O fato de tudo isso estar de alguma forma conectado a Sylvia não me surpreendeu. Na verdade, apenas confirmou tudo o que havia presumido até agora, mas… Lady Sylvia… A filha da mais alta posição de poder em uma terra de divindades…
Mesmo com meu status de rei na minha vida anterior, uma figura de tal estatura seria alguém a quem eu só pudesse me ajoelhar em submissão. Senti um nó seco preso na garganta enquanto olhava para o meu vínculo.
Claro, a possibilidade de Sylvie ser a filha real de Sylvia sempre esteve lá, mas devido às circunstâncias de ela ser perseguida por demônios com chifres negros… o clã Vritra, nunca poderia confirmar.
O fato de a aparência de Sylvie ser muito diferente de sua mãe também não ajudou. A voz do vovô Virion de repente surgiu em minha mente. Foi ele quem confirmou que Sylvie era um dragão. Pelo que me disse e pelo que li, enquanto os dragões eram extraordinariamente raros e poderosos, não mencionou sobre eles serem seres superiores, muito menos Asuras.
— Então, os dragões escritos em textos anteriores são realmente divindades? — perguntei.
Windsom me encarou, deixando escapar um suspiro impaciente.
— Não. Embora existam raças menores que descendem de nós, divindades, é bastante ofensivo nos comparar. Deixarei a aula de biologia de lado para outro momento, mas existem fatos gerais que você precisa saber. Embora haja exceções especiais devido a diferenças inatas em cada clã, na maioria dos casos, as divindades têm três formas principais. A forma humanoide em que estou atualmente, uma forma dracônica que é provavelmente a forma que Lady Sylvia usou para transmitir sua Vontade a você, e uma terceira forma que integra os aspectos humanoides e dracônicos.
— Então você está dizendo que Sylvie tem uma forma humana?
Não pude deixar de apontar o dedo para o meu vínculo em exasperação.
— Sim, mas Lady Sylvia deve ter selado sua própria filha, porque a assinatura de mana que ela está produzindo não é a mesma que deveria ser. Arthur, como você a conheceu?
— Antes de Sylvia ser morta ou levada pelos demônios com chifres negros, ela me deu uma pedra que acabou sendo o que eu imaginei ser, um ovo.
Estalei minha língua. Explicar isso me fez lembrar de algumas lembranças desagradáveis.
— Demônios com chifres negros?
Windsom inclinou a cabeça.
— É como eu os descrevi por causa de sua aparência. Pelo que você acabou de me dizer, eles parecem ser o que você chama de clã Vritra.
— Haaaa, de fato, o clã Vritra é conhecido por seus chifres de ônix proeminentes… embora esse tenha sido um dos resultados mais prováveis, também significa que há muito pouca esperança de que ela esteja viva. Arthur, Lady Sylvia, sem dúvida, colocou um selo em sua filha na esperança de que o clã Vritra não fosse capaz de encontrá-la.
Pela primeira vez, havia uma pontada de emoção no rosto de Windsom que não era aborrecimento. Podia ver a tristeza em seus olhos, enquanto tomava um momento para se recompor.
— Então, isso significa que as divindades geralmente nascem em uma forma humanoide?
Não pude deixar de perguntar.
— Sim. Nossa forma dracônica consome muito de nossa mana, então passamos a maior parte do tempo em nossa forma humanoide. No entanto, assim como posso mudar para a forma de um animal menor, a filha de Lady Sylvia parece estar nessa forma para conservar energia.
— Você continua se referindo a ela como filha de Lady Sylvia, mas ela tem um nome. É Sylvie. Eu a chamei de Sylvie. Além disso, é possível que Sylvie se transforme em sua forma humanoide agora?
Apontei. Com essa questão, Windsom apenas balançou a cabeça antes de responder.
— Mais provável que não. A forma humanoide é a mais natural para nós, então se a filha… Lady Sylvie seja capaz de se transformar nesta forma, já o teria feito.
