Zanoba não era mais um príncipe. Nesses últimos dias, ele esteve penhorando suas relíquias reais para que possa construir uma casa próxima da minha – uma robusta construção de dois andares. Ele elaborou seu design tendo em vista a produção de figures, então o primeiro andar era como uma ampla e espaçosa garagem. Primariamente, o espaço habitacional era no segundo andar, que acomodaria Ginger, Julie e a si próprio. Parecia espaçoso o suficiente para os três. Eu não tinha ideia de como suas relações mudariam com o passar do tempo; poderia ficar um pouco inquietante caso um deles se casasse.
De qualquer modo, mesmo que ele tivesse dinheiro o bastante por enquanto (fosse de suas economias ou mesada real) ele começaria a se esvair rápido a partir daqui. Decidi que o pagaria pela produção da Armadura Mágica, o que eu também categorizei como custos de pesquisa. Zanoba aceitou o dinheiro, mesmo que sob alguns protestos.
— Não sou apenas eu quem está trabalhando nisso, então não posso evitar de sentir que estou errado por ser o único a aceitar dinheiro por isso — disse com uma expressão severa.
Eu entendia seus sentimentos. A Armadura Mágica era um esforço coletivo entre mim, Zanoba e Cliff, mas apenas ele estava sendo pago. Não parecia razoável.
Mas, seguindo essa lógica, era eu que não estava sendo razoável. Eu saí e trabalhei na Armadura Mágica, e fui o único a estar sendo compensado por sua criação. Em outras palavras, fui o único a lucrar pela criação da Armadura Mágica até agora, a invenção pela qual nós trabalhamos juntos para construir. Não a fizemos pelos ganhos, mas, sendo humanos, é natural nos atirarmos às gargantas uns dos outros por um mero trocado a mais. Se eu quisesse ser justo, teria de pagar o Cliff também. Claro, Cliff se sentia bastante pressionado quando se tratava de dinheiro, então eu não tinha certeza se ele aceitaria.
Deixando isso de lado.
Há momentos na vida onde você apenas entrega o que lhe pedem. E olha, ninguém que eu conheci foi mesquinho a ponto de tirar vantagem de mim. Tenho recursos o bastante para me dar ao luxo de ser caridoso. Todos nós temos o dever de retribuir quando conquistamos alguma liberdade financeira.
Seja como for, eu precisei da Armadura Mágica e precisei das habilidades do Zanoba de esculpir figures. É natural pagar pelo que você precisa, e com isso, eu consideraria que seu estilo de vida se validou.
Agora, eu estava de pé em frente à porta da casa daquele escultor de figures. Respirei profundamente. Me disseram que eu era livre para entrar sempre que quisesse, mesmo que o cabeça da casa estivesse fora. Havia apenas uma regra: bata antes. Era a etiqueta apropriada para dois amigáveis compatriotas.
— Zanobaaa, yoohoo! Abre aí! — gritei, chamando-o enquanto tocava a campainha.
— Oh, Mestre. Entre, por favor. A porta já está aberta.
Sua resposta foi incrivelmente rápida. Contudo, eu precisava de mais do que isso.
— Tem certeza? Realmente posso? Cuidado, tô entraandoo! Me impeça enquanto poodee! Se eu começar, não vou me seguraaar!
Da última vez, a falta de um consenso provocou um acidente e quase me botaram para fora.
— Não faço ideia do que você possa estar insinuando, mas não vou pará-lo. Vamos, entre.
— Certeza? Não tem nenhuma mulher se vestindo perto de você, né?
— Não há nada com o que se preocupar.
Eu senti que podia acreditar nele. Sim, depositei minha confiança mais uma vez no homem que nunca deixou de acreditar nem quando pus as mãos naquele diário do futuro. Mesmo se o preto se transformasse em branco e o mundo fosse invertido, eu sabia que ainda haveria um homem digno de confiança: Zanoba.
— Beleza, aqui vou eu.
Abri a porta. Um passo e eu estaria dentro da oficina de Zanoba. Era um espaço amplo com duas mesas de trabalho no centro de um mar de caixas de madeira e figures espalhadas pelo lugar. Zanoba estava sentado diante de uma das mesas e Julie estava com ele.
Só isso não seria diferente do usual, mas a atmosfera da oficina estava um pouco estranha hoje. Se tivesse que chutar, eu diria que o problema era onde Julie estava sentada. Normalmente, ela estaria fazendo figures em sua mesa, que ficava perto da de Zanoba.
Hoje, contudo, ela não estava em sua mesa.
— …
Julie estava sentada no colo de Zanoba, encarando intensamente a escultura que ela estava pintando.
