Dark?

Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 09 – Cap. 08 – Epílogo 1: Família

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Um pouco depois do meio-dia, 21º dia, 12º mês, 1.547º ano, Calendário Continental.

— Ufa… A gente finalmente voltou — disse Souma, aliviado.

— Quando você vê o castelo, o cansaço desaparece simples assim, não é? — Naden concordou, girando os braços em círculos após voltar à forma humana.

— Você tem razão, ver o castelo dá a sensação de que voltamos para casa — acrescentou Aisha.

— Hee hee! Este realmente se tornou nosso lar, não é? — Juna sorriu.

Sim, elas estavam certas. A gente finalmente voltou para casa.

Chegando em Parnam junto com os reforços que enviamos para a União das Nações Orientais, entramos na gôndola de Naden e voltamos ao Castelo na frente dos outros.

Não vencemos uma guerra, portanto não haveria um desfile de retorno triunfante e a força principal muito provavelmente iria ser dispersada fora dos muros do castelo. Esse trabalho foi deixado para Kaede, como segunda em comando de Ludwin.

Hakuya e Roroa saíram para nos receber.

— Vossa Majestade, dirija-se depressa para o lado da Princesa Liscia! — disse Hakuya sem preliminares.

— E é melhor ir rápido! — acrescentou Roroa.

Essas foram as primeiras palavras que saíram de suas bocas. Aparentemente, estavam com pressa.

— Huh?! Aconteceu algo com a Liscia?! — Gritei.

Hakuya assentiu seriamente.

— Recebi notícia de que ela entrou em trabalho de parto esta manhã.

Trabalho de parto…? Ela estava dando à luz?!

Roroa me cutucou no peito.

— Os médicos, Hilde e Brad, já estão com a Irmãzona Cia. A gente vai direto para lá, assim que terminar o que tem pra fazer, então mexa essas pernas, Querido!

— Tudo bem com isso?! — Perguntei preocupado. — O rei realmente pode fazer uma coisa dessas depois de retornar?

Considerando o trabalho administrativo acumulado durante minha ausência, bem como ter que lidar com a repercussão do envio das tropas, sem dúvida haveria uma montanha de trabalho a ser feito. Os burocratas devem estar ansiosos para que eu retorne às minhas funções o quanto antes.

Mas Hakuya apenas deu de ombros.

— Nesse estado você não vai conseguir se concentrar nos seus deveres de qualquer forma. Se sua falta de foco resultar em vários erros, isso só acarretará em mais trabalho no fim. Por favor, deixe-nos cuidar das coisas.

— …Desculpe. Obrigado.

Virei-me e falei para minhas noivas e irmãzinha:

— Vocês ouviram o homem. Naden e eu vamos ver Liscia. Aisha, Juna, desculpa, mas podem organizar a bagagem na gôndola? Quero que vocês venham depois.

— S-Sim, Majestade — disse Aisha.

— Entendido. — Juna assentiu.

— Roroa, quero que você venha quando seu trabalho terminar também. Tomoe, acompanhe Ichiha e Yuriga até as instalações de Hakuya. Se quiserem vir também, vocês três são bem-vindos a se juntar a nós depois.

— Está certo — disse Roroa. — Estou contando com você para cuidar da Irmãzona Cia.

— Tudo bem, Irmãozão — disse Tomoe obedientemente.

Eu montei nas costas de Naden em sua forma de ryuu.

— Certo, Naden! Vá o mais rápido que puder, por favor.

— Entendido! Não vá desmaiar, hein?

Com isso, Naden subiu aos céus.

O chão se afastou de nós ainda mais rápido do que o normal. Normalmente, isso me deixaria aterrorizado, mas por causa da pressa, eu não tinha presença de espírito suficiente para sentir medo.

“Liscia… Liscia…”

Comigo repetindo seu nome na cabeça sem parar, Naden e eu seguimos direto para o domínio do antigo rei, onde Liscia residia.

Tendo cortado os céus, Naden e eu pousamos em frente à mansão do Sr. Albert.

