Dark?

Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 08 – Cap. 14 – Histórias Curtas Bônus: Liscia e Biscoitos

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Mistura, mistura, mistura…

Liscia estava misturando uma tigela cheia de massa com uma espátula. Esta era a cozinha da casa do antigo rei e rainha. Grávida, com o filho de Souma, ela escolheu as antigas terras de seu pai Albert como lugar para descansar e enquanto isso, para se tornar uma mãe melhor as crianças que vinham, estava aprendendo a cozinhar com sua mãe Elisha.

Atualmente, ela estava aplicando o que tinha aprendido para fazer biscoitos por si mesma.

— Liscia?! — Carla gritou surpresa quando chegou e a viu — O-O que pensa que está fazendo?! Cozinhando sozinha!

— Treinando, isso que tô fazendo. Preciso conseguir cozinhar sozinha, não?

— Não vem com essa! — Carla andou até Liscia e apontou para sua barriga — Olha essa barriga! E se alguma coisa acontecesse?!

Liscia estava grávida fazia seis meses e sua barriga tinha crescido a ponto de ser evidente que ela tinha uma criança. Tendo ela, que era tanto sua mestre quanto amiga de pé na cozinha com uma barriga dessas, Carla estava claramente fora de si preocupada.

— Se você caísse quando ninguém estivesse por perto para ver… — começou Carla.

— Ó, céus… não precisa ser tão dramática, Carla — Liscia pôs uma mão na cintura com um sorriso irônico. — A Doutora Hide disse que se mantivesse movimento até o nascimento seria mais fácil para mim. Esse tanto de exercício não deve ser problema algum.

— O problema é que você está fazendo isso onde ninguém pode vê-la. Mantenha alguém com você a todo momento, em caso do impensável acontecer. Quer dizer, você pode só me chamar!

— … Desculpa, Carla.

Vendo as lágrimas nos olhos dela enquanto implorava, Liscia se desculpou do fundo do coração. Carla estava ficando brava por sua causa. Tendo em vista o quanto brigava com Souma por estar preocupada com seu bem-estar, Liscia conseguia simpatizar com Carla.

— Vou refletir sobre o que você disse, mas… tem um motivo para eu não querer chamá-la.

— Porquê?

— Vamos, Carla. Nós duas sabemos que você está melhorando mais rápido que eu.

Liscia ficou de cara emburrada e começou a misturar a massa de novo.Começamos a aprender com a minha mãe ao mesmo tempo, mas se sai melhor. Você sempre foi tão travessa quanto eu, então acho um pouco injusto.

— E-Eu não tenho certeza sobre o que te dizer… — Carla vacilou.

Os deveres de Carla aqui eram ficar de olho na Liscia e protegê-la. Dito isso, seus deveres como empregada já estavam sendo cumpridos pelos servos daqui e Souma tinha deixado os Gatos Pretos vigiando cuidadosamente a área em torno da mansão, então não tinha necessidade de ficar constantemente em guarda. Basicamente, o que restava a ela era dar a Liscia alguém com quem conversar.

Quando ficou sabendo que Elisha ensinaria Liscia a cozinhar, Carla decidiu aprender também na falta de algo melhor para fazer. Uma habilidade que não faria mal ter, ela imaginou. Uma vez ensinado, parecia que Carla surpreendentemente tinha um jeito para esse tipo de trabalho doméstico e ela melhorou rapidamente. A ponto de deixar Liscia com inveja.

— Ei, dizem que cozinhar é tudo uma questão de amor, certo? — Carla disse, tentando acalmar a amiga apressadamente — tenho certeza que já que você tem um marido que ama e filhos chegando, vai ficar melhor que alguém sem parceiro como eu.

— …Por essa lógica, eu não deveria estar melhorando mais rápido que você?

— Ah! Uhh…

Enquanto Carla tentava descobrir como responder, Liscia soltou um suspiro.

— Que seja. Nós sabemos que eu não tenho qualquer noção de trabalho doméstico. Vou me esforçar tanto que, um dia, poderei assar doces deliciosos para Souma e as crianças!

Vendo a amiga ficar toda animada, Carla coçou a bochecha.

