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Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 26 – Cap. 01 – A Ameaça do Deus Lutador

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POV SÁNDOR

Meu nome é Alex Kalman Rybak. Sou filho de sangue do Deus do Norte Kalman, herdeiro de suas artes e de seu nome. O Deus do Norte Kalman I… bem, nós não usamos o numeral quando falamos sobre ele, nós simplesmente o chamamos de Deus do Norte Kalman. De qualquer forma, o Deus do Norte Kalman I foi meu pai.

Eu, como Deus do Norte Kalman II, viajei pelo mundo em uma busca para me tornar um verdadeiro herói e trazer glória ao nome Kalman. Derrotei dragões, um behemoth gigantesco, um sacerdote maligno que tomou o controle de uma nação, um macaco gigante devorador de homens que assombrava as terras centrais do continente,  um tirano tolo e o guardião de um labirinto que dizimou muitos clãs do continente central.

Com a espada mágica mais forte do mundo, a resistência física que herdei de minha mãe e as técnicas com espadas mais poderosas desenvolvidas por meu pai, destruí todos que se opuseram a mim. Assim, ganhei o título e a reputação de ser o espadachim mais forte de todos. Isso me rendeu a gratidão e a mais alta estima das pessoas. Graças ao meu sangue de demônio imortal, mantive meu vigor e pude continuar sendo um herói mesmo com o passar dos longos anos, me sentia extasiado. Para mim, eu era invencível e assim continuei esmagando todos os meus oponentes, embriagado pelo meu próprio poder.

Contudo, um momento se destacou, um momento que me convenceu de que eu realmente era um herói.

Certo dia na estrada, um garoto jovem, ainda menor de idade, roubou minha espada mágica. Ele a levou para uma taverna de beco cheia de fracassados. O líder deles, um estudante do Estilo do Deus da Espada, de nível Santo da Espada, pegou a espada. Normalmente, eu teria acabado com um Santo da Espada facilmente com as mãos nuas.

Entretanto, você não acreditaria em como aquela luta se desenrolou. O poder temível da espada mágica elevou as habilidades daquele fracassado a um Imperador da Espada ou talvez até mais. Não importava que fosse a primeira vez que ele pegava a espada, eu quase não consegui derrotá-lo, mas a experiência me deixou profundamente abalado, e também com uma pergunta.

Eu sou realmente forte?

Enquanto estava lá, consumido pelo choque após a batalha, aquele espadachim derrotado disse: “É por sua causa que essas terras estão em caos”, o que trouxe uma lembrança à tona. Eu estava naquele país onde havia derrotado o sacerdote maligno que tomou o poder e o déspota insensato. O sacerdote era perverso, mas sua religião mantinha a nação estável, e o rei era um tirano, mas seu governo de ferro preservava a unidade nacional

As coisas estavam diferentes, aquelas terras agora eram conhecidas como a Zona de Conflito, outrora uma grande nação agora dividida em uma infinidade de pequenos países, todos lutando entre si. Quando um caía, outro surgia em um ciclo interminável, e todos estavam atolados em uma guerra na qual nem mesmo os vencedores eram poupados, nações maiores continuavam a devorar as menores enquanto pessoas continuavam morrendo, e tudo isso era culpa minha. Tudo porque decidi que o governante deles era mau e o derrotei sem me preocupar em considerar o que mais alguém pensava sobre isso, e minhas ações roubaram dessas pessoas a paz, reconhecendo este fato, fui deixado com outra pergunta.

Eu sou realmente um herói?

Por algum tempo, carreguei essas perguntas comigo. Deixei a espada mágica de lado e desisti de ser um herói.

Em outras palavras, a resposta que cheguei para ambas as perguntas foi “Não”.

Não me entenda mal, eu amo heróis, amo ouvir todas aquelas gloriosas epopeias heroicas e ainda me pego desejando ser como eles, mesmo agora. Infelizmente, eu não tinha talento para o heroísmo, embora ainda gostasse de pensar que talvez, com um pouco de sorte, quando o momento certo chegasse… Tenho certeza de que você entendeu. Você sabe que as pessoas não são tão simples assim. O que fiz quando desisti do heroísmo foi parar de me forçar a entrar no molde de herói.

Com isso, depois de refletir, troquei minha espada por um bastão e foquei meus esforços em treinar outras pessoas. Escolhi o bastão porque achava que era a melhor de todas as armas. É simples e você pode encontrar um bastão como esse em qualquer lugar, então não importa se for roubado, ele só é uma boa arma se você for um bom lutador. De uma perspectiva tática, também há uma vantagem em uma arma que é um pouco mais longa do que uma espada. Honestamente, qualquer coisa serviria, desde que não fosse uma espada mágica.

Quanto ao motivo de eu querer treinar outras pessoas, acho que muito disso pode ter vindo de… como dizer… um desejo de expiar meus pecados? Pareceu-me que eu havia sido horrivelmente desdenhoso com as pessoas ao meu redor, o que faz parecer que eu as considerava descartáveis, mas era mais como se eu dividisse o mundo entre o personagem principal (eu) e os coadjuvantes (todos os outros).

Eu me iludia ao pensar que era o protagonista, o que tornava fácil chamar as pessoas de más e julgá-las sem pensar nas consequências. O que é constrangedor lembrar. Todos são protagonistas em suas próprias vidas, todos têm seus próprios desejos, assim como eu. Por admirar tanto os heróis, meus feitos pareciam justos, mas a verdade não era tão grandiosa. Eu não era diferente dos governantes que derrubei.

Meu sonho de me tornar um herói era, em suma, mera ambição, e foi quando percebi isso que comecei a pensar que talvez fosse melhor ser um coadjuvante na história de um verdadeiro herói, do que um por direito próprio. Foi assim que aconteceu com meu pai, o Deus do Norte Kalman. Sim, ele lutou ao lado do Deus Dragão Urupen e do Rei Dragão Blindado Perugius como um dos Três Matadores de Deuses, mas, se pensar nisso como uma história, ele não era o protagonista. Ele sempre seria o protagonista aos meus olhos, é claro, para mim, ele era um herói de verdade, mas minha perspectiva não era a única.

O ponto é, foi por isso que tentei me colocar na mesma posição que ele, embora deva admitir que também pensei que ser mentor de um herói soava bem… Treinar todos aqueles alunos acabou sendo inesperadamente interessante e isso me deu um vislumbre de quanto mais havia no estilo Deus do Norte, coisas que nunca havia percebido. Alguns guerreiros nasceram com desvantagens físicas — alguns perderam os braços, outros eram cegos de nascença —, mas todos eles desenvolveram suas próprias maneiras de superar essas desvantagens, criando seus próprios caminhos para a vitória.

O estilo Deus do Norte que eu havia aprendido era o que meu pai ensinou à minha mãe. A esgrima dos demônios imortais se baseia na força bruta, utilizando de sua imortalidade o máximo possível, então achei que o estilo Deus do Norte era tudo sobre isso, mas, na verdade, o estilo Deus do Norte foi criado para que aqueles sem força ou que perderam algo pudessem sobreviver no campo de batalha, e foi ao treinar todos esses alunos que aprendi isso.