Ao mesmo tempo, avistei o médico Brad sentado em uma das mesas na varanda que podia ser vista do portão. Ele usava algum tipo de corda diagonalmente sobre suas roupas brancas.

Me aproximei chamando seu nome.

— Brad?

Brad me notou.

— Oh, é o rei. É um visual interessante que você está usando hoje.

Eu percebi que ainda vestia meu uniforme militar. Viemos para cá assim que retornamos da União das Nações Orientais, afinal. Não tivemos tempo para trocar de roupa.

— Eu estava com pressa… e, quero dizer, você também não está usando algo meio estranho?

— Que escolha eu tenho, do jeito que as coisas estão aqui?

Brad se virou para me mostrar suas costas, e havia um bebê de menos de um ano preso ali. Acontece que a corda colocada diagonalmente na frente do seu peito pertencia a um porta-bebê.

Quando me aproximei e olhei mais de perto, a criança parecia dormir. Seu cabelo ralo combinava com o cabelo branco de Brad, mas em sua testa havia o pequeno, como uma joia, terceiro olho característico da raça de três olhos. Suas bochechas fofas eram adoráveis.

— Fofo — eu disse admirado. — Ouvi dizer que você tem um filho. Este é seu filho, Brad?

— Minha filha. O nome dela é Ludia.

— Ludia, huh. Você usou os sons L e D do final do nome de Hilde, huh… Espera, eu sei que Ludia é fofa e tudo, mas agora não é hora para isso!

O adorável bebê havia me distraído momentaneamente do meu objetivo original.

— Vim voando porque ouvi que Liscia entrou em trabalho de parto, então o que você está fazendo sentado aqui relaxando?!

— Fuah… Uahhhhhhhh! — Por causa do meu grito, Ludia acordou e começou a chorar.

— Ah, desculpe! N-Não chore — eu disse ansiosamente.

— Calma, calma… Você poderia não gritar tão alto na frente de Ludia? — Brad me repreendeu enquanto tentava acalmar a filha nas suas costas. — Ter um adulto que eles não conhecem por perto já é assustador o suficiente para as crianças.

Sinto que ele costumava ser mais irritadiço um tempo atrás, agora ele estava completamente em modo pai.

Nós três nos esforçamos para fazer com que Ludia se acalmasse antes de eu repetir minha pergunta a Brad.

— Desculpe por gritar. Mas como são gêmeos, não foi decidido que você teria que fazer uma cesariana? É óbvio que eu ficaria preocupado encontrando você, o médico chefe, aqui fora.

— Então, sobre isso… acabamos não fazendo uma.

— Huh?! E por que n — Mmph!

— Souma! Quieto! — Naden cobriu minha boca e disse isso em um sussurro. — Você vai fazer o bebê chorar de novo, não percebeu?

Nós três olhamos para o rosto de Ludia… É, parecia que ela estava dormindo.

Eu movi a mão de Naden para o lado e respirei fundo.

— …Desculpe. Mas por quê?

— A pedido da mãe.

— Liscia?

— Quando expliquei o procedimento, ela recusou. Disse que não queria ter o estômago cortado.

De acordo com Brad, ela não queria que seu abdômen… ou melhor, seus músculos abdominais… fossem cortados durante a cesariana.

Para Liscia, que praticava artes marciais, ter seus músculos cortados significava a possibilidade de não conseguir mais lutar no campo de batalha como antes. Aparentemente, esse foi o motivo para ela pedir um parto normal.

— Felizmente, os bebês não estão em uma posição ruim — disse Brad. — Na estimativa de Hilde, um parto natural é possível.

— Sério?

— Sim. Mas ela sentirá dor por duas vezes mais tempo do que em uma gravidez normal. Afinal, são dois bebês. Bem, mesmo com essa explicação, a mãe pediu um parto normal, então é assim que será… Eu realmente não entendo a lógica dela, para ser honesto — disse Brad coçando a cabeça.

Eu concordei, mas Naden disse:

— Eu sinto que entendo. — Mostrando algum grau de compreensão. Talvez fosse algum tipo de orgulho materno com o qual nós, homens, não conseguíamos nos identificar.

