POV REYNOLD LEYWIN
Eu não podia acreditar.
Meu filho. Meu filho… se foi.
NÃÃÃÃÃO!! NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO.
Durden teve que me segurar antes que eu mesmo pulasse do penhasco para salvar meu filho.
Eu sabia que era tarde demais. Eu sabia que o que poderia ter acontecido já tinha acontecido, mas eu não conseguia ficar parado, sem fazer nada.
— Deixe-me ir! Meu filho! Ele ainda pode estar vivo… deixe-me salvar meu filho! Por favor.
Durden não estava se mexendo e Adam veio para ajudar a me segurar também.
— Por favor, Rey. Você tem que se controlar. Não há uma maneira fácil de dizer isso, mas não foi possível para ele ter sobrevivido àquela queda. — O sempre brincalhão e relaxado Adam tinha uma expressão solene no rosto e não conseguia nem olhar nos meus olhos.
— Adam está certo. Recomponha-se. Sua esposa precisa de você, Rey. — Durden também murmurou.
E eles estão certos. Eles estão absolutamente certos. Ainda. Por que meu corpo não está me ouvindo? Por que não posso confortar minha esposa.
— AAAAHHHHHHH!!! — Desabei antes que tudo escurecesse.
Acordando, percebi Helen segurando uma toalha molhada sobre minha cabeça.
— Você finalmente acordou. — disse ela, com um sorriso simpático no rosto que carecia de confiança.
A ignorei e me sentei, enterrando meu rosto em minhas mãos.
— Isso não é um sonho, é? Por favor, me diga que vou acordar para ver meu filho brincando com Jasmine e Adam.
— …
— Sinto muito… — foram as únicas palavras que ela conseguiu dizer antes de começar a fungar também.
A aba da tenda se abre enquanto Durden entra.
— Reynolds! Não consigo nem imaginar o quanto deve doer para você, mas agora mesmo, sua esposa precisa de você. Ela está se culpando, Rey. Ela acha que você a odeia por perder seu filho. — disse ele, seus olhos vermelhos evidentes de que ele também estava passando por momentos difíceis.
… Incapaz de reunir quaisquer palavras em resposta, me afastei de Durden.
De repente, senti um puxão forte ao ser puxado para trás. Assim que meus olhos pegaram um vislumbre da mão grande de Durden, minha visão turva e uma dor aguda latejava na minha bochecha, onde ele tinha me batido.
— Reynolds! Tivemos que impedir Alice de se matar! Esta não é a hora de ficar deprimido! Vê se, se manca, e cuide daquele que está realmente vivo! — ele rosnou.
Esta foi a primeira vez que vi o habitualmente composto Durden ficou tão enfurecido.
Eu consegui dar um aceno rígido, meu cérebro ainda latejando com o golpe, enquanto fazia meu caminho para a tenda da minha esposa.
Avistei minha esposa enrolada sob um cobertor com Angela ao seu lado, acariciando-a suavemente.
Dei um olhar significativo para Angela. Compreendendo o que eu queria, ela simplesmente balançou a cabeça antes de pedir licença para sair da tenda.
— …Alice
— …
— Querida! Posso ver o lindo rosto da minha esposa?
— … criança — a ouvi murmurar.
— O que disse, querida? — Eu respondi, dando tapinhas nas costas dela.
— Eu matei nosso filho! — Ela saltou e se virou para mim.
— Eu matei nosso filho, Reynolds. A culpa foi minha! S-se eu não estivesse lá, ele poderia ter evitado isso. Ele poderia ter sobrevivido. Ele se sacrificou para me salvar *sniff* a culpa foi minha.
Puxei minha esposa para mim e a segurei com força, beijando suavemente o topo de sua cabeça repetidamente.
Eu mantive meus olhos fechados com força, evitando chorar enquanto ela continuava soluçando em meu peito.
Nós apenas ficamos sentados assim por um tempo até que seus soluços se transformaram em gemidos secos.
— *Hic*
— Você não me odeia? — Eu mal fui capaz de ouvir seu sussurro.
— Como eu poderia odiar você? Alice! Eu te amo e sempre te amarei.
