Já haviam se passado várias semanas desde a chegada de Milim e o tempo realmente passou como um raio. Cada dia era uma batalha com ela.
Alguns dias, ela conferia nossas operações agrícolas e até ajudava a arar os campos. Eu estava disposto a apostar que estávamos lavrando os campos criados depois de derrubar as árvores da floresta mais rápido do que qualquer equipamento agrícola moderno conseguiria. Era emocionante ver a rapidez com que o trabalho estava sendo feito.
Outros dias, ela observava nossas estações de trabalho. Assistir Kurobe forjar uma nova espada praticamente a fez desmaiar pelo cara e então ela imediatamente ficou entediada e choramingou sobre querer tentar fazer isso sozinha. Ele disse que sim e, claro, a abordagem dela foi incrivelmente violenta, um golpe foi o suficiente para quase destruir o espaço da forja, com a bigorna e tudo. Ensinou a todos nós que Milim não era realmente adequada para trabalhos delicados.
Dias caóticos, de fato, mas pelo menos eles estavam pacíficos agora.
Não mudou muito na vida da cidade depois que Yohm e sua tripulação partiram. A única diferença real eram os convidados que estávamos hospedando agora. Kabal e amigos ainda estavam hospedados aqui, assim como Fuze.
— Uhh, você não precisa voltar para casa mais cedo ou mais tarde? Quanto tempo você planejava ficar de qualquer maneira?
Decidi levantar a questão com Fuze enquanto Kabal e sua gangue estavam levando Milim para caçar. Eles se davam muito bem com ela também; agora eles eram o segundo favorito dela depois de mim. Eu precisava aproveitar o máximo que pudesse.
— Bem, está tudo bem se eu ficar um pouco mais? Há, você sabe, muitas coisas para resolver.
Ele queria mais tempo. Ele também tinha andado pela cidade, observando os acontecimentos variados, mas não era tão suscetível de causar problemas se eu tirasse os olhos dele, ao contrário de Milim, mas ainda assim me deixava nervoso.
— Ah, vamos lá, você ainda não está convencido de que não somos uma ameaça?
Todo o motivo de sua estadia foi porque ele desconfiava de nós, ou de mim, na verdade. Quanto mais tempo ele ficava aqui, mais preocupado isso me deixava.
— Hmm? Ah não, tem muito tempo que se foram quaisquer preocupações que eu tinha sobre você, senhor Rimuru. É apenas que…
Sua voz foi sumindo.
— Tudo bem, então por que você ainda está aqui? — pressionei.
Fuze franziu o cenho e se resignou a revelar a verdade — Bem, é confortável morar aqui, sabe? Pensando nisso, já faz um bom tempo que não tenho a chance de descansar e pegar leve, então… você sabe, eu estava pensando que essa era uma boa chance de relaxar um pouco.
Que? Uau, mas que cara mais descarado! Eu estive caminhando sobre ovos esse tempo todo, me preocupando com Fuze e ele estava tratando isso como um resort de férias?!
— Uh, você percebe que eu permiti que ficasse aqui porque estava tentando nos “avaliar” e assim por diante, certo?
Estava realmente sem palavras. Toda a polidez que estendi a ele no início agora parecia uma ideia realmente estúpida. E isso não era tudo, havia outra coisa importante demais para esquecer.
— Além disso, o que aconteceu com a sua promessa de que ajudaria a tornar Yohm e seu bando em campeões?
— Ah, não precisa se preocupar! Decidi que posso confiar em você, senhor Rimuru, então já instruí minha equipe a terminar os preparativos.
Aparentemente, ele já havia se reportado a Blumund e arrumado tudo para Yohm em Farmus. Apesar de estar de férias, ainda estava cuidando de seu trabalho para mim. Astuto da parte dele, eu acho, ou talvez, indicativo do fato de que eu não podia baixar a guarda perto dele.
— Mesmo? Bem, ótimo. Então você gosta daqui?
— Eu deveria dizer que sim! Esta cidade é incrível! Ter um lugar tão bom para descansar e se recuperar tão perto de Blumund é realmente bem-vindo. Claro… Não posso deixar de pensar sobre os perigos envolvidos em viajar entre aqui e lá.
Suponho que Fuze realmente via esta cidade como uma espécie de spa. Acho que instalar aquela banheira de água termal e trabalhar duro para melhorar a qualidade da comida valeu a pena. Era mais obra de Shuna e dos três irmãos anões do que minha, mas mesmo assim.
