Dark?

Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 03 – Cap. 12 – Crianças e Guerreiros

A+ A-

 

Três semanas depois, nosso grupo chegou ao rank D. Parecia que estávamos subindo muito rápido, então, por fim, verifiquei os critérios específicos de promoção.

Para um aventureiro de rank F subir para o E, precisava concluir com sucesso dez empregos de rank F… ou cinco de rank E consecutivos.

Para um aventureiro de rank E subir para o D, eram necessários cinquenta empregos de rank F, 25 de rank E ou dez serviços de rank D consecutivos.

Esse padrão geral permanecia igual para os ranks mais altos, mas os números começavam a ficar consideravelmente maiores.

A despromoção também era possível para aqueles que cometiam os mesmos erros várias vezes. Falhar em cinco serviços seguidos, sendo eles de um rank inferior ao seu ou dez tarefas consecutivas em seu rank atual acabaria sendo prejudicial. Ninguém seria rebaixado por falhar em tarefas de rank superior ao que possuía, mas depois de cinco falhas consecutivas seria removido o privilégio de aceitá-las.

Jalil e Vizquel tinham trabalhado diligentemente para cuidar dos serviços de rank F e E para nós todos os dias, então tínhamos conseguido chegar tão longe sem qualquer esforço. Agora que estávamos no rank D, finalmente tínhamos acesso a tarefas de rank C, mais lucrativas. Eram serviços fáceis para o nosso grupo, então provavelmente subiríamos para o rank C em breve.

Podia ser o momento certo para encerrar nosso acordo com Jalil e Vizquel. Eles não pareciam mais estar sequestrando animais de estimação, mas eu não tinha certeza de quais problemas toda essa coisa de troca de emprego poderia causar a longo prazo. Já havíamos economizado uma quantidade razoável de dinheiro, então tínhamos a opção de dizer adeus aos nossos “parceiros de negócios” e deixar Rikarisu para trás para sempre.

Depois de pensar um pouco, no entanto, decidi continuar fazendo uso dos dois até chegarmos ao rank C. Não parecia haver nenhum problema no momento, e seria difícil virar as costas para um sistema de baixo estresse e alto rendimento. Não faria mal nenhum ter mais dinheiro na carteira antes de partirmos.

No momento, nossas economias somavam uma moeda de minério verde, seis moedas de ferro, quatorze moedas de sucata e trinta e cinco moedas de pedra… ou um total de 1.875 moedas de pedra. Então… basicamente 1.875 ienes. Todos os nossos ativos somavam menos do que o valor de duas moedas de cobre grande Asuranas.

Certo, já chega. Não faz sentido ficar fazendo essas comparações em um continente diferente.

Assim que chegássemos ao rank C, diríamos adeus a Jalil e Vizquel e, em seguida, deixaríamos a cidade na mesma hora. Para mim parecia ser um plano bem sólido.

Pouco depois de chegar a essa conclusão, localizei um trabalho “interessante” no quadro da Guilda.

 

https://tsundoku.com.br

 

B

TAREFA: Localizar e Derrotar Monstro(s) Desconhecido(s).

RECOMPENSA: 5 moedas de sucata (2 moedas de ferro se derrotado).

DETALHES: Encontre e destrua um monstro específico.

LOCALIZAÇÃO: Bosque Sul (Floresta Petrificada).

DURAÇÃO: Até o final do mês.

PRAZO: O quanto antes.

CLIENTE: Belberro, o Mercador.

NOTAS: Uma criatura grande e rastejante foi vista deslizando pelas profundezas da floresta. Identifique-a e destrua-a se for perigosa.

 

https://tsundoku.com.br

 

Jalil e eu meditamos a respeito da missão no pedaço de papel com as mãos no queixo. Um monstro misterioso, hein? Mas que descrição de trabalho mais vaga. Havia uma chance de que a coisa nem estivesse lá. E mesmo se estivesse, de que forma, exatamente, poderíamos provar que era um monstro ou outro?

Mesmo assim, duas moedas de ferro eram uma recompensa muito tentadora. Especialmente porque ainda poderíamos obter cinco moedas de sucata se decidíssemos não lutar contra a coisa.

— Você está interessado?

— Bem, o pagamento é realmente bom. Mas parece meio suspeito.

Jalil acenou com a cabeça em concordância.

— Parece o tipo de trabalho em que você pode acabar morto. Eu pensaria duas vezes se fosse você.

Já havíamos experimentado algo parecido. Duas semanas antes, tínhamos aceitado uma aparentemente incomum tarefa de coleta de Lobos Ácidos. Como de costume, nós caçamos o número especificado de monstros e trouxemos de volta suas presas e caudas, apenas para ser informados de que o cliente queria Lobos Ácidos completos – seus corpos inteiros. A descrição não esclarecia nada, mas mesmo assim acabamos tendo que pagar uma taxa de quebra de contrato. Só de pensar naquilo, me senti intensamente frustrado.

Provavelmente era mais inteligente não aceitar esse emprego se eu quisesse evitar uma repetição daquele desastre… mas não conseguia desviar os olhos daquela suculenta linha de “recompensa”.

— Duas moedas de ferro, mas… Hmm. Talvez eu pudesse usar isso como outra experiência de aprendizado…

— Heh. Só não me culpe se você se queimar de novo.

— Para uma tarefa como esta, a penalidade por quebra de contrato seria baseada nas cinco moedas de sucata, certo?

— Aham, isso mesmo. O dinheiro extra para o caso de matar a coisa é só um bônus.

Como Ruijerd tendia a ser assediado por Nokopara quando ele entrava na Guilda, e Eris às vezes tinha problemas com aventureiros aleatórios se aproximando dela também, os dois ficavam esperando do lado de fora. Vizquel também nunca aparecia na guilda.

