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Mushoku Tensei: Reencarnação Redundante – Vol. 01 – Cap. 03 – O Noivado de Norn (Parte 3)

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Pov Norn

Eu ia me casar com Ruijerd. Tudo aconteceu tão rápido. Meu irmão me fez todo tipo de perguntas, e eu lhe respondi com sinceridade. Depois, nem dez dias depois, ele marcou um encontro entre mim e Ruijerd. Ali mesmo, Ruijerd me disse que me amava e me pediu em casamento. Eu senti como se estivesse andando nas nuvens.

Os preparativos para o casamento, que seria realizado em dez dias, avançaram. Meu irmão e Ruijerd estavam preparando tudo, enquanto meu único trabalho era fazer minhas roupas de casamento com as mulheres Superd. A roupa era muito ao estilo Superd, como as que Ruijerd usava sempre.

O casamento seria realizado de acordo com o costume Superd. Sempre gostei da ideia de um casamento ao estilo de Millis, mas não fiquei descontente com um casamento ao estilo Superd, me lembrava que eu seria a noiva de Ruijerd. E todos os Superds eram pessoas maravilhosas. Não podia pedir mais. Além disso, Ruijerd provavelmente teria se sentido desconfortável se eu o beijasse na testa na frente de todo mundo.

Não importava o que acontecesse, meu irmão me disse para deixar tudo com ele. Aceitei tudo com gratidão. Embora eu quisesse um Colar de Millis. Talvez eu pedisse um. Afinal, esta seria provavelmente minha última oportunidade de pedir um mimo ao meu irmão.

Eram estes os tipos de coisas em que eu pensava enquanto arrumava meu quarto. Era o quarto que eu usava desde que Ruijerd me trouxe para cá com a Aisha. Sinceramente, depois de todo este tempo, meu dormitório parecia mais minha casa do que aqui. No entanto, enquanto arrumava, percebi que cada item guardava memórias. Havia a estatueta de Ruijerd que Zanoba me deu. Fiquei tão emocionada na primeira vez que a vi que lhe implorei por ela. Ficou no meu quarto do dormitório até a formatura. Olhar para ela se tornou parte da minha rotina diária. Não se parecia exatamente com Ruijerd, mas dava para ver que era ele. Sempre que a via, sentia saudades dele.

Depois havia minha espada de treino de madeira. Usei-a praticamente todos os dias desde que Eris começou a me ensinar a lutar com a espada. Não progredi muito, e sabia que não tinha talento para isso, mas não me importava. Brandir a espada era divertido, e não era como se eu quisesse ser a mais forte do mundo. Além disso, ninguém aqui em Sharia me disse que eu devia desistir se não fosse algo natural. Meu irmão não disse, claro, e nem Eris, Roxy ou Sylphie… Mesmo Zanoba e Cliff não comentaram, apesar de serem tão talentosos.

Agora eu entendia a grande bondade que tinham me feito e a importância de perseverar. Se não fosse pelo meu trabalho árduo, nunca teria me tornado presidente do conselho estudantil.

Nenhum dos membros do conselho estudantil enquanto eu era presidente tinha qualquer talento. Alguns dos professores nos chamavam de o primeiro conselho estudantil de burros desde a fundação da universidade, mas o vice-diretor Jenius me disse: “Os alunos estão muito mais pacíficos do que quando Ariel era presidente.” Na verdade, houve menos violência e crime na escola enquanto eu fui presidente do que na época de Ariel. Era possível que eu tivesse tido sorte, mas me pergunto se não foi pelo fato de nenhum de nós ter talento. O fato de sermos burros provavelmente significava que conseguíamos nos relacionar melhor com as necessidades do aluno médio, e os alunos, em troca, eram atenciosos com o conselho estudantil. Talvez pensassem que precisávamos da ajuda deles. A universidade tinha cerca de dez mil alunos, por isso, todos eles tendo um pouco mais de cuidado faria mais bem do que apenas uma dúzia de membros do conselho estudantil dando o seu melhor.

Eu já não usava meu uniforme escolar. Estava no armário. Ouvi dizer que Nanahoshi o tinha desenhado. Antes disso, todo mundo usava roupas diferentes, mas agora, todos, desde o delinquente mais assustador à beleza mais encantadora, se vestiam da mesma forma.