Nossas dietas, em particular, haviam mudado drasticamente nas últimas semanas. Ainda não era um menu tão variado, mas cada refeição tinha começado a ficar um pouco melhor. Não tínhamos muitos temperos, como mirin1É um tipo de vinho de arroz, semelhante ao saquê, porém com um teor alcoólico mais baixo. ou molho de soja, portanto, ainda não tínhamos sabores realmente fortes, mas tínhamos sal, bem como algo como pimenta e uma variedade de condimentos das ervas aromáticas da floresta.
Esses ingredientes, combinados com a genialidade de Shuna na cozinha, estavam produzindo alguns alimentos de alta qualidade.
— Ahh, ser capaz de comer uma comida tão boa, dia após dia. Eu sou uma mulher feliz mesmo! — Milim também aprovou.
Ela tinha feito amizade com Shuna enquanto não estava prestando atenção e a visão dela roubando… digo, provando… sabores de comida na cozinha se tornou uma ocorrência regular. Shuna gostava dela também e às vezes eu me perguntava se alguém ainda a via como um Lorde Demônio, mas ei, ter amigos não é algo ruim.
Também estávamos treinando cozinheiros aprendizes para as operações de Shuna. De ambos os sexos inclusive. Shuna não tinha as habilidades de Analisar e Avaliar que minhas habilidades únicas forneciam; ela tinha que confiar em seus cinco sentidos para fazer a comida que ela fazia. Os novos cozinheiros seguiram os conselhos de Shuna nesse sentido, trabalhando duro para manter a barriga cheia na cidade.
Com todas as diferentes raças chegando, nossa população estava começando a aumentar. Isso naturalmente significava que precisávamos empregar um grande número de pessoas para cobrir nossas necessidades alimentares, além de manter a paz, limpar as casas de repouso e lavar a roupa. Todos tinham seus pontos fortes e fracos, por isso decidimos dividir o trabalho em seis categorias: cozinhar, limpar, conservar, costurar, auxiliar e diversos. Rigurd era responsável por assumir o comando e fornecer atribuições. Ele era bom nisso e o trabalho que estava fazendo reunindo todos os monstros da cidade era uma maravilha de se ver.
O bando de Yohm também não tinha nada além de coisas boas a dizer sobre nossa comida. Eles gostavam de seus aposentos também, junto com a experiência da cidade em geral. Se não fosse por isso, tenho certeza que eles teriam fugido de Hakuro e seu regime de treinamento demoníaco há muito tempo. A julgar pela forma como os monstros da cidade os tratavam, eles devem ter gostado muito do trabalho. Assim que começarmos a hospedar comerciantes aqui, tinha certeza de que funcionaria muito bem.
Seria ótimo se todos pudéssemos trabalhar juntos e transformar esta área em um destino turístico. Eu tinha certos planos nesse sentido, mas nada de concreto ainda. Por enquanto, nossa prioridade maior era convencer a todos de que não éramos perigosos.
Perigo nas estradas, entretanto…?
Esse foi provavelmente um bom ponto. Seria extremamente raro encontrar algo tão grande quanto uma aranha-cavaleira, mas certamente havia um grande número de monstros por aí. Uma floresta tão profunda e com vegetação tão densa como esta não era lugar para um ser humano viver, os monstros representavam um perigo é claro, mas também se perder e ficar sem comida também. Ninguém estaria por perto para tratá-lo se você se machucasse e a ameaça de doenças na estrada também estava presente. Demorou quase duas semanas para completar uma viagem só de ida entre Blumund e aqui, mas você pode esperar alguns dias extras por todos os tipos de razões.
Ter Movimento das Sombras e similares em mãos tornava a distância algo que poderíamos cobrir imediatamente, mas que não estava disponível para aventureiros. Mesmo viajantes experientes como a equipe de Kabal precisavam de cerca de dez dias para cobrir isso, não importa o quão rápido eles fossem. Se eles entrassem em uma luta e perdessem o rumo, era um notório conhecimento neste mundo que precisariam gastar alguns dias para voltar aos trilhos.
Eu queria usar os mercadores para espalhar rumores sobre esta cidade por mim. Esse era o meu plano, mas ainda havia alguns obstáculos a serem cobertos antes de colocá-lo em ação.
