A Academia São Noel era o lar de uma miríade de clubes. Alguns focavam nas pesquisas acadêmicas; outros, buscavam o aperfeiçoamento das técnicas de lanças ou espadas. Havia até mesmo clubes que se dedicavam inteiramente a hobbies e passatempos, como o Clube da Festa do Chá, que era muito popular entre as estudantes femininas. Fora da sala de aula, uma grande variedade de atividades estavam disponíveis para satisfazer as extravagâncias dos estudantes acostumados a uma vida de luxúria.
Aconteceu de um destes clubes captar o interesse de Mia.
— Ahá! Encontrei. — disse Mia, enquanto caminhava ao estábulo. — Como esperado de São Noel. Impressionante.
O estábulo abrigava mais de trinta cavalos, o bastante para compor um esquadrão inteiro da Guarda Imperial de Tearmoon. Enquanto a pequena princesa caminhava e observava curiosamente os animais, todos os outros estudantes do Clube de Equitação começaram a suar frio.
Estudantes femininas raramente vinham ao estábulo. O odor característico dos cavalos era adventício1Que ou aquele que chega de fora, de outra localidade ou país; forasteiro, estrangeiro, ádvena. à ilha, e muitas garotas o consideravam bem desagradável. O que, então, poderia ter trazido a Princesa do poderoso Império Tearmoon a um lugar desse? Imaginando que independentemente do motivo, não seria brincadeira, ninguém teve os nervos de perguntar.
Ninguém, exceto um jovem rapaz.
— Olá, senhorita, o que faz por aqui? Se perdeu ou algo assim? — perguntou, inabalado pela presença de Mia.
Ela se virou em sua direção então percebeu que o conhecia. Era um segundanista da divisão sênior da academia, fazendo dele quatro anos mais velho que ela. Seu corpo era grosso e musculoso, com um bronzeado natural em sua pele.
— Nossa… acredito que você era aquele que caminhava com os cavalos no dia da festa.
— Oh, você é a senhorita daquela vez — disse, enquanto dava um tapa na própria testa e gargalhava. Claramente lembrou da vez em que Mia teve o azar de, logo antes da festa, ser alvo do espirro de um cavalo. E o bendito cavalo era um dos seus. — Desculpe por isso. Sou o líder do Clube de Equitação e segundanista sênior, me chamo Lin Malong.
— Sou Mia Luna Tearmoon. — Como sempre, puxou sua saia e realizou uma reverência. — Julgando pelo nome, presumo que seja do Reino de
— Catapimbas, é uma honra que a Princesa de Tearmoon saiba meu nome — disse Malong, com um grande sorriso. Então, de repente sua expressão se tornou séria. —, então? Qual é o problema? Ainda tem ressentimentos sobre o outro dia? Não me diga que quer o cavalo morto ou algo assim.
Uma vez, no passado, uma estudante feminina apareceu gritando sobre como teve uma experiência terrível com um dos cavalos, chegando ao ponto de até exigir sua morte. Reclamações raivosas são uma coisa; machucar um dos cavalos, outra completamente diferente — e fora de questão. Malong olhou para Mia. Se ela cruzar essa linha…
— Hum? E por que eu iria querer o cavalo morto?
— Uh, digo, ela arruinou seu vestido, não?
— O vestido?
Houve uma pausa. Então, Mia gargalhou como se tivesse acabado de ouvir algo absurdo.
— Por favor, porque eu poderia desejar a morte de um cavalo por danificar um vestido?
Para Mia, era extremamente óbvio qual tinha mais valor. Um vestido não poderia ajudá-la a fugir do exército revolucionário. Um cavalo poderia.
— Eu vim hoje apenas para dar uma olhada no clube e ver o que vocês fazem por aqui.
Ela queria aprender a cavalgar, e seu motivo era bem convincente. De volta a quando o exército revolucionário estava atrás dela, tentou escapar usando uma charrete, apenas para descobrir que os cavalos, mesmo os mais fortes, não poderiam ultrapassar a cavalaria se estivessem carregando uma carroça pesada.
Consequentemente, não demorou muito para ser capturada. Enquanto a inexistência de um exército revolucionário seja o ideal, se acontecesse, ela precisaria ser capaz de escapar facilmente para os reinos vizinhos. Para este fim, teve que aprender a cavalgar por si mesma. Entre a guilhotina e o catarro de um cavalo, alegremente escolheria o segundo. Enquanto o cavalo a levasse à segurança, ela poderia facilmente relevar o fato de ter sido usada como um lenço.
Exatamente. Mia aprendeu a perdoar, e para ela, esse era um grande passo.
— Dar uma olhada, huh…
Malong coçou seu queixo. Diferentemente do povo de Equestria, que diziam ter nascido e crescido nas selas dos cavalos, Mia era de Tearmoon. Ele não podia sondar o motivo da princesa deste poderoso império estar interessada no Clube de Equitação
Entre a sociedade culta, cavalgar não era considerado um passatempo nobre. A equitação era uma habilidade prática para um propósito muito específico — conduzir a batalha. Sua natureza era militar. Enquanto a habilidade de conduzir cavalos de guerra possa ser valiosa para os garotos, é considerada como totalmente inútil para garotas. Claro, ocasionalmente surgiria uma garota estranha com interesse em caça, mas… Uma simples olhada nos braços de Mia lhe contou que ela não é nenhuma arqueira.
— Você pode olhar o que quiser, mas pensa em se juntar ao clube?
— Se me juntar, aprenderei a cavalgar?
— Bem, claro… Mas você quer cavalgar?
— Com certeza.
— …Por que?
— Porque os cavalos podem me levar para algum lugar longe… — Mia encarou o horizonte. — O quão longe eu quiser.
Idealmente, tão longe que nenhum exército revolucionário possa pegá-la. Cavalos eram, em sua opinião, o método mais prático de escapar.
— Um lugar longe, huh…
As palavras de Mia tocaram seu coração. Ela falou de uma verdade conhecida desde a infância por todo Equestriano. Cavalos elevam quem os cavalga, permitindo-os alcançar alturas que não poderiam sozinhos. Montado em um cavalo, nenhuma distância está além do seu alcance. Eram os companheiros que ofereciam liberdade para, como a garota disse, ir aonde quisesse. Era um sentimento que nunca seria expresso por aqueles que viam, nos cavalos, nada mais que ferramentas de guerra ou animais de estimação para acariciar.
Uma princesa nada ordinária, huh…Parece que essa senhorita aqui é mais do que meus olhos viram.
Então, Mia ouviu uma voz,
— Princesa Mia? O que está fazendo aqui?
Que soou bastante familiar.
Tradução: Sincronize
Revisão: Matface
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