— Hilde está cuidando dela agora — disse Brad. — Obviamente, se determinarmos que ela corre perigo, estamos preparados para mudar para a cesariana. Você é de acordo com isso, Majestade?

— Se é isso que Liscia decidiu.

Ela escolheu não ter seus músculos cortados, mesmo que significasse sentir dor por duas vezes mais tempo.

Era esse o tamanho da ansiedade dela estar no campo de batalha?

Brad me disse que eu poderia perguntá-la sobre os detalhes pessoalmente, então seguimos para dentro da casa.

As empregadas se moviam freneticamente. A cena me lembrava do palácio logo após eu ter sido confiado ao trono.

Avistei uma empregada familiar e chamei seu nome.

— Carla!

— Uah?! …Ah, é você, Mestre. Você voltou ao país.

A dragonato se virou. Vestia um uniforme com uma saia tão curta que não pareceria deslocada trabalhando em um café de empregadas, mas em vez de uma bandeja de prata, ela segurava uma bacia de metal que até um homem adulto teria dificuldade para carregar.

— Acabamos de voltar — respondi. — Para que é essa bacia?

— Para a água quente do primeiro banho dos bebês. Disseram que quanto maior, melhor, então eu voei e encontrei a maior do domínio.

— Não, isso não é meio grande demais? É do tamanho de uma daquelas pequenas piscinas infláveis para crianças, sabe?

Era grande o suficiente para você se preocupar que os bebês se afogariam. Alguém estaria segurando-os durante o banho, no entanto. Provavelmente estaria tudo bem…

— Espere, antes disso, pode me mostrar onde está a Liscia?

— Entendido. Ela está no quarto grande no andar de cima.

Naden e eu seguimos Carla escada acima. Havia uma porta no corredor do segundo andar que estava escancarada. Podíamos ver empregadas entrando e saindo constantemente da sala. Certamente era onde Liscia estava.

Ao nos aproximarmos do quarto, ouvi o que parecia ser gemidos de uma mulher.

Corri para frente.

— Lisci-

— Fique fora do quarto! — alguém gritou.

Parei abruptamente.

A médica de três olhos, Hilde, saiu. Ela tinha uma expressão irritada no rosto enquanto colocava uma mão no quadril e me encarava.

— Eu ouvi, e olhando para o que você está vestindo, posso dizer. Você estava lutando contra monstros na União das Nações Orientais, certo? E veio direto para cá assim que voltou. Estou errada?

— N-Não…

— Em outras palavras, você veio sem limpar a sujeira da jornada. Não traga esse corpo imundo para o quarto de uma mulher grávida e seus bebês! Você não deveria entender sobre higiene?!

— Urkh… Desculpe. — Hilde estava absolutamente correta, por isso me desculpei sinceramente.

Na sociedade moderna, onde tínhamos higiene adequada, os pais podiam estar presentes no nascimento, mas aqui neste mundo onde esse não era o caso, melhor deixar as coisas para os médicos.

Além disso, havia tocado em corpos de monstros. Eu me limpei depois, claro, mas ainda não tomara um banho completo.

— Esse é… Souma…? — Liscia grunhiu de dentro do quarto.

Não podia vê-la com Hilde bloqueando o caminho, mas podia ouvir sua voz.

— Sim, sou eu! Podemos conversar? Você não está com muita dor?

— Sim… estou aguentando por enquanto…

— V-Você está? Bem, estou bem aqui!

— Parece que vocês conseguiram. E você, Souma? Não está machucado em nenhum lugar?

— Voltei inteiro! Aisha, Juna, Naden e Tomoe vieram todas comigo! Roroa estava segurando as pontas para nós, mas ela parecia cheia de energia também!

— Entendo. Isso é bom. Você… não fez nada imprudente, fez?

— Liscia — Naden chamou. — Aqui é a Naden. O que Souma está dizendo é verdade. Ele pode ter sido um pouco imprudente, mas não está machucado, então não se preocupe.

Ouvi Liscia rindo.

— Então você foi imprudente de novo… Talvez precisemos ter uma conversinha depois? Mas pelo que Naden disse, parece que você está bem… — Ela fez uma pausa. — Obrigada… por proteger o Souma.

