POV NICO SEVER
Marchei da câmara de tempus warp principal do Taegrin Caelum através dos corredores frios do castelo, movendo-me propositalmente em direção à ala privada de Agrona. Os servos curvaram-se e pressionaram-se contra as paredes enquanto passávamos e até mesmo os muitos soldados de elite e líderes militares de alto escalão se encolheram de medo de mim, como deveriam. Não estava com vontade de ser perturbado ou interrompido; queria respostas e não seria dispensado até que o próprio Agrona as entregasse para mim.
Subi as escadas em espiral para os aposentos de Agrona de dois em dois, meu aperto firme em torno do pulso de Cecilia enquanto ficava atrás de mim. As escadas se abriram em um corredor que conectava a parte principal do castelo com seus aposentos privados. Ao contrário dos corredores de pedra fria de onde acabamos de sair, esta câmara brilhava com uma luz quente.
As paredes estavam cobertas de artefatos e lembranças de suas muitas vitórias. Espalhados entre as relíquias mortas e artefatos das famílias de Altos Sangues favorecidas por Agrona estavam lembranças mais horríveis: uma asa de fênix, montada de forma que se espalhava, exibindo as penas que ainda brilhavam em vermelho e dourado; um cocar feito de penas de dragão peroladas sobre um colar ornamentado de garras e presas; e um par de chifres de dragão que brotavam da parede.
Parei abruptamente. O caminho a frente estava bloqueado.
— Estou aqui para falar com Agrona. Mova-se, Melzri.
A outra Foice pressionou a mão contra o coração e deixou sua boca aberta zombeteiramente.
— Isso é jeito de falar com aquele que o treinou e cuidou de você depois que trouxemos de volta daquela ilhota de lixo, irmãozinho?
Zombei, deixando uma intenção assassina vazar para o corredor fantasiosamente decorado onde Melzri montava guarda. Embora eu tenha olhado para ela, apenas sorriu de volta, parecendo exatamente como sempre esteve: pele cinza-prateada perfeita, cabelo branco puro trançado em uma trança grossa que descia por suas costas, lábios e olhos escuros que combinavam com os dois pares de brilhantes chifres de ônix que brotavam de sua cabeça e se curvavam fortemente para trás, um par menor diretamente abaixo de dois chifres maiores.
— Eu não sou seu irmão. — disse irritadamente.
— O que está fazendo aqui mesmo?
Ela me deu uma risadinha afetada, que sabia que eu odiava e fazia apenas para me irritar.
— Apenas alguns negócios de Victoriad. Viessa também esteve aqui, mas saiu há poucos minutos, lamento dizer.
Seus olhos vermelho-escuros, da cor de sangue coagulado, desviaram-se para se concentrar em Cecilia.
— Ah, o famoso Legado. A pele da garota élfica coube bem em você, devo dizer. Esse cabelo é de morrer.
Vociferei, me colocando entre Melzri e Cecilia.
— Cale a boca e deixe-a fora disso.
Senti Cecilia se mexer ao meu lado.
— Nico, está tudo bem. Por que não vamos apenas esperar em nossos quartos?
O sorriso de Melzri se transformou em um sorriso predatório.
— O que há de errado, irmãozinho? Não está disposto a compartilhar seu brinquedo… embora eu suponha que ela seja realmente o animal de estimação do Alto Soberano, certo? O que te deixa tão… o quê? Babá dela? Não…
Melzri cobriu a boca com a mão enquanto dava outra risadinha.
— Você é o brinquedo dela, eu acho…
— Não me importo com o que você tem a dizer, Melzri.
Disse, tentando soar como se estivesse falando sério. Sem pensar, peguei a mão de Cecilia, mas ela se esquivou e a raiva correu para fora de mim como o ar expelido de meus pulmões.
Melzri viu, mas em vez de zombar de mim, franziu a testa desapontada deu um passo para trás para bloquear o caminho à frente.
— O Alto Soberano não está disponível para falar com você neste momento. Você pode esperar aqui ou voltar para o seu quarto.
— É urgente—
Melzri fungou.
— Eu só estou cuidando de você, irmãozinho. Se você invadir lá e interromper a reunião do Alto Soberano com Dragoth e o Soberano Kiros, você pode se encontrar com algo além de seus pequenos sentimentos feridos.
Isso pegou minha atenção.
— O Soberano de Vechor está aqui?
Era raro os soberanos deixarem seus domínios. Embora eu tenha desfilado diante de cada um deles quando fui nomeado uma Foice do domínio central, nunca os encontrei novamente.