Enquanto isso, Zanoba cuidadosamente esculpia uma parte da Armadura Mágica. Os retalhos caiam no topo de sua cabeça, mas Julie não parecia notar.
— Zanoba… Você ficou bem próximo da Julie enquanto eu não olhava, huh?
— Hm? Isso seria um problema?
O pequeno corpo de Julie realçava a alta estatura de Zanoba. Eles pareciam irmãos. Adorável! Sabe, desde que as únicas coisas que eles fizessem naquela posição fossem figures… Bom, era seguro afirmar que não havia um pingo de perversão ali. Digo, não que houvesse algum problema se tivesse. Nesse mundo, não há lei que determine uma idade de consenso, então ninguém poderia usar algo do tipo contra ele.
Mas, você sabe… Eu bati, então queria que eles tivessem se afastado um pouco.
— Nah, ver vocês aquece meu coração. — Eu disse, conforme apanhava uma cadeira no canto da oficina.
— Mestre, o que traz o senhor aqui hoje?
— Sobre isso…
Verdade. Eu não vim até aqui para falar sobre o clima. Eu já o encarreguei do projeto de manufatura da Armadura Mágica, mas queria lhe dar outra tarefa na qual trabalharia paralelamente.
— A verdade, Zanoba, é que eu vim informá-lo de sua nova posição.
— Huh… Posição, você diz?
— Sim, posição — confirmei. Puxei um pedaço de papel do bolso no meio peito. Eu o entreguei a Zanoba como se fosse uma oferenda.
— Ah, perdoe meus modos — falou Zanoba. Com pressa, ele abaixou Julie, bofeteou suas roupas para se livrar da sujeira e graciosamente recolheu o papel. O sujeito era bem refinado.
— Hmm… — murmurou Zanoba. — Aqui diz que Zanoba Shirone será designado para o Departamento de Vendas de Figures.
— Sim. Eu imploro que aceite.
— Eu não hesitaria em aceitar…, mas nós não íamos adiar esse projeto?
Esse documento nos permite prosseguir com nossos planos de vender aquelas estatuetas do Ruijerd que fizemos tempos atrás. Ele devia estar pensando no porquê de estarmos fazendo isso logo naquele momento, mas, na verdade, vender aquelas estátuas naquele período em específico era crucial. Estaríamos convocando líderes ao redor do mundo e, ao mesmo tempo, reuniríamos cada um dos nossos aliados para a batalha contra Laplace. Contudo, havia algumas pessoas cujo paradeiro era desconhecido, incluindo o Ruijerd.
Na linha do tempo original, ele estava no Continente Demoníaco, mas nessa ele foi enviado comigo para o Central. Não tive notícias dele ultimamente, nem descobri onde ele está. Nem me passou pela cabeça que o pior tenha acontecido com ele, mas era fato que, agora, não poderia encontrá-lo ou pedir sua ajuda.
Bom, não era como se ele estivesse se escondendo. Poderíamos encontrá-lo facilmente se procurássemos um pouco mais. Mas havia algo que não podia negar: ele era a primeira pessoa cuja ajuda eu pediria para derrotar Laplace, afinal, esses dois tinham uma história juntos. Eu faria de tudo para achá-lo e perguntar pessoalmente. Eu queria dar a ele a chance de se vingar…
Mas no fim, metade disso era só uma desculpa. No fundo, eu só queria vê-lo novamente depois de todos esses anos. Talvez nosso objetivo em comum nos permitisse trilhar o mesmo caminho mais uma vez, mesmo que por pouco tempo. Eram motivos egoístas, mas foi assim que começamos as vendas das figures de Ruijerd. E ei, isso certamente seria mais rápido que organizar um grupo de busca. Sem mencionar que reparar a reputação dos Superd era algo que eu estava planejando há algum tempo…
Eu também tinha outras justificativas prontas, caso ele precisasse de mais para se convencer. Por exemplo, a Armadura Mágica. Eu, Zanoba e Cliff já tínhamos atingido um gargalo no desenvolvimento dessa arma. As chances de a Terceira Versão não ser finalizada eram muito reais. Que sorte! Se implementarmos esse projeto de vendas de figures e alcançássemos a escala de distribuição e venda necessárias, estaríamos treinando engenheiros para contratarmos depois. Lembre-se, as técnicas de engenharia usadas nas bonecas e figures também poderiam ser usadas no desenvolvimento da Armadura Mágica. Ao elevarmos a quantidade de pessoas especializadas em nosso meio, teríamos mais experimentos e, por consequência, maiores chances de chegar a uma descoberta revolucionária. Desenvolver talentos era a chave.
— E esse é o plano — concluí. Expliquei tudo até os mínimos detalhes. — Mesmo que eu tenha motivos pessoais por trás, quero aumentar nossas chances com a Armadura Mágica. Estou lhe pedindo isso porque você entende isso melhor do que ninguém .
