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A Eminência nas Sombras – Vol. 03 – Cap. 03 – Perseguindo a Rainha de Sangue!

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Cara, os Progenitores não erram quando se trata de tesouros.

Nunca vi montanhas de ouro de verdade antes. Meu coração está todo agitado.

Eu fiquei como uma criança em uma loja de doces. Quero um pouco disso… Tenho que possuir esses… Mas, enquanto vasculhava o tesouro, lembrei de repente de que não podia carregar mais nada.

Obras de arte estão fora de questão por razões óbvias, então vou deixar todas as coisas cultas de lado. Infelizmente, para meu desânimo, a arte parece ser a coisa mais abundante aqui.

E depois vinham as joias e os metais preciosos. As coisas pequenas não tinham problema, mas as maiores eram volumosas e difíceis demais de manejar.

Parecia que eu precisava estreitar meu foco.

Tinha que escolher a fonte de dinheiro mais eficiente e confiável que existia — moedas de ouro.

Elas eram tão pequenas quanto uma moeda de quinhentos ienes, mas cada uma valia cem mil zenis. E melhor ainda, dava para gastá-las assim mesmo, sem precisar convertê-las nem nada.

Quando se trata de eficiência e confiabilidade, são as que mais se destacam neste tesouro.

É meio triste, honestamente, ver todo esse tesouro que não posso ter.

— Bem, faz parte da vida… — murmurei enquanto me despedia da infinidade de outras riquezas e comecei a recolher punhados de moedas de ouro.

Não sou um idiota. Já tinha planejado tudo bem antes.

Aproveitando o conhecimento que aprendi com a Epsilon — a perita suprema quando se tratava de trajes de slime —, embuti as moedas em meu traje.

Epsilon fazia enchimentos em seu corpo com slime, e eu estou fazendo o mesmo com ouro.

Cada centímetro do meu traje, manto e capuz estava estufado até a borda.

Ok, isso não é totalmente verdade. Deixei um pouco de espaço perto das juntas.

Mesmo assim, consegui enfiar mais de mil dessas belezinhas na minha roupa.

Mil moedas de ouro equivalem a cem milhões de zeni. A matemática confere.

Estou planejando viver até a idade avançada de trezentos anos, por isso não chegava nem perto de ser suficiente. Dito isso, seria muito arriscado tentar trazer mais ouro do que isso comigo.

Se eu usasse magia para me fortalecer, carregar cerca de mil moedas não seria um problema nem nada, mas ainda tornaria um pouco difícil me mover. Meus movimentos estavam um pouco rígidos agora, mas seriam muito piores se eu tentasse carregar mais.

Além disso, mil moedas não ficavam visíveis, mas se eu quisesse o dobro disso, começaria a ficar meio óbvio.

— Eu ficaria bem se tudo que tivesse que fazer fosse apenas carregá-las…

Mas eu tinha uma batalha com o chefão, a Rainha de Sangue, esperando por mim depois disso.

Pelo que dizem, ela é uma espécie de Vampiro Progenitor.

Vai ser forte pra caralho, tenho certeza disso.

Afinal, os Vampiros Progenitores devem ser fortes. É assim que essas coisas funcionam.

Para me preparar para a ocasião, já tinha meu plano de batalha todo definido.

Até agora, tenho usado o esquema de sempre aparecer aos quarenta e cinco do segundo tempo, mas dado que o inimigo desta vez é um Vampiro Progenitor fodão, pensei em tentar misturar as coisas e ser o primeiro a chegar até ela.

Assim, podemos fazer a cena em que os protagonistas aparecem no meio da nossa luta e dizem: “O que é essa batalha maluca que está acontecendo aí?! Afaste-se!”

Eu adoro isso!

Para que aconteça, preciso ser aquele que encontra a Rainha de Sangue primeiro. Se eu perder muito tempo aqui, alguém vai me vencer.

Por enquanto, vou só empilhar as moedas na entrada da sala do tesouro.

— Volto para buscar vocês mais tarde.

Dessa forma, poderei pegá-las rapidamente, mesmo se algo inesperado acontecer.