Melzri não se preocupou em responder, então virei minhas costas para ela e caminhei até o canto mais distante da sala, próximo à porta da escada, onde parei e olhei para um par de lâminas de rubi combinando, cruzado sobre a crista do algum alto sangue extinto há muito tempo.
Os membros desse sangue ancestral viram o fim chegando para eles? Pensei comigo mesmo. Sentiam-se seguros em sua nobreza, como se tivessem cavado um lugar para si neste mundo, ou estavam sempre esperando que alguém colocasse uma faca em suas costas?
Passei os eventos no Salão Supremo pela minha mente novamente, tentando entender. Não havia uma única dúvida em minha mente de que este Ascendente Grey, loiro de olhos dourados, era realmente meu amigo Grey, apesar da mudança na aparência. Mas não entendi por que Agrona não me disse o nome antes.
Era algum tipo de teste?
Eu tinha sido testado com frequência, experimentado e levado ao meu limite. Às vezes, essas provações eram dolorosas, até mesmo cruéis, mas sempre me tornavam mais forte. Sempre havia um motivo.
Suspirei profundamente, não conseguindo entender.
Cecilia tinha me seguido, ficando ao meu lado, mas nunca me tocando, nunca oferecendo conforto…
Precisando olhar para qualquer lugar, menos para Cecilia ou Melzri, deixei meus olhos vagarem até o teto, onde um enorme afresco se estendia por todo o corredor.
Ele mostrava a fuga dos Vritra de Epheotus, retratando os dragões do clã Indrath como bestas monstruosas fervilhando em um céu vermelho-sangue, enquanto as pessoas, tanto os menores quanto os basiliscos do Clã Vritra, se encolhiam atrás de Agrona, exibido aqui em uma armadura de platina brilhante e irradiando uma luz dourada que mantinha o dragão sob controle…
— Nico…?
Cecilia perguntou do meu lado. Podia sentir seu olhar em minha bochecha, mas não me virei para olhar para ela. Não podia. Se eu virasse, estava preocupado que eu podia quebrar.
Não deveria ter sido assim. Passei uma vida inteira tentando protegê-la, primeiro de seu próprio ki monstruoso e depois de muitas pessoas que procuraram usá-la e esta nova vida foi dedicada a completar o ritual de reencarnação e dar a ela uma segunda chance, mas quando finalmente consegui, parecia que tudo havia dado errado para mim.
Agrona uma vez me bajulou da mesma maneira que agora tratava Cecilia…, mas ele se tornou desdenhoso e sarcástico em relação a mim. Ele tinha me enviado para o Salão Principal sabendo quem este Ascendente Grey realmente era. Deve ter feito isso, ou por que mais me escolheu para ir e com tão poucas informações? Mas não entendi suas motivações. Não foi nada mais do que um jogo cruel?
Ele deveria ter me contado o que sabia ou suspeitava.
Minha mente se afastou desses pensamentos, rejeitando-os, porque permanecer ali significava que eu teria que reconhecer o medo arrepiante que estava roubando minha mente, corrompendo cada canto escuro dela. O medo era inaceitável. Era fraqueza. As outras foices, os Vritra… todos podiam sentir o cheiro e mostrar medo aqui significava ser devorado vivo.
— Nico.
Cecilia disse novamente, movendo-se para estar na minha linha de visão.
— O quê?
Disse, mais friamente do que pretendia.
— Como…
Ela parou, mordendo o lábio. Depois de vários segundos, respirou fundo e tentou novamente.
— Eu quero saber sobre minha morte.
Minha mandíbula cerrou e eu cerrei meus dentes. Embora eu quisesse que ela entendesse, queria que ela odiasse Grey tanto quanto eu, não consegui falar.
— Experimentar a memória de uma morte pode ser bastante traumático.
Disse o rico barítono de Agrona no final do corredor, anunciando sua chegada repentina.
— Mas acho que você está pronta, Cecilia.
Melzri deslizou para o lado, colocando as costas contra a parede e mantendo a cabeça baixa. Os olhos vermelhos de Agrona observaram tudo dentro do corredor com uma varredura fácil, um movimento plácido que quase parecia preguiça e ainda assim soube naquele instante que tinha lido tudo na sala. Ele se movia com uma graça sem pressa, obviamente esperando que o mundo parasse e esperasse por ele chegar. Ao passar por Melzri, estendeu a mão e correu um dedo ao longo de um de seus chifres, mas sua atenção estava inteiramente em Cecilia.