— Não, eu só fiz o que qualquer ryuu deveria fazer!

— Souma, só fique aí e não se preocupe — Liscia conseguiu dizer. — Vou ter certeza de dar à luz a bebês saudáveis.

— “Não se preocupe?” Você sabe que não posso fazer isso! Ouvi dizer que você recusou a cesariana, sabia?

— Então você ouviu — Liscia respondeu um pouco constrangida. — Ouça, se eles cortarem meu abdômen, talvez eu não consiga lutar como antes. Não quero isso. Ainda pretendo ser capaz de comandar o exército e lutar no seu lugar.

— V-Você ainda está planejando ir para o campo de batalha agora que é mãe?

— Que mãe não gostaria que seus filhos vissem o quão incrível ela é?

Meus ombros caíram.

— Você vai ser uma mãe durona…

Hilde fez um gesto de expulsão com as mãos e me enxotou como um cão selvagem.

— Agora que você entende, tire esse uniforme e se lave. Deixe a princesa comigo. Eu juro que você poderá vê-la, e aos bebês depois.

— Estou contando com você… — Curvei a cabeça para Hilde e saí temporariamente do quarto.

Me vendo descer as escadas, Carla ficou com pena de mim e levantou a voz para dizer:

— V-Você sabe, pode não parecer, mas Liscia é bem resistente. Você deve estar exausto da sua longa jornada, Mestre. Vou preparar o banho agora, então lave a sujeira da campanha como Hilde disse e descanse um pouco, certo?

— Lavar a sujeira… hein.

Eu deveria derramar um pouco de água quente na minha cabeça… Não, neste caso, havia algo que parecia mais apropriado, não havia? Bati palmas como se tivesse acabado de ter uma ideia brilhante.

— Ok. Vou fazer mizugori.

Mizugori? — Naden parecia confusa.

Eu assenti.

— É um método tradicional de oração do meu mundo. Você derrama a água de um poço na cabeça repetidamente para lavar a sujeira, enquanto oferece orações xintoístas e budistas.

— Água de poço? Estamos no meio do inverno! Se fizer isso nesse frio, é garantido que vai ficar doente! Pare de ser estúpido!

— Isso é perfeito — eu disse. — Liscia está dando o seu melhor também. Eu preciso fazer pelo menos isso.

— Apenas se acalme de uma vez! — Cada pelo do corpo de Naden se eriçou.

Bzzzap!

— Gyah!

Caí no chão.

Pairando sobre meu corpo imóvel com os braços cruzados, Naden suspirou.

— Sinceramente… Essa atitude é tão diferente do seu estilo que não aguento nem ver. Já pode ir se acalmando. Se você entrar em colapso porque está sendo inconsequente, isso causará atrasos nas suas obrigações, e consequentemente, problemas para todos no castelo, concorda? Não é algo que Liscia quer, de forma alguma.

— Uhhh… Mas estou preocupado.

— Eu entendo, mas derramar água gelada na sua cabeça vai mudar alguma coisa? Não é com um pouco de água que os deuses farão algo por você. Minha deusa é a Senhora Tiamat, e em geral, ela nem interfere no plano terrestre.

— Esse comentário não cairia bem com os seguidores da adoração da Mãe Dragão ou da Ortodoxia Lunariana.

— Além disso, não é o seu lema deixar as coisas que você não pode lidar para outras pessoas? Você não pode dar à luz, então confie na Liscia, que pode, para cuidar disso.

Naden estava tão certa que eu não conseguia dizer nada em resposta.

Ela podia até ser uma criatura surreal que se transformava em um ryuu, mas continuava uma pessoa de bom senso capaz de pensamentos sensatos. Seu sermão estava correto.

— Você é mais sensata do que eu imaginava — suspirei.

— Isso mesmo. Sou a única por aqui para te repreender agora. Aisha te ama como um cachorro leal, Juna é muito indulgente e Roroa é mais propensa a te incitar a fazer algo do que te impedir. Sinto que tive muita prática nisso enquanto Liscia estava fora.

— Você me faz parecer uma espécie de criança problemática — protestei.

