Finalmente chegou o dia de Nanahoshi voltar para casa.
Os únicos outros presentes no Salão de Teletransporte éramos Perugius e eu. Nanahoshi insistiu que não queria uma multidão aqui para a despedida. Dizia que já havia se despedido, então deve tê-los visto exatamente do jeito que queria se lembrar deles.
Nossa formação era a mesma de antes; eu era o tanque de mana que alimentava tudo enquanto Perugius e seus espíritos controlavam e mantinham o fluxo. Nanahoshi estava no centro do círculo mágico, me encarando trajada para a viagem com uma enorme mochila nas costas, recheada com uma grande variedade de itens preparando-a para o que poderia encontrar do outro lado. Nenhum de nós jamais havia se aventurado fora das fronteiras do Japão antes de vir para cá. Por isso, ela também empacotou alguns itens que poderia trocar por moeda local, independentemente de onde fosse parar, junto com sua identidade, cristais mágicos e pergaminhos. Quem sabe essas duas últimas coisas funcionariam para onde ela estava indo…
Tudo o que ela podia fazer agora era confiar em sua inteligência e coragem para superar o resto.
Nanahoshi e eu trocamos nossos últimos olhares. Não dissemos nada. Quaisquer palavras que precisassem ser ditas foram ditas ontem à noite.
— Rudeus! — Perugius berrou, sua voz ressoando pela sala. — Você está preparado?!
Parecia mais um comando do que uma pergunta. Eu pressionei minhas mãos contra o aparelho de teletransporte. O mesmo de sempre, sem mudanças. Eu já havia praticado isso várias vezes até agora. Não pude afirmar que todas tiveram sucesso, mas sempre que falhávamos, localizávamos o problema e refinávamos o processo para que o erro não acontecesse novamente. Perugius e eu já estávamos calejados nisso.
Ok, não vamos exagerar. Eu sou apenas a bateria aqui.
— Pronto — disse.
— Nanahoshi, suponho que esteja preparada? — perguntou Perugius, sua voz estrondosa mais uma vez tornando a pergunta mais imperativa.
Nanahoshi acenou com a cabeça.
— Sim, Lorde Perugius. Obrigada por tudo!
— Sua gratidão é desnecessária. Você me ensinou algumas frivolidades divertidas.
Suas palavras de despedida foram curtas e sucintas, assim que terminaram, eles desviaram o olhar um do outro. Nanahoshi direcionou sua atenção de volta para mim, e Perugius direcionou a seus subordinados.
— Muito bem. Vamos começar — disse ele.
Com seu sinal, o aparelho começou a ligar. O processo era exatamente como sempre foi. Perugius e o resto de seus espíritos pressionaram suas mãos contra o círculo mágico. Quando as bordas começaram a brilhar, comecei a canalizar minha mana. O círculo engoliu avidamente o poder que ofereci, mas eu já estava acostumado com essa sensação. O círculo respondeu brilhando cada vez mais, percorrendo uma variedade de cores: primeiro azul, depois verde e, por fim, branco. Embora cegante, forcei-me a manter o foco, para garantir que não cometesse erros ao fornecer mana.
Minha experiência durante os experimentos foi útil aqui. Sabia de cor os intervalos em que ele precisava de energia. Tive o cuidado de garantir um fluxo constante de mana, sem escassez ou excesso.
Exatamente como antes, o brilho do círculo ficou preto… calma aí, o quê? Espere só um segundo. Já o vimos ficar preto antes? Tenho um péssimo pressentimento sobre isso.
— Rudeus! — Perugius gritou para mim.
O brilho preto estava ficando mais forte a cada segundo. Estava preocupado se deveríamos continuar com isso ou não, mas como eu não estava no controle dessa coisa, não tinha como tomar a decisão.
— Lorde Perugius! O que eu faço?! — exigi.
— Mais mana!
Obedeci ao seu comando e forcei ainda mais poder a passar pelas mãos. Não era mais um fluxo, mas uma inundação. A força fugiu das minhas pernas, minha visão ficou turva.
Apesar dos meus melhores esforços, a escuridão se recusou a desaparecer. Em vez disso, senti algo ameaçador se espalhar… a sensação subindo por entre meus dedos, mãos e braços. Era uma sensação terrível e totalmente nova.
Isso não pode ser bom, pensei. Posso tomar a iniciativa de desligar essa coisa? Afinal, Perugius ordenou que eu lhe desse mais poder. Eu precisava ter fé nele e…
Estalo!
Um som ecoou ao nosso redor. A luz do círculo mágico se apagou imediatamente, como se um disjuntor tivesse estourado e a energia acabado. Foi tão instantâneo que me pareceu estranho. Normalmente, se algo saía errado, ocorria uma diminuição gradual à medida que o círculo perdia força. Foi diferente dessa vez. Era quase como se algo tivesse sugado toda a mana antes de se extinguir.
Meus lábios ficaram mais finos.
Nem toda a luz da sala havia se apagado. Os suportes de velas posicionados em cada canto da sala ainda tinham uma chama dançando em cada um dos pavios. Um silêncio ensurdecedor envolveu a sala. Isso me lembrou de um computador com a energia cortada repentinamente. E, infelizmente, Nanahoshi ainda estava inerte no centro do círculo.