— Você realmente—
Minha boca se fechou com um olhar do Alto Soberano, meu argumento rejeitado antes que pudesse deixar minha boca.
Queria envolver meu braço em volta de Cecilia, puxá-la para perto de mim para que eu pudesse confortá-la e protegê-la, mas em vez disso, não fiz nada quando Agrona se aproximou. Ele afastou seu cabelo cinza metálico e colocou os dedos contra suas têmporas. Fechou os olhos enquanto seu corpo ficava rígido.
Embora não pudesse experimentar diretamente o que o Alto Soberano estava fazendo em sua mente, sabia muito bem. Agrona era um mestre na manipulação direta da mente, capaz de remover e alterar memórias e até mesmo de controlar diretamente o corpo de outra pessoa de forma limitada. Agora, estava devolvendo a Cecilia a memória de sua morte… em apenas alguns momentos, ela saberia.
Ela se lembraria.
Empurrei de volta a energia nervosa e culpada formigando pelo meu corpo. Teria sido melhor se eu pudesse ter contado a ela toda a verdade desde o início…, mas era um risco muito grande. Sabia que Agrona tinha distorcido as memórias que ela recebeu, destacando meu papel em sua vida enquanto diminuía Grey. Ela apenas tinha que ter alguém neste mundo em que pudesse confiar inteiramente, implicitamente. Ajustar essas pequenas memórias garantia que ela tivesse isso… em mim.
Essa memória, porém, a memória de sua morte… mesmo eu não queria isso na minha cabeça e desejei, não pela primeira vez, que Agrona me ajudasse a esquecer isso. Cecilia não deveria ter que se lembrar também, mas ela tinha que ver, ela tinha que saber o que tinha acontecido. Com Grey vivo, era apenas uma questão de tempo até que eles se cruzassem. Ela precisava saber quem ele realmente era. Não importava quantos nomes tivesse assumido ou quantas vidas tivesse vivido… por dentro, ele ainda era o mesmo Grey frio e egoísta. O homem que escolheu a realeza em vez de seus únicos amigos, família, no mundo.
Eu não o deixaria tirá-la de mim novamente.
Cecilia começou a tremer. Seus olhos permaneceram fechados, mas um gemido de dor escapou de seus lábios. Seus joelhos ameaçaram ceder.
— Pare, ela está—
Uma força esmagadora envolveu minha garganta, sufocando meu apelo. Minhas mãos agarraram meu pescoço enquanto caia de joelhos, mas Agrona nem mesmo olhou para mim.
Cecilia estava caindo, caindo para trás, mas ele a segurou, pegando-a e segurando-a nos braços como uma criança.
— Calma, Cecil. Eu sei, e lamento sobrecarregá-la com a verdade sobre sua morte. Descanse agora.
Agrona abaixou a testa até tocar a de Cecilia. Houve uma faísca de magia e sua respiração tornou-se uniforme e lenta, e os gemidos cessaram.
Melzri estava ao lado deles e Agrona entregou Cecilia, minha Cecil, para a Foice.
— Leve-a para o quarto dela. Proteja-a até que acorde, depois volte para Etril.
— Como desejar, Alto Soberano.
Então ela estava marchando e levando Cecilia com ela.
Só quando eles se foram é que o punho invisível em volta da minha garganta se soltou. Tossi e engasguei, caindo de joelhos, com falta de ar. Senti a aura escura crescendo dentro de mim, com raiva e ansiosa para explodir, mas a reprimi totalmente. Com lágrimas de raiva em meus olhos, olhei para Agrona. Seu rosto estava impassível.
Depois que minha tosse acalmou, disse:
— Você se esquece. Você está com tanto medo de perder sua noiva pela segunda vez que o medo está rasgando você por dentro.
Me levantei finalmente e levantei meu queixo para encontrar os olhos de Agrona.
— Você a estava machucando.
Quase mordi minha língua pela metade em frustração quando ouvi minha própria voz chorona.
— Você jurou que…
— Nico.
Meu nome deixou os lábios dele como um dardo, o senti me perfurar em algum lugar dentro de mim.
— Você entende o que é Cecilia? O que é o legado?
Ele balançou a cabeça, as correntes decorativas penduradas em seus chifres tilintando suavemente. Sua mão grande e fria roçou o lado do meu rosto, mas não havia calor em seu olhar.