— Ah, entendi. Seria mais rápido construir uma nova estrada, não seria?
— Huh? O que você quer dizer?
— Hum, bem, estou pedindo a uma equipe para pavimentar uma estrada entre aqui e o Reino dos Anões, mas também tenho outra equipe cuidando da construção civil. O trabalho deles diminuiu recentemente, mas estava pensando que talvez eles pudessem abrir uma estrada para Blumund. Isso evitaria que as pessoas se perdessem, pelo menos.
— Espera, sério? É uma espécie de grande operação nacional, não é? Você precisaria de uma tonelada de dinheiro para…
— Lá vai você de novo, Fuzie.
— Fuzie? Algo sobre você me chamando assim realmente me assusta.
— Ah, não se preocupe com isso, Fuzie. Se pudermos construir uma estrada e preparar ela com cascalho, abriria passagem para carruagens e vagões e tal. Seria economizar uma tonelada de tempo, além disso, que seria útil para as futuras relações, certo? E nós ficaríamos felizes em realizar esta operação. Só uma coisa…
— O que é?
— Quero que espalhe os rumores como prometeu. Apenas deixe todos saberem que não somos um bando de monstros perigosos. E também agradeceria se você pudesse me apresentar a um especialista em costumes, impostos e outras coisas. Quero vender alguns dos bens que produzimos, por isso, se eu pudesse entrar em contato com pessoas que pudessem ajudar com todas essas coisas, isso seria ótimo. Que tal isso?
No momento, o caminho entre aqui e Blumund era pouco mais do que uma trilha irregular de animais, capaz de acomodar cavalos, mas não carruagens cheias. Tínhamos começado a construir uma estrada para Dwargon, mas ainda não tínhamos conseguido limpar as árvores que pontilhavam o caminho para Blumund. Hesitamos porque tínhamos medo de chamar muita atenção para nós mesmos, mas isso foi antes de todas as batalhas e tal na floresta.
As coisas estavam começando a se acalmar novamente e eu queria ter algumas rodovias que pudéssemos aproveitar para melhorar nossa atividade comercial. Eu estava preparado para deixar essa questão de lado se fôssemos vistos como “o inimigo”, mas se estivéssemos construindo relações diplomáticas com outros países, precisávamos de alguns caminhos reais e rápido. E como eu dirigia as coisas na floresta, sentia que cabia a nós fazer todo o trabalho de construção.
Achei que agora era um bom momento para defender meu caso a Fuze sobre isso, mesmo que parecesse um pouco condescendente e fazer com que ele fizesse seu trabalho por mim. Teve o efeito pretendido. Fuze parecia sinceramente emocionado.
— Senhor Rimuru, você realmente faria tudo isso por nós? Nesse caso, faremos o nosso melhor para fornecer qualquer tipo de suporte que você precisar!
Heh. Essa foi fácil. Fuze provavelmente estará cantando nossos louvores a qualquer um que o ouvir quando ele voltar para casa. No mínimo, se ele não tivesse uma visão estreita e preconceituosa de nós, então eu diria que venci esta batalha.
Se usar parte de nossa mão de obra ociosa para construir uma estrada foi o suficiente para ganhar tanto reconhecimento, acho que é um negócio muito barato para nós.
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Kabal e seus amigos estavam de volta quando eu terminei de bajular Fuze. Milim veio correndo até mim com um grande sorriso no rosto.
— Wah-ha-ha-ha-ha! Outra safra abundante hoje!
Atrás dela, Kabal e Gido carregavam um grande número de monstros nas costas.
— Rapaz, essa Milim com certeza é alguma coisa! Ela pode identificar monstros em um piscar de olhos! Ela tornou as coisas muito mais fáceis para nós — uma Elen de mãos vazias sorriu enquanto se arrastava atrás da Lorde Demônio.
Não havia uma partícula de sujeira em Milim; acho que ela fez com que os homens do grupo cuidassem de todo o trabalho pesado. Ela estava usando um vestido novo de Shuna e suponho que ela não quisesse respingar sangue nele. Não era exatamente um equipamento de caça, eu acho…
— Ufa! Finalmente de volta!
— Foi um dia duro de trabalho, hein? Vamos para a fonte termal e pegar uma caneca cheia de alguma coisa.
— Ooh sim! O vinho de frutas aqui é incrível!