Todo mundo ficou pasmo, inclusive eu. Não consegui ver as expressões dos espíritos sob suas máscaras, mas o ar de confusão pairava forte.
— Por quê?! — Perugius uivou. — Por que, Rudeus Greyrat!
— Hã?
Eu? O que eu fiz?
— Por que você cortou o fluxo de mana?!
Cortei o fluxo de mana? Do que ele está falando? Eu pisquei para ele.
— Eu lhe dei o poder exatamente como deveria.
— Mas então por que… — Sua voz se arrastou, mas consegui adivinhar o que estava tentando perguntar. Por que a magia que o alimentava desapareceu repentinamente?
Enfaticamente, eu não havia cortado o suprimento de mana. Havia aumentado, na verdade. Estava tão confuso quanto eles. Algo deu errado comigo e a energia parou de fluir das minhas mãos como deveria? Era difícil acreditar que isso fosse possível, considerando o imenso cansaço que enfrentava agora; o mesmo tipo que sempre enfrentava quando usava uma grande quantidade de mana.
— Se o suprimento de mana tivesse sido cortado, o círculo deveria ter perdido energia no momento em que isso aconteceu — raciocinei em voz alta.
Perugius acenou com a cabeça pensativamente.
— Sim, é verdade. Tinha mana. Então por que deu errado? Foi quase como se outra pessoa interferisse e dominasse o círculo…
Eu inspecionei o círculo. Havia uma pequena fissura no padrão. Algum tipo de inseto conseguiu romper a estrutura, causando um curto-circuito?
— Grr… — Perugius resmungou baixinho. Ele colocou o queixo em forma de concha enquanto contemplava o significado de tudo isso.
Nanahoshi saiu silenciosamente do círculo. Tirando as alças da mochila do ombro, ela colocou a carga pesada no chão. Em seguida, caminhou com firmeza em direção à porta, deixando completamente o Salão de Teletransporte.
Eu dei uma olhada em Perugius. Ele ainda estava perdido em pensamentos. Seus servos estavam apáticos.
E agora? Eu também queria saber a causa dessa falha, mas… não, deixe isso para Perugius.
Eu corri atrás de Nanahoshi.
Nanahoshi estava em seu quarto, sentada em sua cama. Seus ombros estavam caídos, sua cabeça pendurada. Era difícil distinguir sua expressão com o rosto virado para baixo. A atmosfera irradiava exaustão e resignação.
Em contraste, não fiquei muito chocado. Não consegui me livrar do que o Rudeus do futuro havia me dito uma vez: que, no final, ela não conseguiria. Eu não tinha como saber se essa era a falha a que ele se referiu ou se havia outra ainda nos esperando mais adiante. Parte de mim gostaria de ter perguntado a ele mais sobre isso para que eu soubesse, mas não adiantava lamentar isso agora.
Meu eu do futuro também me contou sobre como falhei em consolar Nanahoshi naquele momento. O que aconteceu com ela depois disso? Minha contraparte mais velha tinha uma resposta direta na ponta da língua, o que parecia indicar que foi um final miserável. Assim mesmo.
Eu precisava fazer um bom trabalho confortando Nanahoshi desta vez. O problema era… como? Eu poderia dizer: “Todo mundo experimenta o fracasso. Vamos deixar isso de lado e esperar um resultado melhor na próxima vez.” Hmm, muito clichê. Parece o tipo de coisa que o eu do futuro provavelmente disse.
Ou talvez não, pensei, lembrando-me de que ele ficou tão arrasado depois do que aconteceu com Roxy, que talvez não tenha conseguido nada parecido. Em vez disso, era possível que ele tivesse dito algo muito pior, levando Nanahoshi ainda mais ao desespero.
Pelo que sabia dele, ele parecia degenerado o suficiente para que eu não pudesse descartar a possibilidade dele ter explorado a vulnerabilidade dela. Talvez tivesse dito: “Já que você não pode ir para casa de qualquer maneira, então seja minha mulher!”
Eu meio que gostaria de saber a bagunça que o Rudeus do futuro fez. Então teria uma ideia do que fazer. Não, eu precisava pensar sobre isso sozinho. Havia uma opção errada aqui, e eu tinha uma curiosidade ardente sobre o que poderia ser. A vida normalmente não era assim, não era um videogame. Tinha de encontrar minhas próprias palavras para consolá-la.
Quebrei a cabeça pensando. Uh, como eu normalmente faço isso? A primeira coisa que me veio à mente foi quando consolei Sylphie. Certo! É isso, primeiro me sentei ao lado dela. Então envolvi um braço em volta dos ombros dela…
— Foi assim que você seduziu aquelas três? — Nanahoshi interrompeu. Ela levantou a cabeça e me olhou fixamente.
Ah. Acho que ela tem razão. Isso é meio sexual, hein.
— Desculpe. — Removi às pressas a mão que estava pairando logo acima do ombro dela, pronta para dar um tapinha nela. Ela me interrompeu antes mesmo que eu pudesse fazer contato visual. Eu cruzei minhas mãos no meu colo. — Então, hum, Madame Nanahoshi. Se me permitisse um momento de sua esplêndida atenção…
— O quê? Estou ocupada.
