Um grito estridente ecoou através da pedra do canal construída por aqueles povos antigos.
Um goblin caiu para trás, com uma machadinha enfiada na testa.
Sem hesitar, Matador de Goblins chutou o cadáver no rio de esgoto que fluía nas proximidades. Ele caiu espirrando água, então flutuou entre as espumas de poluição por um momento, antes de sumir de vista.
— Esse parece ser o último deles. — Lagarto Sacerdote limpou o sangue da sua lâmina, uma espada-presa que fora enfiada recentemente em uma garganta de goblin.
A chama de uma tocha abandonada no chão tremulava, e a sua luz dançou durante a carnificina ao redor.
Os corpos eram porventura, quarenta por cento de goblins; o restante eram restos mortais apodrecendo de aventureiros.
E ali, mais à frente onde a via fluvial se dividia em inúmeras bifurcações, se aproximava uma sombra misteriosa.
— Não… Há mais alguma coisa.
Alta-Elfa Arqueira não era de perder uma coisa dessas. Enquanto falava, ela armava outra flecha no seu arco. Suas orelhas se agitavam para cima e para baixo; então, com um leve silvo, ela puxou a corda de seda de aranha e a soltou.
Com um bóim parecido a uma bela lira, a flecha trespassou o ar.
Ela se curvou, virando a esquina como se tivesse vida própria. Um momento depois, houve um “aah!” estridente, e depois um barulho suave de algo atingindo a água.
— Esse é o último deles.
— Ufa… Belo disparo.
Com a exclamação triunfante de Alta-Elfa Arqueira, Sacerdotisa, que estava agarrando seu cajado de monge, soltou um suspiro.
Ela manteve seu espírito continuamente aguçado, para que pudesse invocar um milagre a qualquer momento. Ela ficou contente, no entanto, que não tinha precisado usar um, ela poderia guardar para mais tarde.
— Mas… encontrar tantos goblins bem debaixo da cidade…
— Isso é o que eu esperava.
Matador de Goblins segurou indiferentemente o corpo de um aventureiro. Um pouco de carne podre tombou no chão.
O cadáver estava tão bem roído por ratos, que não era possível dizer se era homem ou mulher, mas ele não hesitou.
Cota de malha escurecida com sangue seco. Um capacete avariado. Ele foi provavelmente um guerreiro outrora. Seu saco de itens já tinha sido feito em pedaços. Matador de Goblins olhou através de tudo o que os goblins já não tivessem roubado e pegou uma espada longa, bainha e tudo, da cintura do corpo.
Ele sacou a lâmina e encontrou um fio de corte sem nenhuma ferrugem. Talvez tivesse sido bem lubrificada?
— Eles deviam ter sido emboscados. — Um golpe na cabeça muito provavelmente. Nem mesmo uma chance de sacar sua arma.
A espada era pesada demais para um goblin e maior que Matador de Goblins gostava, mas não era uma arma ruim.
— Tudo bem. — Matador de Goblins assentiu, embainhando a espada de novo. Sacerdotisa soltou um suspiro.
— Não está “tudo bem”. Posso?
— Vá em frente.
Matador de Goblins empurrou o cadáver do aventureiro para o seu lado.
Sacerdotisa se ajoelhou perto do corpo, com sua expressão sombria. Ela não prestou atenção na água suja que molhava suas vestes brancas.
— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, por favor, com sua mão venerada, guie a alma dele que tem deixado este mundo.
Segurando seu cajado, com os olhos fechados, sussurrando em um ritmo quase musical, ela rezou, entoou e implorou.
Rezou para que as almas dos aventureiros e goblins que tinham morrido aqui, fossem salvas pelos deuses que residiam no céu.
— Bem que poderíamos deixar ele no solo em vez de abaixo dele…
Lagarto Sacerdote, seguindo o exemplo de Sacerdotisa, colocou suas palmas juntas em um gesto estranho, rezando pelo renascimento dessas almas.
— Embora nos conforte que, ao alimentar os ratos e insetos, vocês retornarão à terra com o tempo.