Além disso, coisas que pensava entender começaram a ganhar foco real uma após a outra, minha perspectiva se ampliou e ganhei o respeito de muitos. Esse respeito era um pouco mais suave do que o que eu havia experimentado quando era tido como um herói, mas, por algum motivo, isso me deixou mais feliz. Ao mesmo tempo, embora só tivesse começado a usá-lo para evitar qualquer coisa próximo a uma espada mágica, fiquei orgulhoso do meu bastão, minha escolha de arma, e percebi que me tornei firme em viver a filosofia do meu pai. O pensamento, lembro-me, trouxe lágrimas aos meus olhos e, depois disso, perdi o interesse em realizar feitos heroicos por mim mesmo.

Muitas coisas aconteceram depois disso até que acabei a serviço da Rainha Ariel. Nela, vi a mesma qualidade que vi no Rei Herói Gauniss. Minha avaliação não estava errada. Entrei para o serviço de Ariel e antes que percebesse, ela havia reunido um grupo de conselheiros notáveis e estabelecido uma base sólida para a governança de Asura.

Apesar dessa equipe que reuniu, Ariel não começou nenhuma guerra. Em vez disso, começou a implementar políticas para aumentar a prosperidade nacional. Ela investiu uma quantia particularmente grande em tecnologia mágica e nomeou jovens para seus ministérios. Quando perguntei por que estava fazendo tanto, a ponto de enfrentar oposição, sua resposta me surpreendeu. Disse que estava fazendo o que podia em sua vida para se opor a Laplace quando ele ressurgisse algumas décadas depois.

Maravilhosa! Que governante extraordinária! Verdadeiramente, eu não poderia ter escolhido uma mestra melhor!

Ou assim pensei. Só então comecei a investigar mais por conta própria e percebi o personagem sombrio que se movia nas sombras de Ariel. Essa pessoa era Rudeus Greyrat. Não demorou muito para eu perceber que ele era um seguidor do Deus Dragão. Ariel ficou feliz em me contar toda a história. Disse que o Deus Dragão Orsted a estava apoiando.

Eu já tinha ouvido falar da reputação desagradável do Deus Dragão. Alguém disse que ele havia apunhalado um aliado deles no coração sem aviso. Outro disse que ele os empurrou de um penhasco de repente. Outro, que ele roubou o prêmio que estavam prestes a ganhar. E outro ainda, que ele roubou um item mágico que acabavam de conseguir. Eu geralmente não dou muita importância a relatos de observadores, mas cada história que encontrei repetia que ele havia cometido delitos.

Eu tive o privilégio de estar na presença do indivíduo em questão em uma ocasião… Apenas uma olhada nele me encheu de medo. O Deus Dragão e o Deus do Norte são aliados jurados e o laço de amizade entre o Deus do Norte Kalman e o Deus Dragão Urupen nunca será quebrado. Era impensável que eu sentisse medo em relação ao homem que carregava o nome de Deus Dragão, mesmo sendo grato a ele. Pelo contrário, eu queria nutrir uma amizade com este Deus Dragão desta geração. Ainda assim, senti medo

Especulei que talvez fosse uma maldição, uma maldição que fazia todos que o vissem temê-lo. Não demorou até descobrir que estava certo, mas essa é uma história para outro momento. Por causa dessa pesada maldição, essa foi a primeira vez que encontrei alguém que o servia. Este Rudeus Greyrat… Quer saber minha primeira impressão dele? Bem, tudo bem. Achei que ele parecia fraco. Havia uma inteligência nele também, mas era mais astúcia do que inteligência. Ele parecia trivial. Depois do que a Rainha Ariel e Ghislaine me disseram, eu esperava alguém impressionante, mas, pessoalmente, ele era completamente comum.

Apesar disso, ele não me parecia o tipo de pessoa que se aproveita dos grandes guerreiros ou dos poderosos. O contraste entre o homem e a estima que inspirava me intrigava, e me perguntei se ele poderia realmente ser um herói em potencial. Com isso, quando a Rainha Ariel me enviou para ser seu apoio, aceitei a tarefa com entusiasmo

Então, participei de uma batalha emocionante, que contou com o Rei Abissal, o Deus Ogro, o Deus da Espada e meu próprio filho, o Deus do Norte Kalman III. Começou com esquemas ardilosos, depois explodiu em conflito aberto… Foi como uma das batalhas de quando eu estava tentando ser um herói. De fato, seria difícil encontrar uma batalha tão ardente quanto aquela nos dias de hoje, estava no nível das batalhas que lutei no passado.

Mal sabia eu que havia muito mais por vir.

Entra em cena o Deus Lutador. O ser supremo que, muito antes da Guerra de Laplace, havia encerrado a Segunda Grande Guerra Humano-Demônio. Nunca imaginei que ele acabaria sendo o Tio Badigadi, mas pensando bem, era algo bem a cara dele. Aquele cabeça-dura sempre agia como se houvesse mais nele do que aparentava. Minha mãe costumava dizer: “Badi finge ser esperto, mas na verdade ele é um idiota”. Não é o contrário? Pensava. Ele não está fingindo ser um idiota? As pessoas não acham que você é um idiota porque você interpreta isso de forma errada? Mas agora que chegamos a este ponto, eu meio que entendi o que ela queria dizer. Um idiota fingindo ser esperto… sim, isso era justo.

De qualquer forma, de volta ao Deus Lutador Badigadi. Se as lendas fossem verdadeiras, ele era o ser supremo, causando estragos durante a Segunda Grande Guerra Humano-Demônio e consolidando sua posição como Número Três dos Sete Grandes Poderes.

Enfrentando-o, pensei, eu realmente nunca tive o que é preciso para ser um herói.

Veja, um ser lendário como ele jamais apareceu em minha história. Havia oponentes desafiadores, é claro, e outros cuja força me impressionava. Eu os respeitava. Contudo, depois que peguei a espada mágica, nunca encontrei outro oponente que me superasse. Não até largar a espada, meu nome e meu título; não até desistir de ser o protagonista da minha própria história e me comprometer com a luta de outra pessoa como um coadjuvante, que um oponente lendário finalmente apareceu. Talvez Rudeus Greyrat fosse realmente herói em potencial. Ele provavelmente não gostaria que eu dissesse isso, mas é assim que é para os heróis. Eles encontram os inimigos que estão destinados a derrotar.

E eu encontrei aqueles destinados a me derrotar.

— As coisas nunca acontecem como você gostaria… — murmurei. Nas minhas mãos agora não havia uma espada mágica, mas um bastão comum. Você não poderia pedir uma arma mais inadequada para enfrentar o Deus Lutador. Não renderia nem uma boa cena para a epopeia heroica que seria escrita mais tarde.

— Fwahahaha! Essa é a natureza da vida e da morte! — declarou Badigadi.

— Isso não tem muito peso, vindo de você.

— Bah! Nada na minha vida aconteceu como eu gostaria!