— É uma ótima coisa a se aspirar, mas por que se limitar a doces?

— Bem, Souma é bom em cozinhar todos tipos de comidas. Eu queria pelo menos ganhar em uma coisa.

— Você definiu um baixo nível para si mesma… Espere, Liscia.

— O quê?

— Você não misturou a massa demais? Elisha estava dizendo que se você misturar demais, vai ficar dura depois de assada…

— Ah! — Liscia olhou para baixo para a tigela de massa. Ela tinha misturado o tempo inteiro que conversavam.

Ela tentou assar a massa mesmo assim para ver como ficava, mas…

— Estão tão duros… — lamentou

— E doces demais também — disse Carla.

Parecia que ela tinha colocado açúcar demais, então os biscoitos ficaram tanto duros quanto excessivamente doces. Liscia repousou os cotovelos na mesa com a cabeça nas mãos

— Como eu sou tão ruim nisso?

— B-Bem, se você os mergulhar no chá até ficarem encharcados, eles ficam comestíveis, pelo menos.

— Não é assim que se come biscoitos.

Mesmo assim, seria um desperdício não comer o que ela tinha feito, portanto comeram pouco a pouco usando o método sugerido. Foi uma estranha hora do chá.

— A propósito, Carla, você não veio porque tinha algo a tratar comigo? — perguntou Liscia.

— Ah! É verdade. Ouvimos do castelo que o mestre virá amanhã.

— Souma virá? — Liscia se animou. Não pudera ver Souma em um bom tempo.

Ela veio aqui logo após ele partir para a república, e desde seu retorno, ouvira falar que ele estava passado o tempo entulhado de trabalho. Por tal motivo que estava feliz em poder vê-lo. Por outro lado, a hora em que isso aconteceu deixou ela desconfortável.

— Fico feliz em vê-lo, mas…

— Hã? Porque você parece tão infeliz? — perguntou Carla.

— Eu sei quão ocupado Souma está. Se ele vem assim tão de repente, deve ter algo importante para me dizer — Liscia deu uma mordida em um dos biscoitos duros, e olhou para ele — Ele precisa sair do país de novo? Ele está exagerando de novo? Honestamente, queria que ele não me deixasse tão preocupada.

— Liscia…

— Se ele me deixar preocupada de novo, vou fazê-lo comer esses biscoitos fracassados!

Ela gargalhou para si mesmo, imaginando o rosto de Souma comendo os biscoitos falhos que fez.

Conversa de Garotas de Roroa e Tia

Enquanto Souma, Julius e os outros estavam executando seu plano para libertar Lasta, Roroa ficou no quarto de Tia no castelo, as duas esperando pelo retorno dos homens.

Dessa vez não era uma batalha de cerco, mas sim uma investida para exterminar os homens-lagarto na área em torno de Lasta, portanto, era esperado que os homens-lagarto e monstros quimera não passassem pelos muros, por isso os não combatentes estavam refugiados no castelo por segurança.

Talvez Tia, que estava sentada ao lado de Roroa, estivesse se sentindo inquieta, porque suas mãos repousavam juntas na frente do peito como se estivesse rezando.

Ela deve estar pensando sobre meu irmão — pensou Roroa ao olhar na direção dela.

As duas estavam sozinhas. Achava sufocante compartilhar um quarto com alguém que passava o tempo todo parecendo tão patética.

Roroa estava preocupada com Souma também, é claro, mas ficar desanimada não ia mudar o resultado, não é mesmo? E se ela não estivesse confiante, um sorriso alegre traria boa sorte e clientes. Essa era a visão de Roroa como comerciante resistente.

Por isso que a (futura) irmãzinha mais velha, não queria que Tia ficasse desse jeito.

— Ei, ei, irmãzona.

—…Ah! O que é, Senhorita Roroa? — Tia ergueu a cabeça. Ela devia estar bem fora de si, porque houve um atraso na resposta.

Roroa sorriu ironicamente

— O que fez você se apaixonar pelo meu irmão mesmo?

— O-O que é isso? Do nada…

— Eu tava pensando que devia perguntar, já que você vai ser minha cunhada.

Os olhos de Tia se arregalaram.

