Na manhã seguinte, informei meus generais sobre a revolta de Sua Majestade.
Alguns ficaram confusos com as notícias, mas não eram tantos. A maioria parecia já esperar que isso acontecesse.
— É um desenrolar extremamente lamentável. Ajudei a Sua Majestade muito tempo antes de subir ao trono. Foi ele quem ofereceu sua irmã como minha esposa. Ainda é difícil acreditar que me declarou traidor.
Enquanto eu dizia ser lamentável, não mostrei sinais de lamentação. Não havia necessidade de um conquistador ficar emburrado.
— Eu nem precisava de dizer isso, mas, como regente, minha função é derrotar todos os inimigos em nome da unificação do Reino de Therwil. Isso não é de forma alguma uma rebelião. Sem dúvidas que seus cortesão encheram seus ouvidos de bobagens. Sua Majestade irá, com toda certeza, perceber o seu erro no final, mas não posso simplesmente esperar até que isso aconteça enquanto estou no território inimigo.
Fiz questão de enunciar e projetar minha voz quando fiz a declaração seguinte:
— Portanto, a partir de hoje, o Rei Louco Hasse será destronado, e Lumie I será coroada a nova rainha regente do Reino de Therwil!
Aquelas palavras fizeram meus generais se agitarem, o que também era inevitável.
Mostrei a eles a carta que Lumie deixou aos meus cuidados.
— Não fiz isso por puro capricho. Sua Majestade já testemunhou os desenrolares problemáticos na capital real. E Sua Majestade fez preparações para assumir o trono como novo monarca governante no caso de Hasse I perder seus sentidos.
Esse era um passo que fui capaz de dar porque Lumie tinha vindo até o Castelo Yagmoory.
Se meu oponente fosse me considerar um inimigo do monarca, eu ergueria o meu próprio monarca.
Não havia dúvida alguma de que Lumie fosse um membro da família real. Não existia nada que a impedisse de assumir o trono.
Quando ela foi até mim sozinha, eu lhe contei meu plano e consegui sua aprovação.
— Sua Majestade fez uma declaração real para que eu continue na minha função como regente e derrube Paffus e seus aliados em nome da coroa. Continuo como regente do reino, e não somos rebeldes. Lutem até se sentirem satisfeitos!
— Venceremos pela rainha! — gritou Laviala. — Se perdermos, Sua Majestade a rainha também será executada! Não podemos permitir que tamanha injustiça ocorra! Vamos fazer o que for possível para vencer e voltar ao Castelo Yagmoory!
Gritos de “Ouçam-na! Ouçam-na” foram de encontrar o seu.
Pela expressão de Laviala, ela não planejou este discurso, mas sim um grito de pura indignação perante a injustiça. Pelo fato de estar animando a todos no recinto, seu grito não foi um problema.
— O antigo rei… não, ele nem mesmo é o antigo rei. Paffus está em uma cidadezinha chamada Sopheli. Conquistaremos aquela cidade e traremos estabilidade à Região da Grande Ilha. Talvez não leve tanto tempo. Deem tudo de si!
A moral estava no alto.
Não havia uma pessoa sequer no recinto que acreditasse ter sido taxado como rebelde. No final, quem tinha o comando do exército era o mais forte.
Talvez Lumie estivesse agora enviando declarações de que era a monarca de direito de cada canto do reino. Seria bom se isso cancelasse a ordem de extermínio de Hasse.
Eu já havia mandado em segredo um emissário de paz a Aberthy Hanistra, o Conde de Talmud. O emissário diria a ele para abandonar Paffus e vir para o meu lado.
Eu também disse ao emissário que daria ao Conde de Talmud uma porção de terra, caso optasse por se juntar ao meu lado, e mesmo que o Conde de Samuur não estivesse convencido, eu tinha certeza de que a derrota unilateral de Paffus na última batalha mostrou ao Conde Talmud que ele tinha pouca esperança em resistir muito tempo em sua capital. Talvez temesse que não teria chance se o seu castelo fosse atacado agora.
