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O Começo Depois do Fim – Cap. 220 – Em Seu Elemento

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POV ARTHUR LEYWIN

— Arthur. Dê uma olhada.

A voz de Sylvie ressoou na minha cabeça, afastando-me das memórias da minha vida anterior, as quais só pareciam ficar mais vívidas.

O sol se pôs, envolvendo as terras não exploradas da Clareira das Feras em um cobertor de escuridão. No entanto, mesmo das dezenas de quilômetros que estávamos longe da Muralha, pudemos ver claramente a batalha que estava acontecendo.

Porém, não foi a batalha feroz que nos perturbou, foi o local onde a batalha estava sendo travada.

Eles não desabaram o túnel subterrâneo ou mesmo deixaram a horda de bestas chegar perto da Muralha. Rangi meus dentes em frustração.

Sylvie bateu suas poderosas asas mais uma vez enquanto nós lentamente descemos em direção à Muralha.

Apesar do quão denso fosse a cobertura de nuvens na frente da lua, era fácil dizer onde a batalha estava acontecendo. Com a magia envolvida, sempre havia feitiços iluminando ao redor. Pôde ter sido uma batalha feroz e cheia de sangue do chão, mas do alto do céu, era um belo, se não um pouco caótico, show de cores.

Fiz o meu melhor para engolir e conter a raiva a se acumular dentro de mim. Afinal, o plano que eu tinha colocado em movimento era uma sugestão que havia sido aceita pelos capitães.

Mas, minha decisão de deixar a horda de bestas e ajudar Tessia foi baseada no fato de que minha sugestão seria implementada, e deveria ter sido assim, uma vez que o plano já estava sendo seguido, mesmo antes de eu sair.

O bilhete de Ellie era vago, mas parecia apressado e urgente, desesperado, quase. Respirei fundo, fazendo o meu melhor para submergir a raiva que começava a evoluir para uma ameaça. As palavras, se algo acontecer com minha família estavam na ponta da minha língua, coçando para serem ditas em voz alta para quem quer que fosse o responsável por essa variante.

 — Arthur, estamos quase lá. — A voz de Sylvie soou, tirando-me dos meus pensamentos.

Dei a ela uma confirmação mental quando ativei Realmheart mais uma vez. Usá-lo logo após minha luta com Cylrit enviou ondas afiadas em minhas veias, mas as ignorei. As cores abafadas da noite escura foram lavadas, substituídas por partículas multicoloridas. Algumas delas estavam flutuando livremente, enquanto outras estavam sendo absorvidas e agrupadas em preparação para um feitiço manifestar-se.

Aproximando-me da Muralha, verifiquei a ala superior, onde fileiras de arqueiros e conjuradores estavam estacionados, em busca da forma distinta da magia de Ellie. Esta era a maneira mais rápida de encontrá-la em todo o caos que vinha com as batalhas em grande escala.

Só podia esperar que minha irmã não tivesse fugido para algum lugar.

Nós pairamos sobre a Muralha alto o suficiente para não sermos potencialmente alvejados por soldados alarmados, mas não demorou muito para eu encontrar minha irmã. Poucos magos eram capazes de atirar flechas de mana pura tão bem estruturadas como ela poderia, tornando as flutuações de mana ao seu redor bastante distinguíveis.

— Lá. — indiquei ao meu vínculo, direcionando-a para uma ameia situada perto da borda esquerda da montanha conjunta. Desfiz o Realmheart quando nos aproximamos de onde Ellie estava.

Flechas de fogo e gelo fizeram arcos no ar enquanto choviam no campo de batalha a algumas centenas de metros de distância de onde o chão deveria entrar em colapso sob a horda da besta. Ao lado dos vários feitiços e flechas por mana reforçadas, estavam as faixas de luz pálida disparadas pela minha irmã.

Sylvie rapidamente mudou para sua forma humana quando nos aproximamos do nosso destino, enquanto eu continuava a respirar fundo em uma luta perdida contra a raiva que se acumulava em mim.

Ajudou que minha irmã ainda fosse capaz de disparar consistentemente feitiços de seu arco, mas isso não poderia ser o mesmo para o resto da minha família e os Chifres Gêmeos, que estavam, com esperanças, em algum lugar atrás da proteção desta enorme fortaleza.

Nós dois aterrissamos suavemente, mas ainda assim conseguimos alarmar os soldados ao nosso redor, incluindo minha irmã.

Os soldados, no entanto, eram todos magos capazes, magos estes que puderam sentir com clareza quando eram superados. Ninguém se preocupou em levantar suas armas, apenas mal conseguiram sair do caminho dos dois intrusos que caíram do céu.

Foi só quando me aproximei de um artefato iluminador próximo que Ellie correu para meus braços.

— Você nos assustou pra caramba! — disse minha irmã em uma estranha mistura de aborrecimento e alívio. — O plano que deveria acontecer com o solo e os explosivos não aconteceu! No início eu pensei que estavam atrasando o plano, a fim de atrair mais bestas para a área onde montamos a armadilha, mas os soldados que foram enviados não estão voltando.