Em outras palavras, não havia ninguém presente para me impedir.

— Bem, mesmo que este monstro misterioso não esteja lá, há muitas coisas que valem a pena vender e são provenientes da Floresta Petrificada. Conhecendo vocês três, aposto que poderiam ganhar o suficiente para cobrir a taxa de quebra de contrato. Acho que vale a pena tentar.

— Então tudo bem. Boa sorte com seu trabalho também, Jalil.

Parando para pensar, minha linha de raciocínio foi muito preguiçosa naquela hora. Algumas semanas de experiência em batalha me deixaram muito confiante. As coisas correram tão bem que subestimei os riscos; minha impaciência me empurrou para situações de alto ganho.

Podendo pensar no passado, tive melhores opções aparecendo para mim. Mas, na época, não acho que poderia ter as escolhido.

 

https://tsundoku.com.br

 

A Floresta Petrificada ficava a um dia inteiro de viagem de Rikarisu. Era um lugar onde árvores parecidas com ossos, cheias de galhos irregulares, cresciam em números enormes, e seu nome derivava de sua aparência pedregosa.

A floresta ficava ao longo da estrada principal daquela região. Atravessá-la oferecia aos viajantes uma rota mais curta para a próxima cidade, mas como era o lar dos perigosos monstros de rank B, Executores e Anacondas Amêndoa, apenas os mercadores com muita pressa faziam isso – e sempre contratavam vários guarda-costas qualificados de antemão.

As florestas neste mundo eram, sem exceção, lugares perigosos.

Mas as do Continente Demônio eram particularmente piores.

Três grupos se encontraram fora desta floresta em particular: o grupo de rank B “Super Blazers”; o grupo de rank D “Valentões do Vilarejo Tokurabu”; e, finalmente, o grupo de rank D, “Fim da Linha”.

Os líderes desses grupos se juntaram para uma reunião. Quando grupos de aventureiros se encontravam em lugares como este, era esperado que parassem para uma discussão rápida. Teria sido bom não fazer isso, mas correr na frente dos outros grupos na própria floresta poderia ser um verdadeiro incômodo. Então decidi participar da ocasião.

— Certo. Então, o que diabos vocês, crianças, estão fazendo aqui?

O primeiro a falar foi Blaze, o líder dos Super Blazers.

A irritação em sua voz estava bem perceptível.

O rosto do cara era familiar. Ele era o homem-porco que riu de nós no nosso primeiro dia. Aliás, eu não estou tentando insultá-lo. Ele literalmente tinha uma cabeça de porco.

O homem pertencia, presumivelmente, à mesma raça que o guarda do portão que ficou encarando Eris. Não conseguia lembrar de como eram chamados… Normalmente, eu só pensava neles como “orcs”, para ser honesto.

De qualquer forma, o grupo do homem-porco era um de seis aventureiros e com uma ampla variedade de raças. Para conseguir um rank C ou superior no Continente Demônio, era basicamente necessário ser capaz de derrotar os monstros mais comuns de sua região; tive de presumir que todos eram veteranos que provaram suas habilidades em batalha.

— Estamos aqui para um serviço da guilda! — disse Kurt, líder dos Valentões Tokurabu, com o rosto um tanto carrancudo.

— O mesmo aqui — disse o líder do Fim da Linha (eu) com um ligeiro aceno de cabeça.

Blaze reagiu às palavras de seus colegas de rank D estalando a língua e coçando o pescoço, irritado.

— Ugh. Eles nos reservaram, hein? É, dessa vez eu tive um mau pressentimento sobre o…

— Uhm… como assim, reservaram? — perguntou Kurt, hesitante.

— Cale a boca, garoto! — O porco aparentemente tinha o pavio curto.

— Vamos, vamos — falei, esgueirando-me até ele com um sorriso obsequioso. — Vamos todos respirar fundo algumas vezes, tudo bem? Sentimos muito por sermos novatos tão estúpidos, mas agradeceríamos muito por qualquer explicação que você pudesse fornecer…

Blaze cuspiu no chão, depois respondeu de má vontade:

— Significa que o mesmo pedido foi feito por mais de uma pessoa. E a guilda colocou os dois pedidos lá sem perceber.

Ah, certo. Uma reserva dupla.

Nesse caso, tínhamos três clientes diferentes que postaram três tarefas separadas. A guilda devia ter pensado que eram empregos distintos, mas talvez não fosse realmente o caso. Parecia algo que poderia acontecer de vez em quando.

Por curiosidade, perguntei aos outros quais eram suas tarefas específicas.

Blaze estava no lugar para “Matar as Cobras Presas-Brancas que apareceram na Floresta Petrificada”.

Kurt foi incumbido de “Coletar os ovos misteriosos vistos na Floresta Petrificada”.

E eu, é claro, estava tentando “Localizar um monstro desconhecido”.

— Hã? Você está em um serviço de busca e localização? Tem isso no rank D?

Naturalmente, eu já tinha preparado uma resposta para a pergunta de Kurt de antemão.

— Na verdade, é uma tarefa de rank C. Colocaram ela lá logo depois que você saiu da guilda.

— Sério? Cara eu preferia ter pego essa ao invés d…

Enquanto o garoto murmurava para si mesmo, parei um momento para pensar sobre a situação em que estávamos. Parecia que havia pelo menos alguma potencial sobreposição entre todas as nossas três tarefas. Em primeiro lugar, as Cobras Presas-Brancas não eram nativas desta floresta; mas a julgar pelo trabalho de Blaze, pelo menos uma tinha sido recentemente vista no local. Esse poderia muito bem ser nosso “monstro desconhecido” e também podia ser o responsável pelos “ovos misteriosos” que Kurt estava procurando.