Isso tudo foi resultado da relutância de Hasse em tomar uma decisão.
A situação podia ter sido diferente se ele fosse capaz de selar sua aliança com Paffus antes de eu vencer a Batalha das Planícies Ocidentais de Hanistra.
O Conde de Talmud não tinha mais forças para repelir meus ataques, o que o deixava com poucas opções.
Mas eu tinha algo que precisava fazer antes de lidar com ele.
Conquistar a cidade de Sopheli.
~*~
Com Lumie I como regente, levei meus soldados para o sul e fui em direção à cidade de Sopheli, onde Paffus, o Fingidor, estava residindo.
Apressei meu exército desta vez. Sabia que seria difícil haver quaisquer outras interrupções no caminho. Paffus não tinha uma base militar própria, enquanto o Conde de Talmud precisava concentrar suas forças na sua própria capital devido à sua recente rota.
O castelo em Sopheli mais parecia uma mansão construída em uma planície do que um castelo propriamente dito, e não dava para chamar de um local defensível. No fim, não passava de uma “capital” temporária para um antigo rei.
O castelo caiu rápido. Não, Paffus ateou fogo nele e fugiu.
A questão era para onde ele fugiu.
Paffus apostou em Salkhoz Samuur e foi para o sul.
Ficou evidente que não confiava no Conde de Talmud.
E assim confirmou-se.
Não demorou muito para que uma carta de Aberthy Hanistra, o Conde de Talmud, chegasse, jurando fidelidade a mim.
— Eu me perguntava por que você não pressionava de uma vez o sul e acabava com a facção do rei, mas esse era o motivo, não é? —disse Laviala, enquanto lia os artigos de rendição que Aberthy Hanistra me enviou. — Essa efetividade significa que não há ninguém na parte norte da Região da Grande Ilha capaz de resistir a você, Lorde Alsrod.
— Exato. Leva mesmo um tempo para trazer aqueles que estavam dispostos a dobrarem os joelhos.
Sempre levaria dias para um lorde julgar a situação, decidir com quem se aliar, então rapidamente mandar um mensageiro. Por isso que parei na capital administrativa de Sopheli. Queria ao menos assegurar a parte norte da Grande Ilha.
— De qualquer forma, não posso ficar tempo demais na Região da Grande Ilha. Os lordes que se aliaram a Hasse estão de olho no Castelo de Maust e de Yagmoory. É por esse motivo que eu queria assegurar a Região da Grande Ilha antes de partir.
Lentamente colori no mapa da Região da Grande Ilha que estava aberto na mesa à minha frente.
Estava pintando as seções sob o meu controle. Ainda havia uma quantia de lordes menores sobrando, mas eles provavelmente viriam jurar fidelidade quando descobrissem que o Conde de Talmud já o fizera.
— Além disso, a próxima batalha, contra Slakhoz Samuur, é uma que não posso me dar ao luxo de perder. Se perdermos, o jogo será virado contra nós. No pior dos casos, ficaremos presos nos confins da Região da Grande Ilha.
O clã Samuur tinha uma história longa, embora não tivessem assegurando sua posição por muito tempo. Na realidade, até cerca de cinquenta anos atrás, o clã estava diante de uma guerra civil entre membros da sua família que irradiavam ódio por um século. Esse conflito começou antes mesmo de o reino ter caído na Rebelião dos Cem Anos.
Apesar dessa divisão interna, foram capazes de sobreviver graças à vantagem do terreno. Havia algumas forças que conseguiram invadir até os alcances mais distantes da Região da Grande Ilha. De fato, os únicos capazes disso eram descendentes do próprio clã Samuur. A coroa decidiu ignorar um conflito interno ocorrendo aos arredores da Região para se focar em assuntos mais importantes.