Rezando para conseguir recuperá-las com sucesso, flexionei meus músculos pela primeira vez em um tempo e subi correndo a torre a toda velocidade.

No meio do caminho, vi minha irmã. Ela parecia estar em uma situação difícil, então a salvei ao jogar o Tirano pelos ares.

Agora tenho que me apressar.

 

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— Enfim é chegada a hora…

Um sorriso gracioso fez-se presente no rosto de Crimson.

O sacrifício foi preparado, e a lua estava ficando escarlate.

A hora de reviver Elisabeth, a Rainha de Sangue, finalmente chegou.

Crimson agarrou a tampa do caixão no centro da sala e o abriu.

Seu conteúdo ficou visível.

Dentro havia uma pequena protuberância preta e enrugada.

Crimson envolveu com cuidado aquele amontoado com os dedos e o levantou no ar.

— Já faz muito tempo, minha Rainha de Sangue… Tudo está pronto para você banhar o mundo em sangue…

Olhando mais de perto, ficou claro que o caroço enegrecido era um órgão. Para ser mais específico, um coração enrugado.

Depois de mil anos, foi tudo o que restou da Progenitora.

Enquanto durasse, ela ainda podia ser ressuscitada. É assim que os Progenitores funcionavam.

Crimson fechou o caixão e carregou o coração até o sacrífico de cabelos negros. Ele arrancou o coração do garoto antes e encaixou o da Rainha de Sangue em seu lugar.

Sangue fresco. Carne fresca. Isso era tudo que a Rainha de Sangue, a mais poderosa dos Progenitores, precisava para se erguer novamente e começar seu reinado de terror mais uma vez.

— Heh-heh-heh-heh-heh…

Levará um pouco mais de tempo para a ressuscitação começar.

Crimson sabia que precisava ir embora por algum tempo. A Rainha de Sangue estaria morrendo de fome quando acordasse, e atacará homens e vampiros da mesma forma. Ele não seria capaz de se aproximar até que ela se acalmasse um pouco.

Ele caminhou depressa até a porta, abriu-a e saiu.

De repente, ficou congelado no meio do caminho.

— Q-Quem você pensa que é…?

Não havia sentido ninguém no corredor. Quando abriu a porta, não deveria haver alguém lá.

Do nada, um homem usando um manto preto apareceu diante dele.

Crimson imediatamente estendeu suas garras e se preparou para a batalha.

— Vá embora agora, para que sua vida não seja- Gluh?!

O corpo de Crimson se dividiu em dois.

Ele foi cortado ao meio da cabeça à virilha.

Nem mesmo tinha sido capaz de seguir o golpe da espada negra com os olhos, os quais se arregalaram de choque enquanto se regenerava depressa.

Crimson era um vampiro poderoso e fazia jus a isso. Podia ignorar uma bissecção ou duas com facilidade.

— Quem é você?! Como ousa colocar essa sua lâmina vulgar em m- Bluh?!

No meio de sua frase, sua cabeça saiu voando.

Mesmo estando em alerta máximo, ainda não conseguiu ver os movimentos do homem.

— Eu… já falei… estou começando a ficar com raiv- Hruh?!

Desta vez, seus braços foram lançados no ar.

— Idiota! Sob a Lua Vermelha, os vampiros não são… Chuh?!

Suas pernas receberam o mesmo tratamento, instantaneamente ficando em pedaços. Em seguida, seu torso foi cortado como fatias de queijo.

— O-O quê?! Minha regeneração não pode acompanhar ess- Fluh?!

As partes em regeneração de seu corpo eram cortadas e picadas na mesma hora.

— E-Espera! Só aguarde um momento! O que você quer?! Podemos conversar sobr- Mruh?!

Em seguida, sua cabeça sem pescoço foi cortada em cubos.

— Impossível… Isso não pode ser verdade.

Depois, tudo o que restava era seu coração, que também foi perfurado, e Crimson transformou-se em cinzas.

O homem de manto entrou na câmara e parou em frente ao grande caixão.

— Meu nome é Shadow… Eu me espreito na escuridão e caço as sombras…

Ele esperou um momento.

Esperou.