— É mesmo? Por favor, me conte. Estou cativado. Quando tentava ser um herói, não me envolvia em trocas de provocações como essa, mas me tornei um coadjuvante. Mesmo quando seu objetivo é simplesmente ganhar tempo, um guerreiro lendário se esforça ao máximo. Badigadi era o Rei Demônio Sábio. Ao contrário de sua aparência, ele era muito instruído, e gostava de compartilhar seu conhecimento com as pessoas. Dizer que eu estava interessado seria o suficiente para fazê-lo falar.

Infelizmente, não era para ser. O demônio com rosto de macaco ao seu lado interrompeu nossa conversa:

— Não temos tempo para isso. Vamos, amigo, acabe logo com esse cara e vá atrás do chefe.

Tive a sensação de que já tinha visto o rosto dele antes, mas não conseguia me lembrar de onde. Não senti nenhuma ameaça na maneira como ele se portava. Ele não parecia tão importante. Em seu rosto, no entanto, vi uma resolução extraordinária. Isso não era tão surpreendente, dado que ele acompanhava o Deus Lutador na batalha.

— Fwahahaha! Muito bem! Mas este aqui é um ex-herói e tem uma legião de seguidores fervorosos ao redor do mundo. Você não pode simplesmente tratá-lo como lixo.

— Eu sei disso, caramba. Só que sei outra coisa também, amigo. As chances do Deus do Norte Kalman II vencer o Deus Lutador Badigadi nesta luta são bem próximas de zero.

— Oho! Zero, é?

— Olha, eu sei como isso funciona. O Deus do Norte com a lábia vai te ter na palma da mão se você deixá-lo falar.

— Fwahahaha! Nunca em meus sonhos mais loucos seria enganado por gente como o Alex!

— Grandes palavras de um cara que foi enganado por mim.

— Vocês são diferentes. Prefiro mil vezes você e sua determinação do que um inútil indeciso que corria por aí fazendo alarde de como ele seria um herói até que enfrentasse um contratempo, abandonasse a ideia e se contentasse com um papel secundário.

O Deus Lutador voltou-se para mim. Meu plano havia falhado… Admito que doeu um pouco que o Tio Badi pensasse em mim como um “inútil”. Eu gostava de pensar que havia colocado alguma consideração na posição onde me encontro agora.

Entretanto, mais importante, talvez isso significasse que o demônio com rosto de macaco realmente se esforçou para conquistar meu tio, esse deve ser o Geese. Melhor eu tomar cuidado com ele. Afinal, ele era o homem que Rudeus Greyrat estava caçando.

— Fwahaha! Então prepare-se!  De repente, a armadura dourada avançou em minha direção com um poder feroz. Eu não sentia tanta força bruta desde que enfrentei a Lâmina do Rei Dragão Kajakut, antes de portar a espada mágica.

Esta pode muito bem ser minha última luta. Eu poderia estar carente de força, mas a vida estava me dando um rival digno. Era hora de lutar e deixar o destino decidir quem eu era.

— Venha então! — gritei, encarando Badigadi. — Eu, Alex Rybak, Deus do Norte Kalman II, serei seu oponente!

 

Separador Mushoku

 

Já foi alguma vez espancado e jogado fora como um trapo velho em menos de cinco minutos? E para piorar, isso aconteceu quando você alcançou uma idade venerável e foi renomado como professor?

Isso aconteceu comigo. Agora mesmo. O Deus Lutador Badigadi era forte. Este era meu velho tio que, de vez em quando, gostava de deixar escapar comentários enigmáticos com um ar de importância sobre seu passado e habilidades; nunca pensei que ele seria tão forte. A única coisa que pensei quando treinei com ele no passado foi que ele poderia ser um rei demônio, mas assumi que ele não era nada em comparação a minha mãe. No entanto, agora, em poucos golpes, ele quebrou meu bastão em dois e me espancou até virar uma polpa. Estava confiante em minha habilidade com o bastão e com os punhos, mas ele me esmagou como se as habilidades que eu havia aperfeiçoado nos últimos cem anos não significassem nada.

Esse era o poder do Deus Lutador. À primeira vista, você poderia pensar que ele simplesmente aumentou sua força e velocidade. Trocar golpes com ele revelou o grau inacreditável que a armadura melhorou suas defesas. Badigadi não seria uma força a desafiar-me com uma armadura comum. Eu poderia tê-lo derrotado de mãos vazias, enquanto ele nunca me rivalizaria em condições semelhantes.

Pensando nisso, isso não era uma surpresa. A armadura existe para protegê-lo, como uma técnica defensiva. Colocar uma armadura que aprimora suas habilidades obviamente aprimora isso também. Adicione uma lacuna insuperável em poder fundamental e velocidade em cima disso e seu oponente estará em um verdadeiro aperto. É como um rato tentando matar um dragão. O dragão pode morrer de algum veneno ou doença carregada pelo rato, mas, infelizmente, a pessoa dentro daquela armadura agora era mais resistente a essas coisas do que qualquer outra pessoa viva. Demônios imortais não morrem. O veneno os afeta e eles podem adoecer, mas nenhum deles levará a morte para um demônio imortal.

Eu não tinha meios de infligir danos à Armadura do Deus Lutador. Estava em apuros. Se tivesse uma espada mágica… se tivesse a Lâmina do Rei Dragão Kajakut… Havia tanto poder envolvido naquela espada que, com ela, eu poderia ter feito algo.

Todavia, como aprendi, um verdadeiro herói é aquele que usa sua inteligência quando não é forte o suficiente. Não como se eu fosse o sujeito mais esperto. O sangue da infame rei demônio imortal Atoferatofe corria em minhas veias, então não havia chance disso. Eu tinha momentos de engenhosidade, mas quando a situação exigia, eu recorria à força bruta. Não é de admirar que tenha acabado dependente de minha espada mágica e roubando a paz das pessoas.

Porém, isso não seria suficiente desta vez. Eu precisava fazer alguma coisa… mas estava perdido.

Nosso Pai que estás no céu, conceda-me sabedoria.

— Yaaaargh! — Nesse momento, ouvi uma voz familiar feminina: minha mãe. Lá estava a Rei Demônio Imortal Atoferatofe, de pé um pouco acima de nós, e ela não estava sozinha. À distância, pude ver a figura gigantesca do Deus Ogro. De alguma forma, também senti que os outros estavam se apressando para a cena.

— Vamos, devemos recuar e… —  Comecei a dizer, mas parei. Os outros eram uma coisa, mas minha mãe não seria impedida agora que ouviu que o inimigo estava atacando. O Deus Ogro, que fez da proteção desta área sua missão de vida, se juntaria a ela. Se Atofe e o Deus Ogro começassem a lutar, faria feio se eu não me juntasse a eles. Quanto ao poder de combate, nós três estávamos entre os maiores vivos, modéstia parte.

— Whoa! — Neste momento, algo pesado caiu bem na minha frente: uma mulher. Embora… de alguma forma, havia algo um pouco constrangedor em chamá-la de mulher, mesmo que fosse preciso.