Como resultado desta história de guerra civil, o clã Samuur desenvolveu uma mentalidade mais independente sobre as culturas regionais dentro do Reino de Therwil, e suas cidades mais pareciam com as de países estrangeiros.
— Parece que, devido à localidade deles, também foram grandemente influenciados por culturas de outros continentes. Têm unidades que portam alabardas diferentes, as quais são chamadas de tridentes, enquanto suas unidades de elite lutam até o último homem, caso o general deles seja abatido.
Laviala deu de ombros.
— As unidades de elite… Você se refere à Irmandade de Sangue, certo? Dizem que eles bebem o sangue de outros para formar um laço que nunca mais será quebrado durante a vida…
Como elfa dos bosques, Laviala tinha um pouco de medo dos rituais que utilizavam sangue humano.
— O lorde atual, Salkhoz Samuur, é um campeão veterano, o qual dizem ser o filho de uma princesa estrangeira. Rumores dizem que é coberto de cicatrizes de batalha dos pés à cabeça. Esse é um tipo de luta diferente das que tivemos até agora, por isso é perigoso tratá-la como nossas batalhas comuns.
— Ele é do tipo de oponente que vai ficando mais assustador conforme vai aprendendo mais sobre ele… As florestas nesta região são muito mais escuras e sinistras do que as que conheço. E a tendência é ficarem mais densas a partir daqui, correto…? Nem sinto que estamos lutando no mesmo país…
Mas foi ali que minha expressão séria se foi.
Não entendia o motivo, mas sentia que a situação toda era engraçada demais.
Comecei a rir, sem conseguir manter minha voz baixa.
— Hm… Lorde Alsrod, está tudo bem?
— Oda Nobunaga, você não passou muito tempo nas linhas de frente nos seus últimos anos, não é? Sim, talvez essa seja a maneira correta de fazer isso. Foi o suficiente mandar seus vassalos lutarem no campo de batalha. Um rei não deveria lutar as próprias batalhas.
— Lorde Alsrod, o que foi?
Sinto muito, Laviala. Não é como se eu estivesse possuído por um espírito maligno ou algo do tipo. É que estou alegre.
— Mas quanto a mim, quero me manter correndo pelo campo de batalha. Se tudo for possível, desejo cortar até o último inimigo com a minha lâmina e reivindicar o país. Assim é bem mais interessante, não acha?
— Se é ou não interessante depende apenas de você. Eu certamente não concordo. É perigoso demais. Quando fui ferido enquanto reforçava Mitsuhide contra as forças de Honganji, meu único pensamento era que calculei mal minhas táticas.
Oda Nobunaga dizia isso, mas ele não estava rejeitando por completo o meu ponto de vista. Eu sabia devido aos nossos vários anos juntos.
— Mas é verdade que eu pensei ser mais divertido lutar em Honnoji. Senti que provei a batalha pela primeira vez em muito tempo. Senti-me da mesma forma quando fiz uma investida em Imagawa, na colina de Dengaku Hazama.
Viu só? Eu te disse. No final das contas, você também era um guerreiro.
— O que me faz lembrar que o meu filho, Nobutada, lutou muito bem no Castelo Nijo. Ele era um espadachim deveras habilidoso. Suponho que seja por isso que não pensou em fugir. Se fosse covarde como Nobumasa, teria sido capaz de focar na fuga, e isso só teria atrasado a Conquista de Oda sobre o Japão em alguns anos.
— Um conquistador não deveria pensar essas coisas sobre seus filhos. Quero dizer, sim, você os ama, mas um conquistador é alguém que vive para aproveitar a vida. Trazer paz ao país ou unificá-lo não passam de desculpas.
— Se continuar falando em voz alta comigo, a garota elfa vai achar que é você é maluco.
— E isso importa? Um conquistador que se importa com o que os outros pensam é o estranho. Não é possível se tornar um desta forma. Além disso, Laviala me seguirá, não importa o que aconteça.