Afastei minha irmã, em parte para falar cara a cara, em parte para não deixá-la ouvir meu coração batendo contra meu peito.

— Ellie. Onde estão os outros? Você sabe quem está lá fora?

Antes que minha irmã pudesse responder, porém, um oficial encarregado desta seção veio correndo em minha direção. Com uma saudação, mostrou às pressas seus respeitos.

— B-Boa noite, General Arthur. Minhas desculpas por não termos sido capazes de lhe dar uma recepção adequada. Sou o oficial Mandir, se houver algo que eu possa-—

— Estou bem, oficial Mandir. Embora eu não quisesse ser rude. — cortá-lo junto com a expressão impaciente o fez vacilar e se afastar.

Voltei minha atenção para minha irmã. Sylvie tinha uma mão consoladora no ombro dela, acalmando-a o suficiente para nos dar algumas respostas sólidas.

— Somos obrigados a ficar em nossas posições, mas Helen, que estava cuidando de mim, foi capaz de sair. Ela não voltou ainda, mas antes da horda de bestas chegar, vi a mãe no campo médico montado no nível do solo. Durden e papai… Eu não vi nenhum deles. — disse minha irmã.

— Está tudo bem, Ellie. Não se preocupe, seu irmão cuidará do resto. — a confortei, forçando um sorriso tranquilizador.

— O que devo fazer…? Como posso ajudar? — replicou Ellie.

Balancei a cabeça.

— Fique aqui. Você é um soldado agora, e este é o seu posto. Você queria experiência em uma batalha real, certo?

— OK. — O olhar da minha irmã endureceu. Depois de dar um abraço rápido em Sylvie, fugiu de volta para seu posto.

— É seguro para ela ficar aqui? — meu vínculo perguntou, incapaz de arrancar seu olhar de minha irmã.

— Se eles decidiram abandonar meu plano, significa que eles estão tentando manter a Muralha o mais intacta possível. Isso significa que será mais seguro para os soldados deste lado da batalha.

Pulei do parapeito, ignorando os gritos surpresos de soldados e trabalhadores ao nosso redor. Nós dois pousamos habilmente no nível do solo atrás da fortaleza e fizemos nosso caminho em direção às tendas médicas.

 

Separador Tsun

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Empurrei de lado uma aba de tenda pela quarta vez antes que eu enfim fosse capaz de ver minha mãe dentro de uma. Ela tinha as mãos pairando sobre um paciente, suas sobrancelhas tricotadas em determinação. Gritou ordens para alguns dos outros médicos próximos para que mudassem o paciente de lugar e cuidassem adequadamente antes que outra maca rolasse na frente dela com outro soldado ferido.

Sua expressão, sua presença, seu comportamento fizeram-me congelar onde eu estava. A mãe que conheci, com quem cresci, tinha ido embora, substituída por um médico forte e cabeça-dura carregando o peso dos incontáveis feridos e moribundos trazidos para suas mãos.

Pensei nas palavras que ela tinha dito da última vez que nos encontramos… e brigamos. Ela mencionou seus deveres aqui e as pessoas que precisavam de sua ajuda. Então, olhei para os inúmeros pacientes se recuperando lentamente graças às suas habilidades e imaginei quantos deles já estariam mortos se não fosse por ela.

— Você está bem, Arthur? — perguntou Sylvie, a preocupação permeava sua voz enquanto ela ficava ao meu lado.

Continuei a olhar para minha mãe. Seu uniforme branco estava manchado com borrões de vermelho e marrom, e seu rosto sujo com sujeira, respingos de sangue e suor, mas ela parecia tão… admirável.

O paciente que estava tratando ganhou consciência, e ao mesmo tempo em seu rosto estava amarrado de dor, ele estendeu a mão até minha mãe e gentilmente a colocou sobre o braço dela. Apesar do frenesi de atividade que estava acontecendo ao nosso redor, ouvi suas palavras claramente.

Enquanto derramava lágrimas de dor e qualquer mistura de emoções que sentia, sorriu para minha mãe e agradeceu-lhe por salvar sua vida.

— Oof! Senhor, você está bloqueando a passagem. A menos que esteja gravemente ferido, por favor—

A enfermeira que esbarrou em mim parou no meio de sua frase e escaneou meu corpo com preocupação.

— Senhor. Seus ferimentos estão ruins? Você está chorando.

— Não. Eu estou bem. — Olhei para o lado, deixando minha franja cobrir meu rosto de seus olhos curiosos. — Meus perdões. Vou sair do caminho.

Saí da tenda para me estabilizar.

Sylvie ficou ao meu lado, seus olhos lacrimejando pelas emoções que vazaram de mim.

— Ela estava certa, ambos estavam certos. — respirei, olhando para a noite estrelada. Eu ainda podia ouvir os gritos raivosos do meu pai quando ele me chamava de hipócrita e como os dois tentaram explicar que eu não era o único que poderia contribuir para esta guerra.

— É bom que você tenha percebido. — respondeu Sylvie.