O uniforme me ajudou a fazer amigos, com certeza. Se usássemos roupas diferentes, nunca teria conseguido me relacionar com todo mundo no mesmo nível. Com a forma como os demônios, os homens-fera e pessoas assim se vestiam por vezes, eu nunca sequer teria me aproximado deles… Ou talvez eu esteja enganada. Aisha copiou a ideia e introduziu uniformes no Bando de Mercenários, o que foi um bom sinal de que era eficaz. Quer dizer, a Aisha estava fazendo isso.

Depois havia a espada do Pai, pendurada na parede. Ele usou aquela espada durante anos antes de se casar com minha mãe. Quando meu irmão dividiu os pertences do Pai após sua morte, a espada ficou para mim. Aisha ficou com a outra, mas meu irmão a recuperou logo em seguida, dizendo que ia usar em batalha. A armadura estava no quarto da Mãe.

Sempre que acontecia alguma coisa má, eu rezava a esta espada. O Pai não seguia a fé de Millis, e viveu uma vida que as pessoas fiéis desprezavam, mas eu o amava. Se ele ainda estivesse vivo, provavelmente estaria sempre o repreendendo. Mesmo assim, nunca conseguiria não gostar dele. Ele tentou; ele realmente tentou. Mas só porque se tenta não significa que as coisas vão dar certo — nem para meu irmão, nem para mim, nem para ninguém… Acho que é por isso que nunca deixei de amá-lo…

…Rezei ao meu pai hoje também.

— Vou me casar, Pai. — Eu disse. Isto era menos uma oração do que um anúncio. Meu irmão disse que ia muitas vezes ao túmulo do Pai para lhe contar as coisas que tinham acontecido, mesmo estando tão ocupado… Fiquei espantada com sua fé.

— O mano está fazendo tudo por mim no seu lugar, Pai. Até agora, tenho certeza de que fui um fardo para ele, mas apesar disso, ele está trabalhando o máximo que pode, sem se queixar. Não consigo expressar o quão grata lhe sou.

Eu tinha planejado anunciar meu casamento, mas acabei falando do meu irmão. Depois da morte do nosso pai e da nossa mãe ter ficado como ficou, ele assumiu o lugar do Pai. Claro que ele estava tão ocupado que houve momentos em que não conseguia tomar conta de mim, por isso não pude deixar de me perguntar se ele se ressentia da responsabilidade. Agora, no entanto, eu sabia que não era o caso.

Tenho esta memória de quando ainda nem conseguia engatinhar direito. Estava competindo com Aisha, acho eu. Não sei bem porquê. A Mãe estava na linha de chegada e, naturalmente, Aisha me venceu. Ela chegou à Mãe com uma velocidade incrível. A Mãe a pegou no colo e lhe disse que era uma boa menina e que tinha se saído muito bem. Quando vi aquilo, comecei a chorar. Minha mãe estava tão longe. Senti que Aisha a tinha tirado de mim e que eu não seria elogiada, por isso chorei.

Quando o fiz, a Mãe disse: “Venha, Norn. Estou aqui.” Ela esperou até eu chegar a ela, e depois fez questão de me elogiar.

Meu irmão era igual. Por mais lenta ou estúpida que eu fosse, ele esperava sempre. Era paciente e, embora por vezes ficasse atrapalhado, nunca desistiu de mim. Era sua maneira de preencher o lugar da Mãe.

Os preparativos do casamento, também. Meu irmão tratou de tudo por mim. Se o Pai ainda estivesse vivo, tenho certeza de que ele teria tratado de tudo. Poderia ter havido uma pequena discussão se ele não gostasse de Ruijerd, no entanto.

Ainda assim, tenho certeza de que quando chegasse a hora de eu me casar, ele teria dito: “Deixa comigo.” Foi provavelmente assim quando o Pai e a Mãe se casaram.

Perdida em meus pensamentos, terminei de arrumar meu quarto num instante. Nunca houve muitas coisas nele, para começar. Sem meus pertences, parecia verdadeiramente vazio. Lucie ou uma das outras ficaria com este quarto a seguir. Achei que estava suficientemente arrumado, por isso agora só faltava mudar minhas coisas para a casa de Ruijerd, na aldeia Superd.