— Hm… Não sei muito bem o que está acontecendo…, mas o seguirei para sempre, Lorde Alsrod… Até mesmo morreremos juntos!
— Muito bem dito.
Agarrei Laviala pelos ombros e dei-lhe um beijo longo em seus lábios.
Após isso, afastei meu rosto e disse a ela:
— Siga ao meu lado. Vou fazer com que você seja testemunha do momento que pacificarmos a Região da Grande Ilha.
— Claro! Ficarei honrada!
Muito aconteceu… Tanta coisa mudou desde a última década…
Mas a voz animada de Laviala não estava diferente da época em que me tratava como seu irmão caçula.
~*~
Não demorou muito para que a maioria dos lordes oferecessem cartas de rendição e reféns depois que o Conde de Talmud se rendeu.
Agora o palco estava preparado.
Eu já tinha recebido o relatório da situação de Kelara, que estava defendendo o Castelo de Yagmoory. Embora o castelo estivesse sob ataque do inimigo, a estrutura era tão bem fortificada que não mostrava sinais de ceder. Estava exatamente da forma que eu queria que fosse.
Uma ordem de batalha perfeita para atacar o Conde de Samuur já havia sido emitida por mim.
Com o lado norte da Região da Grande Ilha sob o meu controle, eu agora tinha caminhos infinitos até o território inimigo.
As informações necessárias para escolher os caminhos corretos a serem seguidos tinham sido reunidas.
O que era mais certo era que estaríamos avançando pela rota mais difícil e melhor defendida comigo como comandante supremo, pois esta era a melhor defesa; quase significa que a “capital” para qual Paffus, o Fingidor, fugira estava logo ali.
Se era para fugir, que tivesse ido até o Castelo de Samuur, a residência do Conde de Samuur, na extremidade sul do domínio do conde. Mas parecia que Paffus era tão orgulhoso quanto Hasse, e sentia que fugir até a fronteira do reino era indigno dele.
Sem dúvida que sua lógica se dava pelo fato de ele ser um rei e não ser correto se esconder no castelo de um mero lorde.
Eu não julgaria esta lógica. Se não fosse por esse tipo de orgulho, suponho que não teria como ele continuar com sua resistência.
Mas não era algo ruim poder ir atrás do próprio Paffus.
Procedi na direção sul com minhas companhias de guarda pessoal dos Ursos Vermelhos, Águas Brancas e Cães Negros ao meu lado.
Também havia os rapidamente formados Tigres Azuis.
Eles eram uma nova unidade que foi reunida apenas com os homens da Região da Grande Ilha.
Novatos sempre estavam em uma posição complicada, por isso prometi a eles o reconhecimento de meus vassalos, caso mostrassem resultados na batalha prestes a acontecer. Naturalmente, as unidades de guarda pessoal tinham uma grande fidelidade. Os Tigres Azuis eram compostos apenas por aqueles que estavam dispostos o suficiente para aceitar o risco.
Eu sabia que as elites do Conde de Samuur, a Irmandade de Sangue, estavam esperando no caminho. Eu precisava do máximo possível de força para passar por eles.
Depois que chegamos ao topo de um pico um tanto baixo, a terra expandiu-se ao sul. Logo além dali era onde ficava a “capital” de Paffus.
O pico era defendido por pouco mais de três mil das forças de Samuur.
Estávamos em pouco menos de cinco mil. Um exército grande demais atrasaria nosso avanço, por isso esse era o máximo que podíamos levar.
Tínhamos um número superior, mas o inimigo tinha a vantagem do terreno elevado.
Não havia espaço algum para estratagemas nem truques. Era uma questão de se poderíamos ou não romper suas defesas com força bruta.
Laviala, cavalgando em seu cavalo perto de mim, deu um tapinha nas minhas costas.
— Pode ficar tranquilo, Lorde Alsrod. Vou protegê-lo, não importa o que aconteça.