— Claro que não entende. Ela é o futuro. Mas você, Nico… há espaço naquele futuro, no mundo que construirei com Cecilia ao meu lado, para guerreiros, mas não para menores fracos que sucumbam inteiramente aos seus próprios impulsos.
Tentei engolir. Ficou preso na minha garganta, quase como se eu estivesse sendo sufocado de novo, mas era apenas minha própria raiva, medo e decepção… meus impulsos teimosos, pensei amargamente. Não era justo. Minha raiva e fúria foram cultivadas desde que eu era uma criança, aproveitadas e transformadas em uma arma, por Agrona. Era a pureza da minha fúria que me fez poderoso. Sem isso…
Sabia que havia atingido o auge como mago, que não poderia continuar a ficar mais forte, e obviamente Agrona sabia disso também.
Não tinha sido um guerreiro ou usuário de ki poderoso na Terra, não como Grey ou Cecilia. Quando percebi meu potencial neste novo mundo, antes que minhas memórias fossem arrancadas de mim e eu fosse transformado em Elijah e mandado embora, fiquei em êxtase. Minha nova vida não seria nada parecida com a anterior. Teria poder, força real e física, política e mágica e tudo por causa de Agrona. Ele me deu tudo que eu precisava, treinamento, elixires, as runas mais fortes, um corpo capaz de canalizar as artes de mana do tipo decadência dos basiliscos para ter certeza de que eu seria forte.
Mas agora, aqueles com quem eu me importava ainda estavam indo além de mim e me deixando para trás. De novo.
— Você sabe por que foi reencarnado?
Agrona perguntou, afastando-se de mim para olhar para um dos enfeites pendurados na parede.
— Você reencarnou porque era próximo a ela. Ambos você e Grey. Para maximizar o potencial da reencarnação, para garantir que o Legado fosse capaz de se integrar totalmente a este mundo, uma espécie de matriz tinha que ser formada entre suas vidas. Eu precisava de âncoras para segurar e amarrar o espírito do Legado. Isso é tudo que vocês são.
Não pude deixar de balançar minha cabeça.
— Não, você disse—
— Você vê e incentiva as mentiras que conto a Cecília, mas não acha que eu faria o mesmo com você?
Agrona sorriu, uma expressão indiferente e desarmante que não mostrava culpa ou arrependimento.
— Utilizando o que aprendi com as Relictombs, olhei através dos mundos até encontrar o Legado e, ao lado dela, você e o Rei Grey.
Vacilei, minha raiva queimando com a referência à realeza de Grey, ganha ao tirar a vida de Cecilia.
— Mas você precisava de mim. Você próprio disse isso. A reencarnação de Grey mostrou a você como me trazer aqui. Sem mim, você—
— Eu tentei a reencarnação em Grey primeiro, isso é verdade, mas sua alma nunca chegou no receptáculo escolhido. Um simples erro de cálculo, pensei. Ele ainda estava vivo, de volta ao seu mundo natal, a Terra, enquanto meus preparativos para o Legado tinham assumido que uma alma havia passado de sua bainha mortal.
Agrona inclinou a cabeça ligeiramente para o lado, sua língua passando por seus caninos afiados.
— Nada disso importa agora, você percebe? Há pouco ou nenhum ponto em discutir isso. Mas… suponho que posso agradá-lo, Nico, nem que seja para vê-lo lutar para entender.
O encarei de volta. Suas palavras frias, não cruéis ou mesquinhas, mas curiosas e humilhantes, como um pai desapontado se adaptando com as ideias tolas de seus filhos, cortavam mais que qualquer faca, mas eu não demonstraria isso. Também poderia ser frio e indiferente se quisesse.
— Conte-me. Eu mereço entender.
Agrona encolheu seus ombros largos.
— Embora eu possa explicar, não posso fazer você entender. Pegando o que eu aprendi tentando despertar a reencarnação do Rei Grey, comecei o processo de sua própria reencarnação a seguir, no corpo de uma criança recém-nascida de uma família mágica proeminente com algum sangue Vritra remanescente. Você chegou, como planejado.
Mantendo meu ritmo vazio de emoção, sentei-me em um banco almofadado que corria ao longo de uma parede do corredor. Recostando-me na parede, cruzei as pernas e esperei que ele continuasse.
— Mas eu precisava de duas âncoras, continuou ele:
— E Cecilia não era próxima de mais ninguém. Tentamos alguns outros, mas nenhuma de suas almas era forte o suficiente para reencarnar, então, por fim, deixei o experimento de lado. Sem as âncoras apropriadas, a reencarnação do Legado era muito arriscada; um vaso adequado não poderia ser forjado.
