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Calmaria Divina – Vol. 1 – Cap. 10 – Monstruosidade

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Jack Genova.

“A pior monstruosidade existente é aquela que torna a dor alheia em armas.”

É nisso em que minha vida se baseia desde que me lembro.

A parte mais suja da vida é a doença que penetra na carne dos desprotegidos, por meio das sombras do mundo. Eu não entendi o que essas palavras significavam quando me foram ditas, não até ver essa doença com meus próprios olhos. De cidade em cidade, meu objetivo era sempre encontrar onde os parasitas se escondiam e cortar fora as raízes podres.

Quantas mortes aconteceriam por conta daqueles que se alimentam das almas de inocentes? Um sangue que escorrega por suas mãos impunes?

Eu jurei vingança contra todos eles. Vingança por todos aqueles que lutaram sem motivos.

Perdi companheiros, quantas vezes não vi o sacrifício e a morte? Quantos ferimentos não foram gravados em meu corpo, até que ele se forjasse uma arma? Uma arma da justiça.

Pela dor alheia, me tornei um escudo. Por meus companheiros, me tornei uma espada. Por minha dor, me tornaram um guerreiro. Um guerreiro da justiça.

“O mais benevolente dos deuses é aquele que torna a dor em forças.

— Que seu rugido ressoe por cada vida perdida.

Minha lâmina trovejava em minhas mãos. A luta estava apenas começando.

Strog girou a espada enquanto se aproximava.

— Espero que seu capacete esconda mais que um simples homem, ou vai me decepcionar.

Bati o pomo de minha espada contra meu escudo, testando seu fecho, avancei, esquivando de um ataque na altura do ombro.

Mesmo com minha armadura pesada pude sentir o frio emanando da lâmina do oponente.

Aparei um ataque baixo com minha espada e me lancei contra ele, chocando meu escudo contra seu peito, desequilibrando-o.

Em seguida, minha espada liberou uma explosão branca ao atingir seu peito. O ferimento não havia sido profundo, mas o queimaria.

Shimitsu tinha o corpo envolto em um redemoinho e parecia flutuar enquanto se movia para flanquear Strog.

Outro escudo de energia surgiu entre os dois, impedindo a onda de ataques do Kitsune.

Strug apontou seu cajado para nós e três projéteis voaram em nossa direção. Fui rápido o suficiente para aparar um deles com meu escudo, mas os outros dois atingiram meu companheiro, que foi lançado na parede, seu braço conjurado começando a falhar.

 

 

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Sanir.

O que eu posso fazer? O que minha mãe diria se eu perguntasse a ela o que eu devo fazer?

Lembrei de uma vez que perguntei como sair de uma enrascada envolvendo um braço quebrado — não era meu —, uma árvore de amoras azedas — também não era minha — e um par de chinelos — esse era meu.

— O suficiente. — ela respondeu quando perguntei o que tinha que fazer.

Isso respondeu minha pergunta? Não. Isso serviria de alguma coisa nessa situação? Capaz que não. Mas vou tentar fazer o suficiente agora.

Enquanto Jack e Shimitsu enfrentavam os gêmeos, Arthur e Thorian lidavam com a quimera, olhei pelo mortuário, em busca de qualquer coisa que encaixasse nos requisitos de “ser o suficiente”, até que meus olhos pararam em uma cela aberta e vazia, exceto por algumas ferramentas e correntes.

— Eu tive uma ideia. — falei para mim mesmo.

 

 

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Thorian.

Eu e Arthur estávamos lado a lado enquanto a quimera se aproximava.

A besta não fixava seu olhar em nós, variando entre diferentes pontos do extenso corredor banhado de sangue. Era como se estivesse perdida, até que Strug gritou de onde estava.

— ATAQUE!

As duas cabeças mostraram as presas enquanto seus olhos travavam em mim.

Levantei meu escudo, em guarda e apontei meu tridente para a criatura.

Seu corpo pesado fazia o chão tremer enquanto corria. Tentei atingi-la com a ponta de meu tridente, mas a criatura o rebateu com uma das patas.

Meu corpo tremeu quando a cabeça de javali se chocou contra meu escudo, então ouvi um grunhido de dor quando Arthur atingiu o lado da criatura.

A besta se virou para ele. A cabeça com o focinho achatado se abrindo e avançando contra ele. Me movi para tentar me colocar entre seu ataque, mas Arthur parecia mais rápido que antes.

Bateu rapidamente suas asas e se impulsionou para trás, escapando com um pequeno arranhão.