— *Hic* *Hic*
— …Eu sinto tanta falta dele, Rey. — Ela começou a soluçar de novo.
Cerrei minhas mandíbulas, desejando permanecer forte na frente de minha esposa.
— E-Eu sei, querida. Eu sinto a falta dele também.
O resto da viagem foi lenta e árdua. Não fisicamente. Senti que até os animais selvagens sabiam de nosso tormento emocional enquanto se afastavam de nós. Nosso grupo avançou em silêncio. Qualquer uma das tentativas de Adam de tentar aliviar o clima resultou em um silêncio avassalador. Até a alegre Angela manteve um rosto solene durante o resto da viagem.
Alice e eu adormecemos juntos ontem à noite nos braços um do outro. Consegui consolá-la e isso também me ajudou. Eu precisava de uma desculpa. Fui eu quem enviou Arthur para proteger Alice. Continuei tentando encontrar pessoas para culpar, mas as que eram realmente culpadas já foram mortas. A vingança já havia sido realizada. Agora, tudo o que restou foi esse buraco escuro de vazio e arrependimento. A única coisa que estava mantendo Alice e eu sãs era nosso filho por nascer. Por aquela criança, meu filho, eu tive que suportar. Eu não cometeria o mesmo erro que cometi com Arthur. Ele era apenas uma criança, mas eu o enviei para proteger minha esposa contra lutadores e até mesmo um mago. Eu não tinha ninguém para culpar além de mim mesmo.
Chegamos à cidade flutuante de Xyrus pelo portão de teletransporte sem mais complicações; como se Deus estivesse zombando de nós dizendo que já passamos por demais. Os Chifres Gêmeos deveriam se separar de minha esposa e eu daqui.
— Vocês têm certeza que ficarão bem? — Adam nos deu um raro olhar preocupado.
Durden acrescentou: — Não nos importamos de ficar com vocês por mais alguns dias. Eu sei que você veio originalmente para esta cidade por causa de Arthur, mas… — Ele não conseguiu terminar a frase.
— Está tudo bem. Vocês têm suas coisas. Alice e eu temos todas as nossas necessidades básicas e dinheiro para viver por algumas semanas. Mantenha as suas posições atualizadas no Hall da Guilda. — Eu acenei para eles, tentando forçar um sorriso.
— Pode deixar. Se cuidem. Nos veremos em breve. — Durden respondeu, abraçando a nós dois.
As meninas também deram um abraço caloroso em Alice após se despedirem dela. Depois que eles foram embora, me virei para minha esposa, lançando-lhe um olhar sério.
— Alice, o que você diz sobre morar aqui de agora em diante?
Dando-me um olhar confuso, ela respondeu: — E a nossa casa em Ashber? Acabamos de consertar tudo. Muitas das nossas coisas ainda estão lá.
Eu balancei minha cabeça com isso. Acho que será melhor para nós ter um ambiente novo e fresco. Nossa casa em Ashber tem muitas lembranças de Art. Acho que não vamos conseguir superar se ficarmos lá. Vamos contratar alguns comerciantes para entregar algumas de nossas coisas de Ashber aqui para nós.
Ela olhou para baixo enquanto decidia antes de me dar um pequeno aceno de cabeça. — Que tal um trabalho? Como vamos pagar para viver aqui? Esta é uma cidade muito cara para se viver, Rey. — acrescentou ela, com uma expressão preocupada no rosto.
Pela primeira vez, fui capaz de reunir um sorriso verdadeiro, um sorriso sincero que parecia tão raro nos dias de hoje. — Conheço um velho amigo que mora aqui. Ele me pediu para ser seu guarda várias vezes anos atrás e ainda mantemos contato de vez em quando. É um comerciante bastante conhecido nesta área e tem uma grande mansão. Tenho certeza que terá um lugar para nós ficarmos. É uma boa pessoa, Alice.
Ela pareceu um pouco duvidosa no início, mas depois de chegar à mansão e me ver abraçando meu velho amigo, suas preocupações diminuíram.
