Você e eu somos iguais, mas diferentes.
Nos encontramos por sermos iguais, e lutamos por sermos diferentes.
Este é o destino.
-****, a Dourada I-
O sangue do elfo em minhas mãos é bom demais. Mmh. O melhor dos últimos anos, pelo menos. A carne nem tanto. Elfos são puro ossos e músculos, e não tem nada de gordura. Ainda assim, é divertido jogá-los dessa Torre de Pedra. Caindo com um splat e tornando-se comida para os lobos.
— Maldita… quanto ultraje!
— Você? É “Madame” ou “Lady Dourada” para você, magricela.
Chicote algum chega até mim. Mesmo assim, eles tentam de novo, por isso agarro com uma mão.
— G… Gaaaah?!
— Um grito patético esse seu.
Meu Golpe de Relâmpago tem o mesmo efeito pela minha mão. Magia élfica, bem, não é algo que posso destruir, mas posso usar dessa forma também.
Sou a Dourada. Minha existência está sempre acima de tudo para ser respeitada, ser adorada. Essa é a lei da natureza; meu direito divino. Até mesmo os elfos que controlam o ar devem se curvar no chão diante da minha presença. Quanto aos elfos manipuladores de água, bem, podem trabalhar em seus truques de festa. Aquele lá não é dos bons.
— M-Maldita sugadora de sangue…
Huh, ele ainda consegue se mover. Para rechaçá-lo, os subordinados foram mandados para dar um jeito nele. Nada mal.
— Não deixarei… que uma mulher me olhe com desprezo!
— Não é algo a se dizer quando precisa erguer os olhos para ver uma mulher, queridinho.
Bato no chão com meus dedos do pé, lançando a magia de terra, Martelo de Terra.
Voe com a ajuda deste martelo feito de terra. Um fim digno para alguém que tem o nariz nas nuvens.
E pensar que uma mera coisa, uma armadilha baseada em Mundo Fluído, um truque desses, seria usado como armadilha para mim, a Dourada? Quanta falta de respeito. Pontes são feitas por simples conveniência para deixar que meus subordinados e lobos entrem em seus campos de alimentação.
Quanto a mim, só vim por achar que parecia um pouco divertido. Esperava me deparar com um pouco de entretenimento.
Bem, foi mais problemático do que eu achei que seria. Sino irritante, sempre usando seus truques para bloquear meu relâmpago. Que diferença existe entre covardia e focar em defesa?
— Guh… Eu… eu sou…
— Patético. Fraco, tolo e feio.
Mmh, isso é bom. Elfos deveriam rastejar no chão. A demonstração patética é o suficiente para fornecer um pouco de conforto.
— Bem, como recompensa pela sua docilidade enquanto perde, vou lhe contar duas verdades sobre o mundo. — Ouça, então morra não apenas em corpo, mas também em alma. — Para os deuses, o mundo não passa de um jogo de tabuleiro. Demônio e Dragão. Eles estão simplesmente testando suas habilidades um contra o outro ao usar peças fortes e fracas. E, como parte disso, você acabará como mera comida para animais.
A primeira verdade. Essa realização remove qualquer sentimento de autovalor. Uma realidade cruel que não dá espaço ao orgulho. E a segunda, aquela fornecida pelos deuses… é a que nega a existência do destino.
Caia no esquecimento com suas esperanças e sangue esgotados.
— Que vida chata e sem sentido. Como os deuses dizem: “para as massas sem rosto, viver não passa de uma luta perdida.
Mmmh, é uma adorável máscara de morte. Uma obra-prima que acontece uma vez a cada década.
Ah, foi divertido. E isso é algo muito importante. Para aqueles como nós, que foram selecionados pelos deuses, é a única coisa que importa: escolher as coisas que parecem divertidas e aproveitá-las. O mundo se baseia nisso.
Olhando em volta, tudo o que vejo é um cenário entediante. A disputa patética por comida. Luta de vampiros e elfos, e humanos são pegos e esmagados em meio a ela. Os humanos foram um pouco mais incômodos do que o normal, mas só um pouco mesmo. A diferença não importa, pois todos estarão mortos antes do amanhecer. Essa terra será consumida. Acho que é isso. No final, não passa disso.