— Essa é realmente a hora?!

Roroa gargalhou.

— Agora é exatamente a hora! Nós ficarmos para baixo não vai fazer nenhum bem, não é mesmo? Eu tenho você toda pra mim, então quero te perguntar como é meu irmão agora.

—…Okay. Ahm… O que quer perguntar?

— Certo, então. Primeiro, qual foi a sua primeira impressão dele?

Tia tombou a cabeça para o lado.

— Minha primeira impressão de Sr. Julius?

— Sim. O irmão mais velho que eu conhecia era esperto, mas seus olhos frios. Ele não hesitava em fazer o que tinha que fazer quando se tratava de alcançar seus objetivos. É por isso que, quando eu vim a este país… fui surpreendida pelo olhar muito calmo no rosto dele. Não era nada como a imagem que tinha do meu irmão.

— Não era?

— Pode apostar. É por isso que eu quero ouvir sua primeira impressão dele. Como era meu irmão na primeira vez que ele veio a este país?

— Bem… Eu achei que ele era um cara legal a princípio.

Tia soltou um gritinho e cobriu as bochechas enquanto falava. Parecia que ela tinha começado a declarar seu amor por ele.

Roroa disse: “Sim, sim”, um pouco irritada.

— Meu irmão tem um rosto bonito, afinal.

— Mas eu não tive a impressão de que era um homem frio nessa hora também, sabe? Ele não sorria, mas… era como se ele sempre tivesse algo difícil em mente.

— Ele tinha?

Tia não sabia, mas depois da derrota de Julius por Souma e o exílio de seu país por Roroa, ele foi ao Império em busca de abrigo. Se tivessem gerenciado o Principado de Amidônia errado e crescido o ressentimento contra si, Julius estava se preparando para incitar o povo a um levante, expulsando as forças de Souma e Roroa para restaurar o principado.

No entanto, porque Souma acabou vivendo feliz com Roroa, a princesa da nação, e usado as transmissões para acolher o povo de Amidônia a fim de trazê-los para o seu lado, tal ressentimento não cresceu. Não encontrando nenhuma faísca para incitar, as esperanças de restaurar o principado foram frustradas.

Deixando o Império desapontado, perambulou de país a país enquanto pensava. Porque tinha perdido? Porque as pessoas não apoiaram Gaius e ele, mas sim Souma?

Foi nesse tempo que Tia conheceu Julius.

Tia falou com boas lembranças daquele período na vida de Julius:

— Ele era difícil de se aproximar no começo, mas sempre atencioso. Acho que podemos dizer assim. Quando os monstros atacaram pelo norte e meu pai teve problemas políticos, ele ajudou mesmo resmungando durante o período.

“Você é tão incapaz que não aguento só olhar”, ele dizia.

— Tenho certeza que era exatamente assim que meu irmão se sentiu — declarou Roroa. Julius era obsessivo por natureza. Se tinha que deixar algo para uma pessoa menos competente, preferia fazer ele mesmo.

Tia também deve ter percebido isso, porque ela sorriu ironicamente.

— Você pode estar certa, entretanto quando o via lidar rapidamente com as coisas do jeito certo, parecia muito confiável para todos nós. Acabamos dependendo dele, e mesmo resmungando, respondeu à nossa fé, nos fazendo depender ainda mais. O resultado final disso foi que Julius se tornou a pessoa mais confiável deste país.

— Entendi. Tão confiável que você se apaixonou por ele, hã?

— Am… sim — Tia respondeu assentindo com a cabeça, corando.

— Acho que entendi agora…

Ouvindo Tia contar a história, Roroa sentiu que conseguia entender como Julius se tornara a pessoa de agora.

O efeito relaxante da gentileza dessa garota que seria sua irmã mais velha, naturalmente teve um efeito, além disso o desejo de Julius de ganhar a confiança das pessoas deste país depois de ter sido rejeitado e expulso pelo seu próprio povo, pode ter contribuído muito também. Ele respondeu as esperanças daqueles que confiaram nele e a aceitação possibilitava Julius ganhar sua autoconfiança perdida.

Aposto que é por isso que ele consegue sorrir tão gentilmente. Roroa estava satisfeita com essa resposta.