— Se você não tem a autoconsciência para perceber isso, temos um problema. Você, todavia, estava começando a perder o controle, então quero que Liscia volte ao trabalho logo.

Uau, isso foi duro, porém eu concordava em querer ver Liscia o mais breve.

— Oh, minha nossa. — Uma voz gentil se dirigiu a mim. — Se você dormir aí, vai pegar um resfriado, meu genro.

Eu me sentei porque a dormência estava começando a desaparecer e vi a mãe de Liscia, a ex-rainha Elisha, olhando para mim com um sorriso suave.

— Se você está cansado, por que não vem descansar no meu quarto?

Eu me limpei em um banho quente que Carla e os outros haviam preparado para mim depois de Naden me impedir de fazer um mizugori. Vesti uma roupa extra que peguei emprestada com o Sr. Albert.

Quando terminei de me trocar e encontrei Naden, que também havia acabado de se limpar, ela estava em um vestido com avental cheio de babados fazendo-a parecer pronta para perseguir um coelho até o País das Maravilhas. Caia muito bem na pequena Naden.

— Acho que você está uma graça com essa roupa, mas de onde ela veio? — perguntei.

— Elisha me obrigou a usar.

Ao que parece, a roupa que Naden usava pertencia a Liscia quando ela era mais jovem. No entanto, dada a sua personalidade, ela não estava disposta a usá-la com frequência, e Elisha quis aproveitar essa chance para fazer Naden vesti-la.

Liscia com um vestido cheio de babados… Não, eu não conseguia imaginar isso.

Naden transformava suas escamas em roupas (embora fossem roupas todas pretas) quando assumia sua forma humana, o que significava que ela realmente não precisava de uma muda de roupa, mas onde estava o problema em fazer isso uma vez ou outra?

— Você está ótima — eu disse. — Por que não tenta se vestir assim de vez em quando?

— Vou pensar sobre isso — Naden disse secamente, virando a cabeça, mas sua longa cauda estava balançando para lá e para cá, fazendo parecer que ela não era totalmente contra a ideia.

Enquanto eu sorria ironicamente ao ver Naden tentando esconder o que realmente sentia, Carla entrou.

— Mestre. Lady Elisha espera por você na sala de estar. O chá está preparado.

Carla juntou as mãos na frente do corpo e se curvou.

Ao que parece sua atuação como empregada havia melhorado. Agora que eu pensava nisso, antes de partirmos para a União das Nações Orientais, Liscia havia mencionado que Carla aprendia a cozinhar com ela. Talvez aprendera várias outras coisas também.

Carla nos conduziu até a sala de estar.

— Vejo que vocês se trocaram — Elisha disse. Ela gesticulou para que nos sentássemos no sofá. — Por favor, ambos por aqui.

Naden e eu nos sentamos lado a lado, e a Sra. Elisha nos serviu chá pessoalmente.

— Este chá de ervas ajudará a acalmar os nervos. Por favor, bebam primeiro.

— Ah, claro — eu disse. — Obrigado.

Observando seu sorriso gentil, Naden e eu tomamos um gole.

Oh… Estava bom. Bastante relaxante, também.

Enquanto eu me fazia à vontade, Lady Elisha sentou-se à nossa frente.

— Isso ajudou vocês a se acalmarem um pouco?

— Sim… Ah! Hum, desculpe.

Por um momento, eu realmente relaxei.

Olhando para mim, Lady Elisha riu.

— É seu primeiro bebê. Eu posso entender por que você estaria tenso.

— …Sinto muito. Liscia é quem está realmente passando por um momento difícil, e me disseram que deveria deixar isso para ela, mas… Eu simplesmente não consigo deixar de me sentir ansioso…

Ela riu.

— Albert foi o mesmo quando eu estava dando à luz a Liscia. — Seus olhos assumiram uma expressão nostálgica.

Espera, hein?

— Agora que você mencionou, não vejo o Pai em lugar nenhum — eu disse. — Onde ele está?

— Ah, eu o tranquei.

— …Como é?

