Depois de um dia se recuperando, Akira acordou na manhã seguinte e mais uma vez, foi para as ruínas da cidade de Kuzusuhara. Hoje seguiu fielmente as instruções de Alfa – não repetir seus erros do passado!
Alfa iluminou-se quando observou sua atitude e obediência.
Vejo que seu ferimento não está incomodando você, ela comentou.
— Não, embora realmente não entenda o porquê. Só descansei um dia, mas me sinto melhor do que nunca, melhor até mesmo que antes de levar o tiro. É quase assustador.
Akira se sentia no auge: livre de fadiga e ainda mais consciente do que o normal.
A energia passou através do seu corpo até a ponta dos dedos, e ele não teve problemas para atravessar as ruínas, mesmo quando precisava fazer coisas como escalar montanhas de escombros. Achava difícil acreditar que havia sofrido um ferimento à bala tão recentemente.
Isso é provavelmente um efeito do remédio, Alfa disse a ele casualmente.
— O que você quer dizer? Não pude acreditar na rapidez com que o buraco da bala fechou, mas o que isso tem a ver com o fato de eu me sentir melhor do que antes?
Aumentei sua dosagem, só para garantir. Estou supondo que curou mais do que apenas seu ferimento de bala.
— Como o quê? Essa foi a única lesão que tive. — Akira se sentia cada vez mais perplexo, o sorriso de Alfa não vacilou.
Lembra de tudo que você me contou sobre sua vida ontem? Explicou. Com base nisso, diria que você estava lidando com muito estresse acumulado, até mesmo a nível celular, de anos muito difíceis na sua vida.
Akira pareceu duvidoso no início.
— Sei que a vida nos becos é difícil, mas você deve estar exagerando. Quero dizer, sempre fui capaz de me locomover normalmente antes.
Porém, enquanto Alfa explicava o quanto a desnutrição prolongada e outras condições de vida nas favelas poderiam prejudicá-lo, o rosto de Akira ficou cada vez mais ansioso.
— Você quer dizer — disse finalmente. —, que eu mal estive vivo esse tempo todo?
Alfa parecia um pouco presunçosa.
E todo esse tempo, você pensou que isso era normal.
Você não está feliz por isso ter ficado para trás?
Akira franziu a testa. Um emaranhado de emoções se agitou em seu coração, sentiu que não poderia simplesmente descartar a dureza de sua vida diária do jeito que fazia. No entanto, no momento, conteve essas sensações. Agora, seu foco estava mesmo em seguir ordens e ir em frente. Outra hora seria melhor, disse a si mesmo, para organizar os incontáveis detalhes que o incomodavam no fundo de sua mente. Uma vez que começasse a dar sua atenção a eles, poderiam enterrá-lo sob uma avalanche de dúvidas e receios.
Sua jornada para as ruínas parecia ser mais tranquila desta vez, pelo menos do ponto de vista de Akira. Eles não encontraram monstros, e as instruções de Alfa pareciam razoáveis desta vez. Nada indicava nenhum perigo à espreita por perto, e ele estava seguindo as instruções dela, então Akira começou a se sentir mais à vontade.
Eventualmente, seus pensamentos se voltaram para outras coisas além do mundo mortal que escolheram. Há algum tempo algo o incomodava. Embora normalmente quieto enquanto explorava as ruínas, finalmente Akira quebrou o silêncio.
— Ei, Alfa, posso te perguntar uma coisa?
Você pode. Qualquer coisa que você queira saber. — Por que você está vestida assim?
O vestido todo branco de Alfa ondulava com babados deslumbrantes ao longo das mangas e bainhas.
Oh, essa roupa fica tão ruim em mim? Perguntou.
Ou isso foi um convite para mudar para algo mais a seu gosto?
Ela girou teatralmente e deu um sorriso sedutor. Ao fazê-lo, camadas de tecido giraram. Seus longos e brilhantes cabelos formavam um arco. Em um momento, suas costas nuas desapareceram e seu decote ousadamente decotado o encarou.
O que Akira realmente queria saber era o porquê de Alfa estar vestida de uma maneira completamente inadequada para uma viagem às ruínas, mas ela parecia tão fascinante que esqueceu sua pergunta e respondeu à dela.
