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Trono do Arcanista – Cap. 75 – O Mosquito

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Quando Lucien estava transcrevendo as frases em uma folha de papel separada, uma linha escarlate de palavras de repente surgiu na carta branca, como se feita de sangue fresco.

“Pare o que você está fazendo agora! Ou você vai receber um corpo!”

A pena caiu no chão. Lucien fingiu que estava com medo.

— Eu só estava… apenas tentando fazer algumas anotações… para se caso eu esquecesse alguns dos seus pedidos…

“Nós não vemos qualquer necessidade de fazer essas anotações ridículas. Esta é sua última chance, Sr. Evans. Continue fazendo ações semelhantes se você estiver interessado em receber um corpo de seus entes queridos. Deixe-me lembrá-lo… Graças ao que você fez, vamos mandar mais um dedo para você depois de amanhã.”

Claro, o fato de que o tio Joel e tia Alisa seriam machucados era muito doloroso para Lucien, no entanto, ele não poderia deixar o sentimento de culpa e a dor afetar seu raciocínio. A partir do momento em que Lucien decidiu não cooperar com os sequestradores, ele sabia que devia haver um preço. O que ele poderia fazer era minimizar os danos tanto quanto possível.

— Vou me comportar. — Lucien rasgou o papel extra.

Os sequestradores podem me ver. Isso é certo. — Lucien pensou silenciosamente em sua mente, — Mas como? Eles estão me observando através da carta, ou de alguma outra forma? Vou descobrir isso depois, mas sem pressa, para eles não descobrirem o que eu estou tentando fazer.

Colocando a carta de volta na caixa, Lucien deitou em sua cama, fingindo que estava dormindo. Ele espalhou seu poder espiritual por toda a extensão da casa, para detectar se havia algum poder sobrenatural ao seu redor. Neste momento, se ele usasse feitiços para ajudar com a detecção, isso poderia vir a ser um grande problema, uma vez que Lucien sabia que sua maior vantagem atualmente era que os hereges não sabiam que ele era na verdade um feiticeiro.

Exceto pela carta na caixa, nada mais de sobrenatural foi detectado no barraco.

Na parte da tarde, Lucien chegou ao distrito de Gesu e encontrou a casa no nº 116 que Elena havia indicado a ele.

A localização era ainda melhor do que Lucien havia pensado. Localizada ao lado da muralha da cidade, a casa estava longe do portão, e, assim, o lugar era muito calmo e isolado. Haviam apenas algumas casas pequenas de dois andares a uma certa distância da de nº 116. A casa disponível para locação estava quase totalmente encoberta por árvores altas, chamadas Rava.

Mais cedo, Lucien tinha agendado um horário com o corretor, então ele bateu na porta e esperou na frente da cerca de ferro.

Logo, um homem de meia-idade saiu da casa e abriu a porta. Sua barba estava bem aparada e seu terno marrom estava perfeitamente passado. O corretor parecia muito astuto.

— Você deve ser o Sr. Evans, — o homem cumprimentou Lucien. — Eu sou Brian. É um prazer conhece-lo. Todos na Associação estão falando sobre você.

Lucien o cumprimentou com um aceno de cabeça e estendeu a mão direita para apertar a mão de Brian. O corretor deu um passo à frente e apertou a mão direita de Lucien com suas duas mãos, para mostrar seu respeito. Diante de um músico jovem cujo talento já foi reconhecido até pelo grão-duque e pela princesa, Brian, é claro, iria mostrar sua estima por Lucien.

— Por favor, deixe eu te mostrar a parte de dentro da casa e podemos dar uma olhada nos detalhes depois, Sr. Evans. — Brian fez uma ligeira reverência.

Com Brian como guia, Lucien andou por toda a casa e descobriu que, embora o tamanho do jardim e gramado não fosse grande, a decoração no interior da casa era muito elegante e singular. Comparada com a tendência de decoração luxuosa liderada pelo Palácio Tria, esta casa parecia mobiliada de uma forma muito agradável.

A única desvantagem da casa era que as árvores altas e os muros da cidade faziam sombra sobre ela a maior parte do dia, e, portanto, o lugar parecia um pouco sombrio, especialmente somando-se as videiras que cobriam a parte externa da casa.

— É um lugar muito calmo, mas muito calmo mesmo, e sem uma luz muito forte atrapalhando seu trabalho musical. — Brian tentou convencer Lucien a ver aquilo como uma vantagem em vez de algo que não era ideal, embora a má iluminação fosse a única razão para eles estarem tendo dificuldade em arrumar um inquilino para a casa.

Lucien não se importava em nada com a falta de iluminação, uma vez que isto poderia proporcionar a ele um ambiente mais seguro para realizar suas experiências mágicas. Então, ele balançou a cabeça satisfeito.