E esperou…

— Rainha de Sangue… Sei que você está aí…

E ainda esperava.

Permaneceu no mesmo lugar…!!

— Está aí, certo? Não sinto ninguém, mas você só está escondendo sua presença, né? — Shadow abriu o caixão e deu uma espiada.

Não tinha ninguém lá.

— Huh? Espera, sério? Que tipo de clichê é esse?

Ele olhou ao redor e viu o cadáver de um jovem de cabelos escuros com um buraco no peito.

— Você não é a Rainha, é? Nah, é um cara, e está mortinho da silva…

Ele inclinou a cabeça para o lado e olhou para a pilha de cinzas perto da porta.

— Aquele vampiro era a Rainha? Ele tinha cabelo ruivo… Não, não, não tem como ser um cara, certo? Ele parecia meio que um chefe, no entanto… Maaaaaas era fraco demais para isso…

Ele ficou pensando por um momento.

— Este é um daqueles enredos estranhos em que a Rainha desaparece…? Talvez ela nunca tenha existido para começo de conversa, ou já tenha sido morta, ou esteja dando uma volta por aí… Enfim, vou pegar as moedas e ir procurar por ela…

Ele se virou e saiu.

— Aiai… Espero não ter chegado tarde demais… Eu vim o mais rápido que pude. Caaaaara… — murmurou enquanto desaparecia.

A lua carmesim lançou sua luz fantástica sobre a câmara agora vazia.

De repente, o corpo do sacrifício estremeceu.

Thump, thump.

O coração embutido em seu peito começou a bater.

 

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Mary e Claire alcançaram o topo da Torre Carmesim e abriram a porta.

— Cid?!

Ao ver um jovem de cabelo escuro caído e com o peito sangrando, Claire correu até ele.

Ela o abraçou com força. Lágrimas jorraram de seus olhos de rubi.

— Não!! Por favor, Cid, acorde!! Cid?! Cid? Hã?

Claire rapidamente recuperou os sentidos enquanto olhava para o cadáver.

Suas lágrimas secaram.

— Este não é o Cid.

— Mesmo? Não é?

— Cid? Onde você está?

Os olhos de Claire percorreram o local.

Então Mary gritou:

— Claire?!

— Hã?

Tudo aconteceu em um piscar de olhos.

Quando percebeu, o braço do garoto já havia perfurado sua barriga.

Sangue escorria da boca de Claire.

— Gluh… O que… está acontecendo… Cid…

— Claire!!

Claire caiu no chão.

O garoto, ainda sangrando pelo peito, começou a se mover.

Não havia dúvidas de que estava morto até há pouco tempo.

Agora, porém, estava de pé. Fios vermelhos jorravam de seu peito. Os quais se contorciam de maneira horripilante enquanto envolviam seu corpo.

— Ah, não… Não, não pode ser…

Mary conhecia essa aura.

Os fios vermelhos cobriram o corpo do garoto por completo e, de repente, irromperam.

E quando isso aconteceu…

… uma linda garota nua apareceu de dentro do jato de sangue.

Seu cabelo era de um vermelho profundo, assim como seus olhos. Sua pele, por outro lado, era pálida, e suas proporções, quase perfeitas e femininas. Ela se parecia exatamente com a Elisabeth de quem Mary se lembrava.

Elisabeth abraçou Claire, que estava perfurada, então afundou suas presas no pescoço da garota.

A voz de Claire gorgolejava da sua boca:

— Ah… ah…

Ela ainda estava viva.

No entanto, tudo que Mary podia fazer era observar enquanto seu sangue era sugado.

Mary já sabia o que ia acontecer.

Agora que Elisabeth, a Rainha de Sangue, ressuscitou, não havia nada que pudessem fazer.

— Claire… Ah…

Claire foi jogada de lado, sua pele pálida devido à perda de sangue.

Em seguida, Elisabeth virou seu lindo olhar para Mary. Aos seus olhos, Mary não passava de comida.

— Oh… Rainha Elisabeth… — Mary tremia enquanto se encolhia para trás.

Sua mestra ressuscitou.

Elisabeth era a mais forte dos Progenitores e não havia como impedi-la. Mais uma vez, Mary chegou tarde.