A Mãe Terra e o temível naga. Seus deuses eram diferentes; logo, assim também eram as suas doutrinas.
Mas no desejo da felicidade das almas dos mortos, eles eram iguais. Eles não sabiam onde suas orações iam, apenas que havia salvação.
Sacerdotisa e Lagarto Sacerdote olharam um para o outro, sabendo que cada um deles tinha exercido seus deveres.
— Hmm, aqui.
Olhando sem muita atenção para os dois, Alta-Elfa Arqueira puxou uma flecha de um cadáver de goblin.
Ela verificou o broto na ponta e, satisfeita que não foi danificada, colocou a flecha de volta na aljava.
— Só para você saber, não vou fazer como você, Orcbolg. — Ela fixou seus olhos brevemente sobre o aventureiro armadurado com a expressão enigmática. Suas orelhas fizeram um vuup, como se para mostrar seu humor. — Parece que isso pode ser uma longa batalha. E eu não quero usar flechas de goblin. Elas são tão rudimentares — resmungou ela.
Os olhos de Matador de Goblins viraram para ela. — São?
— Sim, elas são.
— Entendi.
— Deuses — suspirou Anão Xamã, tocando sua barba.
Ele tinha sua mão no saco de catalisadores, preparado com uma magia, mas…
Ele estava olhando para longe, para o preto além da luz da tocha. Como moradores do subterrâneo, eles podiam ver bem no escuro.
— Faz você pensar quantos são.
Mas, até os seus olhos aguçados não percebia sinal de nenhum goblin.
Havia feito três dias desde que eles tinham começado a exploração dos esgotos, e essa foi a quinta vez que eles tinham sido atacados só hoje.
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Os esgotos da cidade da água foram completamente transformados em um ninho de goblin. Aventureiros que entraram no local logo se encontraram atacados pelos pequenos demônios.
A cadeia sinuosa de canais — realmente um labirinto — era a aliada dos goblins.
O grupo era atacado repetidamente em intervalos irregulares, e a busca continuava sem parar; eles nunca podiam abandonar a guarda.
— Me disseram que isso é normal para aventureiros da cidade labirinto.
As queixas do homem-lagarto estoico normalmente eram a prova do preço da fadiga que eles tinham.
Apenas batalha não teria feito isso neles, nem apenas caminhar por uma caverna. Era a vigilância constante que usava os seus nervos.
— …
A ansiedade também era clara no rosto de Sacerdotisa. Mesmo seus passos pareciam de alguma forma inseguros.
— Fiquem calmos.
Matador de Goblins, examinando cada centímetro do seu caminho atentamente, foi tão contundente como de costume.
Ele tinha pego uma tocha nova de sua bolsa e acendeu, e agora estava batendo insistentemente nas paredes.
— Essa é uma parede de pedra. É pouco provável deles virem nos emboscar através dela.
— Por favor, não traga de volta más recordações. — Sacerdotisa franziu a testa e tremeu. O horror daquela primeira aventura ainda assombrava ela.
— …Desculpa.
“Está tudo bem” foi tudo o que ela disse em resposta ao murmúrio silencioso de Matador de Goblins.
Talvez Anão Xamã sentiu o que se passava entre eles, porque ele sorriu discretamente e disse: — Pelo menos, com tanto lixo ao redor, não precisamos nos incomodar em esconder nosso odor.
— Por favor, não traga de volta más recordações — disse Alta-Elfa Arqueira, abanando levemente a mão.
Ela esticou seu braço e deu uma fungada em sua roupa de caçadora.
No passado, em outra passagem de ruínas subterrânea, Matador de Goblins a tinha forçado se untar com entranhas de goblin, alegando que isso cobriria o seu odor. Ela tinha sido capaz de lavar suas roupas e limpar seu corpo, mas ela nunca o tinha perdoado.
— Estou avisando você, Orcbolg, se algum dia me obrigar a fazer aquilo de novo, você vai ver.
Matador de Goblins ficou calado. Ele mexeu a cabeça de um lado ao outro ligeiramente.
Talvez estivesse checando o cheiro da região. Depois de um longo momento, ele respondeu:
— É, não há motivo dessa vez.