— Mwaaahahahahaha! — Era minha mãe. A Rei Demônio Imortal Atoferatofe havia chegado, descendo com uma dramatização calculada.

— Eu vou te apoiar — disse ela. Como regra, você não poderia pedir todas as razões para o que minha mãe fazia. Demônios Imortais, como espécie, agem de acordo com o momento, segundo suas próprias regras peculiares.

— Fwahaha! Minha irmã, este patife acabou de me desafiar para um combate individual! Você interferiria em um duelo entre rei demônio e campeão?

Uma dessas regras peculiares era: Combate individual deve ser observado sem interferência.

— Eh? Isso é verdade? — Ela questinou.

— O quê? Eu nunca disse que era.

Mentir descaradamente é outra das habilidades cultivadas no Estilo Deus do Norte.

— Ele disse que nunca disse isso!

— Fwahahahaha! Você é realmente uma idiota, minha irmã!

— Vai se ferrar! Eu não sou idiota!

Mesmo que não fosse um combate individual, não era do feitio da minha mãe oferecer apoio a ninguém. Talvez, para ela, o fato de estarmos lutando contra um rei demônio fizesse do nosso lado o campeão. Se assim fosse, isso era incomum. Seu papel de rei demônio era um ponto de orgulho para ela, algo que considerava de muita importância. Raramente ela se afastava desse papel, pelo menos até agora. Talvez agir como alguém próximo de Rudeus tenha provocado alguma mudança nela. Ou então ela tinha alguma história com a Armadura do Deus Lutador.

— Sándor!

O resto da equipe havia chegado. Estavam lá o Mestre Rudeus, a Senhorita Eris, o Mestre Cliff, a Senhorita Elinalise e até o Capitão da Guarda Moore. Isso era encorajador. Embora fizesse meu coração inchar, eu me perguntava se seria suficiente para uma chance de vitória…

Ah, bem. Nada a fazer a não ser tentar.

— Mestre Rudeus…

— Recuem e recebam tratamento! Vamos segurá-lo aqui!

Ah, não, pensei. Rudeus estava focado demais no que estava bem na frente dele. Ele provavelmente pensava que o arqui-inimigo que perseguiu por todo esse tempo havia aparecido do nada e parecia pronto para lutar, que fomos pegos de surpresa, mas estávamos nos reorganizando. Contudo, ele não poderia estar mais errado.

Todavia, ele não iria ouvir se eu recomendasse que recuássemos agora. Sem um plano, se recuássemos aqui, estaríamos presos. Eu não tinha ideia de como seria um plano adequado.

O que significava que realmente tínhamos que fazer isso agora.

Não era que fosse uma má ideia da parte do Mestre Rudeus, de forma alguma. Eu só via isso por causa da luta que acabei de passar: com o poder que temos agora, não podemos derrotar o Deus Lutador Badigadi.

 

Separador Mushoku

 

Nossa batalha com Badigadi começou comigo submerso no oceano até a cintura. Envolvidos em combate corpo a corpo estavam minha mãe e o Deus Ogro, assim como a Senhorita Eris e o Mestre Ruijerd. Depois que o Mestre Cliff lançou um feitiço de cura em mim, eu os apoiei à distância. Contra um inimigo tão mortal, precisávamos ter em mente toda a situação.

Badigadi enfrentou todos os quatro com Geese ainda montado em seu ombro. Mesmo com o peso de Geese, Badigadi lidava com seus oponentes como se fossem crianças pequenas.

— Gyahhh! — Mesmo à distância, pude ver que minha mãe estava furiosa. Você não adivinharia ao olhar para ela, mas ela era completamente iniciada no Estilo Deus do Norte. Nossas artes fizeram grandes avanços nos últimos cem anos. Além disso, ela era uma rei demônio imortal. Depois de incontáveis milhares de anos aterrorizando os humanos, seu poder era incontestável. Apenas seu nome já era o suficiente para fazer qualquer rei demônio que a conhecia tremer.

No entanto, estava impotente contra Badigadi, assim como os outros três. A espada da Senhorita Eris se movia rápido demais para os olhos verem, mas não conseguia cortar Badigadi. Os golpes precisos do Mestre Ruijerd eram todos desviados.

Badigadi dominava a situação.

A guarda pessoal de Atofe o cercava à distância, lançando magia sobre ele. Flechas de gelo, flechas de fogo e canhões de pedra choviam sobre Badigadi, mas era como se cada movimento fosse abafado antes de atingir o alvo. Os feitiços dos guardas não atingiam Geese. Era esse o poder da Armadura do Deus Lutador, ou Geese estava usando um item mágico? Provavelmente o último. Eu não sabia muito sobre Geese, mas tinha certeza de que ele havia feito sua lição de casa em relação ao Mestre Rudeus. O Deus-Homem estava envolvido aqui, então era melhor assumir que ele tinha um plano para nos combater. Em outras palavras, nossa primeira prioridade era derrubar Geese. Infelizmente, só de olhar para o quanto minha mãe estava lutando, eu sabia que chegar perto dele não seria uma tarefa fácil.

— Vou atacá-lo com magia primeiro! — Rudeus gritou. — Cubram-me! — Depois de observar a batalha por um tempo, o Mestre Rudeus parecia ter tomado uma decisão. Apesar de parecer um pouco covarde, quando o momento de crise chegava, ele não fugia.

Ele inspirou profundamente. Consegui sentir a magia se reunindo em suas mãos. Por um momento, hesitei, incerto se ele poderia pegar minha mãe e o Deus Ogro no que quer que estivesse planejando fazer. Seu alvo… bem, quem mais seria? Era Geese. Ele chegou à mesma conclusão que eu. Com sua magia, deveria ser simples atacar diretamente um oponente de quem tinha uma linha de visão clara.

Que tipo de magia ele estava planejando usar? Os feitiços que ele preferia eram Canhão de Pedra, Atoleiro e Névoa Profunda… Mas os Canhões de Pedra que os guardas estavam lançando estavam sendo vaporizados.

— Certo. — O Mestre Rudeus levantou a mão acima da cabeça e uma rajada repentina de vento começou a soprar. O ar crepitou com magia desenfreada. Eu olhei para o céu e vi de imediato que nuvens negras haviam fechado sobre o céu escuro. Elas estavam crescendo. Começou a chover ao nosso redor. À distância, um trovão retumbou e o vento uivou, levantando ondas no oceano. Isso devia ser o feitiço de água de nível Santo, Cumulonimbus… exceto que esse feitiço era exclusivamente para uso contra exércitos inimigos. Mesmo que funcionasse contra o Deus Lutador, também causaria danos terríveis aos nossos aliados. O oceano se inchou diante dos meus olhos. À medida que as ondas começaram a crescer, minha mãe e os outros pareciam estar se esforçando um pouco. Só um pouco, devo acrescentar.