— Hoje ele estava ainda mais angustiado do que você, andando de um lado para o outro, então dei a ele um soníf… Eu dei a ele um remédio para acalmá-lo, e o coloquei na cama.

Que homem problemático, parecia dizer ao colocar a mão na bochecha e suspirar.

“Espera, não, não, não! Ela não tinha começado a dizer “um sonífero?!”

— Você drogo… — eu comecei.

— Hee hee. Tenho certeza de que ele estava tão ansioso para ver seu primeiro neto que simplesmente não conseguiu dormir noite passada.

Eu fiquei estupefato.

“Perdoe-me, Pai. Alguns assuntos são melhores deixados sem abordar, então por favor, descanse em silêncio por agora.”

Eu podia até estar sem palavras, mas isso era típico da mãe de Liscia. O estilo rígido deve ter sido herdado dela. Você podia claramente ver que ela detinha o direito ao trono antes de renunciá-lo ao Sr. Albert.

Então ela sorriu.

— Eu também estou preocupada, claro. É realmente difícil dar à luz um filho. Eu posso te dizer isso porque eu mesma já o fiz.

— Mãe…

— No entanto, você providenciou o melhor ambiente possível. Enviou médicos talentosos e construiu o melhor ambiente para dar à luz neste país… Não, no mundo inteiro. Minha filha é mais abençoada do que qualquer outra pessoa.

Eu fiquei sem palavras por uma razão diferente.

“…Ah, droga. Isso quase me fez chorar.”

Sentindo-me inquieto com a alta taxa de mortalidade infantil neste mundo, em consideração a Liscia e ao resto da minha nova família, eu comecei a reformar o sistema de saúde.

Quando ela me elogiou abertamente por isso, senti algo prender no meu peito. Não sei, eu estava tão grato… Não conseguia falar.

Naden me deu um tapa nas costas.

— Tenho certeza de que já sabe disso, mas Liscia é forte. Se você não estivesse por perto, quase gostaria que ela fosse minha cavaleira. Então… Eu sei que vai ficar tudo bem.

— Ha ha… — eu ri fracamente. — Isso deveria me encorajar? Eu estaria em apuros se vocês duas se tornassem dragão e cavaleira. Quero que tanto você quanto Liscia sejam minhas parceiras, sabe.

— I-Isso foi só um exemplo… seu bobão. — Naden virou-se, emburrada.

Eu ri e bebi meu chá. Exalando, finalmente me acalmei.

— …Eu me sinto patético — admiti. — Vendo como sou covarde comparado a Liscia.

— Você é um homem. É natural — Elisha disse. — Há momentos em que o medo permite que você detecte perigo e proteja sua família. É um sentido natural que todos nós temos como animais.

— …Obrigado.

Graças a ela, eu estava me sentindo um pouco melhor.

Assim que relaxei, Carla entrou na sala, quase sem se importar de bater.

— Mestre! Começou!

Todos nós corremos para o corredor em frente ao quarto de Liscia.

— Urgh…! Ahh…! Ahhhhh!

De dentro, podíamos ouvir os gritos de agonia. Só o som já me deixava desesperado de preocupação.

Ajoelhei-me, entrelaçando as mãos na frente da testa, e rezei para que ela ficasse bem.

Para Deus, para Buda, para a Mãe Dragão. Até para Lunaria e os deuses das religiões menores.

“Por favor, mantenham Liscia e nossos filhos seguros.”

Naden colocou um braço ao redor do meu pescoço e me abraçou.

O tempo parecia passar dez vezes mais devagar que o normal. Não sei exatamente quanto tempo passou, mas foi assim que pareceu.

— Uah…

Eu ouvi uma pequena voz, não a de Liscia, vindo do quarto. Não era alta, mas também não era muito baixa.

Quando olhei para cima, Hilde emergiu do quarto.

— É um menino. O choro é meio baixo, mas sua cor é boa, e não vejo problemas.

Tendo anunciado isso, Hilde imediatamente voltou para dentro do quarto.

…Eles nasceram. Eles nasceram?

Não, esse era só o primeiro. Ainda havia mais um.

“Por favor, que nasça em segurança! E que Liscia também esteja segura!”