— Vamos lá, não seja assim — comecei. — Quando você sente que está sozinha no mundo, é importante não reprimir isso. Você se sentirá melhor. Isso não resolverá o problema, com certeza, mas pode colocar você em uma mentalidade melhor para lidar com o problema de forma mais eficaz quando estiver pronta para…
Minha voz se arrastou quando olhei para ela e notei que ela tinha um caderno estendido no colo. Japonês estava rabiscado nas páginas. No topo, estava escrito: Teorias provisórias sobre por que o teletransporte falhou na fase final.
— Ainda bem que você me contou com antecedência sobre essa falha — disse Nanahoshi ao traçar os caracteres japoneses na página com o dedo. — Se eu não soubesse, minha primeira suposição poderia ter sido que havia algo errado com o círculo mágico em si. — Ela tirou o olhar do livro. Não havia nenhum vestígio de desespero em sua expressão. Talvez eu estivesse errado sobre a exaustão e a resignação. Ela já havia se preparado mentalmente para a possibilidade de falhar.
Então… acho que isso significa que não preciso consolá-la? Quero dizer, tenho certeza que ela ainda está arrasada porque não deu certo. Enquanto estava perdido em pensamentos, ela olhou para o caderno novamente.
— Ei. Você se lembra de quando falei com você antes sobre minha teoria sobre como tudo isso aconteceu?
Teoria. Teoria… meio que soa familiar, não é? Tenho certeza de que era algo distante e louco, mas não me lembro bem disso.
Depois de refletir sobre isso por um momento, balancei minha cabeça.
— Desculpe, pode me relembrar?
Mais uma vez, ela me deu aquele olhar frio e crítico.
Nossa, desculpe.
— Tudo bem, mas vou apenas resumir… — Com esse prefácio, ela começou sua explicação, que era essencialmente a leitura direta das notas de seu livro. — Em primeiro lugar, o incidente de deslocamento de Fittoa que resultou quando fui convocada aqui nunca deveria ter acontecido originalmente. Isso levanta a questão: por que algo tão irregular teria ocorrido? Quando soube que seu eu do futuro havia viajado no tempo para falar com você, deduzi que alguém no futuro deve ter me enviado aqui, para o passado. Não, já que não sou originalmente deste mundo, talvez seja mais correto dizer que a pessoa responsável me colocou em seu passado.
“A história mudou no momento em que alguém que nunca deveria ter existido apareceu repentinamente do nada. Como jogar uma pedra em uma banheira já cheia de água até a borda, minha presença deslocou a quantidade total de mana do mundo e, como consequência, a região de Fittoa foi eliminada da existência.”
Ah, sim. Isso parece familiar. Acho que estava tão preocupado com outras coisas na época que realmente não prestei atenção. Ainda era uma teoria absurda, com certeza, mas se ela estava tão focada, parecia realmente não estar preocupada com a falha no teletransporte. Não, ela precisa ser confortada. Todo esse discurso sem sentido provavelmente é só ela tentando se distrair. Acho que eu deveria agradá-la.
— Você entendeu até agora? — perguntou Nanahoshi.
— Sim.
Ela folheou uma página em seu caderno. Desta vez, a linha na parte superior dizia: Quem faria isso e por quê?
— Esse é o cerne da questão aqui — disse ela, tocando na página. — Teorizei que alguém do futuro queria mudar o passado, certo? Você pode estar se perguntando porquê suspeito que seja alguém do futuro. O próprio Orsted é a pista. Ele foi enviado do passado para o presente, onde continua revivendo o mesmo período repetidamente. No momento, não há uma alma que possa interferir com ele, o que o torna o mais poderoso de todos, capaz de continuar o mesmo ciclo repetidamente até que, finalmente, alcance a vitória.
Orsted foi enviado por seu pai, o primeiro Deus Dragão, que também lançou uma arte secreta sobre ele que o faz reviver exatamente o mesmo período de tempo, exatamente como Nanahoshi descreveu. De acordo com a previsão do próprio Orsted, só havia uma maneira de escapar desse ciclo: derrotar o Deus-Homem. Ele ainda não havia derrubado o Deus Homem, mas um dia o faria. Nanahoshi não estava exagerando quando o chamou de o mais poderoso.
Ela continuou:
— Acredito que a razão pela qual nós dois fomos enviados para cá tem algo a ver com a batalha entre o Deus Dragão e o Deus-Homem.
— Por quê?
— Porque a primeira pessoa que conheci depois de me encontrar neste mundo foi Orsted. Eu te conheci depois disso, e você mudou muito o destino de Orsted. Ao contrário das outras pessoas aqui, você e eu podemos e estamos interferindo no ciclo dele.
Certo, deixe-me ver se entendi bem…
Orsted estava preso nesses circuitos para poder derrotar o Deus Homem. Não tinha ideia de qual dos dois terminaria vencedor, mas para fins de discussão, vamos supor que o lado perdedor encontrou alguma maneira de alterar o passado. Se também formulássemos a hipótese de que enviaram Nanahoshi e eu como uma jogada estratégica para pular a balança para que alcançassem a vitória… então, qual deles perdeu originalmente?