— Hmm…
— Vou contatar os Mercenários Ruato. Eles devem ter pessoas experientes em negócios que possam te dar suporte. E claro, Aisha e eu iremos ajudá-lo a colocar a primeira loja para funcionar. Então… você vai fazer isso?
— Sim. Claro.
Zanoba consentiu sem hesitar e se ajoelhou diante de mim. Julie, que estava assistindo de relance, abruptamente se ajoelhou também.
— Grande Mestre! O que eu devo fazer? — exclamou.
— Julie, você ficará ao lado de Zanoba e seguir seus comandos!
— Okay!
Parecia que Julie estava indo com tudo também. Logo, estaríamos indo de cabeça na confecção massiva de figures do Ruijerd, e isso significaria que ela estaria trabalhando para ganhar dinheiro para o Zanoba. Com certeza ela se animaria ao ouvir isso.
— Pois bem, cuidaremos dos pormenores amanhã. Isso é o bastante por hoje.
— Entendido.
Depois, eu decidi que chamaria aquele mercenário que chamou minha atenção…
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Vários dias depois, retornei à casa de Zanoba junto de duas pessoas. De um lado, havia um homem intimidador com óculos redondos. Seu cabelo tinha uma proporção de 7-3 invés de um corte de tigela. Ele vestia um casaco preto com bordados amarelos. Era claramente humano.
— É aqui onde você vai trabalhar daqui em diante.
— E-Entendido…
— Ouça bem, Joseph. Não seria exagero dizer que esse projeto gigantesco depende de você.
Joseph engoliu em seco.
— Mas não precisa se preocupar demais. — Eu prossegui. — Afinal, sendo nosso grande benfeitor, este será apenas o primeiro de muitos.
Joseph era assim; seu gênio ansioso e seus problemas com excesso de álcool combinados tornavam sua pele pálida com frequência, e isso fez com os outros mercenários lhe dessem o infantil apelido de “Pálido”. Antes de entrar para o Bando, ele era um mercador. Nesse mundo, pessoas que optavam por essa profissão geralmente começavam suas carreiras com vendas itinerantes. Caso acumulassem riquezas o bastante e elevassem seus status em suas guildas e em trocas, eles poderiam se tornar empregados ou aprendizes de algum dos figurões do comércio. Se juntassem ainda mais recursos e experiência, finalmente poderiam abrir suas próprias lojas. Desde que conseguissem manter o movimento, talvez conseguissem expandir seu negócio e se tornar uma companhia executiva, ou mesmo se tornar os fornecedores pessoais da família real.
Joseph parecia ter chegado ao ponto de possuir uma loja, mas cometeu um gravíssimo erro que lhe custou tudo. Sempre que perguntavam o que deu errado, ele não daria um piu. Entretanto, rumores diziam que foi por causa de uma mulher; pelo menos foi isso que Linia me contou. Claro, conhecendo a reputação dela, suas teorias eram tão sólidas quanto papel molhado. Meu palpite é que o problema envolvia bebida. Ele deve ter enchido a cara até perder o bom-senso e pôs as mãos em uma de suas empregadas, tudo para descobrir como isso acabaria com ele depois.
Calma, isso é parecido com o que Linia disse.
Ah, esquece.
Seja como for, depois de perder tudo, Joseph começou a perambular pelo mundo até que encontrou o Bando Mercenário. Segundo Aisha, ele era incrivelmente habilidoso lidando com finanças, então acreditaram na sua história de ter tido uma loja. E tendo em vista o quão altos eram os parâmetros dela, isso era um baita elogio. Mas… pensando melhor, Aisha disse que eu era habilidoso, então esse era o valor de suas palavras. No fim, tudo isso levou a escolhermos ele como conselheiro para a grande abertura da primeira loja do Zanoba.
— V-Você tem certeza? — perguntou Joseph, cujo rosto já estava fazendo jus ao apelido. — Ouvi dizer que o Senhor Zanoba pode ser bem intimidador… E que quando ele se irrita, joga as pessoas contra o teto.
— Joseph, meu garoto, são apenas rumores. — Eu disse para confortá-lo. — Em que mundo alguém manda os outros pelos ares quando está com raiva? Se alguém estivesse realmente zangado, não acha que jogariam no chão ao invés disso? Sem dúvida, o chão é bem mais duro.
— S-sim, você está certo, sim…
Claro que eu tinha razão. Zanoba só jogava pessoas pra cima quando estava pulando de alegria. Quando estava com raiva, seu movimento favorito era usar uma garra de ferro na cara.
— Dito isso, é melhor não o incomodar em primeiro lugar, mas isso vale para qualquer um, não? Você já foi um comerciante, então tenho certeza que você concorda que é melhor deixar seus clientes de bom humor, né?