— Tsc.
As orelhas de Alta-Elfa Arqueira caíram.
Com o olho entreaberto de um atirador fixado em Matador de Goblins.
— Ei, acabei de me lembrar.
— O que?
— Orcbolg. Você nunca me pediu desculpa.
— Porque foi necessário.
Sua resposta não podia ter sido mais direta. Alta-Elfa Arqueira fez beicinho com um “grrr” e ficou de mau humor.
— …Hmm?
Repentinamente, suas orelhas se moveram rapidamente para cima e para baixo, e ela olhou para o teto.
— O que foi, orelhuda? — perguntou Anão Xamã.
— Uma sensação estranha… E ouvi um barulho de água. Acima de nós?
Nesse momento, uma gotícula caiu no canal… plic.
Ondulações atravessaram o esgoto. Um, dois, três.
— Hmm…
Lagarto Sacerdote pôs a língua para fora duvidosamente e lambeu o nariz.
Plim! Plim! Mais gotas caíram.
Em pouco tempo desciam sem parar.
— Isso é… chuva? — Sacerdotisa franziu a testa, olhando para o teto distante. A superfície ribeirinha do canal estava cheia de ondas pequeninas.
Alta-Elfa Arqueira levantou sua mão livre para se proteger das gotas.
— Como pode estar chovendo no subsolo? — perguntou ela, confusa.
— Está provavelmente chovendo lá em cima. Está descendo aqui por causa das grades ou o rio — disse Anão Xamã, afagando a barba. Ele olhou para Matador de Goblins.
— O que me diz, Corta-barba?
— Se perdermos nossa luz, será um problema. — Matador de Goblins estava segurando seu escudo sobre a tocha recém acesa para a proteger.
Tocha inutilizável, isso poderia acontecer muito facilmente. Nesse sentido, lampiões eram melhores. Bem, havia prós e contras para tudo. Matador de Goblins estalou a língua, aborrecido.
— A movimentação será mais perigosa também.
— A chuva vai resfriar nossos corpos — acrescentou Lagarto Sacerdote, com um aceno sombrio e olhou para o grupo. — Sugiro um breve descanso. Opiniões?
A chuva os impedia tanto de avançar quanto voltar. Não houve objeções.
Uma vez que tinham decidido, os aventureiros agiram de forma rápida. Desde que a chuva ainda estava começando, a superfície ainda estava relativamente seca, mas se eles tardassem, acabariam por ficarem em algum lugar úmido, e eles não queriam ficar mais frios.
Eles não tinham trazido alguma tenda com eles, mas qualquer aventureiro decente teria roupas de chuva em seus equipamentos. Assim que todos tinham colocado seus sobretudos de lã, se sentaram juntos em círculo.
Então, Sacerdotisa transferiu o fogo de sua tocha para um lampião e o pôs no meio do círculo.
Não aquecia muito eles, mas era melhor que nada.
— …Ei, Orcbolg. Por que você não gosta de lampiões? — Alta-Elfa Arqueira tocou no lampião com perplexidade, depois esfregou ele como se para limpar a fuligem. — Basta pendurar eles no seu cinto. Você não precisa usar a mão toda para o segurar.
— Uma tocha pode ser uma arma — disse Matador de Goblins. — Um lampião é inútil se quebrar.
— Hum.
Alta-Elfa Arqueira pareceu desapontada com a sua resposta. Ela contraiu os joelhos para seu peito.
Matador de Goblins olhou para o canal, ignorando as gotas que pingava no seu capacete.
Sacerdotisa o deu um olhar compassivo.
— Você deveria pelo menos tirar o capacete… não acha?
— Nunca se sabe quando ou de onde um inimigo irá atacar.
— Sabe, Corta-barba, sempre achei que você era um pouco descuidado com seu equipamento. Devia reparar eles.
— Sim.
Anão Xamã, sentado de pernas cruzadas, tirou uma jarra de vinho do seu saco de catalisadores. Rompendo a rolha, ele serviu copos do inequívoco vinho de fogo, depois, os entregou rapidamente ao resto do grupo.