— Não, eu acho que você fica ótima nisso. Ainda assim, já que você perguntou, gostei mais do que você usava quando nos conhecemos.
As roupas do Velho Mundo carregavam uma aura exótica, e o choque de seu primeiro encontro fez Akira gostar da primeira roupa que a viu usar.
O que eu usava quando nos conhecemos?
Alfa repetiu inocentemente, sabendo muito bem o que Akira queria dizer.
Ah, você não quer dizer nada!
O tecido deslumbrante desapareceu, mais uma vez revelando suas curvas artísticas e encantadoras — para consternação de Akira.
— Não! — chorou. — As roupas que você vestiu depois disso! Troque de volta! O que você tem contra roupas?!
Alfa sorriu e voltou a usar o vestido.
Você realmente deve ser uma criança, pois meu corpo precisamente calculado e meticulosamente desenhado não te intriga. zombou. Suponho que comida pareça mais interessante para você do que garotas da sua idade.
— Isso mesmo. — Akira teimosamente concordou. — Sou uma criança e me preocupo mais com comida porque vou morrer de fome se não ganhar a vida. — Então ele acrescentou casualmente: — Então, por que você está vestindo isso?
Como Alfa já havia explicado porque ela estava nua quando se conheceram, supôs que ela também poderia ter um motivo para seu traje estranho atual. Ainda assim, não estava morrendo de curiosidade e estava pronto para deixar o assunto de lado se Alfa não o levasse a sério.
Alfa, no entanto, abandonou seu jeito provocador, embora tenha permanecido sorridente.
Você se lembra do que eu disse sobre minha aparência?Começou, com um tom profissional em sua voz.
É um tipo de realidade aumentada. Muitas instalações do Velho Mundo transmitem sinais de RA, e eu sequestro seus sistemas para transmitir os meus sobre uma ampla área.
Akira não conseguia adivinhar o porquê Alfa estava contando isso a ele, mas adotou sua atitude sóbria.
Você pode pegar esses dados diretamente e até conversar comigo, e qualquer pessoa com o equipamento certo pode pelo menos me ver.
A expressão de Alfa ficou mais grave.
Então, como mencionei antes, eu me visto para obter uma reação de qualquer um que possa me ver, para que eu possa identificá-los rapidamente.
— Eu me lembro de tudo isso, mas por que você ainda…?
Akira se interrompeu e seu rosto ficou tenso.
— Isso significa que alguém com esse equipamento está por perto? Nos observando?
O sorriso desapareceu completamente do rosto de Alfa.
Sim. Não olhe para trás.
Eles o seguiram o tempo todo e ainda estão observando de uma distância considerável.
Vendo a expressão de Alfa, Akira percebeu o quão terrível era sua situação, e seu rosto ficou sombrio de horror.
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De longe, Kwahom e Hahya vigiavam Akira. Os dois caçadores não eram novatos, vagando muito além dos arredores de Kuzusuhara. O corpo de Hahya era parcialmente mecanizado e seus olhos pareciam câmeras, enquanto Kwahom era totalmente orgânico, mas equipado com uma série de armamentos adaptados ao deserto. Nenhum caçador amador poderia localizá-los a esta distância, mas os dois caçadores podiam ver Akira muito bem, Hahya através da função telescópica de seus olhos aprimorados, enquanto Kwahom segurava um par de binóculos.
— Aquele pirralho vai longe, considerando que pode muito bem estar desarmado. — comentou Kwahom, desconfiado. — É suicídio. O que ele está pensando?
— Nada, ele é apenas um idiota. — Hahya riu das dúvidas de seu parceiro. — É por ser tão burro que encontrou aquelas relíquias, já que todo caçador por aqui sabe que não há nada de bom nos arredores. Vamos direto ao assunto e fazê-lo cuspir onde encontrou aquela carga.
— Ei, isso foi ideia minha. — Kwahom resmungou. — Você me parou porque estava preocupado em matá-lo por acidente antes que falasse, lembra?
— Vamos. — Hahya sorriu, relaxado. — Como eu poderia saber que ele iria tão fundo nas ruínas? Não finja que não esperava que ele fosse para algum lugar nos arredores ou para um desses prédios degradados também.
— Você me pegou. Quem imaginaria que algum garoto punk das favelas conseguiria voltar vivo das profundezas das ruínas? Esta área não é moleza, e até nós teríamos problemas se fossemos um pouco mais a fundo.