Que sua luz sagrada ofusque meu inimigo.

Meu tridente começou a brilhar com uma forte luz branca. A quimera pareceu congelar com a visão, a atingi na cabeça de javali com um ataque lateral.

Ela bateu as asas e girou, balançando as garras, nos atingindo com golpes pesados.

Arthur recuou alguns passos, com uma ferida próxima às costelas.

— Eu tô bem. A gente só precisa derrubar isso logo.

 

 

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Shimitsu

— Fica tranquilo, vai se juntar a ela logo logo.

Apenas olhei para Strog enquanto ele falava. Apertei a empunhadura de minhas espadas, recuperando o equilíbrio após ser arremessado.

— E logo depois de você eu vou buscar o seu amigo ali.

Ele apontou sua lâmina para Arthur, que agora enfrentava a quimera.

Sentia meus olhos querendo saltar das órbitas. Meu corpo se envolveu novamente em ondas de vento, dando apoio às partes feridas.

— Dessa vez eu vou arrancar a sua cabeça.

Jack encostou a mão em minhas costas que sangravam pelo impacto e a dor começou a diminuir.

— Eu te acompanho. — disse ele, buscando novamente sua espada.

— Obrigado.

Strog também correu ao nosso encontro, com a espada preparada.

Jack sinalizou com a cabeça e acelerou. Eu era mais rápido que ele, mas o deixei passar na frente.

Ele golpeou a arma de Strog com o escudo, quase arrancando-a de suas mãos.

Aproveitei a abertura e passei ao lado de meu companheiro e mirei no pescoço do inimigo desprotegido.

Seu olhar se virou para minha lâmina, surpreso. Com um movimento súbito, ele golpeou minha lâmina com a mão livre e recuou.

Eu não podia parar agora. Impulsionei meus pés com uma rajada de vento, as duas espadas apontadas para ele, em um movimento de estocada.

Uma luz brilhou em minha frente e Jack aparou um projétil de Strug com sua espada.

Assim que meus pés encostaram novamente no chão, dei mais um impulso, ainda com meu ataque preparado.

Meu ataque foi desviado, atingindo abaixo das costelas do inimigo. Girei as lâminas, tentando abrir ainda mais a ferida, mas Strog se lançou para o lado, minhas espadas abrindo espaço por sua carne e deixando um corte que chegava a um terço de sua cintura.

Ele tombou para o lado, se apoiando nas grades da cela ocupada pelo cadáver do dragão.

Atrás dele, Strug gritou.

— SEIS!

Logo depois, ouvi um baque vindo de onde Jack estava, um berro abafado de aviso.

— Shimitsu! Cuidado!

Senti a dor aguda de presas cravando em ambos meus ombros e me erguendo dois metros do chão, logo antes de ser arremessado novamente.

Atingi a parede e senti minha consciência escapando.

Mal senti quando atingi o chão.

 

 

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Arthur

A quimera ergueu as cabeças repentinamente e ignorou nossos ataques, correndo em direção ao outro lado da batalha.

Jack estava de costas, indo até Shimitsu, que tinha ferido Strog. Não sei se o que realmente o alertou foi meu aviso ou os passos pesados da besta que se movia rapidamente em sua direção.

— Jack!

Ele se virou, tentando bloquear a investida da criatura com seu escudo, mas foi lançado para o lado. A quimera nem ameaçou parar até abocanhar Shimitsu e o atirar pelo corredor.

Me impulsionei com minhas asas, rapidamente chegando ao meu companheiro caído, logo após Jack. Era quase desconfortável não poder ver seus olhos, sem saber que tipo de expressão havia em seu rosto naquele momento. Sua armadura estava amassada onde havia sido atingido, seu braço sangrava por baixo do escudo

Logo depois, Thorian chegou.

— Thorian, você ainda consegue curar ele? — perguntei.

— Vou dar o meu melhor. Cubram minhas costas.

Me virei, pronto para proteger meus companheiros.

Uma saraivada de projéteis mágicos se aproximava de nós. Jack se posicionou mais à frente com seu escudo, que começou a emitir um sutil brilho azul.

As preces baixas de Thorian, agora com um tom de súplica, foram sobrepostas pelo estrondo da rajada de feitiços que Jack enfrentava.

Eu não podia fazer nada. Não havia nada que eu pudesse fazer além de observar e esperar o momento de agir.

Os impactos reduziram e então desapareceram.

— ..thur…are…ele es…indo…

Eu me sentia tonto. Não consegui entender o que o paladino falava, ele parecia tão distante…

— …ur… Arthur!

