Liberte Aquela Bruxa – Vol. 03 – Cap. 470 – Novo Navio de Guerra

Enquanto Roland caminhava pela estrada da mina da encosta norte, as palavras de Rouxinol continuaram soando em seus ouvidos.

Isso mesmo. — Roland pensou, com uma compreensão súbita — Eu não sou mais apenas um homem comum que trabalha e projeta o dia todo, e este não é mais o mundo em que eu morava. Agora, sou o lorde de um grande território, e posso me tornar rei um dia, então se minha situação mudar, não preciso usar minhas abordagens antigas para me conter. Basta eu seguir meu coração. — Ele disse a si mesmo — Se eu forçar qualquer coisa por causa de alguns “princípios” insignificantes, só poderia resultar em continuar a ferir Anna e Rouxinol.

Com esse pensamento, Roland sentiu um peso ter sido retirado de seu coração. Ele inalou profundamente e abriu a porta para o complexo.

Abrir a porta de aço foi como abrir seu coração e ele instantaneamente viu um mundo totalmente novo.

— Oh… Sua Alteza chegou! — Beija-Flor e Lucia correram para cumprimentá-lo.

— Seja bem-vindo. — Anna sorriu docemente.

Roland viu uma leve marca vermelha em seu pescoço pálido e não pôde deixar de recordar a cena apaixonada da noite anterior. No entanto, como já tomou sua decisão, ele não se importava em esperar um pouco mais.

— Você terminou o modelo?

— Claro. — Anna acenou.

Quando os dois saíram do complexo, viram um navio de aço flutuando no meio de um lago cercado pela neve. O navio de aço tinha cerca de um metro de comprimento e vinte de largura, parecendo muito mais “magro” do que aqueles navios desajeitados de concreto. A proa tinha uma ponta fina e distinta, enquanto a popa era plana, com um casco coberto com barras de suporte sobrepostas, como se tivesse sido feito em uma única peça com milhares de quadrados.

— Isso é exatamente o que eu queria. —Roland exclamou.

Comparado com os outros navios, cujo concreto era despejado em moldes de aço, o navio de aço puro tinha uma delicadeza única, e as barras sobrepostas faziam com que parecesse uma obra de arte. Ele sabia que cada peça desse modelo foi cortada com a Chama-negra, em menor proporção e sem uma única falha. Se este modelo fosse trazido em seu tamanho real para o mundo moderno, valeria dezenas de milhares de yuans.

— Esse é o novo tipo de navio que você quer construir?

— Sim. — Roland assentiu — É também o primeiro navio de guerra de Vila Fronteiriça.

Originalmente, Roland planejava usar os navios de concreto como canhoneiras de águas rasas, mas percebeu que, se os motores a vapor não fornecessem potência suficiente, os navios de concreto seriam muito lentos. Mesmo quando apenas transportava combustível e tripulação, a velocidade média da frota durante a viagem para Forte Cancioneiro era de apenas 8 a 9 quilômetros por hora. Se os navios também tivessem que carregar os canhões de artilharia de campo, pólvora e outras armas, sua velocidade poderia cair para até 5 quilômetros por hora. Isso equivalia a menos de três nós. Obviamente, isso se devia ao grande peso morto do concreto, que não era um problema no transporte simples de suprimentos, mas era uma característica indesejável nos navios de guerra.

Se Vila Fronteiriça ainda sofresse com a falta de aço como há dois meses, Roland teria de suportar essa falha. No entanto, com a produção da Estrela de Aço, a quantidade atual de estoque de aço era suficiente para construir um verdadeiro navio de guerra de aço puro. Roland escolheu a técnica mais simples de montagem de módulos, que significava soldar peças de placas de aço junto com vigas para formar uma grande unidade oca e, em seguida, conectar essas unidades para formar o fundo do casco. Esse método de remoção eliminava a necessidade tradicional de quilha e, como nenhum inimigo seu possuía a tecnologia para fabricar canhões, Roland não precisava se preocupar com os mecanismos de defesa. Os lados do casco eram feitos quase inteiramente de placas de aço finas, minimizando assim o custo e o peso morto.