— Exatamente, então relaxe.
Não foi mera curiosidade que os trouxe aqui. Tinham ouvido falar que uma criança mal armada da favela apareceu no posto de troca com um monte de relíquias valiosas. A maioria dos caçadores locais achou que não havia nada que valesse a pena na periferia de Kuzusuhara, mas todos sabiam que novas descobertas eram possíveis, tesouros de relíquias ainda poderiam estar enterrados sob escombros ou em lugares inacessíveis. Às vezes, supostamente, ataques de monstros aconteciam para abrir buracos em armazéns anteriormente inacessíveis, ou pessoas tropeçavam nas entradas de edifícios bem escondidos. Não com frequência suficiente para ganhar a vida com tais descobertas, mas quando uma ocorria, geralmente, atraía uma nova onda de caçadores para uma ruína anteriormente abandonada.
Se um esconderijo de relíquias se mostrasse muito grande para seu descobridor recuperá-lo em uma única viagem, o restante naturalmente pertencia a quem o reivindicasse primeiro. Portanto, um bom número de caçadores, incluindo Kwahom e Hahya, mantiveram os ouvidos atentos.
Ouvindo rumores de um tiroteio por causa do pagamento de um menino de rua pela troca, a dupla havia perguntado por aí e achou as histórias confiáveis. Isso significava que relíquias valiosas estavam espalhadas em algum lugar que uma criança poderia alcançar com segurança, e seu dinheiro estava nos arredores de Kuzuhara como o único local perto de Kugayama. Eles também apostaram que, se aquela criança tivesse conseguido encontrar um esconderijo que ainda guardasse mais relíquias, iria retornar em um futuro próximo. Então decidiram pegar o resto da carga para si. E depois de ficar à espreita nas ruínas, seus olhos atentos à criança, avistaram Akira.
O plano de Kwahom era capturar Akira e fazê-lo desistir da localização de seu achado, mas Hahya tinha argumentado que não queriam arriscar matá-lo se resistisse, então Kwahom tinha sugerido seguir o menino. Agora se arrependeu.
— Hahya disse ele —, não é tarde demais para pegar o pirralho e fazê-lo falar. Ele nem está decentemente armado, então mantê-lo vivo será fácil, desde que tenhamos cuidado. Você não quer acabar logo com isso?
Hahya não respondeu.
— E aí, como vai? — wahom perguntou, intrigado.
Por fim, Hahya sussurrou:
— O garoto está sozinho, não está?
— Claro que está, e não me parece que mais alguém esteja escondido por aqui.
Kwahom deu a Akira e seus arredores outra varredura com seus confiáveis binóculos. Um conjunto de alto desempenho, poderia exibir objetos distantes em altas resoluções, fazer a meia-noite parecer meio-dia, detectar radiação para contornar a camuflagem ativa básica e até mesmo identificar e destacar pessoas e monstros. A maioria dos binóculos nesta classe também possui funcionalidade de rede para receber e exibir dados RA transmitidos pelas ruínas, mas não estes. Certa vez, Kwahom encontrou um monstro mecânico que usava recursos de rede para se apagar de sua tela, e aquele contato próximo com a morte o ensinou a usar binóculos que dependiam exclusivamente do processamento local desde então.
— Ninguém. relatou. — Nenhum monstro também. Apenas o pirralho.
— Oh, bem. — Hahya respondeu hesitante com uma leve carranca. — Olha, só para deixar claro, não estou chapado, não estou bêbado e não estou brincando com você.
— Apenas cuspa pra fora. O que o deixou perturbado?
Relutantemente, Hahya confessou:
— Vejo uma mulher ao lado daquele garoto.
— Uma mulher? — Kwahom deu outra olhada incerta através de seus binóculos. — Não, é só a criança. Nenhuma mulher à vista.
A cor sumiu do rosto de Hahya. — Você não pode vê-la? perguntou.
— Eu posso.Uma verdadeira beleza tem guiado aquele garoto por todo esse tempo.
— Diga-me como ela é, então. E não economize nos detalhes.
— Ela está usando um vestido branco. Parece caro.
— Um vestido? — Kwahom estava incrédulo. — Você se lembra que estamos nas ruínas, certo?