Merda. Percebi os olhos do mago em mim, enquanto Strog e a quimera estavam a alguns metros de nós.

Mordi meu lábio, tentando retomar o foco.

— Vai se foder, você e seus truques!

Retomei o fôlego e me preparei para contra-atacar.

Vi Sanir se aproximando e se preparando para arremessar algo.

— Espero que isso seja o suficiente!

Uma corrente passou próxima ao chão, se enrolando nas patas dianteiras da besta, que arrastou o Halfling por mais dois ou três metros antes de tombar para a frente.

Sanir recuperou o equilíbrio e se aproximou o suficiente para jogar uma fruta vermelha em nossa direção.

— Esse cara tá parecendo uma laranja chupada. Dá isso pra ele.

Soltei uma de minhas espadas e peguei o fruto mole.

— Thorian, faça isso.

O Golias, ajoelhado, pegou o fruto e começou a espremer na boca de Shimitsu, o forçando a engolir.

Enquanto eu pegava minha espada novamente no chão, a espada de Jack brilhava conforme ele enfrentava o outro.

— Você não me interessa, larga essas aberrações aqui e eu te deixo viver.

Jack não dava respostas e apenas o enfrentava. Os ferimentos do inimigo já pareciam estar a meio passo de se curarem. Ele mancava um pouco, mas não parecia ter muito mais dificuldades do que antes.

A quimera tentava se livrar da corrente que a imobilizava. Ergui minhas espadas em sua direção, então Strug se aproximou alguns metros e gritou mais uma vez.

— ATAQUE!

Novamente as duas cabeças se ergueram, a que se assemelhava a um cruzamento de lobo e gorila abriu seu focinho achatado, emitindo um grunhido alto, logo antes de tomar o que pareceu ser um longo fôlego.

Ela se virou para as correntes e um grito estridente, acompanhado de uma onda de choque atingiu todos nós. A corrente se partiu. Meus ouvidos ameaçaram estourar, senti sangue quente escapando por eles. Minha visão girou, fiquei desnorteado por alguns segundos.

Strog estava desferindo uma série de golpes no escudo erguido de Jack, que ameaçava se partir.

Quando o zunido em meus ouvidos diminuiu o suficiente para ouvir os sons da batalha, ouvi também uma voz fraca vindo de trás.

— A gente tem que matar o mago primeiro.

Era Shimitsu, que se apoiava em Thorian para se levantar.

Procurei Sanir, o encontrei confrontando Strug, feitiços contra feitiços.

Shimitsu segurou a espada de lâmina roxa que recuperara na batalha anterior com a mão esquerda, seu braço energético havia sido dissipado.

— Strug comanda a quimera. — comecei — Tiramos ele da batalha e só vai faltar o guerreiro. Shimitsu, consegue lutar?

— Se eu respiro, eu luto.

— Eu abro caminho para vocês. — Thorian disse, girando seu tridente como um bastão. Um bastão que ardia com uma chama branca.

Jack, que ouvia nossa curta discussão enquanto impedia a passagem de Strog, soltou um urro, atirando o braço com o escudo para o lado, empurrando o inimigo contra a parede.

— Passem!

Sangue escorria de seu braço, passando por entre as placas da armadura pesada.

Lascas de seu escudo voavam, ameaçando ceder a cada golpe. Thorian se posicionou ao seu lado, ajudando a manter o inimigo limitado contra as grades do mortuário, ao mesmo passo que tentava imobilizar a quimera.

Shimitsu lutava para me acompanhar enquanto nos movíamos em direção ao foco da batalha de projéteis entre Sanir e Strug.

O mago olhou em nossa direção com o canto dos olhos, logo antes de fortalecer seu escudo translúcido, que interceptava feixes de luz dourada vindo do alaúde de Sanir.

A distância entre um inimigo e outro era de pouco menos de dez metros. Quando chegamos na metade do caminho, um raio de energia se moveu em nossa direção.

A cada disparo de Strug, parecia ficar mais lento, estava cansando. Me coloquei à frente e bloqueei o feitiço. Estava mais fraco. A explosão foi menor e quase não me causou danos.

Shimitsu desacelerou, mancando.

— Vai em frente, eu preciso me concentrar, ajuda o arqueiro a criar uma abertura pra eu atacar.

Assenti com a cabeça e segui, agora em minha velocidade máxima.

Uma cúpula se fechou ao redor do inimigo, outra nota aguda veio de onde Sanir estava, afastado da batalha.