Pensei na minha infância em Alacrya, no treinamento e na experimentação sem fim. A ideia de ter Cecilia de volta me permitiu suportar qualquer tortura. Embora eu não soubesse toda a verdade sobre minha reencarnação e propósito, ela sempre foi a cenoura que Agrona balançava na minha frente, prometendo que, se eu ficasse forte o suficiente, um dia ele seria capaz de reencarná-la também. Essa promessa me impedia de enlouquecer.
— E quanto a mim, então? Minha infância? Tudo o que você fez comigo?
— Nós não sabíamos quais benefícios sua reencarnação poderia trazer, então o mantive aqui, ordenei que você fosse criado e treinado entre os Vritra. Nós testamos você, experimentamos em você, e você provou que uma alma reencarnada era de fato extraordinariamente potente. Isso manteve minha esperança de que, algum dia, pudesse voltar ao meu plano e o Legado seria meu para controlar. E então…
— Arthur…
Senti uma pontada ao dizer o nome e as memórias de nosso tempo juntos na Academia Xyrus vieram rapidamente à minha mente.
— Sim. Arthur. De alguma forma nasceu um Leywin, um continente de distância, fora do meu domínio.
Agrona balançou a cabeça com aparente diversão, fazendo seus ornamentos tilintarem novamente.
— Ah, Sylvia. Sempre a mais esperta. Escondida nas terras selvagens de Dicathen, mortalmente ferida e ainda um espinho em minhas costelas.
— Não foi até que Cadell a encontrou que descobrimos a verdade. Tenho certeza de que Sylvia pensou que tinha escondido o menino, mas no instante antes de usar sua maldita arte de éter para congelar o tempo, ele viu. Quem mais poderia ser? Que criança humana poderia ser tão importante que Sylvia drenaria suas energias e se revelaria aos meus caçadores para salvá-la? Assim que soube o que tinha acontecido, eu soube.
— E então você retirou minhas memórias e me mandou para Dicathen, para Rahdeas…
Minha vida como Elijah havia começado com os anões, uma lousa em branco. Até meus verdadeiros poderes foram suprimidos e escondidos de mim. Eu me perguntei, agora, o que eu poderia ter me tornado se aqueles anos passados como Elijah não tivessem sido roubados de mim.
Eu ainda teria alcançado o ápice de minhas habilidades tão cedo?
Acho que não. Agrona roubou esse potencial de mim, tudo apenas para me trazer para perto de Grey.
— Você não poderia ter me enviado como um espião? Por que…
Engoli em seco.
— Por que pegar minhas memórias? Por que tirar esse tempo de mim?
— Você acha que poderia ter evitado atacar Arthur no momento em que o viu?
Perguntou com um sorriso zombeteiro.
— Você poderia ter forjado uma amizade e um vínculo verdadeiros nesta vida, se carregasse o preconceito de sua antiga vida?
— Por Cecilia, sim. Qualquer coisa.
Respondi, querendo desesperadamente acreditar nisso, para Agrona estar errado.
— Sua raiva era uma variável indesejada. Por que eu correria um risco desnecessário só por você? Tirando suas memórias, seu conhecimento de sua própria reencarnação e nascimento em Alacrya, poderia trazê-los juntos com mais segurança, as duas âncoras para a reencarnação do Legado.
Coloquei minha cabeça em minhas mãos e imaginei arrancando os chifres de Agrona de seu crânio e mergulhando-os em seu peito, de novo e de novo até que não houvesse mais nada reconhecível dele.
— Como você sabia que eu iria encontrá-lo… Arthur?
Uma mão pesada pousou no topo da minha cabeça e fechei os olhos.
— Vocês dois estavam presos pelo destino. Você, Grey e Cecilia formaram os três pontos da matriz. Eu tinha certeza de que vocês encontrariam o caminho um para o outro. Mas coloquei meus espiões em movimento, independentemente disso e eles expandiram nossa rede em Dicathen e esperei.
— Passaram-se anos antes que ele ressurgisse em Xyrus. Mas nosso povo estava bem posicionado ali para encontrá-lo e uma vez que ele se revelou, não havia como confundir os sinais: esgrima impecável, um mago quadra elemental, despertado com apenas quatro anos de idade. E usava uma pena de dragão em volta do braço.