— É verdade! — Hahya gritou, perdendo a calma. — Acredite em mim! Não estou bêbado e não estou vendo coisas! Nem mesmo eu sou burro o suficiente para beber ou ficar chapado antes de vir para cá!
Kwahom estava convencido de que seu parceiro não estava mentindo, mas ainda não conseguia ver nenhuma mulher, e isso o intrigou. Por fim, encontrou uma possível explicação.
— Hahya, seus implantes oculares suportam AR, certo?
— Sim. Eu os transplantei de um cara que se gabou de quanto gastou com eles. Ele não parava de falar sobre seus recursos de rede, mas isso não o impediu de acabar morto nas ruínas. Eles são de alta especificação e bastante úteis, mas às vezes captam sinais e trazem sobreposições por conta própria.
— Isso é o que você ganha por mexer com peças não autorizadas. Eles provavelmente começaram como pilhagem de um cadáver em alguma ruína, e aposto que o último cara que os comprou comeu poeira porque eles enlouqueceram e bagunçaram sua visão ou algo assim.
— Dá um descanso. Eu os instalei barato, e eles são uma grande ajuda para procurar relíquias. Só não consigo ligar e desligar as coisas tão facilmente quanto gostaria, porque aquele cara perdeu o mecanismo de controle junto com um pedaço da cabeça. Estou adiando a troca porque fica caro. E por que você de repente quer saber sobre isso, afinal?
A expressão de Kwahom ficou séria.
— Essa mulher pode ser um sistema de orientação para essas ruínas. — disse ele. — Se eu não posso vê-la, e você pode, então ela é um display de RA, não um holograma. Talvez parte dessas ruínas ainda esteja online e enviando sinais estranhos de que seus implantes estão captando. Um daqueles “fantasmas do Velho Mundo”.
Assustado, Hahya deu uma olhada em Alfa. Ela parecia tão real que ele teria rido da sugestão de Kwahom como uma piada se seu parceiro não tivesse sido tão sério.
— Tem certeza? Ela parece humana para mim, ela até projeta uma sombra. RA geralmente parece de alguma forma, faltando sombras, perspectiva instável, cortando paredes, esse tipo de coisa, mas a única coisa não natural sobre ela é aquela roupa. Embora isso seja estranho por si só.
— Se essa mulher faz parte de um sistema de orientação para as ruínas da cidade de Kuzusuhara, — continuou Kwahom. — então a tecnologia do Velho Mundo que a está exibindo seria muito avançada para deixar esse tipo de indicação.
— Oh, sim, isso faz sentido. Então isso é um fantasma do Velho Mundo. Nunca tinha visto uma antes, mas ela é realmente algo mais.
Hahya examinou Alfa. Agora que seu parceiro havia fornecido uma explicação convincente para ela, o medo de Hahya se transformou em curiosidade.
— Isso me lembra uma história sobre essas ruínas. — interveio Kwahom. — Eu acho que eles chamam isso de… “A Fantasma Sedutora”.
— Já ouvi essa. A Fantasma atrai os caçadores para as profundezas das ruínas com relíquias e então os mata, certo? Muitos caem nessa, mas nenhum consegue voltar vivo. E os caçadores mortos querem companhia, então voltam para atrair os vivos. Dizem que o Fantasma pode se parecer com qualquer pessoa, homem ou mulher, velho ou jovem. Eu até ouvi recentemente sobre ele se transformar em um cachorro ou gato, o que for preciso para enganar as pessoas.
Kwahom assentiu e assumiu um ar de autoridade.
— Caçadores morrendo perseguindo relíquias não são novidade. Mas como pode haver histórias sobre o Fantasma se ninguém que o vê vive para contá-las?
Hahya pensou.
— Eu nunca pensei nisso. Como…?
— Porque alguns não seguem o Fantasma, isto é, pessoas que não podem vê-lo. Apenas os poucos que podem vê-lo o seguem, e ninguém mais sabe o que fazer com estes contos. É por isso que se transformou em uma história de fantasmas.
— V-você quer dizer que seguir aquela mulher vai nos matar também?
Hahya de repente se sentiu no limite.
Kwahom deu um sorriso malicioso.