Quanto à propulsão, Roland decidiu usar a tecnologia da hélice em vez de uma roda de pás. A energia ainda vinha de um motor a vapor que girava as duas hélices que moviam as engrenagens. No projeto que deu a Anna, ele também deixou espaço para ser remodelado como um motor a vapor de expansão tripla, pois planejava inventar um novo tipo de motor a vapor mais adequado para navios quando ele começasse a produzir em massa os navios de aço.

Quando voltaram para o complexo, Anna começou a cortar a primeira placa de aço. A Chama-negra em sua mão agia como uma régua precisa que instantaneamente fatiava um bloco de aço grosso em sete chapas finas, cada uma com exatamente cinco milímetros de espessura.

Em seguida veio a solda. Beija-Flor reduziu o peso das vigas de aço as colocou entre duas chapas. A Chama-negra de Anna se transformou em uma linha extremamente fina e quente e “costurou” os três componentes juntos como se fosse um fio. Isso era completamente diferente de sua técnica de soldagem original, porque sua Chama-negra aquecia o aço por dentro, permitindo que o aço líquido enchesse completamente todas as fendas. Depois que os três componentes foram completamente soldados, as vigas diminuíram em cerca de um milímetro, o que significava que a base de aço havia preenchido completamente o espaço entre as duas placas.

Uma cruz feita por vigas de aço poderia acoplar quatro placas, e mais cruzes poderiam formar uma unidade de caixa oca. Beija-Flor diminuiu o peso dessas unidades que, em seguida, foram transportadas para o Rio Vermelho, onde foram montadas juntas no cais.

Enquanto isso, os olhos de Roland nunca deixaram a silhueta de Anna, que estava sempre ocupada. Seus cabelos louros balançavam com seus movimentos cortantes como um espírito dançando na neve branca pura.

De tarde, Roland foi conhecer Vera, a bruxa recém-desperta.

Já que estava em seu escritório, isso significava que ela havia passado pela verificação de Rouxinol. Wendy já havia registrado claramente sua habilidade, então Roland não precisava realizar mais nenhum teste, colocando o contrato na frente dela.

Vera segurou a caneta de pena desajeitadamente por um tempo antes de dizer com um rosto vermelho:

— Eu… não sei escrever.

— Tudo bem. — Roland sorriu — Você também pode assinar com sua impressão digital.

Ela cuidadosamente pressionou o polegar com tinta no pergaminho.

— Assim?

— Isso. — Roland enrolou o contrato — Wendy me contou todos os detalhes sobre a sua situação, então mesmo que você tenha assinado o contrato, você não tem que morar no castelo. Você só precisa vir aqui todos os dias para praticar e assistir às aulas. Wendy lhe contou sobre as características do poder mágico?

— Sim, Vossa Alteza. — Assim que soube que não precisava morar no castelo, Vera ficou muito mais relaxada — Lady Wendy disse que se eu não liberar o poder mágico que está acumulando todos os dias, eu estarei em grande perigo no meu Dia do Despertar.

— Isso mesmo, então você precisa praticar com diligência. Eu sei que ela continuará ensinando como controlar precisamente o poder mágico e a relação com sua habilidade. — Roland não corrigiu os honoríficos que Vera usou porque achava que seria melhor para um iniciante ter algum respeito — Se há alguma coisa que você ainda não conseguir compreender, você pode perguntar a qualquer pessoa da União das Bruxas.

— Compreendi, Alteza. — Vera disse com a cabeça abaixada — Mas… o senhor acha que essa habilidade é completamente inútil? Eu perguntei a Lady Wendy sobre isso, e ela disse que apenas o senhor saberia uma forma de utilizar minha habilidade.

— Claro que não acho inútil. — Roland disse com um sorriso — Você tem a habilidade de um detetive, então você será muito útil na luta contra crimes.

— Detetive? — Vera parecia confusa.

— Não se preocupe. Logo você entenderá. —  Então Roland convocou Rouxinol de sua névoa — De agora em diante, essa bruxa será sua supervisora.