Tia pegou a mão de Roroa.

— Respondi a sua pergunta, senhorita Roroa, então agora responda a minha. Como foi seu primeiro encontro com Sr. Souma?

— Quer saber? — Roroa disse com um sorriso irônico para Tia que ouvia ansiosamente —, tivemos um primeiro encontro realmente estranho. Veja, primeiro eu peguei um tapete pra mim, e…

— Hã? Um tapete?

Roroa continuou apaixonadamente relatando a história, até que um soldado chegou correndo no castelo e interrompeu.

— Relatório! Nossas forças exterminaram os homens-lagarto! Somos vitoriosos!

Ouvindo esse relatório, Roroa e Tia se abraçaram alegres.

Hakuya Monta um Plano

Enquanto Souma e os outros planejavam a liberação de Lasta…

No distante Castelo de Parnam no Reino da Friedônia, Hakuya, o Primeiro Ministro de traje preto, estava falando com Jeanne, a irmãzinha general do Império, pela Transmissão de Voz da Joia. O assunto principal era a onda demoníaca, é claro. Compartilhando inteligência entre o reino e o Império, eles estavam secretamente coordenando seus esforços.

— De acordo com a carta que recebi de Sua Majestade, levaria muito tempo para movimentar a força inteira, então ele liderou um grupo avançado e entrou em Lasta, a capital do Reino de Lastania — disse Hakuya.

— Hã? O Rei Souma liderou o grupo avançado sozinho?

Os olhos de Jeanne se arregalaram em surpresa.

Souma era cauteloso, bem ciente de sua falta de habilidade em combate, não do tipo que agia tão ousadamente. Jeanne parecia confusa pela separação entre a imagem dela sobre o homem e as suas ações atuais, Hakuya soltou um suspiro exausto.

— Sei que Sua Majestade normalmente não agiria com tanta imprudência, mas ele tem uma mania de não avaliar a situação em termos de custo-benefício quando a família está envolvida.

— …Entendo. Se bem me lembro, o irmão mais velho de Madame Roroa, Julius, estava no Reino de Lastania, não estava?

— Sim, Sr. Julius está. Sua Majestade deve ter julgado que, mesmo tendo se afastado, se qualquer coisa acontecesse com Sr. Julius, Lady Roroa ficaria transtornada.

Hakuya deu de ombros irritado. Ele tinha uma boa visão do sentimentalismo de Souma, mas como Primeiro Ministro, queria que o rei tivesse um pouco de autocontrole.

— Bem, parece que a imprudência de Sua Majestade impediu que Lasta caísse.

— Isso é bom de saber. Minha irmã vai ficar feliz em saber que há menos pessoas sofrendo por aí — disse Jeanne.

De fato. Tinha um motivo porque Maria era conhecida como uma santa. Quando mais vítimas houvesse, mais isso pesaria no coração dela.

Hakuya assentiu com a cabeça.

— Se assumirmos que podemos deixar Lasta para Sua Majestade, ainda precisamos pensar como o corpo principal de reforços irá agir. Felizmente, tenho um relatório detalhado de Sua Majestade sobre o estado das coisas.

Hakuya abriu na mesa um mapa desenhado a mão do cruzamento no Rio Dabicon.

— Há dezenas de milhares de monstros como homens-lagarto do outro lado do Rio Dabicon. A menos que sejam exterminados, Lasta não ficará totalmente segura. O inimigo serão esses monstros, que os reforços enviados pela Força de Defesa Nacional de Friedônia irão enfrentar.

— Eles só podem cruzar nesse ponto raso em pequenos grupos, certo? — Jeanne comentou, olhando o mapa que podia ver pela transmissão.

— Sim. Graças a isso, eles conseguiram defender Lasta, mas agora que estamos atacando, é bem difícil. Nós também estamos na posição de apenas poder enviar forças terrestres em pequenos grupos.

— Por que não os bombardear com forças aéreas?

— Se fizermos isso, os monstros vão se dispersar. “Gostaria de achar um jeito de cercá-los e eliminá-los” foi o pedido de Sua Majestade.