— Talvez, mas pergunte a si mesmo, por que aquele pirralho foi capaz de encontrar artefatos valiosos? Porque ele pode ver aquela mulher assim como você. Ela faz parte de um sistema de gestão urbana do Velho Mundo, ainda operacional em grande parte, e fornece orientação a qualquer pessoa que possa vê-la. O pirralho perguntou a ela onde encontrar relíquias, e ela o levou até algumas sem que nenhum monstro o visse. O que você acha? Faz sentido?
— Sim. — Hahya exclamou, otimista mais uma vez. Mas então outro pensamento lhe ocorreu.
— Espere um pouco. As pessoas não contariam histórias de fantasmas sobre ela se as rotas que mostrasse fossem seguras.
— Estou supondo que ela apenas torna mais fácil evitar monstros. — Kwahom o persuadiu. — Eles ainda vão te encontrar às vezes. E ei, alguns caçadores que aprenderam sobre ela podem ter espalhado rumores de que ela atrai as pessoas para a morte para que ninguém mais a siga. Depois de muitas viagens, eles esgotariam as relíquias nos arredores, e ela começaria a conduzir as pessoas mais fundo nas ruínas. Alguns deles teriam tido um encontro azarado com os monstros mais fortes e acabariam mortos, exatamente como os rumores diziam que teriam. Uma vez que isso aconteça várias vezes, você terá suas histórias de fantasmas.
— Então é isso! — Hahya sorriu de alegria. — Nesse caso, ficaremos bem! Não morreremos em nenhum lugar onde aquele garoto tenha sobrevivido, enquanto mantivermos nossas guardas levantadas!
— Bem, não há garantia de que estou certo, mas se estiver, encontramos uma maneira prática de localizar relíquias. Ainda assim, é um boato com uma contagem de corpos, então não é exatamente isento de riscos.
As tentativas de Kwahom de conter o entusiasmo de Hahya caíram em ouvidos surdos. A atração de um atalho seguro para as relíquias nas ruínas teria seduzido muitos caçadores.
— Preocupante!! — exclamou Hahya. — Nós ficaremos bem. Vamos, isso é bom demais para passar por cima!
— Bem, vamos observar um pouco mais primeiro.
Kwahom examinou seu parceiro friamente. Também é possível que equipes de caçadores tenham se desentendido e matado uns aos outros para manter o segredo para si mesmos, pensou ele. Então os sobreviventes, que podiam ver o Fantasma, o culparam pela morte de seus parceiros. Claro, esse idiota não vai me dar nenhum problema, desde que eu arrume alguma desculpa para fazê-lo andar na minha frente.
Escondendo seus pensamentos de Hahya, Kwahom voltou sua atenção para Akira.
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— Alfa, como eles são? — perguntou Akira.
Desde que Alfa o avisara de que estavam sendo seguidos, não conseguiu esconder seu nervosismo.
Dois homens. Provavelmente caçadores, fortemente armados.
— E você tem certeza que estão me seguindo? Alguma chance de estarem apenas curiosos sobre o que uma criança está fazendo nas ruínas? Ou simplesmente estão indo na mesma direção que nós?
Nenhuma. Venho observando seus movimentos há algum tempo, e eles mantiveram uma distância fixa mesmo quando fiz você parar por um tempo. Definitivamente estão seguindo você.
Akira fez uma careta, mas ainda assim agarrou-se a mais uma esperança. — Para que eles iriam querer fazer isso? Mesmo que eles queiram pular em cima de mim, obviamente estou quebrado.
Alfa o forçou de seu pensamento positivo de volta à realidade.
Eles podem ter assistido à troca ou até mesmo pago a um funcionário para avisá-los.
Suas palavras, cínicas mas plausíveis, esmagaram suas esperanças, e a expressão de Akira endureceu.
Eu diria que planejam seguir você até sua fonte de relíquias, então matá-lo e levá-las para si. Posso pensar em várias razões pelas quais seriam seus inimigos, mais do que não seriam, pelo menos.
Foi a vez de Alfa parecer sombria.Akira, se você não assumir que eles são hostis, você vai morrer.
Isso finalmente curou o otimismo de Akira. Primeiro o cão gigante armado, depois a máquina colossal e agora os caçadores! Ele suspirou profundamente, cerrou os dentes e praguejou.