O cheiro da umidade do ar se misturou com o aroma do vinho flutuando.
— Bebam. Não podemos fazer nada com um corpo congelado.
— Mas, eu…
— Eu sei. Só tome um gole, uma golada. Eu sei que é tudo que pode aguentar. Eu não vou usar isso contra você.
Alta-Elfa Arqueira pegou o copo relutantemente, realmente receosa. Ela deu um gole delicado, estremecendo enquanto ardia a garganta.
— Ahh…
— Continua uma jovenzinha quando se trata de bebida, não é?
— Você está bem? — perguntou Sacerdotisa.
— S-sim… Mas, uma patrulheira bêbada não vai ser nada bom.
Alta-Elfa Arqueira assentiu para Sacerdotisa, que dizia para ela não se forçar.
Por outro lado, a própria Sacerdotisa era bastante desacostumada com o vinho de fogo. Ela simplesmente fingiu que o vinho era um remédio e tomou um gole discreto.
O sabor poderoso ardeu na sua língua. Seus olhos percorreram ao redor desesperadamente.
— Bem, então também quero um copo — disse Lagarto Sacerdote.
— Claro! Beba!
Em contraste dos outros, Lagarto Sacerdote, com a cauda enrolada no pé, pegou um copo transbordando que Anão Xamã o entregou e derramou tudo imediatamente nas suas mandíbulas enormes.
— Realmente um sabor incomparável. Eu poderia beber um barril disso.
— Mesmo com minhas artimanhas, não posso trazer um barril comigo. Tome um pingo, Corta-barba.
— …
Matador de Goblins bebeu o vinho pela abertura em sua viseira, nunca tirando seu olhar do canal.
A precipitação alterou para um constante aguaceiro, e a água do esgoto se mexia, borbulhando violentamente.
Depois de um tempo, cada um deles ficou em silêncio.
O bater dos pingos da chuva em seus sobretudos, o glub do vinho sendo bebido, suas próprias respirações fracas; havia som por toda a parte, mas o lugar parecia estranhamente silencioso.
— Devíamos colocar algo em nossos estômagos — disse Matador de Goblins brevemente, com uma voz calma. — Um estômago parcialmente vazio evita o sangue de se acumular. Mas, muito vazio vamos ficar mais lentos.
— Bem, se algo simples servir…
Sacerdotisa vasculhou sua bolsa e apareceu com algo embrulhado em papel-óleo.
— Oh-ho! — Anão Xamã ficou feliz tendo sentido o alimento chegando e deu a Alta-Elfa Arqueira um sorriso e uma cutucada com seu cotovelo. — Eu sabia. Orelhuda, percebe como suas habilidades são inexistentes em determinadas áreas?
— S-s-seu…!
Mas ela não teve resposta.
— …Acho que vou aprender a cozinhar — murmurou ela, à qual Sacerdotisa ofereceu para a ensinar e sorriu.
A refeição foi pão cozido e uma garrafa de vinho tinto diluído.
Foi feita para durar um longo tempo, mas era sem sabor e frio. Eram simplesmente rações de combate, que significava preencher a barriga e umedecer suas gargantas.
Os aventureiros mastigaram sem prazer o pão, mas também sem reclamar.
— Tinha esperança de poder fazer algo menos simples, mas… — disse Sacerdotisa se desculpando, se movendo enquanto limpava uma migalha de pão de sua bochecha e a pôs na boca. — Não acho que alguém apetece comer nada muito elaborado aqui, de qualquer forma…
— Verdade… — Alta-Elfa Arqueira deu de ombros e fez um espetáculo segurando o nariz.
Cheio de ondas agitadas pela chuva, o canal sujo se tornou mais como um rio sujo. O olfato desempenha um papel importante sobre o gosto de algo, e aqui, o aroma do vinho tinto foi suprimido pelos musgos, mofos e os inúmeros outros odores.
— Acho que só não entendo por que alguém iria querer comer no subsolo — disse Alta-Elfa Arqueira.
— Oh-ho. Aguente aí, moça.