— Isso é uma tarefa difícil. Se a situação fosse o inverso, seria fácil, porém.

— O que quer dizer, inverso? — perguntou Hakuya.

Jeanne assentiu com a cabeça.

— Se em vez de estarem do outro lado, eles estivessem de costas para o rio desse lado, cercá-los e eliminá-los seria uma questão simples. Se só pudessem recuar pelas áreas rasas, não poderiam fugir tão facilmente.

— Entendi. Então foi isso que você quis dizer.

Satisfeito com a resposta dela, Hakuya olhou de volta para o mapa. Era verdade; se os monstros estivessem na margem mais próxima e não na longe, cercá-los e exterminá-los seria uma questão simples. Entretanto, essa não era a realidade que se apresentava a eles…

Hum? Então não podemos simplesmente criar essa situação?

Eles podiam trazer os monstros para a margem mais próxima… em outras palavras, fazer todos cruzarem de uma vez. A mente de Hakuya correu para encontrar um jeito de fazer isso.

— Ahm… Sr. Hakuya? — Jeanne perguntou, parecendo preocupada com o silêncio dele de repente.

Hakuya não deu resposta, já que estava mergulhado em pensamentos. Depois de um longo silêncio, ele finalmente ergueu a cabeça.

— Acho que tenho algo que pode funcionar.

— Parece que você bolou alguma coisa — disse Jeanne.

Hakuya percebeu que estava deixando-a de fora. Ele apressadamente curvou-se pedindo desculpas.

— Me desculpe. Me perdi em pensamentos.

Ela sorriu.

— Ah, não, não se importe comigo. Mais importante, qual era a ideia que você bolou?

Hakuya pigarreou antes de explicar:

— Se exterminá-los na margem distante será difícil, só precisamos fazê-los cruzarem para a margem próxima. Acredito que possamos pegar emprestado o poder de uma certa mulher estimada em nossa nação para realizar isso.

Depois de Hakuya dar um resumo da operação, Jeanne expressou sua admiração.

— Entendi! Acho que é um bom plano.

— O problema é… podemos manter a Duquesa Walter sob controle?

— Hm? A Duquesa Walter é famosa em nosso país também. Há algum problema com ela?

— Não, tenho certeza que ela nos ajudaria se pedíssemos — Hakuya suspirou. — O problema é o que vai acontecer depois disso. Ela pode ser uma pessoa de gostos deveras inusitados, e é questionável se voltará tranquilamente assim que a situação for resolvida. Se decidir que acompanhar Sua Majestade seria interessante, pode fazer birra, dizendo que não quer voltar.

— E-Ela parece realmente ser uma dor de cabeça…

— É bem confiável, porém…

Com Jeanne dando um olhar preocupado para ele, Hakuya soltou um suspiro.

Acredito que vou consultar sua parente Juna, só por precaução. Pensou Hakuya sozinho. Ela pode ser capaz de bolar algumas contramedidas.

Depois disso, Hakuya e Jeanne trocaram uma grande quantidade de informações. Normalmente, depois de uma reunião eles aproveitariam chá ou licor juntos enquanto resmungavam sobre seus respectivos mestres, mas dessa vez os dois tinham assuntos que precisavam de ações imediatas.

— Adoraria continuar conversando, mas… — Jeanne disse, aparentando seu desapontamento. Hakuya assentiu com a cabeça.

— Também adoraria, porém… nesse momento, façamos nós o que devemos. Para trazer de volta a paz o mais rápido possível. Então, quando essa hora chegar…

— Sim. Vamos falar sobre tudo. Tenho muito mais reclamações sobre minha irmã que eu gostaria que ouvisse, Sr. Hakuya.

— Não tenho total certeza se deveria me animar para isso ou não…

Então os dois olharam um para o outro e assentiram com a cabeça, um desejando o sucesso mútuo.

Eles esperavam que o dia no qual poderiam conversar de novo chegasse em breve.

O Motivo Pelo Qual Taru Faz Leporina Mais Forte

É o dia antes dos reforços friedonianos partirem para a União das Nações Orientais.

Kuu e Leporina, a dupla de serva e mestre de Turgis tinham vindo à oficina de Taru. Eles se juntariam aos reforços, então queriam dizer para ela que não se veriam por um tempo.