Sinceramente, parecia um sonho. Depois de admirar Ruijerd para sempre, ia me casar com ele. Estava cheia de nervosismo. Era como Sylphie disse que tinha sido para ela — antes de começar a viver com um homem, se sente uma mistura de nervos e antecipação. Ruijerd era muito, muito mais velho do que eu, mas depois de nos casarmos, presumi que faríamos o que meu irmão, Sylphie e os outros faziam. Tinha aprendido a fazer na teoria, mas nunca tinha colocado em prática. Será que ele seria gentil? Será que eu conseguiria fazer tudo bem? Minha antecipação superava meus nervos. Estava cheia de excitação.

Fiquei tão feliz por ter dito ao meu irmão para avançar com o noivado.

Bateram à porta, e depois uma voz. 

— Ei, Norn? Tem um momento? — Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar, era Aisha.

— Sim, o que se passa?

— Hum… Posso falar com você? — Aisha entrou no meu quarto, com uma expressão desconfortável no rosto, e fechou a porta atrás de si. Aquilo era invulgar. Podia ter sido a primeira vez que Aisha se comportou assim comigo.

— Por que não se senta? — sugeri.

— Mm. — Aisha se sentou na cama. Afastei a bagagem que tinha arrumado para levar para a casa de Ruijerd e me sentei na cadeira.

— Então, hum… parabéns pelo seu casamento, Norn… Espera, não. Pelo seu noivado?

— Obrigada.

Agora que pensava nisso, quando meu irmão anunciou meu casamento, muitas pessoas me deram os parabéns. Mas Aisha não.

— Parece, não sei, estranho que você vá se casar.

— Você veio aqui para dizer isso?

— Não, hum… Norn, como é? Casar? — Aisha não olhava para mim. Mantinha os olhos desviados, como se estivesse perguntando algo que não devia.

— O que você quer dizer?

— Por que você vai em frente com isto?

Ah. É isso mesmo. Agora eu me lembrava. Teria sido Aisha que me disse aquilo?

Por que você se dá ao trabalho quando sabe que não tem talento?

Minha irmã mais nova nunca mudou. Tinha chegado à conclusão de que as palavras dela, que pareciam cruéis quando éramos pequenas, eram na verdade outra coisa. Ela era boa em tudo, por isso não entendia como era.

Não, na verdade, eu estava sendo muito generosa. Quando éramos pequenas, provavelmente havia alguma crueldade por trás disso; era por isso que eu não a suportava naquela altura. Mas ultimamente, tinha superado isso.

Quando foi que Aisha parou de ser má comigo…? Foi quando me tornei presidente do conselho estudantil? Não, talvez tenha sido antes… Não tinha certeza de quando, mas ela mudou muito desde que Lucie nasceu.

— Não sei bem o que dizer… Por um lado, este casamento serve a um propósito. E eu amo o Ruijerd.

— O que você quer dizer com “amor”?

— É como… sinto vontade de estar com ele, e quando o vejo, quero abraçá-lo. Esse tipo de coisa.

— Eu amo meu irmão. É um amor diferente?

— Eu… eu não sou você, Aisha, por isso não sei dizer.

— Acho que não… — Aisha esticou as pernas e se deitou na cama. — Simplesmente não entendo… Linia e Pursena não param de falar de casamento ultimamente. Dizendo que perdi minha oportunidade, ou que agora que esperei tanto tempo, não posso simplesmente me contentar. O casamento vale tanto alarido? Não tenho certeza. Quer dizer, logicamente, sei que devia querer, mas não é como se todo mundo pensasse nisso tão profundamente, certo?

— Aisha, você não quer se casar?

— Não sei.

— Não há ninguém por quem você tenha sentimentos?

— Não. Quando era pequena, pensei que me casaria com meu irmão, mas isso é diferente, de alguma forma. Mas nem consigo imaginar sair desta casa…

Aisha andava colada ao meu irmão desde pequena. A conheci em Millis pouco tempo depois de nosso pai ter se reerguido e começado um trabalho respeitável. Na altura, não conseguia pensar nela como minha irmã mais nova. Ouvi falar de pessoas que se casavam novamente com um parceiro que já tinha filhos pela minha amiga no dormitório, e acho que foi mais ou menos assim que me senti. Não ajudou o fato de Lilia a ter tratado menos como minha irmã mais nova e mais como uma espécie de empregada júnior. Quando comecei a vê-la como minha irmã? Talvez tenha sido quando fomos para a escola juntas em Millis ou durante nossa viagem para Sharia com Ruijerd e Ginger. De qualquer forma, quando começamos a viver aqui em Sharia, ela era minha irmã mais nova.