Aplaudi de alegria quando eles usaram magia de fogo. Ao ver meus subordinados se transformando em cinzas, esperava um show que não vi em centenas de anos. Especialmente aquela humana, a que causou um alvoroço sozinha. Uma agressão comparável à de um vampiro. Uma intensidade que chamou a minha atenção. Um olhar ardente. O que será que era aquilo…? Pensei que pudesse ser um espírito vingativo que surgiu dos humanos, mas tudo acabou antes que eu pudesse ver o rosto dela.
Humanos. Um povo que o meu Deus decretou que deveria ser deixado em paz. Presa fácil. Comida vitimizada. Apesar do fato de que serão dizimados amanhã, ainda semeiam as sementes hoje.
Deus mencionou recentemente que eu poderia brincar um pouco com eles. O que será que Ela quer que façamos? Eu queria pode entender Sua estratégia. Meu próprio Deus, que não tem interesse algum em encontrar a maneira mais rápido e fácil de conquistar este continente… O que será que Lhe interessa tanto… hm?
Meus subordinados estão sendo pressionados. Parece que os humanos estão se reerguendo de maneira triunfante. Posso ouvir as vozes. Humanos elogiando seu deus. Palavras de esperança.
Entre a multidão que emite um calor como o de lava derretida… um Apóstolo. Aquela é a Apóstola dos humanos. Uma donzela guerreira com cabelos negros e olhos vermelhos.
Mmmhm. Ah… então é isso.
Era isso o que Você esperava, ó Deusa minha.
Humanos, aqueles vermes patéticos, os quais poderíamos ter eliminado há eras. Aqueles que deixamos existirem no sul do continente em concordância com os elfos. Eu não conseguia entender o motivo… mas agora consigo.
Um sacrifício. Um poder nascido do desespero, criado pela tragédia e refinado pela obsessão… o desejo por uma terceira aliança poderosa.
Ó céus. Então meu Deus é como um humano! Plantando sementes e esperando até que brotem.
E? Quer dizer que estou aqui para a colheita? Terei que fazer o trabalho dos vassalos de colher os frutos? Não faz sentido…, mas ainda é interessante.
Uma escolha errada e posso sofrer a morte pela retribuição divina. Mas, se me sair bem demais, a raça dos vampiros pode ser extinta. Minha nossa, que adorável. Sinto que isso irá acontecer. Que excitante. Tão entrópico e hedonístico.
— Você aí. Sim, você. — Então posso aproveitar. Vou brincar com toda a minha força. Acumulo minha magia ao limite. — Identifique-se. Como líder da humanidade, faça isso com aprumo, elegância, confiança e beleza.
— … Kuroi, a Lebre da Chama, Apóstola do Deus da Guerra.
— Entendo. Sou a Dourada. Esqueci meu nome há eras. Apóstola do Deus Demônio.
Mesmo desta distância, ouvimos a voz uma da outra. Bem, era de se esperar. As vozes dos escolhidos ecoam através deste mundo, pois ele mesmo busca ouvi-las.
— E o que a traz até mim, a Dourada, a maior que já existiu e que para sempre existirá?
— Acho que você sabe.
— Não, não sei. Se você fosse uma Apóstola dos Elfos, eu estaria rindo e aceitaria uma batalha destinada…, mas você é humana. A arrogância.
— Está zombando de mim?
— Não, é você que está zombando de mim. Seu nariz está empinado demais, acima do chão.
Faço um gesto com o queixo, e o meu subordinado ataca.
Bem, vamos ver do que você é feita… minha nossa, que adorável. Não faz nada e deixa que seus soldados de preto e vermelho lutem. Eles parecem ser espíritos ou algum tipo de familiar. Sinto magia de fogo vinda deles. Podemos usar nossas peças e… Oh, que estranho. Seus números não diminuem. Meus subordinados e lobos caem, mas aqueles soldados de preto e vermelho continuam na mesma quantia. Na realidade, estão aumentando. Invocação, talvez? Sinto o cheiro conhecido da divindade também.
— Por que resiste tanto?
Deixe-me perguntar, e assim examinarei seu poder.