— Bem, é isso — disse Kuu —, vamos à União das Nacões Orientais com o mano já que eles estão sendo atacados pela onda demoníaca. Ah, nem tenta me impedir, Taru. Vamos voltar sãos e salvos. Até lá, adeus.

Kuu estava fazendo um grande alvoroço dizendo adeus a Taru, mas quanto à própria…

— Leporina, levante seus braços.

— Ok.

Ela estava colocando uma nova armadura peitoral em Leporina, e não estava ouvindo nem uma palavra de Kuu.

— Leporina, seus peitos cresceram um pouco de novo. Se você não vestir algo do tamanho certo, vai ser difícil de respirar. Prejudica seu desempenho também.

— Ei, poderia não dizer isso na frente do Jovem Mestre?! — exclamou Leporina.

— Bem feito — murmurou Taru.

— Taru?!

Enquanto as duas garotas conversavam, Kuu olhava sem interesse.

— Ei, Taru. Eu vim até aqui pra dizer adeus, então podia me dar um pouco mais de atenção? Tô ficando solitário aqui.

— Mestre bobo — disse Taru com um tom meloso —, cuidar do equipamento de Leporina é a minha primeira prioridade agora.

Taru nem olhou para ele enquanto dizia isso. Ela então foi ao fundo da oficina para pegar algumas flechas.

— Fiz as pontas das flechas eu mesma — ela disse para a outra mulher, aparecendo. — Pedi para artesãos de encantamento fortalecerem-nas para mim.

— Uau, elas ficaram ótimas!

Leporina suspirou admirada enquanto olhava para as pontas de flechas.

Kuu, que era principalmente um combatente de corpo a corpo, não entenderia isso, mas aquelas flechas eram tão bem feitas que qualquer arqueiro se apaixonaria por elas.

Taru orgulhosamente encheu o peito praticamente inexistente dela.

— Com essas, você pode atravessar cascos de monstros e carapaças facilmente. Leve quantas puder.

— Obrigado, Taru!

— Vendo o quão feliz Leporina estava, Kuu não ficou contente.

— Ei, não ajuda só a Leporina! Faz uns equipamentos pra mim também!

— Eu fiz o porrete exatamente como você pediu, Mestre bobo — disse Taru friamente.

— Faz tempo que você fez, sabe? Você tá sempre fazendo armas e equipamento pra Leporina, mas eu não ganho nada?

— Leporina vem antes de você, Mestre bobo.

— Por quê?!

— Porque sim.

Taru voltou a trabalhar no equipamento de Leporina sem continuar o assunto.

Kuu baixou os ombros, desenhando desanimado redemoinhos no piso exposto da oficina com seu porrete.

Vendo o diálogo entre os dois, Leporina só pode dar um sorriso amarelo.

Porém, toda vez que Taru faz meu equipamento mais forte, é por causa do jovem mestre…

Leporina era a serva de Kuu. Se a situação demandasse, ela tinha que protegê-lo, mesmo que isso significasse se sacrificar. Sendo o filho do chefe de estado da república, esperava-se tornasse o chefe de estado no futuro também. Ele pode ser imprudente em algumas coisas, mas atraía todos para si, e as pessoas da república tinham grandes esperanças nele. Mesmo que custasse a sua vida, defendê-lo era o dever de Leporina.

Jovem mestre… é por isso que Taru me faz mais forte. Porque ela jamais quer deixar você morrer, está me deixando mais forte para protegê-lo, não importa o que aconteça.

Foi isso que Leporina pensou enquanto via Taru trabalhar seriamente para deixar seu equipamento em ordem.

Veja bem, se ela deixasse esses sentimentos aparecerem mesmo que um pouquinho, acho que deixaria o jovem mestre feliz… mas Taru é tão teimosa quanto ele.

Dito isso, mesmo sabendo, Leporina não fez nada para contar a Kuu. Se ela contasse, no fim das contas, só iria prestar mais atenção em Taru. Considerando os próprios sentimentos dela por ele, isso era indesejável.

Espero que me perdoe por ser meio má sobre isso.