— Rey! Meu caro! O herói que salvou minha vida! O que o traz a esta pequena cidade? — Um homem magro de óculos e terno exclamou enquanto me soltava, dando tapinhas em meus braços.
Vincent Helstea, cerca de um metro e setenta de altura com uma estrutura fina para um corpo. Ele era um homem de cérebro, não musculoso. Vincent era um humano normal, mas muito bem-sucedido nisso. A Casa Helstea estava no negócio de comércios há várias gerações. Enquanto sua família estava em declínio por algumas gerações, Vincent sozinho elevou o patrimônio de sua família a um novo patamar após construir a primeira Casa de Leilões Helstea em Xyrus e, posteriormente, construir várias casas de leilões nas cidades vizinhas.
Nós nos conhecemos quando ele estava em uma de suas viagens a uma cidade mais remota para construir uma casa de leilões, quando teve problemas com bandidos. Eu estava lá com ele naquele momento, cumprindo a missão de escolta que o Clã me designou. Depois de salvá-lo, nos demos muito bem.
A empregada que atendeu a porta saiu depois de ver Vincent me abraçando. Logo depois, sua esposa e filha também saíram, curiosas para saber o que estava acontecendo.
— Tabitha! Conheça meu querido amigo Reynolds e sua esposa Alice! Alice, Reynolds, esta é minha esposa Tabitha e esta adorável senhorita é minha filha, Lilia. — Vincent exclamou, segurando sua filha. Ela parecia ter mais ou menos a mesma idade de Art, com lindos olhos castanhos que me lembram um gatinho e longos cabelos castanhos trançados. Meu coração doeu ao pensar em como ela será uma jovem linda quando crescer no futuro. Um futuro que ela ainda tinha…
Forçando meus pensamentos sombrios para longe, a cumprimentei. — Tabitha! É ótimo finalmente conhecê-la. Vince me contou muitas coisas boas sobre você durante nossa viagem para a cidade de Eksire. Que filha fofa vocês têm.
Depois que minha esposa se apresentou e trocou gentilezas com Tabitha, Vincent nos levou para a sala de estar para ficarmos confortáveis.
— Então, o que te trás aqui, Rey? A última vez que você me enviou uma carta, você disse que se instalou em Ashber. — disse, entregando a Alice e a mim um copo de vinho.
Respirei fundo e contei-lhes a história com os dentes cerrados.
— Não fazia a menor ideia, sinto muito por sua perda. — Vincent conseguiu murmurar. Sua esposa tinha a boca coberta com as mãos. — Eu não saberia o que fazer se perdesse Lilia. Posso fazer alguma coisa por vocês?
Com isso, cocei desajeitadamente minha bochecha e perguntei: — Você me pediu várias vezes para ensinar uma ou duas coisas aos guardas da sua casa de leilões sobre magia. Essa oferta ainda está de pé? Se for, você estaria me fazendo um grande favor. Realmente preciso apenas o suficiente para alugar uma pequena casa por aqui e viver uma vida simples. É só que eu e minha esposa não queremos voltar para nossa velha casa em Ashber onde Arthur nasceu e foi criado.
Um grande sorriso apareceu no rosto de Vincent. — Bobagem! Nenhum amigo meu vai dormir em uma pequena cabana. Na verdade, eu estava procurando por alguém! Acabamos de reformar nossa casa de leilões Heltea para que pudesse acomodar três vezes mais pessoas. Com isso, temos um novo lote de recrutas aumentadores que realmente precisam de algum trabalho nas bordas. Você seria perfeito para moldá-los um pouco, Rey. Você pode me fazer um grande favor e trabalhar para mim? — Ele fez uma cara de desespero.
Eu não pude deixar de rir em resposta; ele tinha acabado de transformar minha oferta inicial desesperada em eu, fazendo-lhe um favor. Assentindo, eu aperto sua mão estendida e discuto o negócio.