Tem que ser Orsted, pensei para mim mesmo. Ele é o único que ainda está preso nesses ciclos. Isso significava que havia a possibilidade de o Orsted do futuro ter nos invocado aqui.
— Mas não é Orsted — disse Nanahoshi, como se estivesse lendo para onde meus pensamentos estavam indo. — Ele não poderia fazer algo assim.
Ela tinha razão; a intenção de Orsted era vencer sem fazer nenhuma mudança no passado. Mesmo que fizesse alterações no passado, seria mais provável que escolhesse um período mais antigo na história. Por exemplo, a segunda Grande Guerra Humano-Demônio, quando Laplace foi dividido em dois. Também era possível que um Orsted que tivesse experimentado muitos outros loops interferisse em uma versão de si mesmo em um loop anterior, mas não conseguia pensar em uma razão pela qual ele se preocuparia em fazer isso.
Nanahoshi continuou:
— O Deus-Homem também não poderia. Como o próprio Orsted disse, o Deus-Homem já deveria vencer esse ciclo.
Orsted nunca soube da existência de Geese até agora. Assim, ele achava que a vitória estava em suas mãos. Não tinha como ele saber que tropeçaria em uma pedra aparentemente insignificante ao longo do caminho. Se não fosse pela nossa presença neste ciclo, sua derrota já teria sido garantida. Essa foi mais uma prova de que o Deus-Homem não tinha incentivo para mudar o passado.
— Então, quem faria isso? E por quê? — perguntei.
— Essa é a questão, não é? Devo começar o que vou dizer a seguir admitindo que isso é apenas uma suposição da minha parte, mas… — Novamente, ela bateu o dedo no livro, apontando para um nome que estava escrito na página. Shinohara Akito. Imediatamente abaixo estava o nome Kuroki Seiji, mas ela o riscou, escrevendo outro nome ao lado dele: Rudeus Greyrat.
— Ontem, quando descobri sua verdadeira identidade, lembrei-me de algo. Quando o acidente aconteceu, Aki…, quero dizer, Shinohara, me abraçou. Você salvou Kuroki Seiji, então ele estava fora do caminho do caminhão. Suspeito que ele provavelmente não foi enviado para cá. Apenas três de nós foram atingidos na colisão. E nós dois estamos aqui juntos agora. A última pessoa restante não foi encontrada em lugar nenhum.
— Você apareceu neste mundo dez anos antes de mim. Acho que isso significa que nós três fomos invocados para períodos diferentes aqui.
Bem, para ser mais preciso, eu fui reencarnado, não invocado. Não que isso faça uma grande diferença, eu acho.
— E se você veio antes de mim, não haveria nada de errado se Shinohara viesse em uma data ainda mais tarde. Muito, muito mais tarde no futuro, onde ele conheceu Orsted. Suponhamos que essa tenha sido a primeira vez que algo mudou nos ciclos de Orsted e que ele e Shinohara se tornaram companheiros. No entanto, Orsted percebeu depois que não tinha como derrotar o Deus-Homem. Então, tomou outras medidas para garantir sua vitória.
Então, alguém do futuro mudando o passado, hein?
— Espere — interrompi —, você está dizendo que isso tem a ver com o motivo pelo qual a região de Fittoa foi totalmente destruída? Por que esse cara, Shinohara, é algum tipo de espertalhão com super habilidades que lhe permitem mudar o passado?
— Não, nada disso. Acho que ele teria conhecido várias pessoas diferentes, assim como eu. Não seria estranho que tivesse encontrado alguém que pudesse alterar o curso da história… — Sua voz se arrastou.
Uma Criança Abençoada. As palavras imediatamente surgiram na minha cabeça. Nunca me ocorreu ver a força sobre-humana de Zanoba, mas a Criança Abençoada em Millis podia ver as memórias de uma pessoa simplesmente olhando nos olhos dela. Não parecia muito exagerado presumir que poderia haver uma Criança Abençoada com a capacidade de alterar o passado de alguma forma. Caramba, se não tivesse conhecido o Rudeus do futuro, provavelmente teria vivido a vida miserável detalhada em seu diário. Isso não significava que o passado já havia sido mudado uma vez?
Não parecia real para mim que isso fosse possível, mas, por outro lado, não podia descartar isso. Afinal, eu de alguma forma reencarnei aqui e Nanahoshi foi enviada do nosso mundo para cá. Alterar o passado era tão exagerado em comparação?
Acariciei meu queixo pensando.
— Orsted disse que tinha alguma pista sobre quem essa pessoa poderia ser?
— Sim. Ele disse que há uma Criança Abençoada que pode reverter o tempo de um objeto.
Não era bem isso que tinha em mente quando fiz a pergunta, mas se encaixava na teoria de Nanahoshi sobre uma Criança Abençoada com habilidades de manipulação do tempo.
— No entanto — continuou Nanahoshi —, ele também disse que o destino da Criança Abençoada era muito mais fraco do que o de qualquer outra pessoa e que morreria sem nunca poder fazer nada.