Mas, é claro, também havia a possibilidade de que nossos mistérios não estivessem relacionados às cobras. Presumir que era uma reserva tripla seria um pouco precipitado.

— Ainda assim, como isso foi acontecer?

— E eu sei lá, garoto? Às vezes essas coisas acontecem.

Hmm. Bem, acho que sim. Não é como se a guilda tivesse todas as suas tarefas ordenadamente arquivadas em um computador ou algo assim.

— Então tudo bem. O que vamos fazer a respeito disso?

— Nada. Ganha quem encontrar os monstros primeiro.

— O quê?! — gritou Kurt. — Então, o que acontecerá com nossa tarefa se você chegar lá primeiro?

— Hã? Ah, seus ovos, coisa assim? Bem, vamos esmagar eles se os virmos. Não podemos ter Cobras Presas-Brancas nascendo em todo canto, podemos? — disse Blaze com um sorriso.

— Vamos, Rudeus, diga alguma coisa! Se eles matarem todos os monstros, nós dois falharemos em nossas tarefas!

Kurt estava se voltando para mim em busca de apoio. Ele tinha um bom ponto. Se o grupo de Blaze matasse nosso monstro “desconhecido”, não teríamos a chance de rastreá-lo ou lutar contra ele…

Espera aí. Precisamos basicamente localizar e identificar o monstro, certo?

Senti que relatar que as Cobras Presas-Brancas estavam no local poderia ser o suficiente para satisfazer nosso cliente. E para proteger nossas apostas, sempre poderíamos caçar alguns monstros aleatórios antes de partirmos.

Um saque grande o suficiente devia cobrir a taxa de quebra de contrato de 20%.

— Bem, ainda não temos certeza sobre ser uma reserva tripla. Também pode haver algo além das Cobras Presas-Brancas por aqui.

Blaze fez uma careta.

— Então? Vocês querem dar uma olhada por aí, é isso? Querem que sejamos suas babás?

— E quem diabos pediu a sua ajuda?! — disse Kurt, com o rosto vermelho de raiva.

— Ah, por favor. Vocês obviamente querem nossa proteção, não é? Esta floresta é muito difícil para um bando de moleques de rank D.

Ah. Agora eu entendo porque ele está tão mal-humorado. Blaze não gostou da ideia de um par de grupos de rank baixo seguindo o seu como se fossem um rastro de merda deixado por um peixe dourado. Perfeitamente compreensível. Afinal, isso serviria apenas para tornar suas vidas mais difíceis.

Claro, eu também não queria viajar com eles. Não era uma boa ideia deixar que alguém visse Ruijerd lutando com sua lança. Poderiam perceber que ele realmente era um Superd quando vissem o nível de sua força.

Felizmente, Kurt já tinha me dado uma abertura para explorar.

— Certo, já ouvi o bastante disso. O Fim da Linha também não precisa de babás, muito obrigado. Vamos trabalhar sozinhos.

Eu prontamente me virei e deixei a conferência de líderes, sem esperar por uma resposta à minha declaração.

 

https://tsundoku.com.br

 

Meu grupo estava esperando por mim a uma pequena distância.

— O que está acontecendo? — perguntou Eris enquanto sua voz revelava sua impaciência.

— Parece que todos estamos aqui mais ou menos pelo mesmo trabalho.

— Ah. Mas e agora? Alguém precisa desistir?

— Não, claro que não. Todos nós iremos em frente e veremos quem encontra os monstros primeiro.

— Ah, é? Parece um desafio decente!

Bem, ela com certeza parecia ao menos entusiasmada. Senti como se Eris estivesse ficando doente com nossas várias missões de caça recentes. Afinal, os serviços não eram exatamente aventuras… estavam mais para trabalho manual. Essa provavelmente parecia ser uma boa mudança de ritmo.

Enquanto nós três estávamos conversando, Blaze e Kurt encerraram a ligeira reunião de líderes. Kurt disse algumas palavras aos seus dois companheiros, e todos partiram juntos para a floresta; os Super Blazers também avançaram, movendo-se em uma direção diferente.

— Então, qual é o plano? — perguntou Eris.

— Hmm, vamos ver — falei. — Como sempre, Ruijerd pode vasculhar a área procurando inimigos. Vamos apenas nos mover e investigar até encontrarmos este monstro misterioso.

Parecia uma proposta bastante simples para mim, mas Ruijerd balançou a cabeça gravemente.

— Espere, Rudeus.

— Qual o problema?

— Estou preocupado com aquelas três crianças.

Que crianças…? Ah, ele está falando dos Valentões de Tokurabu.

— Eles não são fortes o suficiente para sobreviver nesta floresta.

— Então o que você está dizendo é…

— Devemos ajudá-los.

Eu realmente não deveria ter ficado surpreso.

— Bem, Ruijerd… se ficarmos muito perto deles, há uma chance de que percebam que você realmente é um Superd.

— Não me importo.

Ah, é? Bem, eu me importo!

— Tudo bem, mas isso vai nos causar todos os tipos de problemas se as pessoas perceberem quem você é.

— E então? Você está me dizendo para recuar e deixá-los morrer?

— Não é isso que estou dizendo. Vamos apenas segui-los à distância e ajudá-los se tiverem problemas.

Eu não poderia esperar convencê-lo a desistir disso. Teríamos apenas que ajustar nossos objetivos. Provavelmente não conseguiríamos as duas moedas de ferro, mas poderíamos pelo menos merecer enorme gratidão.

Ainda assim, seria realmente uma boa ideia saltar direto ao resgate? Se tivéssemos que proteger aquelas crianças de um ataque de monstro, as chances de descobrirem a verdadeira identidade de Ruijerd aumentariam muito. Eu não queria acreditar que se apegariam a seus preconceitos sobre um homem que acabara de salvar suas vidas, mas o Fim da Linha ocupava um lugar especial nas mentes das pessoas deste continente. Era difícil saber como as coisas poderiam se desenrolar.