— Como você se sente agora? — perguntou Aisha.

— …Feliz.

— Feliz? Como assim?

— É difícil de pôr em palavras. Acho que sinto que não estou preocupada com nada. Sei que não vai ser perfeito, mas sem dúvida, haverá coisas boas.

Quando terminei de falar, Aisha se sentou e me olhou atentamente. 

— Isso é felicidade?

— Hm…?

— Quer dizer, eu me sinto assim praticamente o tempo todo.

— Isso significa que você é feliz o tempo todo, não é?

Aisha voltou a se deitar na cama. 

— Eh… Não, acho que não. Estou com um pouco de inveja. Sinto que finalmente perdi para você em alguma coisa.

— Não era uma competição!

— Não, eu perdi. Acho que perdi para você, Norn.

Em toda a minha vida, nunca tinha ganhado da Aisha em nada. Não era só a Aisha. Nunca me saí especialmente bem na escola. Minha taxa de vitórias nos testes de magia de batalha simulada era de 45 por cento, e mesmo que eu me esforçasse ao máximo, minha nota média nos testes era apenas de cerca de 80. Nunca cheguei perto de ser a melhor da minha turma.

Se competíssemos em algo que eu tivesse estudado mas ela não, talvez eu conseguisse ganhar uma ou duas vezes, mas depois de dez ou vinte rodadas, ela ganharia sempre. Aisha era inteligente: aprendia depressa e conseguia ir direto ao cerne da questão. Mas agora, ela finalmente tinha perdido em alguma coisa, e no entanto, não me senti muito satisfeita. Além disso, não era como se estivéssemos em competição — eu não ia me casar para vencer a Aisha.

— Ei, Norn?

— O que foi?

— Depois que você se casar, ainda posso ir te ver?

Isso também foi inesperado. Parecia que Aisha estava mantendo distância de mim, embora não o demonstrasse quando cuidava dos filhos do meu irmão. Era só que, quando eu estava sozinha, ela nunca se aproximava de mim nem falava comigo, a não ser que precisasse de alguma coisa.

— Sim, claro… que sim.

— Se você tiver um bebê, me deixa pegá-lo no colo, ok?

— Deixarei.

Um bebé…

Tinha feito todo tipo de perguntas a Sylphie. Embora provavelmente fosse muito cedo para pensar nisso, presumi que um dia aconteceria, e por isso queria estar preparada. Mesmo agora, Aisha cuidava dos filhos do meu irmão. Sylphie disse que ela era uma grande ajuda. Quando eu saísse desta casa, teria de criar meus filhos sozinha. Mais uma coisa para me preocupar. Será que eu conseguiria mesmo…?

Sylphie me garantiu que eu ficaria bem, e Roxy se preocupou comigo. Eris provavelmente diria “Eles se criam sozinhos” ou algo do gênero. Mesmo assim, isso me preocupava.

— Se for o caso, ficaria grata se você pudesse me ensinar o que não sei sobre criar filhos.

— Pode apostar!

— Obrigada. — Eu disse, seguido de uma gargalhada. Fiquei tão feliz por ver Aisha retribuir um sorriso.

Aisha e eu continuamos a conversar até tarde da noite. Nada de especialmente significativo, apenas um fluxo interminável de queixas vãs que não chegaram a nenhuma conclusão.

No dia seguinte, peguei meus pertences e me mudei para a casa de Ruijerd.

Pov Rudeus

O casamento de Norn e Ruijerd aconteceu na aldeia Superd, e foi feito ao estilo deles. Na noite de lua cheia, os aldeões vieram, cada um trazendo comida, e depois comeram todos juntos para celebrar os noivos. Eu não era um aldeão, mas naturalmente, trouxe um prato de comida e toda a família comigo. Éramos a família de Norn. Eu não aceitava um “não” como resposta. Não que alguém tenha tentado — pelo contrário, foram muito acolhedores.