Leporina considerava Taru uma amiga valiosa. Por isso, mesmo que não fosse transmitir essas emoções a Kuu, ela estava determinada a fazer qualquer outra coisa que pudesse para realizar o desejo por trás delas.

Quando Taru veio remover a armadura peitoral, Leporina sussurou no seu ouvido:

— Juro que defenderei o Mestre Kuu com o equipamento que você fez.

Taru piscou e arregalou os olhos, assentindo com a cabeça.

— …Sim. Eu confio em você.

Leporina riu do quão fofa Taru estava sendo.

— Essa honestidade, você poderia mostrá-la um pouco mais para o jovem mestre.

— Se eu mostrasse, Mestre Kuu ficaria se achando. Isso é perigoso.

— Concordo com você. Não se preocupe, vou protegê-lo.

— Volta a salvo você também.

— Certo! Juro que voltarei com o jovem mestre!

Então as duas se abraçaram forte.

Sendo forçado a ver quão próximas as duas eram, Kuu, que estava se sentindo excluído, fez ainda mais biquinho, e o número de redemoinhos no chão da oficina continuou a crescer.

Eu Vou Voltar

Quando contei a Juno, a aventureira que tinha vindo à noite ocasionalmente para tomar chá, que eu iria para a União de Nações Orientais, ela deu um grito de surpresa.

— O queee? Você vai para a União das Nações Orientais?! — exclamou Juno

Era algumas noites antes dos reforços serem enviados para a União das Nações Orientais, que estava sendo atingida pela onda demoníaca.

— As coisas não estão bem perigosas lá agora? — perguntou Juno.

— Hã? Você sabe disso também, Juno? — falei.

Estávamos mantendo segredo sobre essa informação para não incitar um senso de crise indevido, então as pessoas comuns não deviam ter uma boa noção do que estava acontecendo na União das Nações Orientais. Porque Juno, uma simples aventureira, sabia sobre isso?

Quando levantei essa mesma questão, ela sorriu ousadamente.

— Eu sei porque sou uma aventureira. O número de missões na União das Nações Orientais disparou recentemente. Nós aventureiros conseguimos perceber essas coisas por experiência. Entrega de remédios, escolta de caravanas, proteção de vilarejos, eliminação de monstros… tem todos os tipos. Quando estão focadas em um lugar, você sabe que tem algo rolando lá. Como uma guerra, talvez.

Juna bateu palmas. Minha esposa estava lá conosco.

— Entendo. Aventureiros tem sua a própria rede de informação, hã?

Quando Juno conheceu Juna, ela engoliu em seco com a famosa beleza da Prima Lorelei, então comparou os peitos voluptuosos de Juna com os seus e ficou deprimida. Isso foi um déjà vu? (brincadeira.)

De qualquer forma, grunhi e repousei meu rosto na minha palma com o cotovelo na mesa.

— Pelo que Roroa me disse, comerciantes de olhos afiados estão se dirigindo à União das Nações Orientais também — disse Juna. — Acho que mesmo que tentemos suprimir a informação, ela continua a se espalhar por redes de base.

— Bem, obviamente — a aventureira Juno respondeu. — Aventureiros e comerciantes são ambas ocupações que cruzam fronteiras. Porém mantemos a informação nos nossos círculos, e não falamos para mais ninguém, então talvez seja por isso que não se espalhou ainda mais?

— Várias das loreleis são de origens comuns, mas não ouço elas soando tão preocupadas, afinal.

Juno e Juna abordaram minhas preocupações de seus respectivos pontos de vista. Pela forma como soava, eu provavelmente não precisava me preocupar. Mesmo assim, no entanto, foi ótimo poder ouvir coisas de tantas perspectivas diferentes.

— Ainda assim, você vai pra um lugar perigoso desses? — perguntou Juno com um rosto preocupado.

— Está preocupada comigo? — perguntei.

— Bem… Eu fui numa aventura como o Senhor Pequeno Musashibo, e agora estou bebendo chá com o rei dentro dele — Juno balbuciou envergonhada. — Você tem servos, não? Você é um rei então porque não espera no castelo?

— Eu sei, mas é mais fácil negociar com o outro país se eu for pessoalmente.