Havia uma torrente de perguntas inundando minha mente agora que eu sabia com certeza que Sylv era um asura. Imaginá-la em uma forma humana já era difícil, mas o que isso significava para nós desde que estávamos ligados? Os asuras se ligavam uns aos outros em Epheotus? Embora Sylv tenha sido quem iniciou o vínculo, não era algo que eu pudesse imaginar fazer com alguém que parecia ser humano. Sabia que Windsom diria algo como: “Eu só direi o que é necessário para você saber agora”, então empurrei esses pensamentos de lado e pressionei o que conversamos antes.
— Então, uma vez que Sylvia, a filha de uma figura muito importante para vocês divindades, deu sua Vontade para mim, isso me deixa automaticamente envolvido na próxima luta que vocês provavelmente terão com o clã Vritra e companhia, certo? Além disso, o fato de Sylvie, a neta da figura dita muito importante, estar ligada a mim levanta outra questão… você está pensando em levá-la de volta para Epheotus?
Meus olhos se estreitaram enquanto tentava ler a expressão de Windsom.
— Sim. Entorpecendo um pouco, essa é a essência do que lhe expliquei. Você pode ou não ter descoberto o quão misteriosos e poderosos são os poderes de Lady Sylvia. Mesmo se você fosse capaz de desbloquear algumas das artes de mana que só ela poderia usar, duvido que fosse capaz de explorar uma fração de suas verdadeiras habilidades. Arthur, até mesmo Asuras babariam de ganância ao pensar em receber os poderes de Lady Sylvia. Embora nem mesmo ela fosse capaz de controlá-los totalmente, seus poderes tinham… o potencial de superar os de seu pai.
Havia uma expressão de desejo e respeito nos olhos deste Asura enquanto explicava tudo isso.
— Quanto a levar Lady Sylvie de volta a Epheotus, embora essa fosse de fato nossa escolha imediata, decidimos ir por um caminho diferente. Arthur, entraremos em guerra com os Clãs Caídos, as forças lideradas por Agrona e seu clã Vritra, em breve. Depois da última guerra, ambos os lados sofreram imensas baixas e não tiveram escolha a não ser se contentarem com uma trégua. Agrona concordou em não tocar em Dicathen, mas em troca, nós tivemos que entregar o Continente de Alacrya para ele. Embora nossas forças possam ter potências mais fortes, eles possuem muitos fatores imprevisíveis com os experimentos que tiveram tempo de aprimorar durante este período. A trégua está perdendo seu poder conforme os Clãs Caídos continuam a aumentar suas tropas. Já encontramos vestígios das tropas de Agrona neste continente. Embora os escalões superiores de Epheotus nunca admitissem verbalmente, precisamos de ajuda e seu potencial futuro pode desempenhar um papel crucial nisso. Contanto que você, Arthur Leywin, concorde em ser nosso aliado, não há necessidade de separar você de Lady Sylvie.
Mesmo que Windsom estivesse me pedindo um favor, a maneira como olhou para mim com os olhos mortos me fez sentir como se estivesse me apresentando um papel da mais alta honra. Ele me pegou. Realmente não havia muita opção para eu escolher. Se recusasse, levaria Sylvie à força e Dicathen ainda provavelmente acabaria dilacerada pela guerra. Com isso, minha família e amigos estariam em perigo, independentemente de eu me tornar seu aliado ou não.
Ele estava basicamente insinuando que eu estaria envolvido nessa guerra de uma forma ou de outra. A escolha era minha sobre o quão diretamente eu queria lutar contra nossos inimigos mútuos. Deixando escapar um escárnio, concordei.
— Já que esta guerra envolve todo o continente de qualquer maneira, eu seria um aliado para vocês, concordando ou não hoje. Em vez disso, o que você está pedindo é se eu posso ser um peão que esteja sob seu controle.