— Não… não. Certas vezes, é melhor aborrecê-los.
— Sério?
— A-As pessoas podem tomar decisões erradas quando estão com raiva. Especialmente os inimigos. Irritá-los pode atrapalhar seu julgamento e dar-lhe vantagem nas negociações.
Interessante. Pode se aplicar aos inimigos, mas não estamos falando de inimigos agora, estamos?
— Zanoba é um inimigo?
— N-Não! Desculpe. Não queria ser desagradável…
— Oh, não há com o que se preocupar. Eu que estava errado no fim. Sim, alguns inimigos são mais fáceis de se lidar quando estão zangados, é verdade.
— C-Certo…, mas claro, o Senhor Zanoba não é um inimigo… então eu não pretendo perturbá-lo… é só que, quando eu estava com os mercenários, tudo que eu fazia fez com que alguém ficasse com raiva de mim…
O fato era que ele não parecia se encaixar com os ousados heróis que formavam o Bando Mercenário. Devia ser por ele ser tão tímido e reservado. Eu me lembro do quão desconfortável ele estava durante nossa primeira entrevista, depois de Aisha tê-lo sugerido para mim: a cor em seu rosto quando entrou na tenda do capitão já tinha abandonado o tom pálido e ido direto para o branco, como se fosse um cadáver ambulante. Ele começou a conversa já assumindo que estava prestes a ser castigado por algum erro que cometeu, então ele manteve um ridículo sorriso de merda durante toda a conversa. Tive minhas dúvidas sobre o sujeito, para dizer o mínimo. Mesmo Aisha tentou dar para trás em sua recomendação.
Ele era um comerciante falido. Geralmente, conselhos de pessoas falidas não são confiáveis. Caso alguém não compreendesse exatamente a razão por trás de seus erros, eles poderiam cometê-los novamente. Estava falando por experiência própria. As falhas são certas na vida. A maturidade de alguém que possui muitos fracassos como referência vale seu peso em ouro. Nunca iríamos crescer se deixássemos nos pararem. Não precisávamos de uma taxa de 100% de sucesso; 60% já passava da meta, mesmo quando o “teste” era mudar o mundo.
O gosto do sucesso muda as pessoas, e eu senti que, se pudesse dar um pouco desse gosto a esse homem, ele se tornaria uma ferramenta/ajuda excepcional. O escolhi para esse projeto não para cutucar seu passado, mas por causa dele.
— Nosso benfeitor é clemente e faz questão que o sucesso não passe despercebido. Caso consiga fazer desse projeto um sucesso, você poderia se tornar o gerente da divisão comercial do Bando Mercenário.
— C-Como? eu não acho que seria qualificado para essa posição.
— Talvez. E ainda assim, você não recusou a oferta. Você está aqui. Isso fala por si.
Modéstia à parte, finalizei com uma frase bem profunda.
Bem, era profunda até que um certo “alguém” a arruinasse. Esse “alguém” era Linia.
— Não se preocupe, miau! Zanoba é como um irmãozinho para miau. Levanta a cabeça e deixa que eu cuido do resto. Vou encher ele de sopapo se precisar.
Por algum motivo, quando eu apresentei o projeto, ela se juntou logo de cara e passou a agir como guru o tempo todo. Considerando que sua primeira experiência em um trabalho honesto acabou antes de sequer começar, seu discurso soava apenas como um novato sabichão.
— Chefe… Muito obrigado. Me sinto aliviado.
Joseph realmente se reconfortava com o fato dela estar ali, e Linia tinha uma certa autoridade, então, por enquanto, decidi não me meter enquanto ela falava besteira. E também pagaria o pato se algo desse errado.
— O que acham de entrar? — sugeri. Eu queria evitar mais enrolações, então abri a porta.
— Oi, Zanoba, se lembra do que conversa—
E foi ali que eu percebi que havia cometido um erro. Mais uma vez, entrei sem bater primeiro. A porta se abriu com um estalo, e diante dos nossos olhos, acontecia algo inacreditável.
No primeiro andar da casa, Zanoba e Julie trabalhavam em suas figures, exceto que Julie não estava sentada no colo dele dessa vez. Essa era a parte normal.
Mas havia outro alguém que roubou toda a minha atenção assim que entrei: Ginger, que estava gentilmente segurando um adorável cão de pelúcia.
— O-Oque é isso? — Ela perguntou, cautelosa.
Ginger. Com um bichinho de pelúcia. Nossa. Não que eles não combinassem, mas nunca esperei ver isso. Senti que eu estava interrompendo. Podia jurar que Ginger não se interessava por esse tipo de coisa. Talvez ela tenha mudado agora que Zanoba já não era mais um príncipe.