Kabal e Gido não pareciam se importar em serem usados e abusados, pelo menos, embora provavelmente não fosse assim que eles pensassem sobre isso. Os homens estavam mimando Milim, afinal, e não seria muito bom reclamar disso e incitar o conflito. Se eles não tinham problema, então eu também não.
No entanto, isso me fez lembrar ainda mais sobre como, não importa em que mundo você vivesse, alguns homens estavam condenados a deixar as mulheres usá-los. Eu, pelo menos, poderia mostrar-lhes um pouco de gentileza.
— Ei, bom trabalho, pessoal. Por que vocês não se limpam primeiro?
— Sim, eu dificilmente gostaria que vocês permanecessem todos sujos assim…
Shion começou a comentar, mas então…
— Hum?!
De repente, Milim correu ao meu lado, os olhos apontados para a frente.
— Quem está aí?!
Shion me entregou a Milim enquanto ela se dirigia a alguma presença na frente dela. Eu não sou uma bagagem, sabia?! Não tenho ideia de por que eles estão me transportando de um lado para o outro, como se eu fosse uma obra de arte frágil.
Benimaru e Soei se posicionaram atrás de Milim enquanto eu reclamava por um momento, Hakuro parado perto das árvores. Não o vi chegando, ele devia estar treinando agora, mas suas roupas ainda estavam em perfeita ordem. Impressionante. E com Ranga surgindo da minha sombra, nós agora tínhamos a força principal da cidade reunida.
Geld estava trabalhando no projeto da estrada, então ele não estava aqui. Ele havia me relatado alguns dias atrás sobre como ele sentiu algo suspeito nas proximidades, mas ele nunca viu nada, então ele achou melhor esquecer, entendendo que era apenas sua mente pregando peças e continuou a construção da estrada. Tive a sensação de que estava me esquecendo de outra pessoa também, mas ei, com todos os caras que tínhamos, não previ nenhum problema.
Além disso, a pessoa à nossa frente era familiar para mim.
— Já faz muito tempo, meu líder.
Era Traya, uma dríade e irmã mais nova de Treyni.
— Claro que sim, mas por que você está assim? Parecendo como se estivesse prestes a matar alguém? — eu disse enquanto ela se ajoelhava diante de mim.
A raiva fervente era algo que você podia detectar mesmo de longe, forte o suficiente para fazer Milim e Shion reagirem a ela. Seu corpo semitranslúcido estava um pouco nebuloso em alguns lugares; talvez ela tivesse sofrido algum dano. Ficou claro que algo aconteceu com ela.
— …Bem, receio que seja uma emergência. Charybdis, um monstro da classe calamidade, renasceu. O poder exercido por este grande espírito é semelhante ao de um Lorde Demônio. Minhas irmãs estão mantendo-o imóvel por enquanto, mas estamos irremediavelmente sendo superadas. Além disso… parece que o grande espírito está procurando esta terra. Charybdis é um tirano dos céus; as forças terrestres pouco podem fazer contra ele. Vim aqui para avisá-lo de que você deve solidificar suas defesas e preparar algum poder de guerra aérea.
O cansaço estava claro em seu rosto enquanto ela explicava.
A tensão rapidamente encheu o ar. Surpreendentemente, Fuze foi o primeiro a reagir, ele ficou atordoado e quase silencioso no momento em que viu Traya (“Uma dríade?!” ele gritou), mas a menção do nome de Charybdis fez seu cérebro funcionar novamente.
O sangue foi drenado de seu rosto enquanto ele gritava — Charybdis?! Ah cara, se foi realmente revivido, é uma ameaça maior do que qualquer Lorde Demônio. Ao contrário desses caras, você não consegue nem argumentar com essa coisa. É classificado como uma calamidade, mas eu diria que é seguro presumir que é um desastre total, se for para classifica-lo como alguma coisa…
Como ele disse, sua força era do calibre de um Lorde Demônio, mas em vez de liderar um exército, ele simplesmente andava por conta própria causando estragos. Uma espécie de monstro pouco inteligente, para colocar de outra forma.