Virei-me para o meu vínculo, observando-a enquanto ela também olhava para o céu.

— Então você pensou assim também? Por que não me contou?

Sylvie me olhou nos olhos e deu-me um sorriso.

— Estou ligada a você desde que nasci, Arthur. Sei agora o quão teimoso e às vezes irracional você fica quando se trata do bem-estar de seus entes queridos. Teria ouvido minhas palavras se eu tivesse dito a você naquela época? Ou você teria jogado o cartão “Eu vivi duas vidas” e dizer que você sabe mais do que eu?

Abri a boca para falar “discutir” mas nenhuma palavra saiu.

O sorriso de Sylvie desapareceu, substituído por um sorriso sombrio enquanto apertava meu braço.

— Idade nem sempre é sabedoria, Arthur. Você está aprendendo isso lentamente.

Balancei a cabeça, soltando um escárnio.

— Eu sou tão idiota. Um arrogante e hipócrita idiota.

Meu vínculo inclinou sua cabeça contra mim, deixando-me sentir o calor irradiando de seus chifres. Junto do calor, uma onda de emoções consoladoras e ternas me aqueceram enquanto falava.

— Sim, mas você é o nosso idiota.

Passamos mais um minuto, dando uma pequena pausa do mundo e o que ele estava jogando em nós, antes de voltar para a tenda.

— Arthur? — A voz da minha mãe era uma mistura de confusão e preocupação.

Levantei a mão.

— Oi, mãe.

Sylvie imitou meu gesto e a cumprimentou também. Ela mostrou um sorriso para nós dois antes de se concentrar de volta na tarefa em questão.

— Arthur, me dê um alicate.

Encontrando o alicate ensanguentado em uma bandeja de metal, entreguei a ela. Sem olhar para cima, pegou a ferramenta e a usou para pôr cuidadosamente o osso quebrado da costela, na lateral do paciente, de volta no lugar. O dito cujo, diferente do que vimos anteriormente, soltou um grito angustiante.

Inquieta com os gemidos da dor, continuou seu feitiço, e pude ver lentamente o osso exposto se remendando. Percebi que ela tinha reduzido seu feitiço para apenas ser liberado das pontas de seus dedos médios e indicadores.

Minutos passaram lentamente enquanto Sylvie e eu assistíamos, entusiasmados, a minha mãe trabalhar. Apesar do trauma que a assombrava todos esses anos, não pude ver nenhum traço de hesitação agora, pois ela trabalhava nesses pacientes sem se cansar.

Foi só depois que de terminar que ela deu sua atenção para nós.

— Desculpe, Arthur. Há muitos soldados que precisam da minha atenção. Com sorte, uma vez que as armadilhas disparem, será mais fácil para o nosso Rey, Durden e o resto dos soldados lá fora.

— Espere, então papai e Durden estão lá agora, lutando? — perguntei, um pouco de pânico subindo na minha voz.

— Não lutando exatamente, mas os atraindo para a Muralha. — respondeu ela, confusa. — Não era esse o plano? Enterrar a horda de bestas sacrificando as passagens subterrâneas?

Ninguém tinha lhe dito. Fazia sentido, os médicos não precisavam das informações mais atualizadas para continuar fazendo seu trabalho. Se alguma coisa acontecesse, deixá-los saber poderia dificultar seus focos.

— E Helen? Ela não visitou você?

— Mmhmm. Ela parou mais cedo, mas saiu um pouco depois de dizer para eu continuar assim.

Helen também não lhe disse, provavelmente pela mesma razão que ninguém mais tinha lhe dito. Era melhor se ela não soubesse, não havia nada que ela pudesse fazer sobre isso de qualquer maneira.

— O que está acontecendo, Arthur? — Seus líquidos olhos castanhos olharam para mim como se procurassem uma resposta. Era o mesmo olhar que ela sempre dava à nossa família quando sabia que escondíamos algo dela.

— Mãe… — comecei. Não havia nada que ela pudesse fazer sobre isso, mas ela ainda tinha o direito de saber. — As tropas estão muito mais longe do que o planejado e não houve nenhum sinal de que nossos soldados recuaram.

— O quê? Isso não pode ser verdade. — Minha mãe franziu as sobrancelhas. — E todos aqueles explosivos colocados em todas as passagens subterrâneas?

Balancei a cabeça.

— Parece que um dos capitães decidiu contra o plano e voltou à estratégia original deles.

Os joelhos da minha mãe de repente dobraram. Eu a peguei a tempo, antes de ela cair no chão, mas fosse por ter incansavelmente usado sua magia para tratar os soldados ou por causa das notícias, ela de repente parecia dez anos mais velha.

— Não se preocupe. — mãe. Sorri o mais brilhante e reconfortante que pude.

Sem resposta.

— Estou aqui agora, estamos aqui. Sylvie e eu vamos lá fora. Tenho certeza que os dois ainda estão chutando traseiros agora mesmo. Vou garantir que ambos voltem em segurança. — instiguei, tentando colocá-la de volta em seus pés. — Eu prometo.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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