Depois de me acalmar e pensar um pouco, parecia natural. E mais, eu não tinha o direito de julgar alguém pelos seus gostos.
— Gah ha ha ha! O que uma cavaleira tá fazendo com um bicho de pelúcia?! Ela é um filhotinho, miau?! Chefe, qual o plano, miau? Espera só um s—
Eu chutei Linia para fora.
Por coincidência, os homem fera tinham um jogo onde aperfeiçoavam suas habilidades de caça com bonecas de demônios e animais. Era uma brincadeira para crianças muito novas. Ela não estava realmente julgando o gosto dos outros, então não podia reclamar disso. Tudo que disse veio de suas experiências como mulher fera, mas suas palavras também não eram inofensivas. Ginger corou devido a essa humilhação. Eu tinha que animá-la de algum jeito.
— Ahem, você tem uma pelúcia muito fofa com você. De onde ela saiu?
Ooh, acho que eu soei como um Zanoba agora.
— Isso… foi importado do Reino de Asura. O criador era alguém chamado Venger. Ao que parece, suas criações eram feitas a partir de mantos e trapos, como essa…
— Venger, é? É um nome bem parecido com “Ginger”, não acha?
— Sim. Deve ser por isso que eu me apeguei um pouco por ela… isso é tão infantil assim?
— De forma alguma. Não ligue para o que algumas gatas insensíveis dizem. Ela não tem bom gosto. Eu acredito que você deve amar o que você ama.
— Oh… é. Muito obrigada.
Pude dizer que Zanoba estava sorrindo enquanto nos ouvia. Era a feição de uma pessoa que ama seu passatempo vendo um amigo se apaixonar por seu próprio hobbie; ele deve estar feliz que Ginger mostrou interesse em bonecos. Bom, era uma pelúcia. Não chegava a ser um boneco.
— Rudeus, quem seria esse? — Joseph perguntou com nervosismo.
— Ah, deixe-me apresentá-lo. Zanoba!
— Certo! — respondeu Zanoba. Ele se levantou no mesmo instante em que o chamei. Tirou a sujeira de sua roupa e veio até nós, com Julie vindo logo atrás dele.
— Este é Joseph. Ele é um dos mercenários mais versados do Bando quando se trata de comércio. Eu o contratei como seu conselheiro no projeto de venda de figures.
— Hmm… — Um feixe de luz refletiu nos óculos de Zanoba. Ele avaliava Joseph enquanto o encarava. Julie o imitou, parecendo mais uma versão em miniatura. Fofo.
— Mestre, perdoe meus modos, mas posso saber o quanto ele sabe sobre figures?
— É um completo novato.
— Entendo. — Zanoba ergueu as sobrancelhas. — Confio no seu julgamento, Mestre. Mas posso saber o que o levou a escolher um novato?
Isso era novo. Conhecendo Zanoba, achei que já teria aceitado Joseph àquela altura. Havia algo nas entrelinhas; dizendo que confiava no meu julgamento, mas não perguntando quais as minhas razões.
— Perdoe-me — continuou Zanoba. — Mas não posso deixar de perguntar. Esta tarefa não é uma mera brincadeira de criança, entende?
— Claro, vou explicar.
Zanoba estava levando esse trabalho muito a sério. Juntar-se ao exército de Orsted era um passo para vingar a morte de Pax, e essa decisão não foi leviana. Zanoba estava sendo exigente, mas não apenas porque não queria ter um ignorante que não compreendia a verdadeira arte criticando seus esforços.
Certo?
— Primeiramente, sendo um mercador experiente, ele é bem versado em negócios. Segundamente, ele já falhou uma vez, então será cuidadoso. Por último, como ele é um completo novato no mundo de figures, ele será capaz de dar novas perspectivas.
— Novas perspectivas, você diz?
— Exatamente. Nem todas as pessoas para quem planejamos vender serão entusiastas como você. A maioria será apenas casual. Algumas delas podem até mesmo não ter nem um pingo de interesse por figures. A questão é, como fazê-las comprar? Se usássemos um método que não faria o Joseph querer comprar, então também não venderíamos para outros casuais.
— Entendi! Outra ideia brilhante, Mestre. De fato, mesmo uma perspectiva quase infantil é necessária para espalhar a arte de vez em quando.
Julie seguiu o exemplo de Zanoba e deu um profundo aceno de cabeça. Esse era o jeito de Zanoba de dizer que havia aceitado. Mas de novo, nós ainda não tínhamos feito nada, então ainda não era como se estivéssemos bem.
— Joseph, este é Zanoba. Ele será seu chefe daqui em diante.
— C-certo. Será um prazer trabalhar com você! Prometo depositar coração e alma nessa tarefa.