No entanto, graças à sua habilidade única de invocar Monstros, ele poderia convocar cardumes de megalodons, um grande monstro do tipo tubarão, a qualquer hora que quisesse. As criaturas do outro mundo se dissipariam após um período de tempo, uma vez que as magículas que davam a forma física ao seu corpo se exaurissem, mas mesmo assim, elas eram uma força de rank A- que não poderiam ser ignoradas. Além do mais, Charybdis podia convocar dez ou mais de uma vez, tornando até mesmo suas feras servas uma presença formidável.
Se Fuze estivesse certo, então eu honestamente tinha que concordar com ele. Isso era pior do que um Lorde Demônio.
— Não sei por que seríamos alvos, mas se formos, isso é ótimo para nós. Devemos escolher os melhores lutadores que temos e nos preparar para enfrentar essa força.
Benimaru estava certamente animado, mas precisávamos de pessoas que pudessem voar…
Ah! Espera! Eu esqueci!
— Certo. Eu esqueci Gabil. Ele provavelmente está fazendo pesquisas na caverna. Alguém pode chamá-lo para mim?
Soei foi buscá-lo. Nesse ínterim, decidi voltar à cidade e fazer uma reunião preparatória.
Estávamos de volta à agora familiar sala de reuniões, Traya usando a Comunicação por Pensamento para falar com suas irmãs.
Soei estava de volta com Gabil, com Vester se juntando a ele, para que pudéssemos fazer contato com o rei Gazel se necessário. Sobre a questão do poder de fogo aéreo, a primeira coisa que me passou pela cabeça foram seus Cavaleiros Pégasus, cada um deles era lutador classificado como rank A, então, se eu pudesse ganhar seu apoio, não poderia pedir alguém melhor em quem confiar.
Gabil e seus lutadores também podiam voar, mas não eram melhores do que B+, e enfrentar alguém com uma classificação superior a você era gravemente perigoso. Preferia pensar em uma maneira de garantir a vitória para nós com o mínimo de dano.
— As coisas não poderiam estar piores — Traya começou — Por alguma razão, os megalodons convocados encarnaram-se nos cadáveres de alguns dragões inferiores. Eles se manifestaram para criaturas com mais de dezoito metros de comprimento, como nada que já vimos antes e há treze deles. Minhas irmãs estimam que cada um está em um território classificado como rank A.
— …
Todos na sala perderam a voz com isso. Uma criatura tão forte quanto um Lorde Demônio, além de treze outros monstros de rank A? Eu queria perguntar se isso era algum tipo de piada.
— O que vamos fazer, Senhor Rimuru? — perguntou Benimaru.
Ugh, é isso que quero saber…, mas sou o líder desta aliança e é meu trabalho tomar as decisões. Além disso, não importa o quanto eu hesitei em falar sobre isso, havia apenas uma resposta a dar.
— O que vamos fazer? Bem, vamos matá-lo, não vamos? — Por mais relutante que estivesse, apresentei essa conclusão aos outros.
No momento em que eu disse isso, todos na sala entraram em ação.
— Heh. Não preciso nem perguntar. Nesse caso, vou começar a me preparar.
— Na verdade, o que mais poderíamos fazer?
— Exatamente! Isso não será problema para o senhor Rimuru.
Quando se tratava desse tipo de coisa, eles sabiam exatamente o que fazer. Ninguém expressou qualquer desacordo comigo; em vez disso, eles procuraram seus papéis e entraram em ação. A visão fez Fuze perder um pouco a cabeça.
— Uau! Isso é tudo? Você não entendeu? Este é um inimigo de classe lorde demônio…
— Mas mesmo que ganhemos tempo, não podemos esperar muito apoio de Blumund, podemos, Fuzie?
— Bem, não, mas…
— Não estou lutando para perder, é claro, mas, se for o caso, espero que considere a possibilidade de refugiar alguns de nossos residentes.
— Não está lutando para perder…? Mas mesmo as dríades não conseguem lidar com esse monstro! Agora não é hora para esse tipo de bobagem descontraída. É um grande problema! Aquele que requer uma resposta internacional!
Eu não pretendia parecer descontraído. Estava honestamente bastante em pânico. É por isso que Benimaru e os outros ogros magos foram tão rápidos em começar os preparativos e o próprio Gabil estava correndo para reunir suas tropas. Hakuro estava em contato com Gobta para reunir os goblins.
Cada um deles era uma ameaça rank B+ sozinho, mas trabalhando em conjunto como uma unidade coerente, ele declarou que eles poderiam facilmente dar conta de ter um ou dois dos megalodons para o jantar. Eles até ansiavam pela chance de travar uma batalha contra um inimigo de alto escalão. Loucos.
