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Liberte Aquela Bruxa – Vol. 03 – Cap. 157 – Cinzas (Parte 1)

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As recém-chegadas eram todas bruxas. Theo não mentiu. Cinzas podia sentir o poder mágico correndo nelas e poderia até mesmo diferenciar as fortes e as mais fracas, particularmente a líder na frente dela. O poder mágico da líder era como uma faca afiada e Cinzas podia sentir uma pontada só de tentar perceber o seu poder.

— Me chamo Cinzas. Prazer em conhecê-las, irmãs da Associação Cooperativa das Bruxas. — Ela colocou a grande espada de lado e avançou para abraçar as quatro bruxas… Bem, ela sabia que haviam cinco delas. Cinzas olhou para a mancha escura circulando no céu — Será que ela não se juntar a nós?

— Ela está nos mostrando o caminho. — A líder sorriu — Me chamo Rouxinol. — Ela, então, apontou para as outras três bruxas — Pergaminho, Ramos e Eco. — Rouxinol apontou para cima — Aquela menina é a Raio.

Quando Cinzas encarou Pergaminho, ela ficou atordoada. O poder mágico em Pergaminho era um tanto fraco, como uma nuvem espalhada por todo o seu corpo. Surpreendida, ela perguntou:

— Você é uma bruxa extraordinária?

Rouxinol também pareceu surpresa.

— Você pode ver o poder mágico?

— Não, mas eu posso sentir o poder. — Cinzas explicou — Uma bruxa extraordinária pode sentir a forma e fluxo de poder mágico, porque todas as partes do seu corpo foram alteradas. Eu acredito que a irmã Pergaminho tem a mesma percepção que a minha.

Pergaminho sorriu e acenou.

— Você está certa. Esta capacidade me ajudou muito no passado a encontrar as irmãs neste mar de pessoas.

— Uma bruxa extraordinária é assim tão rara? — Rouxinol perguntou.

O foco de Rouxinol estava nos números em vez do significado de uma bruxa extraordinária. Cinzas se perguntou se elas nunca tinham ouvido falar deste termo na Associação Cooperativada das Bruxas. Este era um segredo muito bem guardado da Igreja, pois uma bruxa extraordinária usa seu poder diretamente sobre si mesma e, portanto, não era limitada pela Pedra da Retaliação Divina. Qualquer bruxa extraordinária conhecida se tornaria imediatamente uma inimiga da Igreja.

— Em mil bruxas, talvez haja apenas uma. — Apesar de seus pensamentos, Cinzas permaneceu calma enquanto respondia — Em toda a minha vida eu só conheci três bruxas extraordinárias, contando comigo e Pergaminho. — Cinzas momentaneamente interrompeu — Certo. Eu me lembro que Kara é a líder da Associação Cooperativa das Bruxas. Como ela está?

— Ela morreu. — Rouxinol balançou a cabeça — Ela morreu em seu caminho tentando encontrar a Montanha Sagrada.

— É uma pena. — Cinzas disse com uma voz baixa. O que a preocupava era a falta de tristeza na expressão de Rouxinol quando ela falou isso — Quem é sua nova líder?

— Vamos falar sobre isso quando voltarmos para Vila Fronteiriça. — Rouxinol sorriu — Você irá encontrar o nosso líder muito em breve.

Quando elas entraram na vila, Cinzas sentiu que algo não estava muito certo.

As bruxas realmente se atrevem a caminhar corajosamente nas ruas, segurando tochas. — Cinzas pensou — Além disso, a vila não está tranquila, embora já esteja escuro. Até posso ver chamas fracas das janelas de papel em muitas casas e ouvir o som de crianças lendo. Embora velas não sejam coisas caras, plebeus provavelmente não iriam gastar dinheiro com isso, a não ser que fosse extremamente necessário. Caso contrário, eles economizariam o máximo que podiam. Mas, quer dizer que tem muitas famílias aqui em Vila Fronteiriça que podem comprar velas? Isso é incrível. Além disso, as crianças estão lendo palavra por palavra. Será que seus pais estão ensinando elas a ler?

Mas as bruxas não explicaram isso e Cinzas também não estava disposta a pedir. Afinal, esta não era uma residência permanente para elas. O que ela precisava fazer era tirá-las o mais rápido possível dali.

Após muitas esquinas, eles chegaram mais perto do castelo. Cinzas podia ver as paredes escuras e guardas na escuridão.

— Para onde estamos indo? — Cinzas perguntou.