— Não posso discordar da sua afirmação. Você é sábio para a sua idade, Arthur. — Windsom sorri. — Entendo por sua resposta que você concorda com nossa proposta. Esta guerra mudará todo o equilíbrio deste mundo. Se Agrona e suas forças forem capazes de dominar este continente, bem como todos os seus recursos, chegará um tempo em que até Epheotus estará em perigo. Dito isso, precisaremos prepará-lo. Seu núcleo de mana está bastante desenvolvido para sua idade, o que é um bom sinal. Você terá que treinar depois de conseguir pelo menos atingir o estágio branco. Com os recursos que vamos fornecer a você e suas habilidades de compreensão, não consigo imaginar que demore muito. Depois disso, precisaremos levar você e Lady Sylvie para a Epheotus para treinar nas melhores condições…
— Espera aí, estou indo para a Epheotus? Sua casa? A terra dos Asuras? — Quase gritei, pasmo.
— Claro. Você acha que meu mestre vai ficar de braços cruzados agora, sabendo que ele tem uma neta? Arthur, você é o último a ter visto Lady Sylvia. Além disso, ela passou para você a assinatura de mana dela. Você pode não perceber o que isso significa, mas para nós, Asuras, seria metaforicamente retirar seu próprio núcleo de mana e distribuí-lo. Se ela foi forçada a um estado em que não tinha escolha a não ser fazer isso, não temos escolha a não ser presumir que ela faleceu.
— …
— Não há muito que eu possa ajudá-lo diretamente agora, exceto fornecer alguns recursos para fortalecer seu núcleo de mana. Durante esse tempo, também tenho coisas para investigar e me preparar. Vou continuar a aparecer de vez em quando e checar você, quer eu diga que estou lá ou não, fica a meu critério.
— Ok, já que parece que toda esta reunião está chegando ao fim, posso apenas perguntar uma coisa?
Estendi minha mão para detê-lo.
— Vá em frente.
— Como é que demorou tanto para você me encontrar? Se a assinatura de mana dela basicamente fosse transferida para a minha, você ou o clã Vritra não teriam me localizado com facilidade?
— Por causa disso.
Windsom apontou para o meu braço.
— Quando ela passou pela primeira vez sua Vontade, ou assinatura de mana, para você, não apareceu imediatamente. Você provavelmente passou por uma fase em que teve que acostumar seu corpo a isso, certo?
Apenas balancei a cabeça.
— Bem, depois que aconteceu, não tenho certeza de quanto tempo depois que sua filha foi libertada de seu selo, mas quando você colocou uma das penas de Lady Sylvia ao redor de sua insígnia de vínculo, isso escondeu a presença de sua Vontade. Tenho certeza de que você só colocou isso no braço para esconder a marca da insígnia ou talvez porque achou que fazia você parecer legal.
— Foi para esconder a marca da insígnia. Respondi imediatamente.
— No entanto, você fez bem em fazer isso.
Windsom balançou a cabeça.
— Deixe-me levá-lo para onde você realmente estava indo agora. Tenho certeza que a princesa elfa sente muita falta de seu príncipe.
Mesmo que seu rosto permanecesse sério, eu podia sentir o sarcasmo em sua voz. Sylvie e eu seguimos o Asura silenciosamente enquanto a sala em que estávamos começou a se distorcer mais uma vez.
POV WINDSOM
Enquanto observava a criança e seu vínculo passarem pelo portão, não pude deixar de soltar um suspiro tenso. Cada vez que a vejo, uma mistura de emoções fervilha dentro de mim, tornando difícil manter a calma. Me pergunto como o Mestre se sentiria quando a visse. Posso imaginar como pode se sentir em conflito ao ver a filha de sua filha preciosa e o homem que fez isso com ela… chegaria um momento em que não teríamos escolha a não ser contar a Arthur sobre seu vínculo. Sobre a filha de Lady Sylvia e a linhagem que ela possui…
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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