Mesmo estando inquieto para começar a trabalhar, Vincent não permitiu, dizendo que precisávamos de um tempo para nos situarmos para que eu estivesse no melhor estado para trabalhar. Vincent também insistiu firmemente que vivêssemos com eles na mansão. Ele nos contou como Tabitha e Lilia estavam sempre reclamando sobre este lugar ser muito grande e vazio. Relutantes no início, Alice e eu finalmente nos situamos na ala esquerda da mansão. Vincent foi mais do que indulgente, dizendo que poderíamos ter alguns quartos, caso quiséssemos mais bebês no futuro. Tabitha teve que puxar o marido pela orelha enquanto ele sorria, acenando para nós um adeus.
Outra bênção imprevista foi o quão bem Alice e Tabitha se deram bem. Eu estava preocupado que ela ficasse sozinha quando começasse a trabalhar, mas Tabitha tinha muito tempo livre também e apenas cuidava de Lilia, então ter Alice por perto realmente iluminou seu dia; por causa disso, minha esposa também tinha uma ótima companhia e uma fonte de distração. Depois que o trabalho começou, fiquei ocupado treinando os novos recrutas. Esses magos não eram os mais talentosos, mas estavam dispostos a trabalhar duro. Depois de colocar o essencial em suas cabeças, eu senti que eles formariam uma equipe bastante sólida de guardas no decorrer de alguns meses. Claro, todos os magos de elite, tanto conjuradores quanto aumentadores, frequentavam a escola na Academia Xyrus, então aqueles que não queriam ser aventureiros acabaram sendo contratados por nobres ricos, igual a Vincent, como guardas, o que também era muito mais seguro.
Já se passaram alguns meses desde que Alice e eu chegamos pela primeira vez a Xyrus. Durante esse tempo, fomos capazes de nos acostumar lentamente com a vida da cidade. A barriga de Alice parecia estar ficando maior a cada dia e, embora ela ainda tivesse pesadelos recorrentes sobre a perda de Arthur, ter Tabitha e Lilia por perto realmente a ajudava a superar isso. Ao voltar para casa, fui recebido pelo delicioso cheiro de ensopado de carne. Vincent e Tabitha tinham saído para um encontro enquanto Alice prometia cuidar de Lilia com as criadas, então éramos apenas nós dois jantando tarde esta noite, Lilia já se acomodou.
— Este ensopado de carne parece incrível, Alice. Qual é a ocasião especial hoje? — Sorri para ela.
Ela apenas sorriu suavemente. — Já faz algum tempo desde que cozinhei para você. Este costumava ser o prato favorito de Art e seu.
Seu rosto ficou abatido, mas antes que eu tivesse a chance de consolá-la…
“Oi mãe, oi pai. Sou eu, seu filho Arthur…”
Minha mente congelou. Essa era a voz de Art. Não. Eu estava apenas ouvindo coisas. Eu olhei para Alice enquanto a voz continuava a falar na minha cabeça. Seu rosto estava perturbado quando ela começou a olhar ao redor. Ela estava ouvindo vozes também?
“… mais uma vez, estou vivo e bem, mãe, pai. Consegui sobreviver à queda do penhasco…”
O que está acontecendo? Meu filho está vivo? Reino de Elenoir? Doença?
“… pode levar meses ou mesmo anos para eu voltar, mas tenha certeza de que voltarei para casa. Eu amo vocês *sniff* muito e estou com saudades. Fiquem seguros, e pai, certifique-se de manter a mamãe e meu irmãozinho em segurança. Mãe *sniff*, por favor, certifique-se de que o pai não tenha problemas. Mensagem de seu filho, Art.”
Eu olhei para minha esposa novamente.
— Você acabou de ouvir a voz agora também, certo Rey? — ela deixou escapar, sua voz afiada com desespero. — Por favor, me diga que não fui só eu que ouvi a voz dele.
— S-sim. Acabei de ouvir a voz do Art. — Respondi, incapaz de ainda entender tudo isso.
— E-Ele está vivo! Querido! Nosso bebê está vivo! Minha nossa… — Alice caiu de joelhos quando sua voz se transformou em choro. Ela estava chorando enquanto tinha um sorriso que me dizia que suas lágrimas eram de alegria.
Inferno, até eu estava chorando agora. Meu filho estava vivo! Nosso filho está vivo!!! Eu ri loucamente.
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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