O Mestre Rudeus provavelmente pretendia lançar o feitiço de água de nível Rei, Raio, logo além deles. Normalmente, você comprime o Cumulonimbus antes que ele esteja completo e o traz como raio. Desta vez, as nuvens continuaram a se expandir. Tornados se formaram ao redor delas, os ventos ferozes e a chuva chicoteavam meu rosto. Com meu entendimento limitado de magia, eu não teria visto, mas conhecia estratégia ofensiva, então eu entendi: uma técnica especial. O Mestre Rudeus estava prestes a usar uma técnica especial.

As ondas cresceram mais alto, e o impacto causado pelo choque dos três que continuavam a lutar ergueram colunas de água. Nuvens preencheram todo o céu. Estava escuro e eu não conseguia ver nem cinquenta metros à minha frente devido à chuva. Mesmo assim, enquanto não perdia de vista meu oponente, não ficaria surpreso se esses lutadores tivessem perdido de vista Rudeus. Ele, por outro lado, estava auxiliado pelo Olho da Visão Distante.

O olho demoníaco estaria, sem dúvida, fixado, como de costume, nos três lutadores. O Rei Demônio Badigadi neutralizava o poder dos olhos demoníacos, então ele, e Geese em seu ombro, seriam quase impossíveis de distinguir. Contudo, o Mestre Rudeus deveria ser capaz de ver Atofe e o Deus Ogro, e assim saber onde mirar.

 

 

 

A mão erguida do Mestre Rudeus se fechou em um punho. Uma acumulação de magia, tão enorme que fez meu cabelo se arrepiar, subiu aos céus. Assim, as nuvens se contraíram. Nuvens que pareciam cobrir o mundo inteiro desapareceram em um instante.

Eu podia ver a lua.

Ele estava esperando o momento certo. Eu não disse nada. Nem “Agora!” ou “Ao meu sinal!” ou qualquer outra coisa. Por quê? Porque o Mestre Rudeus sabia o que estava fazendo. Ele não erraria o alvo.

Minha mãe e o Deus Ogro atacaram de uma só vez, e Badigadi os repeliu. Por uma fração de segundo, havia uma distância entre eles e o Deus Lutador.

Este foi o momento, Rudeus abaixou o braço.

— Raio.

Não era como nenhum Raio que já tivesse visto antes. Aquele feitiço comprimia nuvens de trovão para trazer um raio envolto em relâmpagos, mas o que desceu agora não foi um raio. Foi uma coluna de luz. No momento em que se materializou, todo o som ao nosso redor foi silenciado. Por um momento, a chuva parou… e o mundo foi envolto em um silêncio gélido e brilhante.

Sob a coluna de luz, uma vasta torre de água se ergueu. Então veio um estrondo ensurdecedor, semelhante ao trovão após um relâmpago comum, martelando meus tímpanos.

— …e… para… da terra… — Através do rugido, ouvi trechos da invocação do Mestre Cliff. Em resposta, o Mestre Rudeus começou a preparar outro feitiço.

Uma massa de água correndo em minha direção obscureceu minha visão. O impacto de seu feitiço havia levantado um tsunami colossal no nível de um Apocalipse. Diante dos meus olhos, a água se aproximava rapidamente, engolindo tudo em seu caminho.

— Tempestade de Areia. — A água colidiu com a massa de areia e as duas se chocaram, anulando uma à outra. Combinando a magia do Mestre Rudeus e do Mestre Cliff, a água se dissipou em chuva marrom, enlameando as águas do oceano e a praia. Observei a chuva cair, depois voltei minha atenção para o Deus Lutador.

Estreitei os olhos, tentando localizar um traço de dourado.

Não encontrei nada. Não consegui distinguir nenhum vestígio dele.

— Será que acertei? — murmurou o Mestre Rudeus, talvez sem perceber que havia falado em voz alta.

Não que dizer isso pudesse nos roubar a vitória, mas ainda assim era uma frase azarada. Eu sabia por experiência. Se você está murmurando “Será que acertei?”, não acertou.

Eu me contraí, sentindo algo acima de mim. Olhei para cima, a Senhorita Eris e o Mestre Ruijerd pareciam ter percebido também. Um segundo depois, uma coluna de areia se materializou. Algo estava descendo do céu. Mesmo encharcado pela chuva lamacenta, aquilo brilhava.

Dourado.

— Ugh. — Ouvi o Mestre Rudeus grunhir.

A coisa atingiu o chão bem à frente dele. Mesmo na Armadura Mágica, a armadura dourada tinha o dobro do tamanho dele. O que estava por baixo daquele capacete era realmente o rosto que eu conhecia?

— Pensei que era meu fim. — Veio uma voz do ombro da armadura. A fonte era o demônio com rosto de macaco, Geese Nukadia, encharcado de lama.

Então, a armadura falou:

— Eu sou o Deus Lutador Badigadi! Amigo do Deus-Homem, herdeiro do nome Deus Lutador! Eu desafio Rudeus Greyrat para um combate singular!

— N-não, obrigado!

— Fwahahaha! Você está desperdiçando sua saliva!

Não havia tempo para detê-lo. O soco da armadura dourada atingiu Rudeus diretamente. Um golpe foi tudo o que bastou, um único golpe e a Armadura Mágica se desfez. Rudeus foi arremessado ao céu, caindo de volta ao chão com um baque.

— Rudeus! — O grito da Senhorita Eris ecoou ao nosso redor.

 

Separador Mushoku

 

Já viu alguém ser espancado e jogado fora como um trapo velho?

Eu vi. Mais vezes do que posso contar e já fiz isso com as minhas próprias mãos. Desta vez, não estava do lado que deu a surra. Agora mesmo, a majestosa Armadura Mágica havia sido reduzida a sucata e Rudeus foi lançado dela como uma boneca de pano. Ele estava de bruços a princípio, então não consegui ver, mas ele estava, no mínimo, despedaçado o suficiente para fazer os frequentadores esfarrapados da sua taverna rirem e dizer: “Está bem bonito, rapaz!”

Nos dez segundos seguintes, o restante do nosso lado desmoronou.

Minha mãe explodiu. O ataque deixou apenas suas pernas para trás, e agora ela precisava se regenerar. Claro, ela estaria de volta, gargalhando em pouco tempo. O Deus Ogro foi espancado até ficar coberto de hematomas e seu braço foi quebrado. Ogros são difíceis de matar, mas pelo volume de sangue saindo de sua boca, se ele não recebesse um feitiço de cura em breve, iria morrer.

Com Rudeus caído, a moral despencou. A Senhorita Eris correu para o lado de Rudeus, chamando por ele enquanto segurava sua espada em posição de defesa. O Mestre Ruijerd não era covarde o suficiente para desistir da luta só porque seu comandante caiu, mas estava visivelmente abalado. O Mestre Cliff estava sem coragem, e o escudo da Senhorita Elinalise foi quebrado, forçando sua retirada. Moore lutaria até a morte por minha mãe, mas sem ela, ele parecia decidido a recuar.

O momento havia chegado.