Joseph curvou-se para Zanoba da forma única do Bando Mercenário. Foi executado de forma linda; era um sinal de que Linia estava o ensinando bem.
— Concordo. Eu sou Zanoba. Vamos nos unir e cobrir o mundo inteiro com figures.
E com isso, os dois apertaram as mãos.
Eu tinha esperanças de que Zanoba não estava confundindo o objetivo desse projeto. Espalhar figures era importante, mas também deveria ser uma fonte de renda além do Bando Mercenário, uma forma de aliar as organizações comerciais junto de um método para treinar novos engenheiros, lembra? De novo, eu tinha minhas razões pessoais – queria ver o Ruijerd novamente. Calma, se as vendas eram o ponto aqui, então não tinha razão para ter escolhido as figures como produto…
— Agora, vamos conversar sobre nossos planos para a abertura da primeira loja.
Tendo feito as apresentações, chegou a hora de pôr a mão na massa.
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— Primeiro, esses serão os nossos principais produtos. Nós queremos vender primariamente para o povo comum.
Nós três estávamos reunidos em volta de uma grande mesa no estúdio que ficava no primeiro andar da casa de Zanoba. Eu coloquei uma figure do Ruijerd e um livro ilustrado sobre ela. O livro continha os contos heroicos de Ruijerd, que Norn escreveu.
— Planejamos vender o livro e a figure juntos.
Era uma ideia que eu mantive em mente por um tempo. Norn também tinha nos dado permissão para vender o livro. Esse mundo pode não ter direitos autorais, mas tínhamos que estabelecer alguns princípios.
— Entendo…
Joseph pegou o livro e começou a folhear suas páginas.
— Então… essa é uma história sobre como os Superd não eram demônios assustadores, mas heróis que lideraram o mundo durante a batalha final? Tem certeza de que é uma boa ideia vender isso?
— Nós temos permissão.
— Hm… de quem?
— De Lorde Perugius, é óbvio.
Joseph ficou carrancudo, mas o que eu poderia fazer? Lorde Perugius era o único que estava no livro e continuava vivo. Era o único que poderia nos ceder os direitos de imagem.
Não que isso existisse neste mundo, mas ainda assim.
— Bem… isso não vai gerar atritos com a Igreja Millis?
— É verdade. Há pessoas que não vão gostar de estarmos vendendo homenagens a demônios, mas não é como se a Igreja Millis fosse a única que trata os Superds dessa forma. Sem falar que a própria história usa passagens da bíblia deles para mostrar como as ações do herói estão corretas e de acordo com seus dogmas.
Norn era uma seguidora de Millis, então ela pincelou algumas frases de sua ideologia através do seu trabalho. A história respeitou a Fé, e qualquer um que lesse pensaria que Millis era uma religião maravilhosa.
— Se é assim… Não sou um seguidor de Millis, então não posso dizer o contrário. Devemos estar bem.
Sendo sincero, eu esperava que os Guerreiros da Justiça de Millis fossem bater em nossa porta a qualquer momento para discutir os detalhes “problemáticos” do livro, tendo eles lido ou não. No fim, se preocupar com isso era perda de tempo. Eu queria vender. Também queria restaurar a boa reputação da Tribo Superd. Se não conseguíssemos conciliar ambos, era inevitável que entrassem em conflito.
— Dito isso, estamos considerando como e onde poderemos vendê-los da maneira mais efetiva… Joseph, eu gostaria de ouvir sua opinião sincera.
Joseph começou a revezar seu olhar entre o livro e a figure enquanto pensava. Eventualmente, ele levantou a cabeça e falou sem rodeios.
— Eles não vão vender. Não desse jeito.
Isso sim era uma surpresa.
— Escute aqui. — Zanoba interveio, e deu um passo à frente de forma ameaçadora.
— Calma, calma. Dê um momento a ele. — Eu disse enquanto segurava Zanoba. Eu queria ouvir o que ele tinha a dizer.
— Em primeiro lugar, os livros não vão sequer sair das prateleiras. Nem ao menos há tantas pessoas alfabetizadas. Você planeja vender para o povo comum ao invés de entusiastas, não é? Podemos alcançar algumas vendas com a nobreza, mas se você visa os cidadãos, isso vai ser bem difícil…
Então isso apenas atrairia nobres e entusiastas, huh? Estaria tudo bem se tudo que desejássemos fosse dinheiro, mas havia mais que isso. Perderia o propósito se o livro alcançasse apenas uma audiência limitada. Hm…
— Mestre, talvez o senhor esteja esquecendo algo?
— Hm?
Um feixe de luz brilhou através dos óculos de Zanoba. Não foi de propósito. Eles apenas refletiram mais, quando ele deu um passo à frente.