Lágrimas brotaram dos seus olhos.

Em um instante, porém, o desespero em seus olhos se transformou em espanto.

Uma figura escura apareceu do nada e entrou em embate com Elisabeth. Uma lâmina negra colidiu com as garras carmesim da vampira.

Era a mulher de traje negro que encontraram na biblioteca — Beta.

— Protejam-na!! — gritou, e três outras figuras apareceram para proteger Claire.

Beta bloqueou as garras de Elisabeth com sua espada, depois saltou para trás a fim de abrir um pouco de espaço entre elas.

— Número 665, qual é a situação dela?

— Ainda está respirando? Mas precisa de tratamento urgente.

— Okay. Infelizmente… duvido que ela planeje nos deixar ir assim.

A garota nua começou a caminhar em direção a Beta.

— Vocês três, me deem apoio.

— Entendido.

— Sra. Caçadora de Vampiros, estou deixando a Sra. Claire em suas mãos por enquanto.

— Oh, Claire…

Mary pegou Claire da Número 665 e a segurou nos braços. Em seguida, gritou para impedir Beta de tentar lutar contra Elisabeth:

— Não, você não é capaz…

Ela precisava avisá-la.

— É impossível. Nem mesmo você pode vencê-la…

Por baixo da máscara, Beta lançou um olhar felino na direção de Mary.

— Mesmo se for esse o caso, esta é a minha missão.

Com sua lâmina negra na mão, Beta enfrentou a Rainha de Sangue.

 

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Como as coisas ficaram tão ruins…?

Beta lamentava seu fracasso enquanto enfrentava a Rainha de Sangue.

Era tudo culpa dela que a vida da irmã de seu mestre estava em tal perigo.

Seu mestre ainda não apareceu. Devia haver uma razão importante pela qual ele teve que priorizar algum outro assunto, o que significa que implicitamente deixou aquela situação para Beta e as outras resolverem.

No entanto, Beta não percebeu até que fosse tarde demais.

Por causa disso, o pior cenário estava se desenrolando diante de seus olhos.

Se o impensável acontecesse e a irmã de seu mestre morresse, Beta não seria capaz de o encará-lo mais.

— É hora de ver o que posso fazer contra a lendária Rainha de Sangue… — murmurou. Seus olhos estavam cheios de determinação.

Só havia uma maneira de consertar seu erro: derrotar a Rainha de Sangue.

Um olhar intenso cruzou o rosto de Beta enquanto ela concentrava magia em sua lâmina negra. Em seguida, bateu os dedos dos pés no chão para sinalizar suas ordens às suas subordinadas.

As outras três se espalharam.

Estavam prontas para agir a qualquer momento.

Beta encarou a Rainha de Sangue e esperou o momento para entrar em posição.

Tudo o que a Rainha de Sangue estava fazendo era caminhar devagar para diminuir a distância. Enquanto a luz da Lua Vermelha brilhava em seu corpo nu, ela encarava Beta de volta. Embora a expressão em seus olhos fosse inescrutável, parecia quase sonolenta.

Então entrou no alcance de Beta.

— Hyah!

O corte de Beta marcava o início da batalha.

A elegância suave de seu ataque lembrava a esgrima de Shadow.

A Rainha de Sangue bloqueou com as garras da mão esquerda. Ao fazê-lo, a direita se moveu para atacar.

No entanto, antes que conseguisse, a Número 666 lançou um ataque por trás dela.

A Rainha de Sangue não teve escolha a não ser usar as garras de sua mão direita para desviar o ataque da Número 666.

Ao mesmo tempo, as Números 664 e 665 já estavam avançando pelos seus lados, e Beta começou seu ataque de acompanhamento também.

A Rainha de Sangue lançou um olhar sonolento para os três golpes que caíram sobre ela — então protegeu seu coração.

Todas as três lâminas cravaram profundamente em sua pele clara.

Sangue fresco preencheu o ar e manchou sua carne. No entanto, ela não fez mais do que um movimento.

— Eu-eu não consigo tirar! — gritou a Número 664.

As três espadas, ainda cravadas no corpo da Rainha de Sangue, se recusavam a ceder.