O motivo mais exato era que Julius, com quem eu tinha desavenças, estava no Reino de Lastania, e decidimos que era melhor eu e Roroa lidar com ele, mas não ia dizer isso tudo a Juno.

— Bem, eu terei um exército de dezenas de milhares — disse a ela —, não deve ter problema. Quem vai liderá-los é Ludwin, enquanto vou como negociador e de fachada, então duvido que irei para linha de frente.

— Assim espero — Juna interrompeu com um olhar preocupado. — A princesa e Naden me contaram o que aconteceu na Cordilheira do Dragão Estelar, então não consigo parar de pensar que você vai fazer alguma coisa imprudente de novo.

— Não tenho como saber, mas o rei é tão imprudente assim?

Juna pôs a mão na bochecha e assentiu com a cabeça.

— Sua Majestade tende a evitar comportamentos imprudentes e impensados, mas porque ele é uma pessoa racional, quando pensa “correr um risco agora vai significar menos perigo depois”, pode fazer as coisas mais imprudentes de todas. Não é tanto que ele é corajoso, mas sim que é bom em aceitar a situação.

— Isso… deve ser preocupante de ver — disse a aventureira.

— Sim. Realmente é. Quer dizer, ele foi ver algo cuja identidade nunca deciframos na Cordilheira do Dragão Estelar.

As duas me olharam como se eu fosse um encrenqueiro. Porque elas estavam tão sincronizadas?

Juno se apoiou na mesa, pondo o rosto nas palmas das mãos enquanto perguntava:

— Ei, tem algo que eu poderia fazer para ajudar?

— Nada — disse.

— É. Eu imaginei. Você vai levar o exército regular, afinal.

Fiquei contente com a oferta, mas esse não era um ponto onde eu pudesse levar aventureiros. Além disso, mesmo que eu precisasse deles, não queria levar Juno a um lugar que ela mesma considerava perigoso.

Parecia que ela entendeu isso, então se reclinou na cadeira e olhou para a céu.

— Não vamos poder conversar assim por um tempo, eu acho. Isso vale pro Senhor Pequeno Musashibo também?

— É. Não sei o que vai acontecer, então queria ficar com ele para que eu possa usar Poltergeists Vivos a qualquer hora. Preciso deixar uma quantidade de consciências para trás para meu trabalho político, também, então pretendo deixar os outros de reserva. Naturalmente, isso vale para a consciência que eu uso para o Senhor Pequeno Musashibo, também.

— Ah é? Eu meio que vou sentir falta dele.

— Ah! Então, porque não fica no meu quarto e conversamos? — Juna sugeriu, bateu palmas — Vou ficar no reino também, sozinha sem Sua Majestade e os outros, então se me fizer companhia, seria agradável.

— Isso parece divertido, mas… tudo bem me deixar ficar no castelo? — perguntou Juno nervosa.

Assenti forte com a cabeça.

— É. É verdade que a Liscia está fora agora, e eu vou levar Aisha, Roroa, Naden e Tomoe comigo. Estava me sentindo mal de deixar Juna para segurar o forte sozinha, então se não se importar, por favor venha e divirta-se com ela.

— Ok. Claro. Vou fazer isso.

— He he. Vai ser divertido — Juna gargalhou. — Oh! Porque não passa a noite pela primeira vez hoje?

— Estamos nos precipitando! Preciso me preparar emocionalmente também, sabe!

Juna e Juno estava conversando animadamente. Parecia bem divertido.

… Ah é. Eu tinha algo a dizer.

— Ei, Juno — levantei a voz.

— Hum? O quê?

— Estou saindo agora, mas vou voltar.

Juno me encarou sem expressão por um instante, mas depois deu um grande sorriso.

— Se cuide, e se certifique de voltar a salvo.

A propósito, mais tarde, Juna foi enviada por Hakuya para pegar a Excel teimosa que se juntou a nós com reforços adicionais e se recusou a voltar para casa.

Quando Juna contou a Juno depois, ela recebeu um ressentido “Sua traidora!” como resposta.

 


 

Tradução: Enzo

Revisão: Merovíngio (Lopez)

 

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