Se o pior acontecesse, talvez pudéssemos intimidá-los para que se juntassem a nós, como fizemos com Jalil e Vizquel…

Por enquanto, nosso grupo iria atrás de Kurt e seus amigos.

Enquanto observava os Valentões do Vilarejo Tokurabu caminhando corajosamente nas profundezas da Floresta Petrificada, Ruijerd franziu a testa.

— Qual o problema? — falei.

— É a primeira vez que eles colocam os pés dentro de uma floresta?

— Uh, não posso dizer que sei… Por que pergunta?

— Eles estão sendo muito descuidados.

Com certeza, Kurt e seus amigos logo se encontrariam cara a cara com um Executor cuja abordagem evidentemente não notaram.

O Executor era um tipo de monstro humanóide – os restos zumbificados de alguém que foi um aventureiro enquanto vivo. Por alguma razão, estava equipado com espadas enormes e armaduras de placas grossas. O peso de seu equipamento indicava que não podia se mover muito rapidamente, mas era extremamente robusto e manejava suas armas com surpreendente sutileza. Normalmente só é possível encontrar um Executor de cada vez, e eles não seriam incomumente grandes – mas ainda assim continuavam sendo monstros de rank B. Isso era prova suficiente de seu poder absoluto.

Só para piorar a situação, seu equipamento se dissolvia no ar quando eles morriam, então não seria possível obter muito lucro derrotando um deles.

“Eles precisam de nossa ajuda!”

— Não, ainda não — falei, enquanto Ruijerd estava tenso, pronto para saltar adiante.

— Por que não?!

— Eles ainda não foram encurralados.

Aquele Executor era mais rápido do que indicado por sua aparência, mas não rápido o suficiente para acompanhar aquelas crianças quando elas estivessem correndo para salvar suas vidas. Aos poucos, foram se distanciando de seu perseguidor.

Mas então, exatamente quando parecia que iriam escapar… a sorte acabou.

Um grupo de Anacondas Amêndoa esperava por eles na direção para a qual fugiam.

Aqueles monstros-cobra viajavam em grupos de três a cinco; tiraram seu nome do molde característico de amêndoa em seus corpos, que normalmente tinha cerca de três metros de comprimento. Suas presas eram cheias de veneno mortal e se moviam com grande agilidade. Devido à sua resistência e tendência a atacar em grande número, também eram classificados como monstros de rank B.

Kurt e companhia ficaram presos entre os dois mais conhecidos e temidos moradores da Floresta Petrificada. Eu podia ver suas expressões oscilando entre sorrisos de descrença e terror absoluto. Provavelmente presumiram que se encontrassem qualquer um desses monstros notoriamente perigosos, poderiam simplesmente fugir. E, para ser justo, quase funcionou com o Executor.

No final, entretanto, não haviam considerado tudo o que poderia dar errado. Este lugar era muito perigoso para eles; realmente deveriam ter reconhecido isso e evitado visitar o local. Não que eu não simpatizasse com sua ânsia de se esforçar.

— Precisamos ir! Agora!

— Não, espere só mais um pouco…

Mais uma vez, segurei Ruijerd. Tínhamos que esperar até que ficassem realmente sem saída. Quanto pior as coisas ficassem antes de aparecermos, mais profunda seria sua gratidão.

Vou deixar aquelas coisas derrotá-los para que possa os curar com minha magia depois. Heheheh. Perfeito…

— Ah! — gritou Eris.

O menino parecido com um pássaro voou pelo ar… separado em dois pedaços diferentes.

Só precisou de um golpe. Ele falhou em evitar o ataque do Executor, e a espada do monstro o cortou ao meio.

Meu sorriso perverso congelou no meu rosto. Interpretei a situação extremamente mal. Aquelas crianças estavam correndo um perigo terrível desde o começo. Eu é que fui descuidado, não Ruijerd.

— Eu te disse! — gritou Ruijerd, sua voz cheia de frustração.

Quando ele e Eris pularam para fora de nosso esconderijo, eu rapidamente disparei um Canhão de Pedra no Executor.

Meu ataque atingiu o alvo com força suficiente para obliterar um Ente de Pedra, mas, de alguma forma, a coisa permaneceu de pé.

Por um momento, pensei que sua armadura era incrivelmente forte. Então percebi que só seu braço direito sumiu. Fiquei tão nervoso que errei meu feitiço.

Pegando sua enorme espada com a mão esquerda, a coisa imediatamente começou a correr em minha direção. À distância, parecia bastante lento, mas agora que estava correndo em minha direção, percebi que era anormalmente rápido, mesmo levando em conta a sua aparência desajeitada.

Fiquei calmo e criei um pedaço de lama grudenta no meio do caminho do Executor. Uma de suas pernas mergulhou na minha armadilha, fazendo-o cair para a frente. Eu prontamente convoquei uma pedra enorme bem acima do monstro e a joguei no chão.

Nesse ponto, Ruijerd e Eris já haviam eliminado todas as Anacondas Amêndoa.

Após a batalha, um Kurt trêmulo e pálido se aproximou de mim para expressar sua gratidão.

Huff, huff… O-obrigado, cara… huff, huff… sério. V-vocês são… muito fortes, hein…?

O Executor estava esmagado sob uma pedra gigante; as Anacondas Amêndoa haviam sido decapitadas uma a uma. Nem suei, sério. Nós venceríamos essa luta em qualquer ocasião.

E, ainda assim, falhamos em proteger as crianças.

— Está bem… Lamento por não termos chegado antes.

Kurt estava olhando para mim com algo parecido com admiração em seus olhos. Meu peito doía de culpa, por isso desviei o olhar do rosto dele.