Enquanto isso, Rigurd estava reunindo os líderes da cidade, explicando a situação e ordenando que Rigur liderasse a evacuação. Chamar a atenção no ar faria de você um alvo, então imagino que ele levaria todos para a floresta.
Tudo isso foi feito de maneira ordeira, sem que ninguém se preocupasse muito com isso. Infelizmente, com a frequência das crises a que fomos solicitados a enfrentar, acho que nos acostumamos com coisas como essa.
Fuze, por ter estado ignorante a tudo isso, deve ter pensado que eu não estava sentindo o perigo o suficiente e não posso culpá-lo por isso.
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Milim, entretanto, estava indo com Shion para o banho.
Algum inimigo vindo para atacar a cidade não era da conta dela. Sua devoção à rotina estava pelo menos ajudando a manter todos ao seu redor calmos.
Depois que todos entraram em ação, as únicas pessoas restantes na sala de reunião além de mim foram Fuze e o trio de Kabal. Aproveitamos para conversar sobre alguns assuntos.
— Tudo bem, não vou dizer a vocês para não se preocuparem com nada, mas pretendo fazer tudo o que puder para isso. Estou pedindo a Vester para fazer contato com o rei Gazel por mim, então devemos esperar mais apoio também. Depois disso, bem, farei o que puder — eu disse.
Fuze parecia menos do que otimista. Ele tinha muitas perguntas, dúvidas e outros pensamentos em sua mente e tive a impressão de que ele estava tendo problemas para transformá-los em palavras. Eu não estava com pressa, então queria que ele se acalmasse um pouco.
— …Você não vai fugir? — Ele finalmente perguntou após um momento de reflexão, claramente preocupado com todos nós. Ele estava muito sério e achei que merecia uma resposta séria.
— O que a fuga realizaria? Eu sou o cara mais forte desta nação. Eu disse ao meu povo para se refugiarem se eu perder, mas sabe, só porque eu perco uma luta não significa que estou desistindo da batalha. Se não houver absolutamente nenhuma chance de ganhar, então com certeza, vou fugir e pensar em outro plano. Se não, porém, então é importante que eu vá bem na frente de nosso inimigo e avalie o quão forte ele é com meus próprios olhos, não é?
Preciso fazer isso se quiser formular qualquer tipo de estratégia. Além disso, como sou o mais forte da Aliança, ninguém corre enquanto eu não perder.
Pensei em dizer isso, mas achei um pouco embaraçoso.
Parecia tão ridículo dizer às pessoas que às vezes era função do líder assumir as perdas. É por isso que tentaria não perder, se pudesse. Até que eu realmente perdesse, eu tinha que desempenhar o papel de homem forte para corresponder às expectativas de todos.
E mesmo se eu fosse derrotado, não tinha muito com o que me preocupar, não depois de dizer a todos tantas vezes que se refugiassem naquele caso.
— … Ah. Isso é o que significa ser um líder de monstros, eu suponho.
— Sim, bem, este não é o tipo de nação que desmoronaria depois de perder seu rei de qualquer maneira, então…
Fuze acenou para mim. Ele parecia bastante convencido.
— Ainda assim, me ocorre, senhor Rimuru, que você pensa um pouco como nós, humanos. Você não parece um monstro de jeito nenhum. Além disso, é tão estranho ter um slime sendo o ser mais poderoso do reino — disse ele com uma risada.
Ele pode estar certo. Não parecia nada incomum para mim, já que eu era um ex-humano, mas para Fuze, ter um monstro pensando e agindo de forma tão humana deve tê-lo perturbado. Além disso…
Na verdade, eu estava escondendo algo de Kabal e seus amigos. Ainda não tinha contado a eles o que havia acontecido com Shizu no final. Era um assunto meio difícil de trazer à tona, então eu pretendia ficar calado sobre isso até ser perguntado, mas se algum dia eu iria falar sobre isso, agora parecia um bom momento.
— Hmm… talvez sim. Você pode achar difícil de acreditar, na verdade, mas eu também era um ser humano. Você conhece Shizu, certo? Acho que provavelmente sou um invocado de outro mundo, assim como ela. Embora, na verdade, fosse mais como se eu tivesse morrido no meu velho mundo e reencarnado como um slime neste. E enquanto estou nisso…
Eu usei minha habilidade extra de Transformação Universal para me transformar em um humano.