Invocação é diferente de outras magias. Há uma diferença fundamental. A natureza de nossas invocações define a raiz da nossa própria existência.
— Por que, mesmo depois de ter nascido humana, resiste ao invés de aceitar ser apenas alimento ou presa? O dever da humanidade é ser pisada, não importa onde nem quando.
— Para viver como eu mesma, sendo eu mesma, com orgulho.
— Mesmo que o destino dos humanos seja apenas tragédia?
— Humanos irão definir o que realmente significa ser humano.
Oh, entendo, então é isso.
Ela acha que esse é algum tipo de contra-ataque. Seu plano é resistir, mesmo com tudo isso contra ela.
Ao invés de ter sido preservada apenas para servir como sustentação, irá formar uma facção contra a noite e desafiar a mim, a Dourada.
— Você precisa de um pouco de disciplina. — Fulgrod… Permitida.
Deixe-me esmagar você com uma arma que é permitida apenas a mim. Esse cajado, criado para comandar a criação, irá lhe ensinar a agir como os humanos devem.
— Primeiro… acovarde-se diante da luz da Dourada!
Aponto o Fulgrod e disparo uma magia de relâmpago, Raio de Relâmpago.
Mmh, um som adorável. É um impacto inevitável, afinal. Tome essa. Você não irá ficar apenas atordoada, pois pode ser que os seus olhos e coração explodam, talvez? Colapsar em uma fumaça… não, apenas os soldados de preto e vermelho caem. Eles se jogam na frente dela.
Para onde…? Oh, lá. Ela está vindo. Mmh, astuta. Planeja subir essa Torre de Pedra com seu cavalo, não é? Ou talvez saltar? Ela a perfurou! Perfurou a torre com a lança que invocou do nada… e destruiu a minha magia?!
Oh, então esse é o tipo de coisa que você é. Algo semelhante ao que eu faço. Parece que você teve êxito em me trazer ao chão, mas isso não a coloca no mesmo nível que eu.
— Pirralha desrespeitosa! Ajoelhe-se nas profundezas do solo!
Magia de terra, Dolina Funda. Caia em um buraco gigantesco. O solo ao redor daqui já está sob meu… O quê?!
Ela já passou com um salto.
Diante dos meus olhos estão cascos e uma lâmina de lança. Não consigo trazer o Fulgrod a tempo. Não consigo me defender. A lâmina queima com a magia de fogo…!
Posso sentir o calor apenas pela aproximação.
— Agora… você conseguiu…
Minha bochecha está quente. A dor queima minha pele. Não apresenta umidade ao tocar, não, apenas a aspereza seca de carne queimada.
— Como se atreve?! COMO SE ATREVE?!
Uma ponta, vejo uma ponta de aço. Essa é… a ponta da lança! Ela a jogou contra mim?
Jogo-a para o lado e quebro-a em duas com o Fulgrod. Agora que ela perdeu sua ar… Não, ela não perdeu!
Está vindo. O cavalo se aproxima. Na mão dela, uma alabarda. Como ela se atreve a me olhar do alto de sua montaria? Como se atreve a pensar que pode me atacar sem ao menos desmontar!?
— Você já foi… longe… demais!
Enfrento-a de frente, disparando um golpe do Fulgrod. Uma investida de cavalaria é inútil contra meu Raio de Relâmpago.
Os destroços que se espalham são… apenas do cavalo preto e vermelho?
— Gyah!
Um impacto percorre minhas costas de cima para baixo. Um golpe quente, mas ainda frio, e fatal.
Cabelos negros flutuam diante dos meus olhos. Maldita. A alabarda em suas mãos está em prontidão, preparada para cortar de cima.
Sua! Não só cortou de cima para baixo como também irá dar um segundo golpe?! Humana! Seus olhos, eles buscam minha cabeça!
— Eeeeeyaaaah!
Movo meu Fulgrod e forço o impacto.
Maximizando a saída do feitiço de melhoramento, a magia de relâmpago, Corpo de Relâmpago, explodo o segundo golpe que mirava… minha garganta… Não, não consigo… ela se compara em força comigo!
— Maldita… seja…!
Com seu olhar ardente virado para mim, essa maldita Apóstola dos humanos!
Tradução: Taiyo
Revisão: Midnight
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