— E você acha que Shinohara Akito interveio e a salvou — supus.
Parecia que as peças do quebra-cabeça que ela me deu estavam começando a se encaixar. Esse cara, Shinohara, teria se encontrado com a Criança Abençoada e também com Orsted. Podemos inferir, então, que de alguma forma desenvolveram um instrumento mágico que lhes permitiu ampliar os limites dos poderes dessa Criança Abençoada. Isso faria mais sentido, já que está alinhado com nossas próprias experiências; Nanahoshi colaborou com Perugius para criar um aparato de teletransporte ainda mais poderoso. Da mesma forma, conheci Cliff e Zanoba e criamos minha Armadura Mágica. Poderíamos então supor que, com a ajuda desse instrumento mágico, conseguiram alterar o passado.
Nada disso respondia à pergunta real. Então, tive que perguntar…
— O que isso tem a ver com sua falha no teletransporte?
— Esperava que você perguntasse isso. — Nanahoshi passou para a próxima página. Desta vez, o topo foi intitulado com as palavras: Meu futuro, supondo que não possa voltar para casa.
— Pensei comigo mesma: ele não teria procurado por mim da mesma forma que eu o procurei?
Assobiei baixo e acenei com a cabeça. Parecia lógico o suficiente.
— Bem, isso é novamente apenas uma suposição da minha parte, mas e se a razão pela qual não posso voltar para casa agora for porque voltarei com Shinohara Akito no futuro? Ou melhor, e se houver uma condição para que eu possa voltar? Tipo, eu tenho que cumprir alguma condição ou cumprir algum propósito antes de poder sair. Talvez até mesmo os dois.
Ok, então… espere um segundo. Tenho que ter certeza de que estou seguindo.
A essência básica era que, por algum motivo ou outro, esse Shinohara foi invocado aqui para o que seria nosso futuro. Uma coisa ou outra aconteceu e ele se tornou companheiro de Orsted, então os dois trabalharam juntos. Eles descobriram que, do jeito que as coisas estavam, não conseguiam vencer o Deus-Homem. Quando tentaram investigar a raiz do problema, a causa estava no passado. Então, encontraram uma maneira de ampliar o alcance das habilidades daquela Criança Abençoada para alterar o passado.
Foi quando fui inicialmente trazido para cá. Só que, no momento em que apareci, o Deus-Homem previu sua própria morte nas mãos dos meus descendentes. Com a ajuda deles, Shinohara e Orsted finalmente conseguiram derrubá-lo. Todavia, havia um problema: Shinohara não tinha como voltar para seu mundo. Assim, ele mais uma vez usou os poderes da Criança Abençoada. Desta vez invocou Nanahoshi para o passado, sabendo o quão ferozmente ela gostaria de voltar para casa. Sua paixão por voltar a estimulou a inventar melhores círculos de teletransporte.
Eu só podia imaginar que, quando a invocaram, talvez tenham sido um pouco imprudentes ao alterar o passado, destruindo assim a região de Fittoa. Só esse pensamento me deixou furioso com esse Shinohara. Se tudo o que Nanahoshi supôs fosse verdade, ele destruiu aquela terra e inúmeras vidas por causa de seu próprio egoísmo.
Claro, tudo isso era especulação. Ainda assim, acho que não posso culpar o cara, não é? Talvez Shinohara estivesse tão sem opções que não tivesse outra escolha a não ser alterar o passado dessa forma. Ou talvez não tivesse como saber o quão terríveis seriam as repercussões. A possibilidade mais assustadora era que as circunstâncias fossem tão drásticas que ele tomou essa decisão mesmo sabendo das consequências.
Eu poderia me identificar com isso. Desde que cheguei aqui, fiz muitas conexões preciosas com outras pessoas. Minhas esposas, meus filhos e até minhas irmãzinhas. Eu estava disposto a me tornar subalterno de Orsted apenas para protegê-los. Felizmente para mim, Orsted acabou sendo um cara surpreendentemente bom. E se ele fosse mau? E se ele tivesse ordenado que eu cometesse os atos mais hediondos? Sabia em meu coração que teria seguido seus comandos de qualquer maneira. Eu faria qualquer coisa para proteger minha família. Talvez Shinohara e eu não fôssemos diferentes nessa frente. Todos tinham algo que era precioso para eles.
— Entendi — disse, depois de organizar meus pensamentos. — Então, Nanahoshi, vamos imaginar que todas as suas suposições estejam corretas. O que você vai fazer?
— Boa pergunta… — Ela fez uma pausa por um momento e depois disse: — Supondo que a condição seja que eu faça algo antes de poder voltar para casa, acho que já cumpri meu papel. Criei o aparelho de teletransporte. Não tenho a intenção de criar mais nada.
Se o papel de Nanahoshi fosse criar o aparato de teletransporte, então qual deveria ser o meu papel? Levar Orsted à vitória? Talvez tudo dependesse de eu matar Geese? Pode ser que eu só esteja pensando nisso porque ele está pesando muito na minha mente em primeiro lugar. Geese pode não ser o único discípulo escondido.