Eu me abaixei e peguei a espada caída da minha mãe, a espada do Rei Demônio Atoferatofe. Uma das quarenta e oito espadas mágicas forjadas pelo grande ferreiro de espadas demônio Julian Harisco. Este era o sabre mágico Quebra-Mandíbulas. Aquele velho e grosseiro ferreiro tinha feito uma oferta dessa espada para minha mãe em honra ao seu pai. Aparentemente, ela demonstrou uma rara exibição de seriedade ao aceitar a oferta e, desde aquele dia, ela a mantinha consigo o tempo todo. Nunca permitiu que outra pessoa a empunhasse.

Bem. Com isso, eu poderia soltar um pouco de minha força.

— Mestre Ruijerd! Mestre Moore! — Os dois olharam para mim por apenas um segundo. Não tinham toda a atenção para me dar, mas estavam ouvindo. — Vou criar uma abertura para vocês! Recuem!

Todas as epopeias heroicas chegam ao fim, contos de fadas fecham com um grande final após a derrota de um rei demônio maligno, mas a realidade não é tão generosa. Quase sempre, o fim é bastante tedioso. Você desafiou um inimigo maior do que você, ou caiu em uma armadilha, ou então foi desafiado por um novo herói. Você perdeu. Você morreu. Foi assim que aconteceu com meu pai, o Deus do Norte Kalman.

Não importa o quão incrível um herói possa ser, não importa o quão forte, enquanto estiver envolvido em guerras, a derrota e a morte certamente os alcançarão eventualmente. Um herói, afinal de contas, é heroico. Mesmo quando sabem que o herói morre no final, as pessoas se iluminam com suas façanhas gloriosas. O caminho dos heróis se imprime em seus corações.

Minha morte aqui não seria registrada em lugar nenhum, porém… Assim como a morte de meu pai, o Deus do Norte Kalman. A morte que enfrentou nunca foi registrada.

Bem, eu admirava meu pai. Por que não seguir o mesmo caminho? Eu enfrentaria um inimigo que não tinha esperança de derrotar e cairia em uma explosão de glória. Não era a morte que imaginei para mim mesmo… Mas foda-se, que morte é?

— Na minha mão esquerda, uma espada.

Faz tempo desde que disse isso em voz alta. Espero não gaguejar…

— Na minha mão direita, uma espada. — Segurei o cabo com ambas as mãos. O poder borbulhava do fundo do meu estômago, fluindo para preencher meu corpo. Direcionei minha visão para a armadura dourada enfurecida.

— Com isso, meus braços, inúmeras vidas ceifarei e um milhão de mortes entregarei!

As palavras que disse inúmeras vezes em minha vida quando o momento crucial chegou. Costumava dizer a mim mesmo que, uma vez que falasse estas palavras, a derrota estava fora de questão. Eu não as havia dito desde que desisti de ser um herói. Mesmo depois de todo esse tempo, enquanto ia ao encontro da derrota, fiquei surpreso com a facilidade com que elas saíram da minha boca.

— Eu sou Alex Rybak, o Deus do Norte. Prepare-se!

Esta seria minha batalha final, então a faria valer a pena.

 

POV RUDEUS 

Quando recuperei a consciência, senti um cheiro agradável. Era um pouco suado, mas agradável e familiar. Com o canto do meu olho, vi cabelos vermelhos ondulantes, assim como senti um calor na minha bochecha, algo a pressionava.

— Você está acordado?! — O que quer que estivesse tocando minha bochecha falou. Aquela era a voz de Eris. A consciência voltou rapidamente, ela estava me carregando nas costas.

— O que está acontecendo? — Sentei-me de repente e olhei ao redor. Alguns outros, parecendo refugiados, estavam andando conosco. Cliff, Elinalise e Ruijerd.

— Nós perdemos. — Eris disse de forma concisa. Ela parecia amarga.

Eles haviam lutado novamente contra o Deus Lutador apenas para serem espancados. Eris desmaiou após um único golpe e o escudo de Elinalise foi despedaçado. Atofe e o Deus Ogro lutaram bravamente, mas o Deus Lutador os lançou longe repetidas vezes. Como eu estava fora de combate, Moore ordenou nossa retirada. Ruijerd resgatou Eris e eu. Com Atofe, sua guarda pessoal, o Deus Ogro e Sándor cobrindo nossa retirada, conseguimos escapar.

— Certo. — Eu estava atordoado. Nós perdemos, assim, de repente. Não pensava em mim mesmo como o cara mais durão ou algo assim. Na primeira vez que enfrentei Orsted com a Versão Um, também perdi. Então sabia que não era invencível. Ainda assim, minha confiança havia sido reforçada por uma série de vitórias recentes. Eu havia derrotado Atofe e Alec. Não derrotei Alec sozinho, mas uma vitória é uma vitória. Eu sempre tentei considerar a possibilidade de perder. Esta foi minha primeira derrota por nocaute com um único golpe, foi a primeira vez que fui despedaçado e nocauteado em um único golpe.

Eu subestimei Badigadi? Achei que, sendo o Deus Lutador ou não, o rei demônio não usaria toda sua força?

— Qual é o nosso próximo passo? — Eris perguntou.

Pensei sobre isso. Próximo… o que devemos fazer? Eu não diria que estávamos sem opções, mas não havia como um plano astuto que eu inventasse fosse vencer o Deus Lutador. Eu não tinha muita fé em nosso poder de fogo. Os olhares ao redor me diziam que Sándor, o Deus Ogro, Atofe e sua guarda pessoal não estavam conosco. Eles poderiam estar mortos. Isso nos deixava com Eris, Ruijerd, Cliff, Elinalise… e os guerreiros Superd, se pudéssemos contar com eles.

Eu definitivamente não dispunha de um poder de fogo confiável; sem a Armadura Mágica eu era mais um fardo. Tudo o que poderia fazer era criar um rio, ou uma montanha, ou incendiar a montanha. Sabe, como naquela fábula, “Os Três Amuletos da Sorte”1É um conto no qual o protagonista só contava com alguns amuletos mágicos e dependia bastante da sorte, enquanto a antagonista, a bruxa, era um personagem com poder mágico próprio e poderoso.. Depois de beber o rio, pular a montanha e apagar o fogo com a água do rio, o Deus Lutador viria me perseguindo, assim como a bruxa naquela história. Não podíamos vencer com nosso grupo atual.

— Não temos escolha a não ser fugir. — Ruijerd disse, olhando em meus olhos.

— Ruijerd…

— Ele é um dos Sete Grandes Poderes, o verdadeiro. Não podemos vencê-lo, mesmo com toda nossa força combinada.

Então fugiríamos de volta para a vila Superd, depois disso… depois o quê? Em “Os Três Amuletos da Sorte”, o menino correu para um templo, onde o sacerdote usou sua astúcia para derrotar a bruxa. Nós tínhamos o Sacerdote Orsted de volta na vila Superd. Mesmo assim… O Deus Lutador e Geese queriam me matar e forçar Orsted a usar seu poder. Se Orsted lutasse contra o Deus Lutador, teria que gastar uma quantidade de mana muito maior do que em uma luta contra o Deus do Norte ou o Deus da Espada. Sem dúvida, se isso acontecesse, perderíamos a guerra. Não obstante, esses dois nos perseguiriam até os confins do mundo para alcançar seu objetivo, não havia lugar onde pudéssemos ir para estar seguros.