A barreira tremeu, se fragmentou assim que a atingi com uma de minhas espadas.

Direcionei um segundo golpe, que passou perto do peito de Strug, que se lançou para trás.

Assim que mais um feitiço começou a se materializar, desci ambas minhas lâminas em sua direção, quebrando seu cajado no meio e atingindo seu ombro.

Seus olhos se arregalaram em um tom de urgência, ele levou uma das mãos até o bolso, retirando uma esfera de vidro, contendo o que parecia ser um líquido negro e a jogou no chão.

 

 

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Shimitsu.

Meu corpo tremia, era como se cada um de meus ossos e músculos estivessem no limite.

Em minha mente, passavam momentos de meu treinamento com Trégua, dos duelos que me levavam à exaustão. De cada ensinamento passado a mim pela mais jovem Grande Mestre da história. Que agora estava morta a alguns metros de mim.

Agarrei esse sentimento enquanto tentava manter meu corpo firme, retornando à postura do vento, usando novamente minha energia para sustentar meu corpo.

Arthur derrubou o mago. Então tudo ficou escuro. Uma nuvem de fumaça. Eles vão fugir mais uma vez. Fechei meus olhos, me concentrando nos sentimentos ao meu redor. Medo, fúria, ódio. Eu podia sentir. Através desse breu que se espalhava por todo o local, rosnados vieram de onde a luta contra Strog acontecia, ouvi o som das asas da besta batendo, enviando uma lufada de vento que limpava a visão.

Eu tinha uma visão clara do combate. Essa era minha melhor chance. Os inimigos não me veriam chegando.

Eu colocaria tudo o que tinha nesse ataque. Firmei meus pés no chão, fortaleci meu corpo com o que restava de minha energia e fechei meus olhos.

Me lancei como um projétil na direção de meu alvo, guiado apenas por sua presença.

Senti o sangue de Strog escorrendo por meu braço e banhando minha lâmina, que perfurava completamente o corpo do inimigo na altura do peito. Ele engasgou e eu fiquei na ponta dos pés para sussurrar para ele.

— Eu sempre cumpro minhas promessas.

Então removi minha arma de seu peito e a balancei, antes que ele tombasse, decapitando-o.

— Se você voltar, eu te mato de novo.

Assim que o corpo atingiu o chão, caí de joelhos, meu corpo cedendo.

A besta rosnou e se virou para mim.

— Ah… vai se foder também.

Thorian tentou fincar seu tridente nas costelas da criatura, mas a cabeça de javali se virou e abocanhou sua arma.

Então Jack, que havia largado seu escudo, agarrou a outra cabeça, tentando manter o focinho da criatura fechado.

— Como está aí Arthur? — o Golias gritou.

 

 

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Arthur.

Assim que tudo escureceu, soltei uma de minhas espadas e agarrei Strug pela roupa.

— Não adianta tentar fugir, seus truques acabaram.

— Se vai me matar, me mate logo.

— Antes, eu gostaria de saber, você se arrepende de algo que fez?

O homem soltou uma gargalhada.

— Nem um pouco.

— Como eu queria estar vendo a sua cara, agora, pelo menos eu ia saber onde está a sua língua para cortá-la fora.

Então cravei minha lâmina em um lugar de seu corpo que eu acreditava ser seu peito.

Um choque percorreu meu corpo.

Algo parecido com um cristal começou a brilhar onde eu o atingi e se derreteu, escorrendo junto de seu sangue. Quando aquilo entrou em contato com minha pele, pareceu queimar, senti aquele cristal penetrando em meu pulso.

Ao mesmo tempo, duas presenças intensificaram-se uma dezena de metros atrás de mim.

 

 

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Thorian.

A besta começou a se chacoalhar, parecia confusa. Ela parou de atacar e começou a recuar.

Shimitsu soltou um gemido de dor, quando me virei, uma mancha vermelha brilhava onde o sangue de Strog manchava seus pelos brancos.

— Que merda é essa? — disse, tentando remover o sangue.

De repente olhou para trás.

— Arthur… — ele sussurrou. — Ele conseguiu. Acabou.

— Vocês estão bem? — perguntei, analisando os ferimentos de meus companheiros.

A única área onde a névoa havia se dissipado, além de onde estávamos, era a faixa por onde o Kitsune havia se lançado em nossa direção. E foi por esse caminho que Arthur veio. Nele também brilhava uma mancha vermelha, que começara a desaparecer, assim como a que estava em Shimitsu.