Esperei, rezando assim por um tempo, e…

— Uahhhhhhhhhhh!

Houve um choro indescritivelmente alto.

Ao contrário da voz anterior, esta estava transmitindo em alto e bom som que havia nascido.

Hilde saiu novamente.

— A segunda criança é uma menina! Quem diria? Um menino quieto e uma menina com energia de sobra. Não era de se esperar que seus filhos seriam assim?

Hilde me deu um sorriso provocador.

A liberação repentina da tensão fez meus ombros caírem.

Separando minhas mãos, deixei-as caírem no chão.

Um menino e uma menina.

Os gêmeos haviam nascido em segurança… Graças a Deus.

— Espera, Liscia está bem?! — exclamei.

— Não se preocupe. No momento em que a segunda nasceu e eu a deixei segurar, ela desmaiou de alívio.

— D-Desmaiou?

— Ela lutou por muito tempo. Está apenas dormindo por causa da exaustão. Quando acordar, dê a ela os elogios que merece.

— Claro… Claro que vou…

Dominado pela emoção, lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos.

 

Separador Herói Realista

 

Onde… estou?”

Eu estava em um espaço vazio cheio de névoa branca leitosa.

“Hã? O que eu estava fazendo até agora?”

“Onde está Souma? Onde está todo mundo?”

Enquanto eu me perguntava essas coisas vagamente, de repente percebi uma figura humanoide em um lugar um pouco distante.

Duas, na verdade. Que aparentemente estavam olhando para mim.

As figuras levemente brilhantes gradualmente tomaram forma, tornando-se como diminutas pessoas idosas.

A julgar pelas silhuetas, seriam um homem e uma mulher?

Mesmo apertando os olhos, eu não conseguia distinguir seus rostos, mas de alguma forma… senti que estavam sorrindo. Sorrindo gentilmente na minha direção.

Eu sentia como se soubesse quem eles eram.

“Hum, poderia ser, vocês são…”

No momento em que tentei dizer isso, as duas figuras se afastaram.

Então se viraram para mim e inclinaram a cabeça. Até desaparecerem de vista.

Era como se estivessem me confiando algo muito precioso para eles…

Foi então que acordei.

Olhando para cima, havia um teto familiar.

Este era o meu quarto na mansão do meu pai.

Meu corpo inteiro estava pesado. E cansado.

Eu senti que, se relaxasse um pouco, perderia a consciência novamente.

— Uau! O que é tudo isso?! — uma voz gritou.

Essa voz era… Roroa? Olhei para baixo e encontrei Aisha, Juna, Roroa, Naden e Souma todos ao redor da cama onde eu estava deitada.

— Eles são tão fofos! — Roroa exclamou. — Olhe para as mãozinhas dela.

Ela estava fazendo uma grande algazarra sobre algo enrolado em algodão.

— Roroa! E-Eu! Me deixe segurá-la agora — Aisha resmungou.

— Aqui, irmãzona Ai. A princesa é mesmo cheia de energia, não é? Ela chora alto, e fica mexendo os braços.

— Hee hee. — Juna riu. — Você poderia dizer que o príncipe é calmo em comparação. Mesmo com toda a excitação ao redor dele, está dormindo e não chora muito. Aqui, Tomoe.

— Uau, ele é tão fofo e gordinho!

“Com o que é que todo mundo está se divertindo tanto?”

Enquanto meu cérebro confuso se perguntava isso, aconteceu.

— Fweh… Uahhhhhhhhhhh!

Foi um choro alto o suficiente para clarear a névoa da minha cabeça.

— Uau, o que você está fazendo aí, irmãzona Ai?! — Roroa reclamou.

— Eu… Eu só estava segurando-a! Pronto, pronto, não tenha medo.

— De-Deveria me transformar na minha forma de ryuu e fazer caretas engraçadas?

— Isso vai dar errado com certeza — Juna disse. — Eu não recomendaria. Devo tentar cantar?”

— De-Devo deixá-la acariciar minha cauda fofinha? — Tomoe perguntou, trêmula.

— Sério, o que vocês estão fazendo? — perguntei exasperada.

