Wendy acordou e descobriu que depois de uma noite inteira, a chuva finalmente parou.
Ela bocejou e se levantou da cama. No momento em que ela abriu a janela, a doce fragrância do solo úmido invadiu a sala. Depois da chuva, o jardim estava com um tom verde brilhante e ela podia ver gotas de água caindo das folhas de oliveira perto da janela. O sol suave da manhã brilhava na grama molhada refletindo os raios de luz.
Um novo dia havia começado.
Depois de vestir as roupas de baixo e o casaco, ela voltou para a cabeceira e deu um tapinha nas bochechas de Rouxinol, dizendo:
— Hora de levantar.
Rouxinol bufou e escondeu o rosto no travesseiro.
Somente em momentos como esse é que ela se exporia, indefesa, em vez de se esconder na névoa. Wendy sorriu e balançou a cabeça.
— Então eu vou tomar café da manhã primeiro.
As orelhas de Rouxinol se moveram um pouco, como tremores inconscientes, mas Wendy sabia que tinha ouvido.
Ela gentilmente fechou a porta e foi ao banheiro lavar-se antes de caminhar em direção ao corredor para saborear o café da manhã.
Os chefes sempre acordavam extremamente cedo, pois tinham que preparar comida para todos antes do amanhecer. A lenha no forno podia queimar por muito tempo, portanto não havia necessidade de se preocupar com a comida esfriando pela metade. Se Wendy quisesse comer alguma coisa, poderia pegar uma tigela e uma colher e pegar a comida na cozinha. Sua Majestade disse que isso se chamava buffet e parecia ser um estilo de jantar muito comum para ele, mas para ela, esse tipo de vida poderia ser chamado de extravagante.
Na Associação Cooperativa das Bruxas, Wendy nunca pensou que um dia pudesse comer o quanto quisesse. Naquela época, se tivessem o suficiente para comer, seria muita sorte, tanto que nem se preocupavam com o sabor. A comida nunca era suficiente.
Mas agora havia três ou quatro pratos apenas no café da manhã todos os dias, como mingau, torradas, peixe seco e ovos fritos. Mesmo morando no castelo há quase um ano, ainda sentia extrema satisfação e felicidade toda vez que comia.
Enquanto isso, ela estava muito agradecida à pessoa que trouxe todas essas coisas para as bruxas e deixou suas irmãs viverem uma vida livre.
Quando Wendy pegou sua tigela na sala de jantar, não havia ninguém no corredor, apenas vários pratos usados na mesa comprida. Obviamente, ela não foi a primeira a comer. A União das Bruxas nunca havia estabelecido um horário para acordar, então todas tomavam café da manhã, uma após a outra. Raio e Maggie sempre eram as primeiras a deixar o castelo, seguidas por outro grupo, incluindo Anna, Agatha, Lucia e mais algumas. Ela estava geralmente entre os dois grupos.
Rouxinol sempre era a última. Mas ela só agia assim porque Sua Majestade adorava dormir até tarde. Quando não havia nada urgente, ele se levantava ao meio-dia para lidar com os assuntos do governo. Rouxinol claramente foi influenciada por ele.
Rouxinol já fora a pessoa mais discreta e perspicaz da Associação Cooperativa das Bruxas, sempre alerta até por um pequeno movimento.
No entanto, Wendy não achou essa mudança ruim.
Depois do café da manhã, Wendy foi ao primeiro andar do Edifício das Bruxas. Este lugar foi transformado no escritório da União das Bruxas.
Ling caminhou em sua direção assim que ela entrou.
— Irmã Wendy, a senhorita já chegou!
— Olá, Lady Wendy.
— Bom dia, senhoritas.
Outras duas jovens da Prefeitura fizeram uma reverência para ela. Elas se formaram no colégio originalmente fundado por Karl van Bate. De uma forma bem superficial, elas até poderiam ser consideradas como colegas de Anna e Nana, mas, principalmente, não tinham preconceito com as bruxas. A mais velha se chamava Pérola e a mais nova Lebrecinza. Juntamente com a irmãzinha de Lucia, Ling, elas eram as primeiras funcionárias da União das Bruxas.
Claro, como Ling tinha menos de 14 anos, ela era apenas uma estagiária por enquanto. De qualquer forma, os trabalhos aqui eram muito fáceis, então ela poderia ser considerada como uma “jovem aprendiz” em nosso tempo.
Com a ajuda dessas funcionárias, a União das Bruxas finalmente estava no caminho certo.