Meus olhos encontraram o corpo de um menino pássaro que foi cortado ao meio. Qual era o nome dele mesmo? Gablin? Ele não teria morrido se eu simplesmente tivesse feito o que precisava ser feito.

Ruijerd se aproximou e me agarrou pela frente do meu robe, seu rosto contorcido de raiva.

— A culpa foi sua — disse, gesticulando para o cadáver com o queixo.

As palavras golpearam impiedosamente o meu coração. “Sim. Você está certo…” “Poderíamos ter salvado todos os três!”

Sim. Eu sei. Eu sei! Eu também não queria que acabasse assim, viu?

Eu estava explodindo de tanta vergonha e miséria. Não era isso que queria. Pelo contrário. Lamentei minhas ações. Aprendi minha lição. Então, por que ele tinha que ficar esfregando isso no meu nariz?

— Olha, estou tentando o meu melhor, tá bom? Eu só queria obter o melhor resultado possível nessa situação! Por que você tem que ser tão duro comigo?!

— Porque o menino morreu!

A réplica de Ruijerd foi simples, mas dolorosamente certeira.

— Gah… — Realmente não havia nada que eu pudesse dizer. O garoto podia muito bem estar morto por minha culpa.

E desta vez Eris também não apareceu em minha defesa. Ela estava olhando para o cadáver de Gablin… provavelmente tentando processar seus próprios sentimentos sobre tudo isso.

Não havia mais desculpas a oferecer. Falhei completamente. A vida das pessoas estava em jogo, e eu nos segurei por muito tempo por puro interesse pessoal.

— E-ei, vamos lá. Não comecem a brigar agora. — No final, foi Kurt quem apareceu para interceder.

— Isso não diz respeito a você — retrucou Ruijerd. — É entre eu e ele.

Surpreendentemente, o menino não recuou mesmo diante dessa dispensa.

— Sim, mas eu posso dizer o que aconteceu. Vocês nos viram lutando e discutiram sobre se deviam nos ajudar, certo?!

Não. Não foi nem mesmo uma discussão. Os abandonei por minha própria conta.

— Sei que vocês são todos fortes, mas ainda havia o risco de algo dar errado. E, de qualquer forma, vocês não tinham qualquer motivo para nos ajudar!

A raiva nos olhos de Ruijerd brilhou ainda mais feroz do que antes.

— Não precisamos de um motivo! Os adultos têm o dever de proteger as crianças!

— Não somos crianças! — Kurt disparou de volta. — Somos aventureiros! Rudeus fez o que qualquer líder deveria fazer!

— Hm… — Ruijerd ficou em silêncio por um momento, mas eu mesmo não posso dizer que concordava com a avaliação de Kurt. — Mesmo assim… um de seus amigos morreu, garoto.

— Sim, eu sei! Não sou cego! E nós três queríamos ficar juntos até o fim! Mas quer saber? Sabíamos que era possível que um de nós morresse! Qualquer aventureiro está preparado para enfrentar esse risco – seja jovem ou velho!

Meu peito latejava dolorosamente diante dessas palavras. Eu não estava nem remotamente preparado para encarar a morte de frente. Eu tinha visto toda essa coisa de aventureiro como nada além de um meio fácil de ganhar dinheiro.

— Estou grato por você ter intervindo para nos salvar, mas era nosso trabalho nos mantermos seguros. Se alguém tem culpa, sou eu! Fui eu quem assumiu essa tarefa e nos colocou em perigo!

O argumento de Kurt tinha a retidão teimosa de uma criança que realmente não entendia como o mundo funcionava. Mas também foi sincero e honesto. Esse tipo de paixão era algo que ultimamente começou a me faltar. Em minha obsessão por ganhar dinheiro e subir nos ranks da Guilda, comecei a ver nossas tarefas como nada mais do que “missões” de algum videogame.

— Sinto muito… Kurt, não é? Errei em te tratar como uma criança. Parece que, afinal de contas, você é um guerreiro.

Aparentemente, algo no discurso do menino tocou Ruijerd; ele me colocou no chão com um breve pedido de desculpas.

Não era como se dessa vez eu merecesse isso.

— Não se desculpe, por favor. Nada disso muda o fato de que cometi um erro terrível.

— Não, não foi um erro. Você estava apenas tentando respeitar o orgulho deles como guerreiros. Eu estava muito ansioso para intervir.

— Uh… — Na verdade, nada disso passou pela minha cabeça. Desculpe. — Também fui muito precipitado ao nos envolver com aqueles criminosos. No futuro tomarei mais cuidado…

Ruijerd parecia ter ordenado e decidido as coisas por si mesmo. Mas não achei suas conclusões muito convincentes. Desse dia em diante, eu pensaria seriamente em meus erros. Precisava identificar exatamente onde tinha errado e ter certeza de que isso nunca mais aconteceria.

Ainda assim, definitivamente havia uma parte de mim que estava pensando: Legal! Que bom que ele entendeu tudo errado! Pelo menos consegui escapar.

Eu queria dar uns tapas na minha cara.

 

https://tsundoku.com.br

 

Kurt e seu amigo nos disseram que planejavam carregar seu camarada morto de volta à cidade. Nós os escoltamos de volta até a entrada da floresta. Eu esperava que Ruijerd insistisse que os seguíssemos até Rikarisu, mas ele balançou a cabeça diante da sugestão. O homem reconheceu Kurt e seus amigos como guerreiros. Isso mudou as coisas.

— Eles podem não conseguir voltar em segurança com o grupo reduzido. Mas decidiram enfrentar esse risco.

Kurt havia dito isso, sim. Mas havia algo profundamente melancólico em sua postura enquanto ele se afastava de nós. Era tão óbvio que Eris impulsivamente correu até o garoto e disse:

— Boa sorte!