Todos se viraram e olharam para mim ao mesmo tempo.

— Liscia, você acordou! — Roroa guinchou.

Todos estavam falando comigo de diferentes direções, e quando me virei para o lado, Souma estava sentado na cama e olhando para o meu rosto.

“Ahh, eu estava me perguntando por que não conseguia vê-lo, mas ali estava ele.”

— Uahhhhhhhhhhh!

Espere um pouco… Havia um bebê chorando por um tempo…

Espere, hã? Um bebê?

…!

Isso finalmente me despertou.

— Souma, os bebês?! — eu gritei.

— Eles nasceram em segurança. Você realmente trabalhou duro. — Souma acariciou gentilmente minha bochecha.

Ah… Ambos nasceram em segurança. Eu estava tão desesperada que não me lembrava muito bem do que aconteceu, mas… agora que ele mencionou, lembrei-me que Hilde me deixou segurar algo quente antes de eu desmaiar. Provavelmente era o calor de um dos bebês.

Naden veio carregando os gêmeos, colocando-os um em cada lado do meu travesseiro.

Quando a menina chorona foi colocada ao meu lado, ela parou de chorar instantaneamente. O menino estava fazendo o que queria e dormindo.

Nossos filhos estavam envoltos em mantas brancas. Eles nasceram em segurança. Nada poderia me deixar mais feliz.

— Quando olho para os rostos das crianças, sinto que minhas prioridades na vida mudaram — Souma disse, olhando para os rostos deles. — Quando conheci você e os outros, senti que suas vidas significavam tanto para mim quanto a minha própria. Mas essas crianças estão em um nível ainda acima disso. Se chegar a hora, sinto que devo dar minha vida por eles.

— Eu sei como você se sente, tanto que dói, mas isso não é algo que um rei deveria dizer — eu disse a ele. — As vidas de todas as pessoas neste país dependem de você, sabia?

— Eu sei, mas a parte de mim que não é realeza realmente se sente assim. — Souma acariciou gentilmente minha bochecha com um sorriso. — É por isso que temos que proteger as crianças, custe o que custar, “Mamãe”.

— …Você está certo, “Papai”.

Quando dissemos isso e rimos juntos, Aisha, Roroa, Juna e Naden também riram.

— Como sua Guerreira do Vento Oriental, prometo proteger não apenas você, Majestade, mas também essas crianças, com cada fibra do meu ser — Aisha disse. — Eu sei! Quando eles crescerem, posso ensiná-los artes marciais?

— Parece bom — Roroa sorriu. — Vou ensinar a eles contabilidade também.

— Hee hee, suponho que eu ensinaria a cantar, então? — Juna perguntou.

— Ensinar a voar… não é algo que eu posso fazer — disse Naden. — Mas se eu deixá-los andarem nas minhas costas, talvez seja um bom treinamento para montar uma montaria aérea como um Wyvern.

Souma assistiu as quatro ficarem animadas com um sorriso irônico.

— Ei, não coloquem muita pressão neles, okay? Se vocês enfiarem habilidades demais, nunca vão dominar nenhuma delas.

Dei uma risadinha.

— Você está certo. Se eles apenas crescerem saudáveis, isso é o suficiente para mim. — Acariciei gentilmente as testas das crianças. — Então, mamães, por favor cuidem dessas crianças. Eu também, claro, e quando todos os nossos filhos nascerem, vamos criá-los todos juntos.

Todas me deram um aceno firme.

— Claro, Senhora Liscia — disse Aisha.

— Hee hee. Vamos criá-los todos para serem saudáveis.

— Com certeza — Roroa concordou. — Com o grupo que temos aqui, nunca teremos problemas domésticos.

— Entendido!

Ouvindo as quatro respostas confiáveis, eu disse a Souma:

— Esta família… vamos protegê-la, custe o que custar. E para isso…

— Sim. Eu preciso tornar este país mais forte e mais firme.

Porque este país era nossa casa. Eu necessitava que Souma o protegesse, e precisava continuar apoiando Souma.

Pelo bem dessas novas vidas, também.

 


 

Tradução: Shinpei

Revisão: Merovíngio

 

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