— A repentina insistência de Rahdeas para que eu me tornasse um aventureiro, apesar da minha idade…
Murmurei, já entendendo o resto.
— E foi a nossa proximidade com a princesa élfica, Tessia Eralith, que a tornou o recipiente perfeito para o retorno de Cecilia. Assim como na Terra… uma garota que amou Grey primeiro, que só me viu porque eu estava ao lado dele …
Os dedos fortes de Agrona se entrelaçaram em meu cabelo antes de repentina e dolorosamente sacudir minha cabeça para cima para que eu ficasse olhando em seus olhos escarlates.
— O que você achou que fosse acontecer, Nico? Que você e o Legado se retirariam para uma cabana na floresta e viveriam o resto de seus dias despreocupados e em paz, brincando, copulando e esquecendo tudo o que já tinha acontecido com vocês? Depois de dedicar tanto tempo e recursos à reencarnação dela? Não. Você tinha um propósito, ao qual obedientemente, embora sem saber, serviu.
Ele me soltou e começou a se afastar pelo corredor, mas eu não tinha acabado com ele ainda.
— E quanto a Grey?
Agrona parou e se virou, franzindo a testa confuso, como se ele não pudesse entender por que eu perguntaria sobre meu arqui-inimigo.
— Rei Grey… Arthur Leywin… Ascendente Grey… seu nome não importa mais, porque ele não importa mais. O papel dele está completo, assim como o seu. Suspeito que ele sobreviveu porque minha filha de alguma forma se sacrificou usando as artes do éter de sua mãe dragão, o que me serve muito bem. Sylvie sempre foi o perigo maior do que seu pequeno amigo quadra elemental.
— Mas como você sabia que este ascendente era o mesmo Grey? Por que…
Respirei fundo, me segurando na imagem de Agrona profanada aos meus pés.
— Por que me mandar para o Salão Supremo se você já sabia?
— Seris me disse há algum tempo.
Agrona disse indiferentemente, como se estivesse se referindo a algum boato mundano e normal.
— Ela pensava como você, que Arthur era de alguma forma importante, que a notícia de sua improvável sobrevivência deveria importar. Vocês, menores, e suas queixas tolas. Desde que o lacaio de Dragoth foi morto em Dicathen, qual era o seu nome? Uto? Tem sido: “Deixe-me matá-lo, Alto Soberano!” “Oh não, não, por favor, me dê a honra!”. Houve um tempo em que ele poderia ter sido uma ameaça, talvez quando tinha os asuras no bolso, por causa da minha filha, mas esse tempo já se foi.
Senti a base que sustentava toda a minha nova vida mudar e começar a desmoronar sob meus pés. Em ambas as vidas, Grey foi meu amigo mais próximo e o inimigo mais odiado. Ainda mais do que Cecilia, sua própria existência mudava completamente o curso de minhas vidas. Não iria simplesmente permitir que ele vivesse, sabendo o que ele tinha feito.
E o que ele ainda pode fazer, pensei. Enquanto Grey viver, Cecilia não estará segura.
E ainda assim Agrona o dispensou, dispensou a nós dois. Por que ele não entendeu a ameaça que Grey representava?
— Você está errado.
Disse friamente, me levantando e me aproximando lentamente do imponente lorde Vritra. Ele sorriu divertidamente.
— Por favor, permita-me caçar Grey, Alto Soberano.
Disse, tentando não implorar, mas muito ciente de como minhas palavras eram um eco de sua própria imitação zombeteira.
— Eu pensei que ele tinha morrido uma vez, mas de alguma forma ele escapou da minha vingança. Deixe-me ter outra chance. Depois de tudo que você fez comigo, você me deve isso. Você me deve Grey.
O sorriso de Agrona se transformou em algo azedo, quase como pena.
— Eu não te devo nada. Mas se você deseja fugir e reconstituir sua vingança, fique à vontade. Talvez matá-lo ajude a saciar seu eterno complexo de inferioridade. Supondo que ele não te mate primeiro.
Agrona encolheu os ombros como se realmente não se importasse de qualquer maneira.
— Primeiro, porém, retorne ao Legado e substitua Melzri. E não se esqueça. Cecilia é o futuro. Certifique-se de que ela tenha tudo o que precisa.
Agrona girou nos calcanhares e moveu-se com rapidez não natural pelo corredor, deixando-me remoendo em minha decepção e raiva. Eu não preciso de sua aprovação. Vou encontrar Grey. Vou encontrá-lo e vou matá-lo, e desta vez, ele não vai voltar.
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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