Lilia e Aisha tinham feito a comida. Aisha parecia ter sentimentos muito complexos em relação ao casamento de Norn. Desde que foi decidido, eu a vi se meter em encrencas com Lilia inúmeras vezes por estar deitada no sofá, perdida em pensamentos. E alguns dias antes do casamento, Aisha e Norn ficaram acordadas até tarde falando sobre algo no quarto de Norn. O que será que foi?

De qualquer forma, Aisha provavelmente tinha muito em que pensar. Não era como se estivesse infeliz pela irmã ou algo do gênero. Ao fazer a comida para o casamento, ela não foi mesquinha — pelo contrário, deu o seu melhor. Procurou ingredientes de Millis e Asura para fazer um enorme bolo de frutas. Não tinha certeza se os Superd gostavam de comida doce, mas Roxy deu seu selo de aprovação. Por outro lado, Roxy era gulosa…

Este era o dia mais feliz da vida de Norn, por isso toda a família veio. Isso significava não só Arus, Sieg e as crianças pequenas, mas também Leo, Dillo e Byt. Orsted não era da família, mas foi ele quem arranjou o casamento, por isso observou de um canto sossegado. Também convidei os amigos de Norn em Sharia, e eles aceitaram com entusiasmo. Quando os amigos da escola secundária de Norn do conselho estudantil souberam que ela ia se casar, se curvaram diante de mim e imploraram por um convite.

Senti um pouco de pena do grupo de humanos tremendo, rodeados por uma multidão de Superd na praça, mas assim que viram o quão feliz Norn parecia, seus nervos começaram a se acalmar. Quando o banquete começou, eles já tinham entrado no espírito da coisa e fizeram fila para servir bebidas a Norn.

Ela parecia mesmo feliz. Quando estava em casa — ou melhor, quando estava comigo — costumava parecer mal-humorada. Durante todo o tempo em que esteve sentada ao lado de Ruijerd, ela sorriu, embora um pouco timidamente. De vez em quando, olhava na direção dele e ele, sentindo seu olhar, olhava de volta, e Norn corava e baixava o olhar. Vestindo uma roupa nupcial tradicional que as mulheres Superd tinham feito, com uma mesa cheia de comida à sua frente, ela olhou para o noivo e corou.

Como surpresa, também teve uma cerimônia ao estilo de Millis no meio, que correu muito bem. Pedi para Norn e Ruijerd se vestirem de branco puro. Quando voltaram, Cliff — o convidado surpresa — avançou para dar uma bênção ao estilo de Millis. Ruijerd colocou o colar que eu tinha preparado com antecedência ao redor do pescoço de Norn e se ajoelhou, e ela, corando furiosamente, lhe deu um beijo desajeitado na testa. Durante todo o processo, Norn parecia atordoada, mas quando tudo terminou, ela usava um sorriso lacrimejante. Estava realmente, verdadeiramente feliz.

— A Norn está mesmo bonita, né?

Era Aisha. Se eram as roupas que a tornavam bonita ou sua felicidade, não tinha certeza. Aisha olhava para a irmã com inveja.

— Um dia será você, Aisha.

— Não, não serei — respondeu ela secamente. Portanto, Aisha não planejava se casar. Pessoalmente, eu queria me despedir de Aisha também, tal como fiz com Norn… Oh, bem. O casamento não era tudo na vida. Não me importava que ela ficasse em casa.

Cara, a Norn era uma noiva. Era o suficiente para me deixar todo engasgado. Quando a conheci em Millis, ela era pequenina e pronta para lutar. Houve até um momento em que ela se fechou no seu quarto do dormitório depois de começar a escola. Quando era criança, as pessoas pensavam em Norn como uma garota difícil, má, desajeitada. Depois, ela se juntou ao conselho estudantil, cumpriu seus deveres como presidente do conselho estudantil de forma louvável e conquistou a admiração dos alunos mais novos.

E agora, estava casada.

— Snif. — Meu nariz ficou subitamente entupido.

Caro Paul,

A Norn cresceu e se tornou uma garota boa e bonita. Você está vendo? De jeito nenhum você não estaria, certo? Se não, se apresse e venha para cá.

— Não chore, mano.

— Chorando? Eu?

— Sim, você. Em vez de estar soluçando num canto, vá falar com a Norn.