— Mesmo que fujamos, não podemos vencer — falei.

— Então tudo o que podemos esperar é lutar e morrer com honra — disse Ruijerd.

Quando você luta e é derrotado com uma morte honrosa, você ainda perde. Você não pode chamar isso de vitória. Quando você morre, é isso.

— Rudeus, se recomponha! — A mão de Eris apertou a minha, seu aperto era quente e firme. Ela me salvou mais vezes do que conseguia me lembrar com aquelas mãos. Ela segurou nosso filho com aquelas mãos.

— Certo. — Acalme-se e pense, Rudy. Como podemos vencer?

Precisávamos de informações antes de qualquer coisa. Se a Armadura do Deus Lutador tivesse um ponto fraco, por exemplo, isso serviria. Infelizmente, como a história contava, aquela armadura era a mais forte que existia, forjada pelo próprio Laplace. Ele caiu tentando derrotar sua própria criação!

Encontrar um ponto fraco provavelmente não aconteceria. Mesmo que não houvesse, ainda havia outras estratégias, maneiras de lutar contra isso, talvez eu conseguisse descobrir algo. Agora, quem conhecia a armadura? Atofe… não estava aqui. Isso nos deixa com Orsted, eu teria que perguntar a ele. Contudo, se ele não soubesse de nada…

Ponderei em silêncio por um momento. Quer Orsted soubesse algo ou não, eu ainda teria que lutar contra esse inimigo, aqui e agora. Perdemos Atofe, o Deus Ogro e Sándor, mas deve haver uma maneira de vencer.

Dito isso, queria minimizar as baixas. Não queria que a vila Superd fosse pega no fogo cruzado, Norn estava lá também, não podia deixá-la lutar.

Deve haver uma chance. Tem que haver, mesmo que fosse a fração de um centésimo.

Então algo me ocorreu. É isso!

Eu ainda tinha uma carta na manga, não tinha? Achei que a usaria muito antes.

Finalmente, disse:

— Vamos recuar para a floresta para ganhar tempo.

Estava prestes a apostar tudo nisso.

— Entendido. — Os outros todos assentiram.

 

Separador Mushoku

 

Voltamos para a vila Superd. Minha carta na manga ainda não havia aparecido. Se tudo tivesse corrido conforme o planejado, eu esperaria que já estivesse aqui… Mas talvez algo tenha dado errado.

Não tínhamos tempo para esperar. O que fazer…?

Deixando de lado minhas preocupações, ajoelhei-me diante de Orsted para relatar o que havia acontecido até o dia anterior.

— Isso nos traz até aqui — finalizei. — O Deus Ogro, Atofe e Sándor estão todos desaparecidos.

A expressão de Orsted estava carregada.

— Deus Lutador Badigadi, você diz.

— Há alguma estratégia para derrotá-lo?

— Não. — Orsted disse após um tempo. — Eu conheço a Armadura do Deus Lutador, mas nunca lutei contra Badigadi vestindo-a.

— Ah. Entendi. — Era a resposta que eu esperava, mas ainda assim não pude deixar de me sentir desapontado, não que tivesse transparecido para Orsted. — Então, você poderia me dizer o que sabe sobre a Armadura do Deus Lutador?

— É a armadura mais forte já criada, forjada por Laplace. Estava enterrada nas profundezas da Caverna do Demônio no meio do Mar Ringus. A mana que emana de sua superfície faz com que brilhe em dourado e torna o usuário incrivelmente poderoso. No entanto, por causa da abundância de mana, ela possui senciência, qualquer um que a use fica possuído por ela.

— Badigadi não parecia estar possuído… Pelo menos, parecia estar agindo de acordo com sua própria vontade e agia exatamente como eu me lembrava. Claro, talvez ele apenas parecesse assim e a armadura estivesse realmente no controle. Ele não deu atenção a Atofe ou Sándor, afinal.

— Leva tempo — disse Orsted lentamente — para a armadura possuir o usuário. Quanto mais tempo eles a usam, mais forte se torna o controle da armadura sobre sua mente, até que não possam mais distinguir o certo do errado, desejando apenas lutar. No entanto, Badigadi tem uma imunidade incomum aos poderes dos olhos demoníacos, então é possível que a armadura não consiga possuí-lo.

Aha. Badigadi não estava usando a armadura há tanto tempo, então. Também tinha a sensação de que já havia ouvido falar desse tipo de possessão em algum lugar antes…

— Assim como sua Armadura Mágica, a Armadura do Deus Lutador usa a mana do usuário como combustível. Ao contrário da sua, no entanto, o usuário não pode tirá-la até que a última gota de sua força vital tenha se esvaído. No caso de Badigadi, acredito que ela continue operando quase indefinidamente. No momento em que o usuário a colocar, ela se transforma para se ajustar a ele, além de permitir a materialização de armas de sua preferência.

O alcance da arma não é alterado, de modo a ser igual a uma comum, mas duvido que Badigadi tenha escolhido uma arma de longo alcance. A luz dourada emitida pela superfície da armadura neutraliza a maioria das magias… embora tenha um limite. Se você acertá-la com o Canhão de Pedra mais forte que puder conjurar, pode ser que funcione.

Orsted sabia muito e estava sendo mais comunicativo do que o normal.

Certo, então Canhão de Pedra teria sido uma escolha mais eficaz do que Raio. Errei nisso, embora não soubesse disso naquele momento.

— Quem estava usando a armadura da última vez que você lutou contra ela? — perguntei.

— Um indivíduo do povo do mar. Ele ficou sem mana e morreu rapidamente.

— Houve outros?

— Eu mesmo a usei várias vezes. Também vi um humano e um demônio usá-la.

Uau. Acho que se ele não tivesse experimentado, não saberia todos esses detalhes.

— Ok, então, especificamente, como eu a derroto?

Orsted ficou em silêncio por um momento e depois disse:

— Eu não sei.

— Você não sabe?

— Quando você usa a Armadura do Deus Lutador, você não sente cansaço nem dor. Você está sempre lutando em seu máximo potencial. No entanto, você está apenas movendo-a com sua própria força física, e ela não tem a capacidade de curar o usuário se ele for ferido. Portanto, se você tiver uma maneira de danificá-la, uma batalha de desgaste pode ser eficaz. Porém…

…Isso era impossível contra Badigadi. A Armadura do Deus Lutador continuava até que o usuário morresse e ele era imortal. Estávamos lidando com uma máquina de movimento perpétuo.

— Como Laplace a derrotou?

— Ele a atingiu com uma saída massiva de magia que excedeu o limite da armadura, aniquilando temporariamente o usuário e separando-o dela. Isso criou uma grande fenda no continente que se tornou o Mar Ringus.

