Lucien tinha lido alguns livros sobre como fazer uma grande fortuna a partir do zero. Infelizmente, porém, nenhum seria útil para ele. Sete Fells eram insuficientes para começar qualquer negócio.
Quando o sol matinal brilhou sobre o mercado, Lucien já estava carregando um saco pesado de mercadorias em direção ao portão. Não importava onde os sonhos de alguém começavam, a sobrevivência sempre vinha em primeiro lugar.
Gotas de suor caíam de seu rosto. Suas roupas de linho estavam molhadas. O que era pior, o cara gordo chamado Gutche foi acompanhando e incomodando ele.
— Que droga… Uma criança? Cuidado! Não estrague as minhas coisas! — Ele enxugou a testa com um lenço.
Ou sou eu ou você pode pagar mais para encontrar outra pessoa… Lucien retrucou somente em sua mente. Ao mesmo tempo, ele também estava contente que poderia ganhar mais um Fell fazendo todo o trabalho sozinho.
Finalmente, eles chegaram ao portão. Lucien colocou os bens no carrinho com cuidado.
Gutche relutantemente puxou sua bolsa e deu quatro Fells a Lucien. Ele então parou e disse:
— Rapaz, você fez um bom trabalho. Hmm… O serviço será seu da próxima vez também.
Lucien fez o trabalho todo sozinho por um preço muito mais baixo. Não era de se admirar que Gutche tinha agora esquecido todas as suas queixas.
Assim que Lucien recebeu seu salário, dois caras com aparência de gangster se aproximaram deles.
— Trabalhamos para Aaron. Eu sou o André. — O homem de cabelos castanhos se identificou. Ele tinha uma cicatriz no rosto.
Lucien já estava preparado para isso. Ele entregou um Fell ao capanga. O outro cara apenas olhou para Lucien e disse.
— Dois!
Lucien refutou:
— Mas era pra ser um! Todo mundo paga só um! — Ele sabia que não estava em posição de discutir, mas ele simplesmente não podia suportar ser roubado assim.
— Claro, um… mas normalmente, Gutche contrata duas pessoas, então cobramos um Fell de cada pessoa. Nós estamos te cobrando dois porque você fez todo o trabalho sozinho. Eu não vejo nenhum problema aqui. — André sorriu como se ele fosse um empresário decente.
Um segundo depois, Lucien abaixou a cabeça e passou outro Fell para o cara forte. Lucien não queria problema com esses gangsters.
— Menino esperto. Você conhece a regra. Alguns moleques jovens… adoram nos desafiar. Mas veja bem, ainda estamos aqui, enquanto que alguns deles… estão no fundo do rio Belém. Muito bem, Mag. Vamos. — André o ameaçou corriqueiramente e saiu.
Claro, Lucien odiou aquilo. Ele já estava preparado, mas ainda assim, quase não conseguiu se controlar. Ele entendeu que apenas um status elevado ou muita força o ajudariam o a se livrar de todo aquele sofrimento.
Seria bom se tivesse algumas poções mágicas nas notas pra melhorar minha força, e daí sim… Lucien deu o melhor de si para parar de pensar naquilo. Ele sabia que aquilo era um indício perigoso. Um indício de que ele estava ficando tentado a aprender magia.
Quase todos na cidade conheciam o edifício com design único da Associação de Músicos. Muito rapidamente Lucien encontrou o lugar chamado Chama Esplendorosa.
Com linhas suntuosas, pequenas torres, contrafortes suspensos, vitrais coloridos e janelas em forma de chamas, o edifício de cinco andares tinha uma beleza particular, assimétrica e extravagante.
Um homem magro de meia-idade com um bigode desceu das escadas com pressa.
— Você está atrasado! Eu lhe disse uma hora! — Esse homem era George. Cohn já tinha apresentado ele a Lucien. George trabalhava para a associação, e parecia conhecer alguns caras lá.
— George, ainda faltam dez minutos pra uma da tarde. — Lucien apontou para a torre do relógio no bairro rico, cujo ponteiro de minutos ainda estava no número dez.
Acenando com as mãos, George reclamou para Lucien.
— Os limpadores terminaram o trabalho mais cedo. Você tem que remover o lixo acumulado nos fundos o mais rápido possível. Eu não quero irritar os músicos. Alguns deles ainda têm apresentações esta tarde.
Lucien deixou seu carrinho alugado com os guardas e entrou no enorme salão brilhante.
Coberto com um carpete macio e grosso, seus passos não faziam barulho algum. Havia poucas pessoas caminhando pelo frio e silencioso salão.
Seguindo George, Lucien chegou a um balcão que batia na cintura, no centro do salão, atrás do qual estava sentada uma jovem bonita de olhos verdes.
— Tio George! Ele é o seu ajudante? — Ela cumprimentou.