— Maldição! Agora também tenho que tomar cuidado com os caçadores?!
Akira agarrou sua cabeça com as mãos.
Akira, entre naquele prédio por enquanto. Tente agir naturalmente e não olhe para eles.
— Entendi.
Conforme instruído, Akira entrou no edifício em ruínas e seguiu Alfa para um dos quartos. Lá se sentou com as costas contra a parede, parecendo ainda mais deprimido.
Não se preocupe. Alfa disse a ele. Não há monstros aqui.
— Obrigado.
Akira não respondeu imediatamente, e quando o fez, o desespero encheu sua voz. Sabia o quão fortes eram os caçadores totalmente equipados, e estava ainda mais familiarizado com o quão cruéis podiam ser quando se tornavam bandidos. Quando caçadores assim jogavam pesado nas favelas, produziam cadáveres como uma fábrica de morte. Bateu com a cabeça procurando um plano, mas nada lhe veio à mente. Todas as possibilidades que imaginou terminaram com seu assassinato brutal de uma forma ou de outra, um cenário sem vitória.
Akira.
Alfa falou com firmeza e, quando olhou para cima, ela aproximou o rosto dele. Ele cambaleou para trás, bateu com a cabeça na parede e gritou. Felizmente, a dor e a surpresa afastaram o medo crescente de sua mente. Enquanto se acalmava, os olhos ofuscados de Akira focaram em Alfa, que lhe deu um sorriso gentil e reconfortante.
Mantenha-se firme e não tenha medo. Você tem a mim para apoiá-lo e prometo que não vou deixar você morrer.
— Podemos fugir? — perguntou Akira, assustado, mas esperançoso.
Cair fora? Disse Alfa. Nós vamos lutar. E virar o jogo contra eles.
A esperança de Akira deu lugar ao choque e à confusão.
— Nós podemos fazer isso?! — exclamou. — São dois contra um, e eles são caçadores totalmente armados!
Isso não é nada. Disse expressando confiança, com seu sorriso complacente projetado para amenizar as dúvidas dele.
Você me pegou, e sou o suficiente para fazer as coisas penderem a seu favor. Lembra como você matou aquele enorme cão armado apenas com sua arma? Contanto que você siga minhas instruções exatamente, você ficará bem.
— V-você quer dizer isso?
Seu tom prático quase convenceu Akira, mas ele ainda hesitou com a grande diferença em seu poder de fogo.
— Espere um pouco. Lutar contra pessoas não é como lutar contra monstros. E se você está tão segura de si mesma, fugir não deve ser problema. Não seria uma ideia melhor?
Akira parecia assustado, e Alfa olhou para ele severamente.
Não, não seria. Se você sair, ficará à mercê do alcance superior de suas armas, especialmente quando chegar ao deserto. E mesmo se você escapar deles hoje, e amanhã ou depois de amanhã? Por quanto tempo você pretende continuar correndo? Você acha que eles vão se tornar amigos de repente se você voltar para a cidade? Ou você vai fugir para lá também? Você pode despistá-los completamente, ou você simplesmente continuará fugindo até eles te matarem?
Akira encontrou o olhar sério de Alfa. Silenciosamente, seu rosto tornou-se resoluto enquanto sua inquietação se esvaía.
— Então virar as costas aqui só vai me matar. — percebeu, levantando-se. — Bem. Estou dentro.
Alfa deu um sorriso gentil, mas firme, que pretendia aumentar ainda mais sua coragem.
Prepare-se, Akira. Você nunca será um grande caçador se isso for demais para você.
O sorriso de resposta de Akira foi tenso, mas carregava uma pitada de prazer.
— Ah certo. Vontade, motivação e determinação são meu fardo.
Essa foi sua promessa a Alfa, forjada depois de desobedecer às ordens dela, quase lhe custando a vida. Não tinha mais nada a contribuir para sua parceira, sem poder e impotente como era, então falhar aqui seria uma forma de desrespeitar a parceria dele. Seu desejo de manter a promessa feita a ela aumentou sua determinação. Vontade, motivação e determinação. Ele poderia lidar com isso.
Deixe todo o resto comigo. Alfa o tranquilizou. Veja o que meu incrível apoio pode fazer por você!
— Obrigado. Estou colocando minha vida em suas mãos.