— E eu vou proteger você. Preciso ser capaz de defender aquilo que é meu.
Laviala deu um suspiro exasperado.
— Sabe, Lorde Alsrod, você não era tão ambicioso assim, quando éramos jovens. Você não teria dito que eu “sou sua”, nem se fosse brincadeira, naquela época.
— É que eu acabei com uma profissão estranha quando me tornei adulto. Perdoe-me por isso.
Agora conseguíamos ver as bandeiras inimigas balançando no topo do pico.
Eu não precisava dizer muito para comunicar minhas ordens às minhas forças. A maioria deles lutou ao meu lado durante muito tempo, por isso sabiam quais eram seus papéis.
— Orcus, Leon, Dorbeau… não há necessidade de ordens precisas. Já disseram que o inimigo não irá parar, mesmo depois que o comandante sumir. Foquem apenas em matar o inimigo que estiver à frente de vocês.
Leon juntou as mãos e estalou os dedos.
— Vou passar por todos eles e arrancar a cabeça do antigo rei. Pode ser, né?
— Sim. O antigo rei é um rebelde contra o Reino de Therwil. Mate-o em nome de Lumie I.
Leon deu uma risada uivante.
— Muito bem! Pode deixar que vou arrancar a cabeça dele! E o meu nome irá viver pela eternidade nas histórias de guerra!
— Mas lembre-se, também escreverei o seu nome, caso seja morto em ação. — comentei.
Os Ursos Vermelhos começaram a rir.
— Já chegamos tão longe, também podemos viver para ver o triunfo da capital!
— Pois é, vão admirar o rosto precioso da nossa nova rainha! Soldados, avançar! Uma morte por pessoa!
Nossas forças dispararam com um rugido coletivo.
O inimigo — a Irmandade de Sangue — moveu seus tridentes ferozmente. Assim como as histórias diziam, eles eram uma unidade reunida como um grupo de heróis para repelir o inimigo.
— Chegamos longe demais para perder! Esmaguem todos!
Habilidade especial, Presença do Conquistador, ativada.
Tem efeito quando reconhecido como conquistador por muitos de uma só vez. Todas as habilidades são triplicadas.
Adicionalmente, todos que veem sua experiência ficam maravilhados ou assustados.
Habilidade especial, Orientação do Conquistador, ativada.
A confiança e o foco dos aliados serão dobrados. Adicionalmente, as habilidades ofensivas e defensivas deles aumentarão em trinta por cento.
Com tudo isso à minha disposição, perder estava fora de questão.
Consigam a vitória para oferecer à nossa nova rainha.
Claro, também lutarei com tudo.
Movi o símbolo de regente, o Golpe de Justiça, então disparei para invadir o inimigo.
— Podem ficar na minha frente, caso desejem, mas saiam do caminho, se não estiverem preparados para morrer!
Claro que não havia nenhum inimigo que não estivesse preparado para morrer.
Alguns foram capazes de trocar alguns golpes comigo, mas tudo acabou quando suas cabeças voaram do pescoço.
Não tinha alma alguma que pudesse me derrotar enquanto a Presença do Conquistador estivesse ativada.
Enquanto o combate corpo a corpo continuava, ouvi o grito de que tinham tomado a cabeça do general. Quem a segurava com a lança era um dos nossos soldados.
Tínhamos ao menos atingido o nosso objetivo básico.
— Não fraquejem! Matem qualquer um que atacar!
O inimigo não parecia nem perto de bater em retirada. Eles tinham uma presença diferente, diferente da de qualquer um com quem já lutei antes. Estavam dispostos a morrer pelo clã Samuur.
Esta não era uma região do reino, mas sim um país independente. Enquanto todos os lordes agiam como monarcas independentes durante a Rebelião dos Cem Anos, o nível de independência aqui foi muito maior do que qualquer outro lugar.
Laviala rapidamente disparava flecha após flecha.