Enquanto falava, ela tirou uma bolsinha de moedas e a entregou a George. De acordo com a estimativa de Lucien, devia haver aproximadamente quarenta Fells lá. No entanto, depois de pagar o aluguel do carrinho, só iam sobrar oito Fells.
Segurando a bolsa em suas mãos, George sorriu mostrando seus dentes amarelos e seus olhos se estreitaram.
— Ele é um bom trabalhador, embora um pouco jovem. — Ele então se voltou para Lucien, — Vou deixar o seu pagamento com o André. Basta você encontrá-lo depois que terminar.
Lucien assentiu. Ele não estava preocupado que André tentasse ficar com o dinheiro para ele. Mesmo que a gangue de Aaron fosse arrogante, eles também tinham algumas regras. Cohn mencionou antes que uma vez alguém tentou ficar com dinheiro a mais, e mais tarde ele foi forçado a devolver o dobro da quantia.
Quando Elena estava prestes a encontrar um criado para mostrar a Lucien o caminho para o quintal do fundo, um homem de meia idade vestindo um casaco vermelho grande entrou. Ela se levantou apressadamente e fez uma leve reverência.
— Boa tarde, Sr. Victor.
— Boa tarde, Elena. — O homem respondeu educadamente. Ele tinha olhos azuis profundos como o oceano, — Me veja a edição mais recente do Crítica Musical, por favor. — Sua voz era profunda e eloquente.
Lucien ficou surpreso. Ele não esperava encontrar um jornal neste mundo, muito menos um tão especializado. O que mais o impressionou foi o contraste daqui, pelo fato de que muitos em Aderon ainda eram analfabetos. Lucien supôs que poucas pessoas iriam comprar jornais.
Ele também se perguntou quanto custaria o jornal.
Victor deu uma folheada rápida e deu a Elena dez Fells. Em seguida, ele se dirigiu às escadas depois de cumprimenta-los polidamente com a cabeça, levando o jornal sob o braço.
Depois que ele saiu, Lucien perguntou a Elena com curiosidade.
— O jornal custa 10 Fells?
Tendo trabalhado na associação por um ano inteiro, Elena estava orgulhosa de poder compartilhar seu conhecimento com alguém que também era da mesma origem pobre que ela.
— No ano 426 do Calendário Santo o Cardeal Adelaide aprimorou o método para a fabricação do papel. Desde então, o preço do papel continuou a cair. Agora você pode comprar uma dúzia de jornais com apenas alguns Fells. Mas só os membros da nossa associação podem comprar o Crítica Musical por 10 Fells. Outros, incluindo os nobres, têm que pagar um Nar por ele. — Mas ela não iria parar por ali.
— Tanto o Crítica Musical quanto o Notícias Sinfônicas são as publicações de música de maior renome em todo o continente. Cada música ou artigo é produzida por músicos e estudiosos brilhantes. O Crítica Musical deste mês publicou os comentários de Sua Majestade e da Princesa Natasha no concerto realizado na semana passada no Teatro dos Cantos.
Além de para se exibir, o rosto bonitinho de Lucien foi outra razão pela qual ela continuou mostrando todo o seu conhecimento.
— Um Nar?! — Por um momento, um plano emocionante de roubar jornais apareceu em sua mente. Cinco Nars resolveriam facilmente o problema de Lucien! Um segundo depois, ele percebeu que o pensamento era ridículo demais: ninguém compraria dele.
— Claro! — Feliz com a interação de Lucien, Elena continuou falando. — Você acha que é muito caro? Em lugares como Tria, Antiffler, Ifai, Tilis e Anhadur, esses jornais são muito populares. As pessoas de lá têm muita estima pela música de Aalto e até pagariam um Thale de ouro por uma edição, mesmo desatualizada.
Lucien deu uma olhada nos jornais sob o balcão, tentando duramente resistir ao seu impulso. Afinal, ele também obteve algumas informações com Elena: sob a poderosa igreja, a moeda em todo o continente devia ser unificada; em segundo lugar, não havia feitiço para teletransporte. Se houvesse, deveria ter regras muito estritas, ou os nobres em outras cidades não leriam jornais velhos.
Mais de dez minutos depois, finalmente ocorreu a Elena que Lucien ainda tinha trabalho a fazer. Ela relutantemente parou e pediu a um servo que conduzisse o jovem aos fundos.
— Fique em silêncio. Não fale alto. Não se mova fazendo barulho. Daqui a três meses, o Sr. Víctor vai realizar seu primeiro concerto no Teatro dos Cantos. Recentemente, ele tem estado um tanto… digamos… sensível, — Elena gentilmente lembrou.
Lucien acenou para ela com gratidão e seguiu o criado para os fundos da associação.
NT: Só para lembrar, agora as três moedas principais da trama apareceram. O Thale é a moeda de ouro, que vale 100 moedas de prata, por sua vez chamada de Nar. Um Nar vale 100 Fells, que é a unidade de cobre.
Tradução: Vermillion
Revisão: Barão
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