Ao capturar seus ataques em seus tendões musculares, a Rainha de Sangue também conseguiu selar seus movimentos.

— Rgh!! — Beta colocou mais força no corpo, então forçou sua espada a sair.

No entanto, as Números 664 e 665 não agiram a tempo.

— Mudem a forma das espadas! — gritou Beta, mas já era tarde demais.

As garras da Rainha de Sangue estavam sobre as duas.

Foi nesse momento que a Número 666 agiu.

Em uma bela exibição de esgrima, cortou os tendões da Rainha de Sangue.

Quando o fez, os braços da vampira ficaram moles. Eles se regeneraram logo depois, mas foi tempo suficiente para que as outras duas mudassem a forma de suas espadas de slime para arrancá-las.

Em seguida, Beta acertou um corte no rosto da Rainha de Sangue; a Número 664 arrancou um pedaço do seu lado; a Número 665 abriu os tendões de sua perna e, por fim, a Número 666 a arremessou com um golpe nas costas.

O corpo nu da Progenitora se chocou contra a parede.

— Bom trabalho, 666.

Número 666 respondeu com um rápido aceno de cabeça.

Enterrada nos escombros, a Rainha de Sangue não conseguia se mover. Beta cuidadosamente preparou sua lâmina, certificando-se de manter uma distância segura atrás.

Bastou um olhar para Beta determinar que a Rainha de Sangue era um inimigo formidável.

Sua impressão inicial foi que lutar contra ela seria impossível. Mesmo com três de suas subordinadas, esperava uma luta dura.

Na realidade, tinha sido uma oponente temível.

No entanto, foi mais fácil de lutar do que Beta esperava.

As novatas também estavam superando suas expectativas. Foi exatamente como Lambda havia dito a ela — com a liderança da Número 664, a sabedoria e o intelecto da Número 665 e as proezas de batalha da Número 666, elas formaram uma equipe sólida.

— Talvez possamos vencer… — disse Beta, sem pensar muito.

Mas…

— Vocês não podem… São fortes, eu admito. Mas a Rainha Elisabeth acabou de despertar… Isso não está nem perto de sua força total. — Os olhos de Mary estavam cheios de lágrimas e desespero enquanto ela segurava Claire. — A Rainha Elisabeth… sempre foi de levantar mais tarde!

— Hein?

A magia da Rainha de Sangue estava aumentando sem parar, fazendo com que o próprio ar tremesse.

Quando se levantou dos escombros, estava usando um vestido cor de sangue.

Não, não era bem isso.

Estava vestindo sangue na forma de um vestido.

Seu corpo antes nu agora estava escondido sob o líquido. Ele deslizava hipnoticamente sobre sua pele, quase como se estivesse vivo.

Por trás de sua máscara, Beta fez uma careta, sentindo o poder irradiando da vampira.

— Então esta é a Rainha de Sangue.

Um calafrio lhe percorreu a espinha. Podia sentir em sua própria pele a grande diferença entre as duas.

A Rainha de Sangue era um monstro sem comparação.

A única pessoa que poderia enfrentar tal aberração da natureza era seu mestre.

— Beta… — Número 664 olhou para Beta, em busca de ordens.

Mas Beta balançou a cabeça.

Ela duvida que a Rainha de Sangue as deixaria escapar se tentassem, e teriam que deixar a irmã de seu mestre para trás de qualquer maneira, então o plano era inútil.

Uma voz quebrou a tensão.

— Ora, ora, ora, vejo que você tem um monstro e tanto aqui… Permita-me entrar na briga.

A dona da voz era a raposa de nove caudas que acabara de aparecer. Seu cabelo prateado esvoaçou ao abrir seus leques de ferro.

— Você é… Yukime, o Espírito Raposa…

Beta nunca a viu pessoalmente, mas já sabia bastante sobre os governantes da Cidade Sem Lei.

Ela e Yukime trocaram um olhar, cada uma tentando discernir algo sobre a outra.

Beta tomou sua decisão.

— Agradecemos a ajuda.

— Então vamos lutar como companheiras.

Todas elas ficaram contra a Rainha de Sangue.