Ela não falava a língua dele, é claro, mas Kurt percebeu claramente o significado de suas palavras pela expressão em seu rosto.

— Obrigado — respondeu. — Uhm… é assim que vocês fazem?

— Hã?!

O menino pegou a mão de Eris, se inclinou para frente e a beijou perto da junta do polegar. Com um último sorriso brilhante, se virou e voltou a se afastar.

Eris ficou completamente congelada. Eu também não tinha certeza do que fazer.

De repente, ela se virou para olhar para mim e começou a esfregar a ponta da mão vigorosamente na borda da armadura.

— Não, não! Vocês entenderam tudo errado!

Aquilo em seu rosto era pânico? Digo, o garoto a beijou, mas ela estava de luvas. Não parecia nada para se preocupar.

— Eu… Eu não vou mais nem usar isso!

Eris arrancou sua luva e a jogou na floresta. Que desperdício de couro perfeitamente bom. Ruijerd e eu a repreendemos ao mesmo tempo:

— Não jogue o seu equipamento fora!

— Essas coisas custam caro!

Eu realmente queria que minha mente não tivesse voltado direto para a coisa do “dinheiro”.

— Ah, cala a boca! — gritou Eris, batendo os pés no chão com lágrimas nos olhos.

Foi a primeira vez em muito tempo que a vi assim. Eu estava esquecendo de alguma coisa? Um beijo na mão significava algo específico por aqui ou o quê?

— Rudeus! Aqui!

Nesse ponto, ela colocou a mão na frente do meu rosto. Eu a lambi por reflexo.

O rosto de Eris ficou vermelho de uma só vez. Aproximadamente meio segundo depois, ela me deu um soco.

E foi um soco de verdade. Eu mal mantive a consciência e, por um momento, pensei que ela tinha quebrado meu pescoço. Algum dia essa garota poderia ser uma campeã mundial. Caí para trás, todo desajeitado.

 

 

 

Hmm. O que será que eu devia fazer…?

Enquanto olhava para ela do chão, Eris olhou para o local onde eu a lambi, então também tocou no lugar, com sua língua, por um breve instante.

Ruborizando instantaneamente, ela esfregou a mão com força nas roupas.

— D-desculpe por isso, Rudeus. Mas você não pode me lamber, entendeu?! — Foi tudo muito adorável, então eu a perdoei na mesma hora.

Este não tinha sido, no geral, um bom dia, mas eu não estava mais me sentindo tão miserável.

 

https://tsundoku.com.br

 

À medida que avançávamos cada vez mais na floresta, me peguei pensando em Ruijerd.

Ele era um homem com um código moral absoluto e amava “crianças”. Esses foram os fatos fundamentais com os quais trabalhei até este momento; mas aquela conversa anterior sugeriu que “guerreiro” também era uma espécie de palavra-chave para ele.

— Ruijerd, qual é a sua definição de guerreiro? — perguntei.

Sua resposta foi instantânea.

— Guerreiros são aqueles que protegem as crianças e lutam pelo bem de seus companheiros.

Isso explicou muito, na verdade. Suas explosões de raiva agora faziam mais sentido. Ruijerd não estava atacando aleatoriamente; ele apenas esperava que os “guerreiros” se comportassem com dignidade.

Seu conjunto de regras mais básico parecia ser algo assim:

Um guerreiro nunca deve fazer mal a uma criança.

Um guerreiro é obrigado a proteger as crianças.

Um guerreiro nunca deve abandonar um camarada.

Um guerreiro é obrigado a proteger seus camaradas.

 

Com base nisso, ele identificou aquele sequestrador de animais como um “vilão”, e não um “guerreiro”, no momento em que me chutou. E quando os outros dois imploraram por suas vidas em vez de tentar vingar seu camarada caído, desdenhosamente também os colocou na categoria de “vilões”.

A coisa com Kurt foi um tanto semelhante. No início, ele viu aqueles três como crianças. Então, quando me sentei e permiti que um deles morresse, isso me tornou um vilão aos seus olhos. Mas então aquela troca de palavras afiada com Kurt mudou sua perspectiva. O homem reclassificou os três como “guerreiros” em vez de crianças. Isso tornou minhas ações fáceis de perdoar; na verdade, o Superd parecia mais chateado consigo mesmo por não ter conseguido categorizá-los corretamente desde o início.

No entanto, era um pouco difícil dizer exatamente onde estava traçada a linha entre “crianças” e “guerreiros”. Tive a sensação de que ele ainda considerava Eris uma criança, mas não tinha certeza de onde me colocou nos últimos dias.

Será que deveria perguntar? Ou isso seria um erro?

— Há uma batalha acontecendo à frente — anunciou Ruijerd, interrompendo meu debate interno.

— Ah. É aquele outro grupo? Os Super Blazers?

— Isso mesmo.

Aparentemente, aquele homem-porco encontrou alguns problemas. Eu não tinha certeza de que tipo de visão o terceiro olho de Ruijerd lhe oferecia, mas ele aparentemente poderia usá-lo mesmo por baixo de uma bandana – e bem o suficiente para distinguir um aventureiro do outro.

Mas que conveniente. Eu também quero um.

— Você acha que devemos ajudá-los? — perguntei.

— Isso não é necessário — respondeu.

Hmm. Bem, eles são aventureiros de rank B. Acho que Ruijerd os classificou como guerreiros desde o início…

Entramos um pouco mais fundo na floresta e encontramos uma única cobra enorme enrolada em uma clareira. Quatro cadáveres estavam espalhados ao seu redor.

— Hein…? — Uhm, esses senhores parecem estar mortos… Então foi isso que ele quis dizer com “não é necessário”, hein?