A resposta firme de Akira pareceu satisfazer Alfa. Sorriu sardonicamente.
Ainda assim, não esperava que isso acontecesse tão cedo. Você realmente deve ter gastado toda a sua sorte só para me conhecer.
Akira devolveu o olhar.
— Estou começando a achar isso também.
Não se preocupe. Continuou, embora sua voz soasse um pouco ansiosa.
Eu sou a única sorte que você precisa.
— Obrigado. — Akira respondeu loquazmente. — Te devo uma.
E não se esqueça disso. Disse Alfa com igual indiferença. Seu sorriso, embora simplesmente o produto de incontáveis cálculos, era fascinante; isso acalmou os nervos de Akira, fortaleceu sua vontade e restaurou sua coragem — exatamente como ela pretendia.
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Quando Akira entrou no prédio, algo pareceu estranho para Kwahom. Saber que um fantasma estava por perto o tornava cauteloso.
— O pirralho está em movimento. disse. — Hahya, e a mulher? Dá a parecer que ela o estava levando para lá?
— Sim. Ela apontou para aquele prédio e entrou na frente do garoto. Pode ser lá que estão as relíquias. E agora? Nós seguimos?
Kwahom hesitou.
— Não. Vamos esperar um pouco.
— Você tem certeza? E se o perdermos?
— Não é um problema. Sabemos como ele é, então, mesmo se o perdermos aqui, provavelmente poderemos rastreá-lo nas favelas. Segurança em primeiro lugar, se ele sair de lá inteiro, saberemos que a barra está limpa.
— Oh vamos lá. O que está fazendo você agir com tanto medo?
Hahya parecia triste com a aparente falta de entusiasmo de Kwahom. Como ele podia ver Alfa, se sentia menos ansioso e definitivamente não queria perder esta oportunidade.
Kwahom tentou alfinetá-lo.
— Vá lá sozinho se estiver insatisfeito. Você é quem pode ver o Fantasma e, se as histórias forem verdadeiras, isso significa que será você quem morrerá.
Hahya riu com desdém.
— Não fique assim. Sei o que fazer.
Os dois homens vigiaram por um tempo, tempo suficiente para Akira fazer uma busca básica na estrutura. Mas como ainda não reapareceu, Kwahom também ficou impaciente.
— Ainda nenhum sinal do pirralho. resmungou. — Acha que ele está morto? Ou apenas tomando seu tempo verificando o lugar?
Hahya estava ansioso para ir.
— Vamos, Kwahom. insistiu. — Vamos lá e descubriremos logo. Se a criança está morta, esperar mais é uma perda de tempo.
— Tudo bem, mas os monstros por aqui não são molezas. Não baixe a guarda só porque podemos tirar um bom proveito disso.
— Sim, sim. Eu sei.
Hahya assumiu a liderança. Atrás dele, Kwahom olhou para seu companheiro animado. Irritado como estava por Hahya parecer inclinado a ignorar seus avisos, também sentiu uma ansiedade crescente.
Kwahom parou logo na entrada.
— Hahya, vou ficar de olho aqui para garantir que a criança não vá embora. Você procura lá dentro e me liga se o encontrar, ou a mulher, ou encontrar um monstro, ou qualquer outra coisa acontecer. Volte depois de uma hora independentemente.
— Entendi. O que devo fazer se encontrar o pirralho? Trago de volta para cá?
— Como quiser. Mate-o imediatamente ou o faça falar, a decisão é sua. Porém, lembre-se: não “não” baixe a guarda. E mantenha contato, ou aquela história de fantasmas terá uma sequência com você como o cadáver principal. Entendeu?
— Sim, eu já te disse. — Hahya deu a Kwahom um sorriso complacente, então praticamente pulou para dentro do prédio.
Desculpe.
Kwahom pensou com um sorriso irônico enquanto observava o outro homem ir.
Mas não consigo me livrar da sensação de que tudo isso é uma armação, e também não tenho certeza se você não vai se voltar contra mim se encontrar um grande estoque de relíquias. E as pessoas não falariam sobre esse Fantasma se não houvesse uma contagem de corpos por trás dele. Boa sorte, mas por enquanto vou assistir e esperar e rezar para que não me preocupe por nada.
Tradução: Nagark
Revisão: Bravo
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