Nanahoshi continuou:
— Dito isso, o fato de não poder ir para casa deve significar que ainda há algo para eu fazer.
— Certo.
— Embora perceba que esse é um pensamento esperançoso da minha parte, me pergunto se minha tarefa final é, no futuro, mandar Shinohara de volta para casa.
— Espera. O quê? — Aqui eu me perdi.
— Quero dizer, tem que ser isso, certo? — Nanahoshi insistiu. — Eu fiz o aparelho, mas se ele não souber como usá-lo, não poderá voltar.
Ok, sim, acho que entendi. Mesmo se assumirmos que ele terá algum tipo de tanque de mana como eu no futuro para ajudar, apenas ter a instalação em si não será suficiente para realmente fazê-la funcionar. Há uma boa chance de Perugius não estar mais vivo até lá. Eu podia ver o que ela queria dizer, mas todo esse cenário hipotético parecia um pouco claro demais. O problema poderia ser facilmente resolvido se Nanahoshi escrevesse e deixasse um manual que ele poderia usar no futuro.
— Ou talvez eu já esteja no futuro — disse Nanahoshi.
Ah, isso faz mais sentido. Ela não podia voltar para casa porque isso criaria um paradoxo temporal. Se ela voltasse agora, seu eu do futuro não seria capaz de existir. E se seu eu do futuro tivesse ajudado a perpetuar a mudança no passado, então suas ações e existência teriam prioridade sobre tudo o que seu eu do passado tentasse fazer. Isso explicaria por que a instalação de teletransporte simplesmente parou de funcionar abruptamente sem nenhuma causa ou motivo real.
Nanahoshi balançou a cabeça.
— Mas do jeito que as coisas estão, não vou viver mais oitenta anos para ver esse futuro. Tenho essa doença com a qual estou lidando, afinal de contas. — Seus olhos se fixaram no canto da sala enquanto falava.
Eu tinha o péssimo hábito de deixar isso escapar da minha mente, mas suas palavras eram um lembrete sombrio do fato de que ela ainda sofria da Síndrome de Esgotamento. Era quase como a AIDS deste mundo. Nanahoshi controlou seus sintomas bebendo chá de grama Sokas diariamente. Não havia como dizer quando a doença poderia progredir para algo mais incontrolável. As chances dela sobreviver por mais oitenta anos eram muito pequenas.
— O que vai fazer? — perguntei, não pela primeira vez nesta conversa.
Nanahoshi respirou fundo e disse:
— Vou pedir a Perugius que me congele no tempo.
Ela estava se referindo a um dos espíritos de Perugius: Casacossustador do Tempo, cujo toque era capaz de congelar alguém no tempo. Se ela usasse o poder de Casacossustador, poderia sobreviver aqueles longos anos. Não seria indefinido; em algum momento, Laplace reviveria e Perugius lançaria um ataque em grande escala para derrubá-lo. Ele não teria o luxo de desperdiçar um recurso precioso como o Casacossustador quando isso acontecesse. Se tudo estivesse alinhado, seria daqui a oitenta anos. Cinquenta no mínimo. Orsted também precisaria derrubar Laplace se quisesse chegar até o Deus-Homem. Shinohara estaria lá para ajudar com isso, o que significaria que… Nanahoshi acordaria no momento certo.
— Já me decidi, Rudeus. Tenho um último pedido a fazer a você.
Eu inclinei minha cabeça.
— Um pedido? — O que poderia ser?
— Quero que você tome algum tipo de medida para garantir que minha existência não escape à atenção de Shinohara Akito. Escreva sobre mim em um livro ou construa um monumento para mim, o que quer que funcione. Além disso, embora saiba que os círculos de teletransporte foram proibidos neste mundo, gostaria que você os tornasse públicos, se possível. Continue pesquisando sobre eles.
— Isso é realmente necessário?
— Não há garantia de que todas as suposições que fiz estejam corretas. Na verdade, seria estranho se todas estivessem. É melhor presumir que oitenta por cento do que eu disse não passa de fantasia e ter uma garantia. Dessa forma, se tudo o que eu disse estiver errado, ainda poderei encontrar um caminho de volta para casa quando acordar.
Ela havia eliminado meu ceticismo com sua lógica sólida. Não me impressionaria se fosse totalmente preciso, mas fazia todo o sentido. Agora, mais uma vez usando o raciocínio perfeito, ela estava me convencendo a agir como se nada disso fosse certo. Nem sabíamos se Shinohara havia sido invocado para este mundo como nós. Talvez estivesse errada e o círculo mágico tivesse alguma falha no design. Tínhamos alcançado o nível mais alto de perfeição que podíamos alcançar no momento atual, mas era perfeitamente concebível que ainda faltasse alguma coisa, algo que não seríamos capazes de superar sem um avanço.
— É claro que ainda pretendo acordar várias vezes ao ano para me atualizar sobre as circunstâncias atuais — disse Nanahoshi. — Tenho certeza de que as coisas mudarão enquanto eu estiver… dormindo, por falta de uma palavra melhor, e posso pedir que você mude de tática nesse momento.