— M-mm…

Os convidados estavam em fila para dar os parabéns aos noivos. Os Superd não tinham um costume como esse, mas talvez Cliff tivesse dito alguma coisa. Norn sorria enquanto agradecia a todos. Oh, era uma alegria. Seria mesmo correto eu interromper ali? Senti que ia estragar tudo.

— Você não acha que a Norn vai ficar irritada?

— Nem pensar.

— Não sei…

— Bem, eu sei.

Hesitei. 

— Vem comigo, Aisha?

— Não vejo por que não.

Não era como se eu estivesse tão preocupado com ela. Se alguma coisa, era comigo que eu estava preocupado. Eu ia soluçar com certeza. Ia chorar no dia mais feliz da vida de Norn. Ia ser uma confusão de choro e ranho, e todo mundo ia apontar e dizer que o irmão mais velho de Norn era um grande chorão.

Seria tão terrível? Sim. Ainda no outro dia, Ruijerd me disse para não chorar, por isso eu queria me aguentar. Queria pelo menos chegar em casa primeiro para poder chorar com o rosto enterrado no colo de Sylphie.

— Ok. — Eu disse. — Vamos, então.

Eu simplesmente não podia perder este momento com Norn. Então, com os outros a reboque, me aproximei dela.

— Oh. — Quando Norn nos viu, seus lábios se contraíram por um segundo. Quase de imediato, ela voltou a sorrir, mas parecia que talvez quisesse dizer alguma coisa.

Agora estou com medo…

Enquanto eu hesitava, Sylphie me ultrapassou para chegar primeiro a Norn.

— Parabéns pelo seu casamento, Norn.

— Obrigada, Sylphie.

— É trabalhoso, mas será gratificante. Certifique-se de falar sobre seus problemas e se esforçar ao máximo.

— Farei isso.

Sylphie sorriu para Norn e se afastou. A seguir na fila estava Eris.

— Parabéns, Norn!

— Obrigada, Eris.

— Não relaxe no seu treino de espada, entendeu? Ruijerd é duro, mas é seu trabalho apoiá-lo.

— Terei o cuidado de me lembrar.

Eris acenou com satisfação e se afastou. A seguir, ela se aproximou e começou a dizer algo para Ruijerd. Parecia: “Se você não proteger a Norn, eu acabo com você.” Era a nossa Eris.

Roxy avançou por trás de Eris. 

— Parabéns, Norn.

— Obrigada, Senhora Roxy.

— Não precisa continuar me chamando de “Senhora”… Bem, tudo bem. É a última vez, então me deixe dizer mais uma coisa como sua professora. Quando você se casa com alguém de uma raça diferente, espera-se que as pessoas ao seu redor tenham mais opiniões sobre isso do que vocês mesmos. Ignore. Continue como de costume, e todo mundo vai acabar te aceitando.

— O-obrigada, Senhora Roxy!

Depois de Roxy vieram Lilia e Zenith. 

— Parabéns, Senhora Norn.

— Lilia, Mãe… Obrigada.

— Acho que talvez eu não tenha sido uma presença positiva na sua vida, Senhora Norn. Todas as vezes que Aisha a fez infeliz, a culpa foi toda minha…

— Não diga isso. Lilia, você foi outra mãe para mim. Aisha é minha irmã mais nova. Sim, houve algumas coisas más, mas isso era apenas a vida. Não foi por sua causa, Lilia.

— Você é… Você é gentil demais… — Então ela soluçou. Enquanto estava ali toda aprumada, Lilia desatou a chorar. Literalmente tudo parecia fazer Lilia chorar hoje em dia. Zenith lhe deu tapinhas, fazendo sons reconfortantes, mas depois de um tempo, voltou sua atenção para Norn.

— Mãe? — disse Norn, mas Zenith ficou em silêncio. Com um pequeno sorriso, ela pegou a mão de Norn com as duas mãos, segurando-a com ternura, como se fosse algo precioso.

— Mã… M-Mãe… — gaguejou Norn. Zenith não disse nada, mas era impossível confundir seus sentimentos. Lágrimas começaram a escorrer pelas bochechas de Norn. Assim, soube que sua expressão anterior era ela contendo as lágrimas.