Não vi o corpo de Blaze entre eles. O homem conseguiu escapar.

— Era um grupo de seis, certo? Para onde foram os outros dois?

— Estão mortos.

Todos? Droga. Descansem em paz.

— Certo, então o que é isso? — A cobra que matou Blaze e sua companhia era… muito, muito grande.

— Uma Cobra Capuz-Vermelho.

Seu corpo era tão grosso que Eris e eu não poderíamos ter passado os braços em torno dele e tocar dedo com dedo. Devia ter dez metros de comprimento. E sua área de “pescoço” era mais plana e larga do que o resto de seu corpo. Eu podia ver duas protuberâncias distintas no meio do tronco do monstro. Um deles era provavelmente um grande pedaço de porco.

Não estávamos procurando por cobras brancas?

— Eu não esperava encontrar uma nesta floresta — disse Ruijerd. — Muito menos um espécime tão grande.

— Então elas geralmente não vivem aqui?

— Não. Mas às vezes aparecem.

As Capuz-Vermelho eram aparentemente uma variante mais poderosa da Cobra Presas-Brancas. Não eram apenas maiores em tamanho, mas também muito mais ágeis. Suas escamas eram duras e resistentes à magia do fogo; suas presas eram enormes e cheias de veneno mortal. Não estava claro o que uma Presas-Brancas tinha que comer para se transformar em uma dessas, mas, ocasionalmente, seria possível encontrar uma onde elas viviam.

Cobras Presas-Brancas eram monstros de rank B, mas a Cobra Capuz-Vermelho era de rank A – e por um bom motivo. Elas poderiam eliminar um típico grupo de rank B em poucos segundos.

No momento, ela estava ocupada com sua atual refeição e não parecia ter nos notado. Estava apenas começando a degustar de seu terceiro aventureiro do dia.

— Podemos pegar essa coisa, certo? — disse Eris, desembainhando sua espada com confiança.

— Vamos atacá-la? — Ruijerd me perguntou.

— Eu posso mesmo liderar isso…?

— Quem mais o faria?

— Deixo em suas mãos.

Pelo visto, isso cabia a mim. Eu levei um momento para pensar no assunto.

Nossa tarefa era descobrir, identificar e possivelmente derrotar o “monstro desconhecido” que espreitava nesta floresta.

Em primeiro lugar, parecia óbvio que o monstro em questão era a Cobra Capuz-Vermelho ou as Presas-Brancas que também foram vistas no local. Nenhuma delas era nativa da região. Provavelmente receberíamos crédito por concluir o trabalho se apenas voltássemos e contássemos o que vimos.

No entanto, se matássemos todas as cobras, nossa recompensa aumentaria para duas moedas de ferro. Seria bom derrotar a coisa, se possível. Mas nos mantermos vivos também era importante. Eu tinha acabado de ver alguém morrer bem diante dos meus olhos. O fracasso significaria a morte; eu não queria nos colocar em perigo desnecessário.

Enquanto eu hesitava com minha decisão, Ruijerd quebrou o silêncio.

— Eu poderia derrotá-la sozinho, se você preferir.

— Você poderia mesmo matar aquela coisa sozinho, Ruijerd?

— Sim. Sou mais do que suficiente para este trabalho.

Uau. Mas que tranquilizante. Tenho certeza de que a referência ao King of Fighters não foi intencional.

— Você pode cuidar daquilo ao mesmo tempo que protege Eris?

— Sem problemas. Vamos lutar do mesmo jeito de sempre.

Ruijerd não parecia remotamente intimidado, mesmo diante de um inimigo de rank A. Com base apenas nisso, senti que provavelmente ficaríamos bem.

— Vamos fazer isso.

 

https://tsundoku.com.br

 

Eu atacaria com magia à distância enquanto Eris e Ruijerd lutavam contra o monstro de perto, como sempre. Então comecei as coisas como sempre fiz – com um Canhão de Pedra.

Desta vez estávamos enfrentando um inimigo de rank A, então ajustei um pouco o feitiço para aumentar seu poder. O projétil que criei era uma rocha oca em forma de cunha, cheia de magia de fogo concentrada que faria com que explodisse com o impacto. Disparei em uma velocidade supersônica, esperando ver o impacto na lateral da cobra com um estrondo ensurdecedor.

— O qu…

Mas, para minha surpresa, a Cobra Capuz-Vermelho se contorceu e desviou do meu disparo.

Não foi apenas uma coincidência. Aquela coisa se esquivou do feitiço. Ela avistou o projétil no ar e reagiu com rapidez suficiente para evitá-lo. A pedra explodiu inofensivamente em algum lugar distante.

— Isso só pode ser brincadeira…

Nosso ataque preventivo foi um fracasso, mas nosso esquadrão especial de ataque não iria parar. Ruijerd avançou na liderança, com Eris o seguindo logo atrás. Esta não era nossa formação usual; até então, Eris tinha sido sempre a que estava na dianteira.

— Hissss!

— Hmph…! — Ruijerd começou com uma estocada padrão, acertando a cabeça da cobra com seu tridente. A Cobra Capuz-Vermelho balançou para evitar o ataque, então tentou mordê-lo no rebote. Suas presas eram grandes o suficiente para abrir um buraco através de um homem, mas Ruijerd as desviou com um golpe casual de sua lança.

Nesse meio tempo, Eris deu a volta na parte de trás da cobra. Ela deu um grande golpe em sua cauda, usando sua espada. O golpe atingiu o alvo, mas não cortou todo o caminho através do monstro. Suas escamas, ou talvez seus músculos, eram claramente duras.

— Hisssss! — Assim que a atenção da Capuz-Vermelho se voltou para Eris, ela e Ruijerd pularam para uma distância mais segura. Sem perder o ritmo, disparei outro feitiço no monstro. Já tínhamos planejado esse método de ataque. Era bem típico do nosso estilo de combate como um grupo.