Afinal, as situações tendiam a mudar. Algumas novas informações podem refutar totalmente a premissa de sua tese.
Além disso, pensei, desde que eu ainda respire, quero fazer o que puder para vê-la em casa. Não há mais ninguém em quem eu confiaria aquela carta para minha família.
— Tudo bem. — Eu disse.
Depois de nossa conversa, examinamos cuidadosamente o aparato de teletransporte para ter certeza absoluta de que não havia problemas com ele e fizemos mais uma tentativa de enviar Nanahoshi de volta ao seu mundo. Confirmamos que tudo estava como deveria estar. Não houve problemas com o aparelho, tudo correu bem… mas, mesmo assim, falhamos. Era como se alguém estivesse desligando meu suprimento de mana para o aparelho a fim de interferir em nossa tentativa.
Eu poderia pelo menos confirmar que não havia problemas da minha parte, presumindo que Perugius estava sendo totalmente honesto. A única suposição que pude fazer foi que a interferência estava vindo de alguém no futuro. Não conseguia imaginar como isso poderia ser obra do Deus-Homem. Seja qual for a causa, nossa missão de mandar Nanahoshi de volta terminou em fracasso, e foi isso.
Foi então que Nanahoshi informou Perugius sobre seu plano. Achei que ele se oporia à decisão dela, mas aceitou prontamente. Quando ela implorou que ele emprestasse seu Casacossustador do Tempo para que ela caísse em um sono profundo, houve um lampejo momentâneo de tristeza em seu rosto que se dissipou tão rapidamente que quase me deixou triste. Após, ele simplesmente murmurou:
— Se é isso que você deseja.
Ocorreu-me que ela talvez já tenha discutido essa possibilidade com ele e feito arranjos.
— Bem, então, Rudeus e Lorde Perugius, deixo tudo em suas mãos capazes — anunciou Nanahoshi antes de desaparecer em seu quarto.
Seu plano era só despertar quando a mana do Casacossustador acabasse, o que seria cerca de uma vez por mês. Considerando o quanto nos afastamos nos últimos anos, nenhuma tristeza terrível me dominou ao pensar na ausência dela. Para mim, foi mais como um amigo se mudando para longe. No entanto, senti outra coisa.
O que é isso? Isso me faz sentir um pouco desconfortável.
— Rudeus Greyrat — gritou Perugius, parando-me quando estava prestes a deixar a fortaleza flutuante, ainda lutando com minha própria turbulência interna por causa desse resultado. — Eu detesto a palavra “destino”.
Isso pareceu repentino e do nada. Logo acenei com a cabeça e respondi:
— Eu também. — Não queria pensar que tudo o que tínhamos realizado era simplesmente seguir o plano de outra pessoa.
— É detestável pensar que o futuro fecha os punhos em torno do passado. Mal consigo aguentar isso. — Ele deu uma olhada maldosa na porta pela qual Nanahoshi havia desaparecido momentos antes. — Essa crença mostra desprezo pelo passado e desprezo pelo presente. Eu me recuso a aceitar isso.
— Por ter uma opinião tão forte sobre o assunto, você com certeza não se importou de emprestar a Nanahoshi um de seus subordinados — respondi.
— Hmph — resmungou. As linhas de seu rosto endureceram enquanto ele me examinava. — Acredito que falta algo no círculo em si.
Eu franzi meus lábios e me recusei a comentar.
— Parece que Nanahoshi perdeu a esperança, mas eu não vou desistir. Enquanto ela estiver presa em um sono profundo, verei esse círculo mágico concluído; juro pelo meu nome como Rei Dragão Blindado. — Uma determinação ardente brilhava em seus olhos escuros. — Infelizmente, não tenho a substancial reserva de mana que você possui. Assim, Rudeus Greyrat, farei com que você me ajude nessa empreitada.
— Não me importo de ajudar, mas tenho que perguntar: Por que você se esforça tanto para ajudar Nanahoshi?
Minha pergunta pareceu trazê-lo de volta aos sentidos. Sua expressão mudou e seus olhos se desconcentraram, olhando para a distância. Era como se ele mesmo não soubesse porquê estava fazendo isso. Depois de alguns instantes, suas sobrancelhas se juntaram, indicando que, afinal, ele tinha alguma noção de suas próprias motivações.
— Para o passado, nosso presente é o futuro. Nosso eu do passado nos trouxe até onde estamos hoje, e nosso eu atual continuará a construir nosso futuro. Desejo esclarecer isso à minha aprendiz, mostrando-lhe o erro em seu pensamento tolo. Isso é tudo. Estou apenas gastando meu tempo até o renascimento de Laplace — disse Perugius.
Tolo, hein? Talvez, do ponto de vista dele, Nanahoshi parecesse uma criança petulante amuada porque não conseguiu o que queria. Talvez pensasse que ela tinha a ilusão de que, se simplesmente adormecesse profundamente e acordasse mais tarde, algo poderia mudar magicamente e resolver todos os seus problemas para ela. Ele queria refutar isso.
— Tudo bem. — Eu concordei. — Eu vou ajudar, então.
— Você tem minha gratidão.
