida, Vossa Alteza.

— Ra-Ravi…?

— Sou profundamente grata pela sua permissão, Vossa Alteza. — Lady Lírio de Prata permaneceu encostada no meu ombro enquanto fazia uma reverência. Na verdade, era mais um aceno do que uma reverência.

Ela ainda tem sentimentos pelo Príncipe Herdeiro por causa da espada cravada no espelho…

Por um momento, tive que me perguntar se isso estava bem. Mas, pensando bem, Lady Lírio de Prata havia capturado os espiões do Príncipe e os matado, então estava tudo bem. Isso não era nada comparado àquela vez. Acima de tudo, ela parecia feliz, então não importava.

Lady Lírio de Prata segurou minha mão e puxou. 

— Vamos.

— Ah, sim — assenti rapidamente.

Então, após inundar o salão de baile com choque e medo, nós… fomos embora. Simplesmente fomos. E ninguém pôde nos impedir. Talvez conseguissem parar a mim ou a ela, mas não nós dois juntos. Íamos sair quando e se quiséssemos. Se alguém tentasse nos impedir… Como poderiam parar um casal de regressores?

O Inquisidor foi o único que nos seguiu ao sairmos do salão de baile.

— Senhor Rei da Morte! Senhor Rei da Morte! E quanto a completar este cenário? E o que foi aquele beijinho nos lábios ainda agora? Não entendi nada!

O Inquisidor era do tipo que chamava um beijo de beijinho. Incrível. Ouvi dizer que existiam pessoas assim no mundo, mas nunca pensei que ele fosse uma delas…

— Senhor Inquisidor.

— Sim, senhor Rei da Morte! A propósito, meu coração continua batendo forte toda vez que vejo você e a jovem lady juntos. Hmm, por que acha que é isso…?

— É sinal de ataque cardíaco. Cuidado.

— Um ataque cardíaco? Entendi.

— Sim, sim. De qualquer forma, vou trabalhar no cenário sozinho. Pode pensar nisso como férias. Te chamarei se precisar, senhor Inquisidor.

— Ah. Entendi. — O Inquisidor sorriu radiantemente. — Compreendido! Farei meus próprios julgamentos e operarei livremente!

Sua alegria sem limites era inquietante.

— Senhor Inquisidor.

— Sim!

— Você não pode matar pessoas.

— Ah, entendo!

— Também nada de tortura.

— Entendi. Tudo bem.

— Não deve sequestrar ou manter pessoas cativas sob o pretexto de coletar informações.

— Senhor Rei da Morte. — O Inquisidor parecia preocupado. — Então não tem nada que eu possa fazer.

— Está bem. Fique no seu quarto e leia um conto de fadas.

— Hum… Sim, entendi… — O Inquisidor se transformou em um corgi galês desanimado com orelhas caídas.

Com um suspiro, bati no ombro do Inquisidor. 

— Haverá um trabalho para você mais tarde, então apenas segure a barra até lá.

O Inquisidor encarou meu rosto. Após inclinar a cabeça três vezes, ele finalmente falou.

— Senhor Rei da Morte. Acabei de ouvir que meu nível de imersão aumentou. O que acha que é isso?

— Você está tendo um ataque cardíaco.

Por favor, não cause problemas.

— Todo o Império estará bastante agitado amanhã — disse Lady Lírio de Prata calmamente enquanto saíamos da academia. Estávamos em uma carruagem que ela possuía.

— É mesmo?

— Sou uma celebridade.

Ela havia dito que, por decidir desviar de sua vida usual, queria sair da academia. Obviamente, eu não tinha motivos para me opor.

— Cerca de duzentas cartas da alta sociedade da capital chegarão primeiro. O círculo social da minha cidade natal também enviará umas vinte cartas, e meu pai enviará mais dez. Sua Majestade pode enviar um mensageiro também. Diga que você tem um jeito de resolver isso, Gong-Ja.

— Hum… — abri a boca, mas logo parei. Ela acabou de me chamar de Gong-Ja em vez de mordomo? Era a primeira vez que ela me chamava pelo meu nome.

— O que foi? — Os olhos de Lady Lírio de Prata se curvaram provocadoramente. — Seu rosto está vermelho, Gong-Ja. Pegou um resfriado? Está frio à noite, mesmo na primavera. Gong-Ja. Sei que você tem um corpo bem quente, mas ainda assim deve ter cuidado para responder às minhas perguntas rapidamente, Gong-Ja.

Ugh. Eu deveria… pensar em uma resposta. Qualquer coisa…

— Q-quando você escreveu seu pedido de dispensa? Você o escreveu em segredo enquanto eu estava fora, não foi? Ah, sei que vamos repetir hoje, mas isso é um pouco fofo.

— Você é fofo. Essa é sua resposta? Achou que eu ficaria envergonhada se me chamasse de fofa? Toda essa ideia é fofa. Quer que eu te mime, Gong-Ja?

Fiquei sem palavras.