Ele olhava para a quimera, que agora fixava o olhar em Arthur. Então começou a falar.

— Shimitsu, foi você quem matou Strog, não foi?

— E você matou Strug, imagino eu.

Meu companheiro que se aproximava assentiu com a cabeça.

— É… parece que eu não vou poder voltar pra casa tão cedo.

— Como assim, Shimitsu? — perguntei.

— Parece que a gente tá ligado por algum tipo de magia. Algo que aqueles dois tinham.

Enquanto eu tentava entender o que ele queria dizer, Sanir surgiu da escuridão.

— Aí, que bom ver que vocês tão bem e tal, mas o que a gente vai fazer com aquele cachorrão ali?

— Ela também faz parte dessa ligação. — Arthur começou. — Ela pode ser útil e eu não acho que vá nos atacar.

— Ainda assim ela é um monstro criado por dois maníacos. — Jack entrou na discussão.

— Eu sei, mas eu não sei o que vai acontecer se simplesmente matarmos ela agora.

— Por agora vamos sair daqui, depois decidimos o que fazer. — falei. — Para que lado fica a saída desse lugar?

— Agora a gente pode queimar a casa? — Sanir perguntou, ansioso.

Shimitsu se levantou e recuperou sua outra espada, que estava caída por perto. Ao mesmo tempo, Arthur se abaixou e alcançou a espada de Strog, a embainhando.

Ele se virou para a quimera e deu uma ordem.

— Aproxime-se.

A besta se aproximou, tão hesitante quanto ele.

— Todos aqui são amigos. — disse ele, retirando uma ração de viagem do bolso e entregando-a.

A besta a comeu.

— É realmente um cachorrão. — disse Sanir, se aproximando. — Vai chamar Quimi.

— É melhor não dar nome, ou vai se apegar. — Shimitsu disse.

A criatura olhou para ele e as duas cabeças rosnaram.

— Ah, sério? Você tem tipo… quatro bichos no seu corpo e vai ser racista comigo? Vamos embora daqui.

— Quimi — Arthur deu uma risada ao pronunciar o nome, enquanto recolocava seu pingente, retornando à aparência humana —  segue.

 

 

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A fumaça e as chamas que tomavam a casa, com os gêmeos e todos seus experimentos dentro, podiam ser vistas ao longe.

Shimitsu havia deitado Trégua em uma mesa limpa e cremado seu corpo. Essa fora a primeira fonte de fogo queimando a casa que agora desmoronava.

Ele andava ao nosso lado, com Arthur o dando apoio. Sanir andava mais à frente, parecia uma criança se divertindo com seu novo “bichinho” de estimação, a diferença é que o “bichinho” em questão era uma monstruosidade alada de dois metros de altura, com uma cabeça de javali e uma de um animal híbrido de lobo e gorila, cuja cada membro fora arrancado de uma criatura diferente.

— Eu não acho que as pessoas vão aceitar isso muito bem, Sanir.

— E sei que ela é feia, mas não importa muito e também eu posso fazer isso aqui.

Sanir tocou uma série de acordes em seu alaúde, os pelos da besta clarearam, as cabeças pareceram se unir em uma única e as asas desapareceram, fazendo a quimera parecer nada mais que um lobo de dois metros de altura.

— É só uma ilusão, mas pelo menos chama menos atenção.

— Sabe moleque, você tem suas surpresas. — disse Arthur, rindo.

Então uma figura pálida e de aparência distraída surgiu na estrada à nossa frente. Ele olhou para nós enquanto passava a mão em seus cabelos negros que escorriam até os ombros.

— Vocês que fizeram aquilo? — perguntou o homem, com uma voz estonteantemente tranquila.

— Sim! — o Halfling respondeu, alegre, enquanto tentava montar em Quimi.

O recém-chegado nos percorreu com um olhar distraído. Seus olhos eram completamente preenchidos de uma escuridão profunda como a de uma noite sem lua ou estrelas.

Ele passou por nós, como se estivesse passeando pelo parque, então parou abruptamente e se virou.

— Ah! São vocês! Fui enviado para passar uma missão para vocês. Ou melhor, duas missões. Dois de vocês vem comigo, hum… vocês dois. — apontou para Arthur e Jack. — Vocês vão servir perfeitamente. Enquanto os outros vão cuidar de um criador de monstros que está se escondendo na floresta.

Shimitsu deu um suspiro.

— Mais um? Acho que vou me especializar em matar esses.

 


 

Autor: HaltTW

Revisão: Bravo

 

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