— Não há necessidade disso. — Sorri para ele, satisfeito com essa pequena interação.
Nanahoshi provavelmente não retornaria ao Japão durante minha vida. No entanto, mesmo que ela nunca tenha conseguido voltar, pelo menos tinha alguém para cuidar dela. Isso aqueceu meu coração.
E assim, Nanahoshi entrou em um sono profundo e sem sonhos para aguardar o futuro. Fiquei com um emaranhado desconfortável de emoções que era difícil de desvendar. Parte de mim ficou aliviado por termos chegado ao fim. Outra parte sofreu pelo mesmo motivo.
Eu me perguntei se Nanahoshi teria chegado a essa conclusão com ou sem meu envolvimento. Pensando nisso, meu eu do futuro nunca me disse qual era o destino dela. Só abordou o assunto com uma expressão triste no rosto. Suspeitei, com base nas informações que tinha, que Nanahoshi nunca havia compartilhado sua teoria com ele. Talvez Perugius tenha dito mais tarde que ela cometeu suicídio, mas era possível que fosse uma fachada: que ela realmente tivesse adormecido para esperar o futuro, assim como fez dessa vez.
Não importa, isso encerrou pelo menos um assunto. Perugius parecia ter a intenção de continuar sua pesquisa, e Nanahoshi parecia igualmente empenhada em continuar sua jornada para casa no futuro. No momento, isso acabou. Nanahoshi considerou o assunto e escolheu seu próprio caminho. Era hora de mudar meu foco e voltar ao meu papel nisso.
Tudo bem! Com isso resolvido, é hora de sair para ver o Deus da Espada, Gall Falion. Eris e eu podemos ir juntos, só nós dois. É melhor manter as coisas simples. Fiquei um pouco desconfortável ao pensar que não teríamos apoio, mas pelo que ouvi, ninguém no Santuário da Espada era particularmente inteligente. Pegar alguém que fosse especialista em falar com os punhos era a opção mais segura.
Antes de ir, precisava dar a Orsted meu relatório regular. Queria contar a ele sobre a escolha de Nanahoshi. Ela já havia lhe contado sua teoria, mas eu ainda precisava dar a ele o resumo final.
Fui direto para o escritório de Orsted.
— Ah, presidente Rudeus! É um prazer vê-lo, senhor — cumprimentou a alegre recepcionista com um arco de cabeça assim que entrei no saguão. — O CEO está esperando lá dentro.
— Tudo bem — proferi, sem perder o ritmo enquanto passava por ela e me dirigia para o escritório dele. Quando entrei, fiz questão de fechar educadamente a porta atrás de mim antes de me virar para encará-lo. Eu tinha minhas pernas perfeitamente posicionadas, na largura dos ombros, e meus braços cruzados atrás de mim enquanto estava na frente de Orsted, que estava sentado em sua mesa. Abaixei minha cabeça como uma demonstração de respeito. — Tenho um relatório para lhe dar, senhor.
— Muito bem.
— A tentativa de Nanahoshi em retornar ao seu mundo terminou em fracasso. Ela acredita que a causa está no futuro. Então pegou emprestado o poder do subordinado de Perugius, Casacossustador do Tempo, para entrar em sono induzido.
— Entendo. — Orsted lentamente tirou o capacete e pressionou a mão contra a têmpora, soltando um longo suspiro. — E o que Perugius disse?
— Ele insistiu que a falha tinha que ser devido a alguma inadequação no próprio círculo. Está determinado a continuar a melhorá-lo para poder mandar Nanahoshi para casa.
Ele olhou para mim.
— Isso é tudo?
— Perugius também disse que era absurdo que o passado fosse determinado pelo que aconteceria no futuro.
— É claro que ele disse. É exatamente o que ele diria. — Talvez fosse minha imaginação, mas sua voz estava inusitadamente cheia de emoção. Embora sua expressão estivesse tão implacável e seu tom tão plano como sempre.
— Agora que ouvi sobre Nanahoshi, o que você planeja fazer? — perguntou Orsted.
— Vou pensar um pouco mais, mas meu plano atual é ir ver o Deus da Espada Gall Falion. Como sempre, agradeceria o máximo de detalhes que você puder fornecer.
— Muito bem. Eu já compilei meu conhecimento sobre o homem. — Ele entrou em seu gabinete e trouxe um pacote de documentos. Estava bem preparado, como sempre. Embora eu tenha apreciado sua meticulosidade, tive a sensação de que nossos papéis estavam meio invertidos aqui. Não deveria ser eu aquele que fornecia esses materiais, já que eu era o subordinado? Não que isso importe. Chegamos até aqui fazendo as coisas dessa maneira. Não é como se isso fosse mudar agora.
— Obrigado, senhor. Terei prazer em usá-los.
— Eu escrevi aqui também, mas só para dar ênfase: evite lutar contra Gall Falion.
— Sim, senhor.
Enquanto uma cortina se fechava sobre a história de Nanahoshi após ela mergulhar em seu torpor, outra se abria. Minha pausa um tanto bizarra chegou ao fim. Era hora de retomar minha batalha contra Geese.
Tradução: NERO_SL
Revisão: Pride
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