— Aceito sua rendição.

Mais uma vez, a vitória foi para Lady Lírio de Prata. Até eu sabia quem mandaria na relação. Por outro lado, passou pela minha cabeça que isso era uma vitória para minha vida. Nesse ponto, percebi que era um caso perdido.

— É pequena — disse Lady Lírio de Prata de repente. 

Ela olhava para a Academia Sormwin pela janela da carruagem enquanto nos afastávamos cada vez mais do lugar. 

— Sormwin foi estabelecida com o propósito de fortalecer a autoridade da Família Imperial. Para evitar possíveis conflitos de poder dentro do Império, os filhos de nobres e famílias influentes são praticamente forçados a se matricular na academia. Os estudantes recebem a mesma educação, na mesma língua, e seguem o mesmo cronograma, tudo para dar aos alunos a identidade unificada de cidadãos imperiais.

— Parece complicado.

— Estive lá por tempo demais — murmurou Lady Lírio de Prata. — Inveja, vaidade, arrogância, possessividade, luxúria… Tudo espreita fora do pequeno portão da academia. Estão apenas escondidos sob o nome de tradição e ordem, mas esse véu pode desaparecer a qualquer momento. No final, o Império que ele terá que governar está lá fora, não na academia. Não sei se Sua Alteza entende isso…

— Raviel.

Lady Lírio de Prata pausou.

— Se preocupe com o Império depois. Você já se sobrecarregou o suficiente. Por enquanto, pense apenas em mim, por favor. Isso sozinho vai te manter tão ocupada que você sentirá sua cabeça explodir.

A carruagem chacoalhava.

— Gong-Ja.

— Sim.

— Vou te matar se você ferir meu coração.

Senti um arrepio percorrer minha espinha.

— Entendeu?

— Sim, entendi.

— Diga o que entendeu.

— Não importa o que aconteça, nunca ferirei sua alma. Se o fizer acidentalmente, pedirei desculpas.

— Não é o suficiente. — Lady Lírio de Prata se levantou e sentou ao meu lado, colocando a mão sobre a minha.

Meu coração disparou, mas minha espinha ainda estava gelada. A pessoa por quem me apaixonei tinha fogo nos olhos e gelo na voz.

— Se você me trair, Gong-Ja…

— Sim.

— Me estrangule até a morte com suas próprias mãos. Não use coisas como sua aura. Com suas próprias mãos, me mate até que o dia em que nos conhecemos seja apagado deste mundo. Não me importo se levar centenas ou milhares de mortes. Eu te sentencio à minha morte.

Lady Lírio de Prata segurou minha mão levemente e a colocou em seu pescoço. Sua pele pálida era fria. Eu podia vagamente sentir seu gelo bem no meio do pescoço.

— E viva para sempre, lembrando que nunca te perdoarei. Você pode viver para sempre se desejar.

Minha mão enrijeceu. 

— Sim, posso.

— No momento em que me trair, você será banido para um inferno eterno — sussurrou Lady Lírio de Prata. — Entendeu?

— Entendi, Raviel.

— Se você tem um segredo para me contar, confesse agora.

— Tenho uma habilidade chamada Reencarnação da Legião de Monstros — revelei imediatamente. — Posso invocar aqueles que matei. Eles não têm as habilidades que tinham em vida, mas, se eu desejar, podem ter sua aparência e memórias.

— Entendo. Então, provavelmente, você pode me invocar também.

— Você morreu nove vezes comigo, então é possível invocar nove de você.

— Eu proíbo.

— Entendido.

Desde o início, não planejava invocar Lady Lírio de Prata de qualquer forma, não importava o que acontecesse. Mas suas palavras eliminaram completamente essa possibilidade.

O amor era uma promessa sagrada e um contrato, estávamos criando um código de lei apenas para nós dois.

— Vou adicionar mais uma coisa a fazer se você me trair: destrua essa habilidade.

— Eu destruirei.

Escolhi minhas próximas palavras com cuidado. Ela era a pessoa que eu amava, e seria a pessoa que me amaria. Eu precisava ser mais cuidadoso e valorizá-la mais do que qualquer outra pessoa no mundo.

— Desculpe por não te contar antes.

— Te perdoarei se você fizer uma promessa.

Assenti. 

— Estou ouvindo.

— Não cometa suicídio sem minha permissão. Não morra mesmo quando a morte for sua saída mais fácil. Você é meu amante, então não pode simplesmente jogar sua vida fora. Mesmo que a morte pareça inevitável, lute para sobreviver até o fim.

Silenciosamente, gravei nossa promessa no meu coração. 

— Sim, farei isso.

— Diga o que você quer de mim.

— Por favor, confie em mim quando eu pedir.

— Sempre confiarei em você.

A carruagem chacoalhava. Usando a pequena vibração como desculpa, ela e eu nos encostamos um no outro, e nossos lábios se encontraram. A partir daquele dia, nos tornamos o amor um do outro.