— Eu acredito que você sugeriu que poderíamos adicionar algo como isso junto do livro…
Zanoba pegou o livro que Joseph segurava e começou a passar as páginas, parando logo na última. Joseph ficou estupefato quando Zanoba mostrou seu conteúdo para o resto de nós.
— Isso é… um livro didático?
Ah, é. Isso era um livro didático concebido para aprender a ler. Continha pronúncias, regras gramaticais, escrita e até mesmo exercícios práticos. Não faria com que alguém fosse capaz de dissecar livros acadêmicos, mas ensinaria a ler algo simples desde que estudasse junto.
Honestamente, me sentia muito orgulhoso por isso. Parecia uma pequena conquista. Foi a comunhão de vários métodos que ensinaram Ghislaine Dedoldia, de todas as pessoas, a ler. Não havia mais nada para dizer.
— Livros didáticos variam de país para país, mas isso é muito fácil de entender. Se viesse junto do livro, então poderíamos considerar que as barreiras literárias ruíram.
Joseph acenou em respeito. Aww, vai me fazer corar.
Entretanto, ele voltou a ficar pensativo quando considerou a figure.
— Mas para ser totalmente honesto, eu não acho que vender os dois juntos vá funcionar. As pessoas que irão atrás do livro serão diferentes das pessoas que querem a figure…
— É claro — ressaltei. Isso devia ser óbvio. Poderia até incomodar as pessoas se elas tivessem que ficar com uma estatueta quando tudo que desejavam era o livro.
— Mas espere — objetou Zanoba. — Não saberemos até tentarmos, saberemos? Considerando que ensina pessoas a ler, então muitas pessoas iriam comprá-lo para seus filhos. Incluir uma figure para atrair a atenção das crianças não é de todo mal.
— Entendo. Crianças… sim, essa é uma opção. — Joseph assentiu à sugestão de Zanoba. — Nesse caso, não deveríamos fazê-las ser um pouco mais amigáveis? Essa é um pouco assustadora.
Joseph alisava a figure conforme falava, mas ele tremeu quando o cabelo cuidadosamente esculpido da escultura saiu do lugar.
— Não acha que isso seria perfeito para um jovem garoto que deseja se tornar um herói? — indagou Zanoba.
— Garotos não são as únicas crianças no mundo. Acho que seria melhor desenvolver uma figure que as garotas irão querer.
Uma que as garotas vão querer, huh? Eu acho que algo mais fashion como uma boneca Barbie ou algo pequeno e fofo como um personagem mascote. Não tinha muita noção do que meninas jovens gostavam. Fiz uma nota para me lembrar depois de perguntar a Lucie sobre o que ela iria querer.
Conforme trabalhávamos, percebi que o caráter medroso que Joseph mostrou antes tinha se esvaído. Ele e Zanoba pareciam formar uma dupla melhor do que eu poderia esperar. Apenas para ter certeza, me mantive quieto e deixei que eles discutissem.
— Então, qual o método que vão usar para vender esses? — questionou Joseph.
— Por enquanto, serão vendidos normalmente em uma loja. Vamos preparar um estoque extra. Também podemos abrir um estande ao ar livre.
— Um estande, é? Não sei se… bem, há muitos aventureiros que não conseguem ler, então isso pode funcionar. Muitos não tiveram a oportunidade de ir à escola.
— Já tem um bom lugar pra abrir a loja em mente?
— Um lugar bastante movimentado seria um ótimo começo, mas foi dito que conseguir mais engenheiros era uma das metas desse projeto. Nesse caso, um bom lugar para nossa primeira loja aqui em Sharia seria o distrito de oficinas.
— Desejamos expandir nossas capacidades. Estamos preparados para iniciar a produção em massa, e se tivermos recursos o bastante, podemos até mesmo abrir na rua principal — falou Zanoba.
— Sim, eu consigo imaginar. O problema seria em que ponto exato da rua principal iriamos abrir… Não seremos amigos da Guilda do Comércio se sairmos do nada e ostentarmos a ponto de ocupar um bom lugar, mas o ponto é importante.
— Hmm, sendo assim, o que você acha de considerar o Reino de Asura?
— B-bem, sim, manter uma loja em Asura atrairia mais clientes do que Sharia jamais poderia, só que se considerarmos as taxas aduaneiras, é impraticável. Levaria meses para viajar ao Reino de Asura a partir daqui.
— Se esse é o problema, podemos simplesmente implementar uma manufatura no próprio Reino de Asura. Por sorte, eu e o Mestre somos colegas do próximo senhor daquelas terras. Seria mais fácil trabalhar lá do que em Sharia — concluiu Zanoba.
Joseph me dispensou um rápido olhar.