— O quê…?!
Os olhos de Fuze brilharam enquanto a equipe de Kabal gritou de surpresa de forma audível. Foi Elen quem percebeu primeiro.
— Umm, olhando para você… Isso é como uma versão menor de Shizu, não é? — perguntou ela timidamente.
— Ah, de jeito nenhum, Elen.
— Sim, Shizu era uma senhora idosa! Ela não estava nem perto de ser tão bonita assim.
Kabal e Gido foram rápidos em protestar, mas Elen se manteve firme.
— Não, não há dúvida sobre isso. Quero dizer, eu a vi! Tipo, como ela ficava sob a máscara…
Ah, ela viu? Foi apenas por um instante, então eu não acho que nenhum deles teve um vislumbre, mas… Isso funciona bem para mim, no entanto. Eu ia contar a eles agora de qualquer maneira.
Tirei a máscara do bolso e coloquei sobre a mesa.
— Essa é a máscara de Shizu, certo?
Eles olharam para ela, depois para mim.
— Sim. Eu não estava realmente escondendo nem nada, mas não assumi essa forma perto de vocês porque não queria que vocês tivessem a ideia errada. Elen está certa, eu herdei essa forma de Shizu.
— … Herdou?
— Sim. Quando eu a devorei.
Os quatro pareciam surpresos, mas nenhum parecia zangado. Eles mantiveram a calma enquanto esperavam que eu continuasse. Escolheram acreditar em mim, por sorte.
— Shizu e eu viemos do mesmo país. Quando ela morreu, me pediu para assumir sua missão… e como prova de que eu assumi sua vontade, peguei a forma que vocês veem aqui. Então… não posso sair por aí agindo como um idiota enquanto pareço a Shizu, sabe? — eu disse baixinho.
Cerca de metade disso eram meus sentimentos reais. A outra metade, na verdade, era apenas uma desculpa que eu estava usando para me enganar. Acho que não adiantaria se eles estivessem desconfiados de mim agora, pensei, enquanto voltava meus olhos para Fuze.
— …Você pode nos contar o que aconteceu?
Não havia nenhum traço de dúvida em sua voz. Então, passei os próximos minutos descrevendo os momentos finais de Shizu, bem como as circunstâncias por trás de minha morte e renascimento.
— Entendo… Então foi isso… — sussurrou Fuze.
Talvez Fuze estivesse passando tanto tempo nesta cidade porque queria me perguntar sobre Shizu. Assim como eu, ele teve dificuldade em encontrar o momento certo para abordar o assunto.
— Bem — disse Kabal —, acredito em você, amigo.
— Sim, eu também.
— E eu! E eu! — Elen insistiu. — Mas… Uau, Shizu realmente fez tudo que podia para tornar seu sonho realidade. E agora você vai tentar fazer isso acontecer, Rimuru?
A pergunta de Elen foi mais direta do que eu esperava, mas não havia necessidade de ficar na ponta dos pés para responder.
— Vou, prometi isso a ela. Vou liberar todas as emoções que estão prendendo seu coração. Não que eu tenha conhecido o cara ou algo assim, mas no que me diz respeito, o Lorde Demônio Leon é minha presa para pegar.
— Nossa… eu sempre soube que podia acreditar em você, Rimuru!
Elen me deu um sorriso amigável. Quanto aos outros três homens:
— Leon? Huh?!
— Você tem um desejo de morte, Rimuru. Quero dizer, Charybdis é praticamente uma tarefa simples em comparação com aquele cara…
— Sim! Você não pode sair por aí chamando alguém assim de sua presa! Não me culpe se isso levar à sua morte!
Eles estavam, para dizer o mínimo, um pouco nervosos. Bem, que assim seja. Gostaria que eles pudessem aprender um pouco com Elen, mas nossa conversa franca parecia ter conquistado toda a confiança deles. Cada um deles se ofereceu para se juntar a esta batalha, mas eu recusei. Se eu estragasse tudo, como expliquei, caberia a eles descobrir um novo plano imediatamente. Eles cederam muito rapidamente.
Charybdis, no entanto, hein…?
Pensar na batalha à frente já estava diminuindo meu ânimo.
Tradução: Nero
Revisão: Taiyo
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