— Oh. Então, era possível danificá-la com um ataque forte o suficiente. Badigadi simplesmente se regeneraria depois, em vez de morrer, mas isso me deu uma ideia…

— Ouvi dizer que o usuário daquela época morreu — comentou Orsted. — Contudo, imagino que tenha sido Badigadi o tempo todo.

— Você não sabia?

— Dizem que nem Laplace sabia quem usava a armadura durante aquela batalha, ouvi dizer que o usuário morreu e ele não tinha interesse em descobrir mais. O Deus Lutador nunca me desafiou como inimigo antes.

— Você… ouviu isso diretamente de Laplace em um ciclo passado?

— Sim. Isso, e também que sou o filho do primeiro Deus Dragão e que o primeiro Deus Dragão foi quem lançou minha maldição sobre mim.

— E ainda assim você tem que matar Laplace.

— Correto. Para alcançar o Deus-Homem, preciso matar os cinco Generais Dragão e recuperar os tesouros sagrados.

Fiquei em silêncio. Esta deve ter sido a primeira vez que ouvi Orsted dizer claramente: ele precisava matar os Generais Dragão, então era assim que funcionava. Não podíamos contar com Perugius para enviar reforços, então. Não gostaria de pedir ajuda a alguém que planejava apunhalar pelas costas mais tarde, mas continuar nessa linha de questionamentos agora não me faria nenhum bem.

— Esse é um assunto desagradável para você, imagino — disse Orsted.

— Hmm, bem…

Concentre-se no que está à nossa frente. Primeiro de tudo: Badigadi.

O Deus-Homem agia com base no que via em seu próprio futuro. Um peão livre e imprevisível como Badigadi seria difícil de controlar. Talvez essa imprevisibilidade fosse o verdadeiro trunfo do Deus-Homem? Quando o reencontrei pela primeira vez após muito tempo desde nossa última conversa, ele parecia bastante abatido, como se estivesse passando por uma situação difícil.

Deus Lutador Badigadi… Se ele fosse apóstolo do Deus-Homem o tempo todo, não sei porquê ele não havia sido usado em ciclos anteriores. Vamos supor que desta vez, nós o forçamos a isso. Se isso nunca aconteceu antes, então as chances eram de que o Deus-Homem estava reagindo diretamente a mim.

— O que você vai fazer?

— Vou lutar. Não há para onde correr.

— Muito bem. Eu me juntarei a você. Nunca lutei nesta batalha em particular antes, mas certamente não posso perder — disse Orsted, levantando-se, antes que eu o interrompesse.

— Por favor, não tão rápido.

Orsted se sentou novamente. Não consegui ver seu rosto por trás do capacete, mas sabia que ele parecia indignado.

— Senhor Orsted, se você gastar sua mana, é como se tivéssemos perdido. Vamos desperdiçar todo o bom progresso que fizemos.

— Também perdemos se você morrer aqui, seria um desperdício de bom progresso, como você disse.

— Verdade…

Devemos aproveitar o dia hoje, ou amanhã? Lutamos até aqui. Eu queria pelo menos aguentar até que realmente parecesse que tudo estava perdido.

— Mesmo que você tenha que lutar, posso pelo menos enfraquecer o Deus Lutador para você primeiro — sugeri.

— Você vai morrer.

— Então cuide da minha família por mim. — Eu não queria morrer, queria viver e voltar para casa. Contudo, estava certo de que este seria o ápice, o momento decisivo. O Deus Lutador era o trunfo final de Geese e do Deus-Homem. Ele até pode ter algo mais na manga, mas derrotamos o Rei Abissal, o Deus do Norte e o Deus Ogro. Seu último apóstolo estava à vista, todas as suas cartas baixas foram viradas, seria um golpe crítico se também derrubarmos o Deus Lutador. Precisava aguentar, lutar e vencer.

— Muito bem, mas quando perceber que não pode vencer, você não deve hesitar antes de recuar. Estamos claros?

— Obrigado. — Inclinei-me em uma reverência e, em seguida, levantei-me. — Além disso… alguma notícia de Roxy?

— Ainda não.

— Certo. Se ouvir algo, por favor, me avise imediatamente.

Orsted assentiu, e então saí da casa.

Lá fora, os guerreiros estavam me esperando: Eris, com os olhos afiados e uma aura feroz; Ruijerd, com sua aura de serenidade; Cliff, um pouco agitado, nervoso e com medo nos olhos; Elinalise, observando Cliff com um olhar protetor; Dohga, que ouvira que Sándor havia caído e parecia prestes a chorar; e Zanoba, que estava vestido com as vestimentas tradicionais dos Superd após perder tudo o que tinha na última batalha. Além deles, estavam os guerreiros Superd para ficar e proteger sua vila.

Este era o nosso grupo e, para ser honesto, não me enchia de confiança. A ausência de Sándor, Atofe e do Deus Ogro era enorme. Estavam no nível dos Sete Grandes Poderes e uma classe ou duas classes acima dos membros atuais.

Ainda assim, Dohga e Zanoba eram bons substitutos para o Deus Ogro, eles ainda estavam aqui. Badigadi favorecia o combate corpo a corpo, não era um mau confronto… exceto pelo fato de que eles perderam para o Deus Ogro. Estávamos bem equiparados em poder, teoricamente, se você considerasse cada um de nós individualmente e em conjunto, mas não tinha certeza do quanto isso importaria.

Nem todas as nossas cartas são perdedoras, isso é o que importava: nada mais, nada menos. Ainda assim, poderíamos conseguir segurar o Deus Lutador por um ou dois dias. As chances da minha carta na manga chegar antes que nossos corpos cedessem não eram grandes e mesmo que chegasse, não havia garantia de vitória. Eu poderia acabar matando meus aliados sem motivo.

— Vamos.

Mesmo assim, isso era tudo. Eu tinha um plano, mas as chances estavam contra mim. Era incerto se havia lido as coisas corretamente. Eu poderia ter apenas tempo suficiente para armar uma armadilha, mas não venceríamos contra esse oponente com truques baratos.

Ninguém disse mais nada, apenas me seguiram. Estávamos indo para a batalha contra o Deus Lutador.

 


 

Tradução: Laplace

Revisão: NERO_SL

 

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Vanir
Vanir
1 dia atrás

O foda é que quem traduziu esse capítulo foi o próprio Laplace….

Lucas Oliveira
Lucas Oliveira
23 horas atrás
Reply to  Vanir

Eu ja tava achando que você tinha dado spoiler kkkkkk ate que vi o nome da pessoa que traduziu o capítulo kkkkkk muito bom

Cris lima
Cris lima
1 dia atrás

É muita informação!! Eu tô eufórico. Foi incrível. Quero mais😍😂

Lucas Oliveira
Lucas Oliveira
23 horas atrás

Eu li esse capítulo me tremendo inteiro, muita emoção ao mesmo tempo, angustia, medo, tristeza, euforia. Aquela magia do Rudeus pqp foi foda demais.

Lemais
Lemais
13 horas atrás

O Badigadi surrou todo mundo junto e mesmo assim o Rudeus tá confiante, com oque será que a Roxy tá?

Vol. 26 – Cap. 01