— O quê, de novo?!

Infelizmente, a Cobra Capuz-Vermelho se esquivou do meu feitiço uma segunda vez. Afiei a ponta do meu projétil de pedra para aumentar sua velocidade, mas sem sucesso; a bala passou voando pelo flanco do monstro e entrou na floresta, derrubando algumas árvores pelo caminho. Mais uma vez, o monstro reagiu após avistar o projétil no ar.

Mas não foi o fim do mundo. Eu realmente não precisava acertar.

Nossa vanguarda continuou com suas ondas de ataques. Ruijerd visou persistentemente seu cérebro e órgãos vitais; Eris disparou para cortar sua cauda, mantendo a coisa distraída. E de vez em quando, eu lançava um feitiço potencialmente mortal.

O padrão era simples, mas não era fácil de lidar. Se o monstro tivesse focado seus ataques em Eris, ele talvez pudesse ter quebrado nossas linhas. Mas Ruijerd era tão mestre em ser um “aggro1Em um RPG, aggro é uma forma agressiva de os mobs interagirem com os jogadores. Significa agressividade, ou seja, o mob atacará o jogador que se aproximar ou que utilizar determinados ataques. Ele também atrai os ataques do oponente.” que a Cobra Capuz-Vermelho foi forçada a ignorar eu e Eris.

O Superd e eu não acertávamos nenhum golpe, mas com o tempo, a cobra ficou cansada. Seus movimentos começaram a ficar lentos.

E, no final, um dos meus feitiços Canhão de Pedra finalmente acertou em cheio.

 

https://tsundoku.com.br

 

Quando terminamos de processar o corpo da Cobra Capuz-Vermelho, o sol já havia se posto. Teríamos um banquete de carne de cobra para o jantar esta noite, naturalmente.

Eu não sabia quais partes específicas dessa coisa eram valiosas, então apenas arrancamos suas presas, e depois tiramos sua pele e enrolamos como se fosse um tapete. Encontramos os ovos que o grupo de Kurt estava procurando nas proximidades, mas eram tão grandes que parecia impossível carregá-los. Pensei em nossas opções por um tempo antes de decidir quebrar todos. Afinal, permitir a geração deliberada de monstros no local era contra a lei.

Quanto a Blaze e companhia… nós os isentamos de tudo que parecia valioso, então queimamos e enterramos seus corpos. Se apenas tivéssemos os deixado ali, eventualmente teriam se transformado em Executores, certo? Eu não entendi direito todo aquele fenômeno de “reviver como zumbi”, para ser honesto.

Tenho que dizer, porém, que aquela cobra vermelha foi algo realmente…

Eu me peguei pensando na batalha que acabamos de travar – especificamente, sobre a maneira como aquela cobra evitou minha magia.

Evitou meus feitiços. Inúmeras vezes, na verdade. Até aquele golpe direto no final, nunca consegui realmente acertar a coisa.

Parando para pensar sobre isso, o Executor de antes fez algo bem semelhante. Eu tinha mirado meu primeiro feitiço em seu peito, mas ele só perdeu parte de um braço. Talvez precisasse assumir que monstros de rank B ou superior eram capazes de evitar a magia.

Claro, a cobra era até mesmo de rank A. Na verdade, o monstro também evitou os golpes de lança de Ruijerd… mas provavelmente porque ele estava se segurando. Se o Superd realmente quisesse, eu tinha certeza de que ele poderia matá-la instantaneamente.

O interessante foi que nunca se esquivou da espada de Eris. Talvez tenha parecido que não era necessário, dado o quão menos perigosa ela era.

Em qualquer caso… este mundo realmente estava repleto de ameaças terríveis. Até mesmo alguns humanos poderiam supostamente repelir ataques mágicos, e agora encontrei monstros que poderiam se esquivar de uma bala em pleno ar. Nesse ritmo, eu tinha que assumir que monstros de rank S poderiam ser capazes de evitar um ataque do Canhão de Pedra sem sofrer qualquer arranhão.

Que pensamento mais assustador… Preciso fazer uma anotação mental avisando para manter distância desses lugares perigosos.

De uma forma ou de outra, havíamos conseguido completar nossa tarefa.

No final das contas, seria a última antes de deixarmos a cidade de Rikarisu.

 


 

💖 Agradecimentos 💖

Agradecemos a todos que leram diretamente aqui no site da Tsun e em especial nossos apoiadores:

 

  • Decio
  • Exon
  • Nyan
  • Leonardo
  • Kovacevic
  • Another
  • Rafa
  • Tat
  • Raphael Conchal
  • Lyo
  • Morningstar
  • Bamu
  • Gabriel Felipe
  • Thiago Klinger
  • Diego
  • Enrig
  • Leonardooc
  • Rodemarck
  • Rublica
  • Cael
  • Khan Sey Jah

 

📃 Outras Informações 📃

Apoie a scan para que ela continue lançando conteúdo, comente, divulgue, acesse e leia as obras diretamente em nosso site.

Acessem nosso Discord, receberemos vocês de braços abertos.

Que tal conhecer um pouco mais da staff da Tsun? Clique aqui e tenha acesso às informações da equipe!

 

 

Tags: read novel Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 03 – Cap. 12 – Crianças e Guerreiros, novel Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 03 – Cap. 12 – Crianças e Guerreiros, read Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 03 – Cap. 12 – Crianças e Guerreiros online, Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 03 – Cap. 12 – Crianças e Guerreiros chapter, Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 03 – Cap. 12 – Crianças e Guerreiros high quality, Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 03 – Cap. 12 – Crianças e Guerreiros light novel, ,

Comentários

Vol. 03 – Cap. 12