Ela derrubou os inimigos próximos e abriu um caminho para mim.
— Vamos avançar em frente, Lorde Alsrod!
Sua emoção era visível. Na verdade, a batalha trazia terror, mas havia uma certa alegria nela também.
— Tudo bem! Abriremos caminho em nosso avanço! Eliminaremos aqueles que ficarem contra Therwil!
Pelo andar da carruagem, parecia que seríamos capazes de chegar até Paffus.
Depois de eliminarmos praticamente todos os inimigos, reagrupamos, e eu reuni meus comandantes.
— Casualidades?
— Sete Ursos Vermelhos perdidos.
— Oito Águias Brancas sumiram, quinze estão feridas.
Os capitães Orcus e Leon relataram suas perdas. Pelo fato de termos invadido a formação do inimigo, onde este tinha vantagem, alguns golpes foram sofridos. Os recém-recrutados Tigres Azuis foram os que mais sofreram.
Mas a palavra mais usada foi alguns.
— Aqueles que sacrificaram suas vidas para criar um novo reino serão recompensados.
Derrotamos as famosas forças de elite do inimigo com pequenas casualidades. As coisas estavam indo bem.
Se foi apenas isso que perdemos, não tínhamos motivos para pararmos. Eu continuaria marchando pelo caminho do conquistador.
— É hora de acabarmos com Paffus! Não tenham piedade! Quando terminar, derrubaremos Salkhoz Samuur, o Conde de Samuur! Então voltaremos ao Castelo de Yagmoory, onde Sua Majestade nos aguarda!
O moral entre as tropas estava muito mais alto do que era antigamente. Eles pareciam de fato acreditar que éramos o exército da coroa.
— Eu gostaria de me certificar de que mataremos Paffus. Matá-lo enquanto está sob a proteção de Samuur será um golpe pesado para a autoridade do Conde.
Paffus enfiou-se naquilo que uma vez fora a mansão de um lorde de influência moderada. Mesmo que tivesse sido, não era tão largo, por isso não duraria por mais de meia-hora depois que minhas forças atacassem.
— Deixe isso conosco, por favor. Esta é a nossa especialidade. — Dorbeau dos Cães Negros propôs a mim. — Se você prosseguir com uma força maior na frente, o inimigo covarde com certeza irá fugir. Nos aproximaremos da mansão antes e cortaremos suas rotas de fuga.
— Tudo bem, façam isso rápido.
— Como desejar. Se puder prosseguir lentamente, talvez possa levar reféns das vilas por perto.
Parecia que o plano de Dorbeau funcionou, pois, quando chegamos, Paffus foi obrigado a se enfurnar dentro da mansão.
Havia um grande número de cadáveres inimigos espalhados ali perto. Entre eles estavam alguns vestidos mais como mercadores do que como soldados, o que não deixara dúvidas de que tentaram fugir depois de se disfarçarem.
— Mulheres e mercadores estavam tentando partir, por isso os matamos sem pensar duas vezes. Em certo momento, aqueles mais ao fundo correram de volta para a mansão. Um homem que se encaixava nas características de Paffus e os que pareciam ser seus escudeiros estavam entre eles. — explicou Dorbeau a mim. — Parece que o tal do Paffus pretendia resistir, mas não seria ele que empunharia a lâmina.
Supus que ele não aceitaria que a sua hora tinha chegado, mesmo diante da morte.
— Muito bem, então. Já está na hora de usarmos força bruta. Tenho certeza de que todos eles querem arrancar a cabeça de Paffus. Ou os Cães Negros já deram um jeito nele?
— Não. Tememos a reação das outras unidades. — respondeu ele, rindo. Era verdade que Orcus e Leon teriam ressentimentos contra ele, caso parecesse que tinha roubado uma grande conquista debaixo do nariz deles.
— Tudo bem. Então também irei participar. É uma corrida para ver quem pega ele primeiro!