Você vai se arrepender quando voltarmos lá em cima, pensava o anão enquanto ele olhava para ela com os olhos semicerrados, mas Alta-Elfa Arqueira não mostrou sinais de perceber.
— Quando tivermos suportado esse julgamento, então faremos algo delicioso para o nosso estômago.
Lagarto Sacerdote, que estivera a beber vinho tinto e vinho de fogo em quantidades iguais, entrou na conversa.
Sacerdotisa concordou silenciosamente, segurando seu copo cheio de vinho de fogo com as duas mãos.
— Agora que falou, o que há de bom para comer por aqui?
— Hmm. Realmente. Vamos ver… — Anão Xamã tocou sua barba. — Por aqui…
— Peixe de rio frito, fígado de boi e vinho tinto — disse Matador de Goblins, sem tirar os olhos da água.
Todo mundo olhou para ele.
— E eu ouvi que o cereal por aqui não é polido, então a massa é bastante boa.
Anão Xamã, sem nada para acrescentar, deu exageradamente de ombros. — Vocês ouviram o cara.
— Vejo que é bastante informado, meu senhor Matador de Goblins.
— Um dos meus conhecidos é.
Lagarto Sacerdote se inclinou com bastante interesse, mas a resposta de Matador de Goblins foi breve.
— Quando eu disse que estava vindo para aqui, me contaram sobre a comida.
Um conhecido?
Sacerdotisa pensou nas possibilidades na sua mente: Garota da Guilda, Vaqueira ou Bruxa. Quem sabe Lanceiro ou Guerreiro de Armadura Pesada…
Ela se deu conta de quanto mais conhecidos ele tinha agora do que quando ela tinha se juntado a ele há alguns meses e riu baixinho.
Assim, suas curtas pausas de aventuras passaram tranquilamente.
Mas, cada aventura está repleta de perigo; no campo, nenhum lugar é realmente seguro.
Sucedia naquela hora do vinho estar fazendo seu trajeto através dos corpos deles, aquecendo seus membros.
— …Hmm?
Matador de Goblins fez um som repentino. Ele se levantou imediatamente em um joelho e olhou atentamente para a água.
— Algum problema, Matador de Goblins, senhor…?
— Não — murmurou ele. — …Mas fique alerta.
Sacerdotisa assentiu à sua resposta vaga.
Ele deve ter sentido alguma coisa. Sacerdotisa começou a guardar rapidamente suas coisas em sua bolsa, mas atenta ao seu arredor. Mesmo que não houvesse nada ali, já era hora deles continuarem.
— Vou ajudá-lo. Meu senhor conjurador, sua manta.
— Aqui.
Ninguém precisava lhes dizer o que fazer. Os aventureiros veteranos se mexiam com rapidez e eficiência.
Alta-Elfa Arqueira, inclinada como Matador de Goblins, manteve a mão em cima da aljava, escutando. As suas orelhas mexiam para cima e para baixo e eram as mais astutas do grupo.
— …Alguma coisa está vindo.
Cada um deles preparou imediatamente suas armas. Matador de Goblins tirou a espada longa que ele tinha acabado de recolher, Lagarto Sacerdote uma espada-presa. Sacerdotisa segurou ansiosamente seu cajado; Anão Xamã tinha sua funda; e Alta-Elfa Arqueira pegou uma flecha de sua aljava.
— Corta-barba!
— Certo.
Matador de Goblins pegou o lampião de Anão Xamã com sua mão esquerda, a mesma com o escudo amarrado. Não havia tempo para acender uma tocha. Deveria ele segurar o lampião em sua mão?
Não. Ele o pendurou em sua cintura em vez disso.
Todos eles olhavam para além da chuva, para o outro lado do canal, na qual a névoa baixa tinha dispersado em uma neblina fina.
Dessa vez, todos eles podiam ouvir claramente o som de pancadas na água.
Não eram ondas. Algo estava chegando pela água na direção deles.
Sem hesitação, Matador de Goblins alinhou a luz do lampião ao nevoeiro fino. Eles puderam distinguir uma embarcação rudimentar, como uma jangada, modelada com troncos.
— Goblins!