— Eu sabia que vocês eram um grupo estranho, mas isso… quer saber, deixa pra lá. Não o chamam de “Mão Direita do Deus Dragão” por nada. Mas sim, estabelecer algumas relações com o Reino de Asura tornaria as operações em Sharia mais fáceis, então…
Os dois estavam trabalhando nos detalhes sem sequer notar que eu não estava participando. Zanoba ouviria as ideias de Joseph, as elogiaria e depois acrescentaria as suas próprias. Joseph parecia bem mais vivo do que quando estava no Bando Mercenário.
Parecia que tinha tomado a decisão certa. Vendo o quão nervoso ele estava durante a entrevista me deixou um pouco receoso, mas ele realmente amava seu trabalho. Amar uma tarefa é a primeira etapa para se aprimorar nela. Talvez ele falhe mais uma vez… mas isso seria bom, de certo modo.
— Beleza, eu acredito que isso conclui nossos planos por enquanto. O que acha, chefe?
Whoops, eu estava viajando. Olhei de relance para Ginger e Julie em busca do que responder. Julie estava claramente preocupada, apesar de que ela não tem uma real ideia do que estava acontecendo. Ginger, por outro lado, estava bem relaxada.
— Ginger, qual sua opinião? — perguntei.
— Não sei dizer, já que ainda não progredi nos meus estudos… mas, pelo que ouvi, acho que deve dar certo.
Oh, ela disse que estava estudando. Vai fundo, Ginger. Eu preciso encontrar uma chance de estudar também. Acho que vou usar o tempo livre.
— Bom ponto. — Eu disse. — Faltei as últimas aulas de comércio, então não posso opinar. No momento, devíamos contar nossos planos para Aisha. Se ela nos der carta branca, continuamos.
Eu iria usar as ideias de Aisha como referência. Até lá, eu tinha que estudar um pouco sobre as negociações desse mundo. No fim, eu não seria mais que um novato. E é melhor que os novatos se baseiem em livros do que em seu próprio julgamento.
O importante era que eu podia me contentar ouvindo os conselhos de Joseph, e ele veio com o selo de aprovação da Aisha. Zanoba, como gerente do projeto, concordou com essa decisão. Tudo que me restava como líder era aprovar suas decisões e esperar pelos resultados.
— Zanoba, Joseph, odeio deixar todo esse trabalho por sua conta, mas vou deixá-los responsáveis pelo setor comercial. Espero que possam guiar esse projeto pelo caminho certo.
— Como desejar!
— E-eu tentarei.
— Caso precisem de recursos, pessoal ou conexões, não hesitem em pedir. Farei o possível por vocês.
Não planejava largar tudo nas mãos deles. Antes de qualquer coisa, queria coordenar o projeto eu mesmo, mas havia muitas outras coisas para fazer. Cuidar de todas sozinho não era uma opção. Certamente havia outros negócios que eu teria de confiar aos meus outros subordinados, então este era um primeiro passo importante para mim.
— Chefe, quando chegar a hora de abrir as portas, creio que precisaremos de um nome. Você teria alguma sugestão?
Eu viajei.
— Uh… A Loja Zanoba?
— Oh.
Direto da cachola. De todos os nomes que podia dar, esse certamente era um deles.
Com a discussão encerrada, me virei para sair e meus olhos se encontraram com um outro par que estava espiando por trás de uma rachadura na porta. Oops.
— Foi mal, eu esqueci. — Me desculpei conforme abria a porta.
— Olha só, parece que Joseph recebeu boas-vindas calorosas, então não vou miauclamar.
— Nossa, quase parece que você amadureceu.
— É claro que sim! Sou a chefe do Bando Mercenário. É parte do miau trabalho garantir que miaus homens não sejam assediados nos novos postos, miau.
Oh, então foi por isso que ela veio conosco. Se essa foi sua motivação, me senti um pouco arrependido por tê-la chutado para fora. Ainda assim, fiquei impressionado que Linia tivesse começado a levar sua posição como líder da organização a sério. Minha alegria com esse progresso me acompanhou por todo caminho até em casa.
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A primeira Loja Zanoba foi aberta no Distrito de Oficinas. A construção foi feita com base em uma casa abandonada nas periferias do distrito. Nossos focos na Cidade Mágica de Sharia seriam a sede e as funções da oficina, com planos de expandir ainda mais para o Reino de Asura mais tarde. Provavelmente deveríamos pedir a ajuda de Ariel.
O projeto de figures do Ruijerd não estava mais em minhas mãos. Eu estava nervoso já que ainda estava apenas engatinhando, mas eu o deixei ir e orei para que não terminasse em um desastre.
Tradução: Black Lotus
Revisão: ZhX
QC: Pride
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