— Você trouxe o contrato de locação com você?

Brian estava muito feliz, mas estava se esforçando para impedir que seu sorriso maroto aparecesse em seu rosto. Ele pegou uma pilha de papéis e os entregou a Lucien.

Dando uma olhada meio por cima no contrato de aluguel, Lucien assinou seu nome nele e tirou um Thale de sua bolsinha de moedas. Felizmente, como um músico bastante promissor, Lucien não tinha que dar qualquer garantia.

Brian rapidamente fez um recibo e separou as vias do contrato, entregando uma cópia de volta para Lucien.

— Esta é uma casa com um tamanho decente, Sr. Evans. Você vai precisar de pelo menos… vejamos, um mordomo, uns quatro criados, um cozinheiro, um jardineiro, uma carruagem e um cocheiro. Eu posso recomendar essas pessoas para você de outras associações, — ofereceu Brian, animado.

— Tenho estado muito ocupado recentemente, e eu não vou me mudar tão cedo. Você pode trazê-los aqui na próxima segunda-feira e me deixar dar uma avaliada. — Lucien concordou, mas adiou por uma semana, já que ele não queria ter nada atrapalhando ele de salvar Joel e os outros. Esta semana seria o momento chave para ele para salvar os reféns.

Brian entregou as chaves para Lucien e saiu rapidamente. Lucien estava sozinho, em pé na sala de estar, olhando para as escadas que levavam ao segundo andar.

Havia quatro quartos, uma sala de estudos, uma sala de música e uma área externa bem grande no segundo andar. No térreo, havia uma sala de estar, uma de jantar, quatro quartos para criados, uma despensa, e havia também um porão. A cozinha era separada, ligada à casa por uma porta do lado esquerdo. Um sistema de esgotos também existia, e era ligado a todo o sistema de esgoto de Aalto.

Se o sequestro não tivesse acontecido, Lucien se sentiria muito animado e orgulhoso por finalmente se mudar para um lugar agradável. No entanto, agora, a única coisa que ele sentia era raiva e ansiedade.

Depois de um tempo, ele voltou para sua casinha em Aderon. Ele pegou algumas roupas com ele e as levou para a casa nova. Ele deixou suas roupas no quarto principal e entrou na sala de música, que foi construída com um tipo especial de pedra que evitava que o som perturbasse outras pessoas, e, ao mesmo tempo, criava um belo efeito de reverberação.

Ele fechou a porta e as cortinas. O cômodo inteiro era muito pacífico. Exceto por seus próprios passos, Lucien não ouvia mais nada. Sentado em uma cadeira de balanço, Lucien se balançou para frente e para trás na penumbra. Ele espalhou seu poder espiritual dentro do quarto e estava cuidadosamente sentindo o ambiente.

Ele se perguntou como os hereges iriam observá-lo sem a carta.

Por um bom tempo, Lucien não encontrou nada. Sua consciência gradualmente alcançou todos os cantos da sala. Naquele momento, Lucien finalmente encontrou o que ele estava procurando com uma pequena perturbação causada por um poder sobrenatural, e ele também ouviu algo zumbindo levemente.

Ele não abriu os olhos, mas sim fingiu estar dormindo enquanto analisava aquilo melhor, — Um mosquito Tigorid? Será que eles marcaram o mosquito com seu poder demoníaco, ou foi uma transmutação direta?

O propósito de Lucien já havia sido alcançado. Agora ele tinha certeza de que os hereges estavam usando a carta tanto para comunicação quanto para monitoramento. No entanto, quando Lucien estava longe da carta, eles precisavam usar outras maneiras de seguir ele.

A carta não mencionou nada de especial à noite, mas apenas lembrou Lucien de levar o envelope com ele se ele fosse se mudar. Encarando as sombras que tomavam conta da noite, Lucien revisava o processo de criação da poção Grito da Alma em sua mente, para se familiarizar com ele. No entanto, ainda não era o momento adequado para fazer a poção. Lucien ainda tinha que cuidar de várias coisas primeiro.

Na manhã do segundo dia, quando Lucien estava prestes a sair, ele percebeu que havia uma bola de papel debaixo da porta. Seu coração de repente congelou. Lucien sabia o que havia ali dentro.

Ele lentamente abriu a bola de papel e viu três dedos, dois longos e calejados, enquanto o último era curto e rechonchudo. Os ossos brancos expostos estavam refletindo um pouco da luz do sol.

Lucien fechou os olhos para conter as lágrimas, tentando esconder a raiva e ódio. Quando abriu os olhos novamente, ele também notou uma bolinha preta envolta no papel, com uma linha escarlate de palavras ao lado.

“Isso é o que você queria, Sr. Evans.”

 


 

Tradução: Vermillion

Revisão: Barão

 

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