No instante seguinte, os monstros na jangada atiraram com seus arcos artesanais. Seus disparos faltavam precisão, mas no espaço estreito, eles caiam como chuva sobre eles.
— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, pelo poder da terra conceda segurança para nós que somos fracos…!
Não só as flechas, mas até as gotas de água pararam milagrosamente de cair sobre eles.
A barreira intransponível deu um ligeiro lampejo. Em seu centro estava Sacerdotisa, segurando seu cajado com as duas mãos. A oração tinha custado parte de seu próprio espírito, mas tinha alcançado o céu, e a toda-misericordiosa deusa tinha concedido o milagre de Proteção.
— Não consigo o manter por mu…
— É o suficiente.
Sacerdotisa estava começando a suar, mas Matador de Goblins a tranquilizou brevemente. A espada longa já estava na sua mão direita, e seu escudo estava na sua esquerda. — Quantos são? — perguntou ele.
— Já perdi a conta! — respondeu Alta-Elfa Arqueira, conforme ela prendia outra flecha no seu arco, e a corda do arco esticada cantou quando ela a soltou. — O que você vai fazer?
— O que sempre faço — disse Matador de Goblins, indiferente à chuva de flechas. Ele girou a espada longa na sua mão em um apoio inverso. — Matar todos os goblins.
Ele segurou a espada acima da cabeça e então, quase rápido demais para se ver, ele a lançou.
Já que não havia intenção de prejudicar Sacerdotisa, a lâmina podia passar pela barreira Proteção, de acordo com as regras.
A espada passou cortando as flechas que vinham e trespassou a cabeça do goblin que parecia ser o chefe. Ele nem sequer teve tempo para gritar quando caiu no esgoto, e o cajado que ele estava segurando atingiu a água com um impressionante splash.
— GROOARRB!!
— GAROOROROROR?!
Os goblins começaram a uivar pela perda de seu xamã, e por um momento, o ataque titubeou.
— Foi um. Quantas magias ainda tem?
— Muitas. As tenho poupado! — respondeu Anão Xamã a ele, colocando uma pedra preciosa na sua funda e disparando.
— …Túnel, então. Nos faça um buraco.
Seus olhos arregalaram com a instrução franca.
— Não seja tolo. Quer destruir a cidade ali de cima?!
— Não para cima. Para baixo.
Matador de Goblins levou a mão na sua bolsa.
— Escave sob o canal e o drene — disse ele, como se isso fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Uma cidade é como uma máquina primorosamente elaborada! — gritou Anão Xamã. — Perturbe uma coisa só, e os esgotos podem transbordar!
— Não é fogo. Não é água. Não é gás venenoso.
Sua perplexidade teria sido cômica em qualquer outro momento, mas nesse momento Alta-Elfa Arqueira gritou para ele: — Outra coisa!
— …Hum.
Matador de Goblins ficou calado, então começou a vasculhar sua bolsa.
Os goblins, é claro, não ficaram de braços cruzados. Eles dispararam flechas tão rapidamente quanto poderiam, com sua jangada cada vez mais próxima da margem.
Sacerdotisa, com suas mãos ainda no seu cajado, exclamou:
— Não consigo aguentar mais…!
— Você não tem mais um daqueles pergaminhos Portal, tem? — disse Anão Xamã.
— Se eu tivesse, teria trazido.
A tática que ele tinha utilizado contra o ogro ainda estava bem viva em suas memórias, porém, um pergaminho Portal era um item muito valioso e difícil de conseguir. A parte que fazia Matador de Goblins singular, era sua vontade de usar algo tão precioso sem sequer hesitar. Afinal de contas, ele tinha provavelmente a intenção de usá-lo contra goblins em algum momento.
Enquanto falava, Matador de Goblins tirou uma coisa da bolsa.
— Você tem uma estratégia? — indagou Lagarto Sacerdote.
— Atacamos no momento que Proteção desaparecer — respondeu Matador de Goblins.
— Claro.
— Goblins ou a jangada? Qual é o melhor?
— A jangada, eu suponho.
— Está bem.
Tradução: Kakasplat (3 Lobos)
Revisão: JZanin (3 Lobos)
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