— Para o castelo de Vila Fronteiriça. Estamos quase lá. —Rouxinol respondeu.

— Espere. — Cinzas diminuiu o passo — É onde vive o Lorde.

— Sim. Mas é também o lar das bruxas.

— Vocês já chegaram a um acordo com o Lorde? — Cinzas franziu a testa.

Mesmo que a Associação Cooperativa das Bruxas tivesse grande influência entre os habitantes locais, seria muita audácia ir contra o Lorde e a Igreja, pois ambos possuiriam Pedras da Retaliação Divina.

A Associação, então, foi forçada a trabalhar com ele. — Cinzas pensou — Essa é realmente a escolha que algumas bruxas tomam. A maioria dos Lordes, no entanto, são relutantes em discutir as condições e sempre vão oprimir e explorar as bruxas continuamente. A colaboração sempre acaba rapidamente.

— Mais ou menos. — Rouxinol não parecia oprimida, mas alegre —Nós todas, pelo menos, assinamos um contrato com Sua Alteza.

Cinzas não conseguiu ficar feliz por elas.

Acordos escritos em tinta e papel não têm a menor validade. — Ela pensou — Assim que o Lorde estiver cansado de proteger bruxas ou quiser terminar a sua relação de igualdade, ele só precisa amassar o contrato e jogá-lo em uma lareira. Ninguém se sentirá indignado no lugar das bruxas. Elas são como navios solitários no vasto mar, e correm o risco de afundar a qualquer momento.

Felizmente, ela estava ali. Ela queria levá-las para o outro lado do mar. Lá, havia um lar construído pelas bruxas e para as bruxas. Elas poderiam ficar longe das ameaças da Igreja e do mundo secular.

Após o portão do castelo, os guardas estavam realmente acostumados com a presença das bruxas. Eles ainda trocaram saudações.

Comparado com o palácio da Cidade Real de Castelo Cinza, o castelo do Lorde não era tão espaçoso. Apenas várias tochas estavam penduradas nas paredes ao longo do corredor e as luzes oscilantes não eram capazes de iluminar todo o lugar. Cinzas se sentiu um pouco deprimida ao caminhar pelos corredores sombrios. O local só ficou mais brilhante quando elas entraram no quarto de hóspedes.

No corredor, Cinzas viu mais bruxas que pareciam ter esperando por um longo tempo. No momento em que ela viu as outras bruxas, todas elas aplaudiram para receber Cinzas. Assim que Rouxinol levantou a mão para começar a apresentação, uma bruxa correu.

— Wendy! — Alguém gritou.

Cinzas notou o comportamento da bruxa e não tomou quaisquer medidas defensivas. Ela podia sentir a agradável surpresa da outra moça, mas não havia vestígios de hostilidade. Ela foi rapidamente envolta em um abraço caloroso.

— Você realmente sobreviveu. — A voz de Wendy estava cheia de emoção. — Obrigado por me salvar naquela época.

Cinzas estava atordoada.

— Você é…

— Eu sou Wendy. — Ela soltou seu abraço e olhou diretamente para Cinzas —Eu sou a menina do coral. Você se lembra de mim?1Caso você não se lembre, Wendy contou a sua história no capítulo 127.

No quarto no segundo andar, apenas Cinzas e Wendy permaneceram. Cinzas nunca pensou que ela iria encontrar uma companheira do mosteiro aqui.

Na verdade, chamar Wendy de companheira era só por educação. Se não fosse por seu encontro naquela noite, elas nunca teriam se conhecido. Honestamente, ela não sabia que havia outra pessoa infeliz como ela, que fora arrastada e forçada para aquela cela subterrânea. Acima de tudo, ela não esperava que a pessoa se tornasse uma bruxa.

— Depois de escapar do mosteiro, eu fui para o Condado de Ventomar — Wendy disse depois de um longo silêncio —Mais tarde eu soube que houve um grande incêndio no mosteiro naquele dia e todas as crianças de lá desapareceram.

— Um incêndio? — Cinzas balançou a cabeça — A Igreja fez isso para encobrir o escândalo. Eu matei algumas pessoas importantes e alguns soldados do Exército do Julgamento que tentaram me parar… O Exército da Punição Divina chegou logo depois. Esta cicatriz no meu rosto foi deixada por eles. Se eu não tivesse decidida fugir dali imediatamente, eu acredito que teria morrido naquele dia.

— Exército da Punição Divina… — Wendy repetiu essas palavras com os olhos arregalados — Que exército é esse?

 


 

Tradução: JZanin

Revisão: Kabum

 

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