— Bom dia. — Wendy assentiu, sentando-se à mesa — Como estão as vendas do primeiro volume de O Diário de Uma Bruxa?
— Está vendendo muito bem, é muito popular. — Pérola sorriu e continuou — E as pessoas adoram a história do anjo de Vila Fronteiriça, especialmente os soldados do Primeiro Exército. Eles estão vindo para comprá-lo quase todos os dias. Nesta semana, quase vendemos sessenta cópias por dia. Nesse ritmo, podemos vender as mil cópias que produzimos em meio mês.
Ao ouvir isso, Wendy ficou um pouco surpresa. Afinal, como um livro que era apenas para entretenimento, O Diário de Uma Bruxa não podia alimentar as pessoas ou ajudá-las em seus estudos, e ainda assim estava vendendo como água, mesmo a um preço alto. Isso era verdadeiramente incrível.
A ideia foi originalmente apresentada por Sua Majestade.
Como uma trilogia dramática com um enredo intrincado e histórias emocionantes, O Diário de Uma Bruxa foi elogiado pelos súditos da Cidade de Primavera Eterna. Então, Sua Majestade decidiu seguir o padrão do teatro e ilustrar as histórias de vida das bruxas em forma de imagens para vendê-lo na boutique do Mercado de Conveniências. Mas, diferentemente do teatro, desta vez, todas as personagens principais das histórias eram as bruxas da União e, além das imagens lindíssimas, também tinha alguns diálogos projetados, fazendo com que os leitores se sentissem como se estivessem assistindo a um espetáculo ali mesmo no papel.
A personagem principal do primeiro volume era a Senhorita Nana Pinheiro.
A menina de 15 anos já era muito famosa em Vila Fronteiriça, com a habilidade de curar a dor dos outros e sua afinidade natural. Ninguém poderia odiar um anjo assim. Juntamente com a forte atitude de apoio de Sua Majestade em relação às bruxas, bem como a disseminação de suas histórias pelo Primeiro Exército, ela era ainda mais popular que Anna.
Depois que Wendy decidiu o enredo e as imagens da história do primeiro volume, Soraya as pintou uma a uma e juntou em um livro que estava sendo vendido por cinco peças de prata cada um. Os refugiados eram os que mais precisavam conhecer as bruxas, mas muitos não sabiam ler e não estavam interessados em comprar um livro sofisticado com praticamente metade de seu salário do mês. Assim, no início, os potenciais compradores eram moradores e comerciantes que chegavam à cidade para fazer negócios.
Os moradores poderiam espalhar as histórias por meio do contato com estrangeiros e os comerciantes poderiam levá-las para todas as cidades do Reino.
Depois de ver o quão popular O Diário de Uma Bruxa estava se saindo, Wendy se sentiu inspirada. Ela mal podia esperar para pegar a caneta e o papel e começar a pensar no conteúdo do próximo volume.
— A senhora já sabe como vai ser o próximo volume? — Ling perguntou curiosamente.
— Sim, Sua Majestade disse que Eco será a personagem principal do próximo volume. — Wendy sorriu — E o que vocês acham deste título “A Princesa Lua Argêntea do Extremo Sul, a Terra da Areia e dos Vulcões”?
— Nossa! É incrível! — A menina exclamou boquiaberta.
— Quando Sua Majestade recapturar o Extremo Sul, você pode ir à cidade natal da princesa para ver o vasto deserto.
— Maravilhoso!
Esse era o trabalho de Wendy, espalhar histórias sobre as bruxas e deixar todo mundo saber quem elas realmente eram.
O Diário de uma Bruxa era apenas uma parte disso.
Eco já havia se familiarizado com a Trupe Estrela-Flor, e a equipe toda a elogiava por sua música imersiva.
Evelyn abriu uma taverna ao lado da Taverna Montanha Sagrada, oferecendo principalmente licores com um sabor único.
Beija-Flor também ingressou na Prefeitura e tornou-se Ministra Adjunta do Ministério da Construção, além de ser a segunda bruxa com cargo oficial na Prefeitura ao lado de Pergaminho.
Todas as bruxas trabalharam muito para construir a Cidade de Primavera Eterna. Ao mesmo tempo, elas também fizeram as pessoas aceitarem sua existência e tratá-las igualmente.
Wendy sentiu que o dia prometido por Sua Majestade estava ao alcance delas.
Tradução: JZanin
Revisão: Kabum
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