Não tínhamos mais misericórdia sobrando. Fizemos um cerco na mansão, colocamos escadas com tábuas de madeira presas a elas sobre o fosso e atacamos. Não havia muito o que fazer na resistência ativa.
Quando entramos na mansão, aquilo despertou uma memória.
Era a de quando entrei na mansão do meu irmão.
As circunstâncias eram bastante diferentes. Aos olhos dos outros, eu estava lá para visitar meu irmão doente. No final, um assassino já tinha sido enviado para o castelo.
Não era como se eu fosse obter uma patente maior ao matar Paffus, mas seria um certo desfecho.
Aqueles à frente eram os Ursos Vermelhos. Se continuássemos assim, eles dariam um fim ao assunto.
Mas, por algum motivo, eu estava certo de que seria eu a dar um fim àquela batalha.
Dentro da mansão, dei a volta até os fundos da casa.
Havia uma pessoa que se destacava, sendo protegida pelo seu escudeiro na frente das escadas que levava para o porão.
Só podia ser Paffus.
— É certo assumir que você é Paffus, aquele que uma vez serviu como Rei de Therwil?
Cortei um inimigo que se atirou para cima de mim e fui na direção do grupo.
— Tem alguma rota de fuga cavada no porão? Ou estava se prendendo à esperança de que algo do tipo exista?
— Você é Alsrod Neyvil? — perguntou o escudeiro. O antigo rei era orgulhoso demais para abrir a boca e se dirigir a mim diretamente?
— Sim. Temo que já faça tempo desde que ascendi daquele título, mesmo sendo jovem. Faz muito tempo que houve uma mudança nos monarcas.
De Hasse para Lumie, sim.
— Vira-lata maldito, atreve-se a deixar o rei em um beco sem saída! Não tenho dúvidas de que o seu destino seja queimar no fogo do inferno!
Parecia que o escudeiro tinha um pouco de coragem, pelo menos, pois gritou aquelas palavras enquanto movia sua espada na minha direção.
— Com todo o respeito, mas isso é impossível. Quanto ao motivo… é porque eu possuo o verdadeiro Rei Demônio dentro de mim.
Tanto o escudeiro quanto Paffus pareciam confusos.
— É evidente que ele é conhecido como o Sexto Rei Demônio. Já que ele vem de um país estrangeiro, temo não saber sobre os detalhes…, mas é seguro afirmar que esse Rei Demônio não está do lado que queima no inferno, mas sim daquele que causa o incêndio.
Oda Nobunaga riu dentro da minha mente.
— Boa, isso mesmo! E pensar que uma frase que escrevi de brincadeira em uma declaração se tornaria tão infame!
— Maldito… Você está mesmo possuído por algo, não é…? Ouça bem… darei a oportunidade para que sirva a um bem maior. Assuma a proteção de Sua Majestade. É isso o que consideramos justiça no Reino de Therwil.
Paffus, encolhendo-se atrás do seu escudeiro, fez eu me lembrar dos momentos finais do meu irmão.
— Escudeiro, qual é o seu nome?
— Mould Buleur…
Ah, sim. Havia um homem daquele nome que servia à coroa.
— Mould Buleur, direi isso apenas uma vez. Sirva-me.
— Não posso fazer algo que vá contr-
Cortei o escudeiro com a minha espada.
Paffus e eu trocamos olhares.
— Paffus, você não estava ao lado da justiça, só era obsoleto.
Brandi minha espada na sua direção.
— Não é apenas a sua culpa, mas o governante deve assumir a responsabilidade pelo sofrimento do seu povo.
Paffus virou as costas para mim e balbuciou algo que parecia um grito. Foi a primeira vez que ouvi a sua voz.
Cortei-o na diagonal pelas costas.
O homem, que uma vez fora rei, morreu sem assumir responsabilidade alguma até o fim.
— É aqui que o Reino de Therwil acaba.
Tradução: Taiyo
Revisão: Gabs
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