— M-Mãe, obrigada… O-obrigada… por tudo… — Norn mal conseguia falar. Quando chegou minha vez, seu rosto estava coberto de lágrimas e ranho. Mesmo sendo seu casamento, o dia mais feliz de sua vida…

— Irmão…

Por enquanto, tirei um lenço e o coloquei no nariz de Norn.

— Vamos, assoe com força.

— Eu consigo fazer isso sozinha — protestou Norn enquanto arrancava o lenço e assoou o nariz. Ela parecia incerta sobre o que fazer com o lenço, por isso o guardei de volta no meu bolso.

Então, encarei Norn mais uma vez. 

— Eu, uh… Norn… Parabéns.

— Irmão… — Norn olhou para mim, com a boca em uma linha.

O que eu deveria dizer? Eu podia jurar que tinha algo preparado, mas minha cabeça está vazia.

Quando hesitei, Norn disse: 

— Irmão, hum, obrigada por tudo. Eu… agora, estou tão feliz. E é tudo graças a você, eu sei que é.

Ela me disse que estava feliz, mas isso era claro só de olhar para ela.

— Não, não… É porque você tem se esforçado.

— Eu não fiz nada. Até o casamento foi graças a você!

— Norn, se você não estivesse se esforçando, Ruijerd nunca teria pedido sua mão.

Para Ruijerd, você era ou uma criança ou uma guerreira. Se ela não tivesse mudado, ele nunca a teria visto de forma diferente.

— Mesmo assim, obrigada. — Norn parecia que ia chorar de novo, então meti a mão no bolso para pegar o lenço. Assim que percebi que estava todo úmido, outro foi subitamente estendido ao meu lado, era Aisha. Peguei o lenço dela e enxuguei as lágrimas de Norn.

— Norn.

— Sim?

— Hum, não sei o que dizer, e todo mundo já disse as coisas importantes, então não sobrou muito.

— Sim?

— Haverá lutas e dor pela frente para você, mas… dê o seu melhor para… para ser sempre feliz.

Curiosamente, eu não chorei, tinha certeza de que choraria. Assim como antes, comecei a engasgar, mas as lágrimas em si haviam recuado. Ali, na frente de Norn, tudo o que senti foi orgulho.

— Eu… eu vou! — As lágrimas de Norn pararam, e ela sorriu para mim.

E assim, Norn se casou. A diferença de altura deles era quase tão grande quanto a diferença de idade, mas parecia que eles eram surpreendentemente compatíveis, de qualquer maneira. Um ano depois, Norn teve um bebê. Era a cara dela, mas com cabelo verde, uma cauda fofa e uma joia na testa, uma menina Superd. Eles a chamaram de Luicelia Superdia.

A cara que Orsted fez quando ouviu foi aterrorizante de se ver — ele estava sorrindo. Mas eu entendi. O nome que Orsted lembrava e o nome que Norn e Ruijerd haviam escolhido eram o mesmo.

 


 

Tradução: Gabriella

Revisão: Pride

 

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Foxxdie
Foxxdie
3 meses atrás

…mas parecia que eles eram surpreendentemente compatíveis, de qualquer maneira. (¬‿¬ )

Vanir
Vanir
3 meses atrás

Orsted sorrindo deve ser tipo uma cena de filme de terror kkkkk

Tartarugakk
2 meses atrás
Reply to  Vanir

Sorrisao deve ser q nem o carinha do buxa leveling🙏😭

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Tartarugakk
2 meses atrás

Casamento deu super certo, um pensamento meio bizarro que acontece, meio que a Aisha foi criada pra ser a esposa do Rudeus pela Lilia né? Que bglh problematico do k7, nesse ponto acho que todo mundo ja sabe com quem ela iria ter caso no futuro né, então… Obrigada pelo capitulo!

(01/10/25)

Ordnael42
Ordnael42
21 horas atrás
Reply to  Tartarugakk

Eu ouvi falar que isso vetado na ligth novel. Então não covem citar coisas da web novel.

22092012
27 dias atrás

Ah cara, nunca aguento quando acontece interações com a Zenith. Deve ser meu ponto fraco na obra inteira…

supremacy
Luiz
Luiz
10 dias atrás

Qual a chance da filha da norn ser um par romântico do orsted? Muita vindo de mushoku ksksksksk

Vol. 01 – Cap. 03