No entanto, foram interrompidas por outro intruso.

— Ei, você aí, não vá fazer essa festa começar sem mim.

O gigante bronzeado marcou sua chegada quebrando a vidraça. Levantando sua enorme lâmina com gancho na ponta sobre o ombro, olhou para a Rainha de Sangue e zombou:

— Então você é a chefona por estas bandas? Esta cidade é minha, mocinha. Não vá pensando que pode simplesmente entrar e fazer o que quiser.

— De onde foi que você saiu?

— Não é da sua conta, velhota. Mas a cabeça desta mulher é minha.

— Fique à vontade.

O gigante bronzeado preparou a lâmina.

Beta também sabia quem ele era. Era um dos governantes da Cidade Sem Lei, Juggernaut, o Tirano.

Agora, todos os três governantes da Cidade Sem Lei estavam reunidos em um só lugar. Cada um deles possuía poder suficiente para controlar um terço da cidade, e dois deles estavam enfrentando a Rainha de Sangue ao seu lado.

Beta agradecia à sua estrela da sorte. Eles ainda tinham uma chance.

— Toma essa!! — Juggernaut tomou a iniciativa.

Com movimentos bárbaros, diminuiu a distância e moveu a sua lâmina para baixo.

A Rainha de Sangue não se moveu centímetro sequer.

— Mas que merda?!

Embora fosse a vampira enfrentando a arma de frente, o grito de surpresa veio de Juggernaut.

A arma passou direto por ela, sem parar.

— Forma de Névoa?!

Era a habilidade exclusiva dos vampiros que permitia o usuário transformar o próprio corpo em névoa.

Quando a Rainha de Sangue a usou, porém, não houve aviso nem sequência. E o que era pior, ela conseguia usá-la apenas na parte do corpo em que a arma atingiu.

— Isso aí é ferrado!! — Juggernaut moveu sua arma em um corte horizontal.

Mais uma vez, a Rainha de Sangue recebeu o ataque sem nem mesmo pestanejar. O pescoço dela distorceu por um momento enquanto a lâmina cruzava o corpo dela como se fosse ar.

Então, uma esfera de sangue surgiu na mão direita dela.

Estava repleta de quantidades insanas de magia.

Yukime e Beta gritaram em uníssono:

— Isso é perigoso!

— Abaixem-se!!

A Progenitora disparou a esfera no ar, a qual explodiu.

Quando isso aconteceu, sangue espirrou ao redor deles. Em um piscar de olhos, coalesceu-se em flechas e voou na direção de cada pessoa ali presente. Os projéteis tingiram o ar de escarlate.

— …!! — Beta não hesitou.

Ela imediatamente se moveu para cobrir Claire e bloqueou as flechas com seu corpo.

Seu traje de slime endureceu sobre seus órgãos vitais, e ela cortou o máximo de flechas que pôde enquanto usava o corpo como escudo.

Os projéteis abriram cortes profundos em suas bochechas, braços e coxas.

Então a chuva de flechas parou.

Claire estava ilesa.

Beta, por outro lado…

— V-Você… — As palavras ficaram presas na garganta de Mary quando olhou para ela.

O traje preto de Beta estava em tiras, expondo sua pele branca, e o sangue vermelho escorria das dezenas de furos em seus braços e pernas.

Rgh… Estou bem.

O sangue escorria do corpo de Beta e se acumulava em torno de seus pés enquanto ela preparava sua espada.

No entanto, nem todos foram capazes de se mover como ela.

Número 664 estava coberta de ferimentos e perdia sangue pelo abdômen em um ritmo alarmante.

Número 665 estava na mesma condição, com lacerações por todo o corpo e ferimentos graves nos pés.

Número 666 também estava coberta de cortes, mas nenhum de seus ferimentos parecia sério.

Yukime foi atingida por algumas, mas não parecia tão mal.

Quanto a Juggernaut, que estava mais próximo quando a chuva sangrenta começou…

— Isso dói pra porra…

… estava completamente encharcado de sangue.

As flechas o atingiram por todo o corpo, deixando sua pele bronzeada manchada de vermelho. Mesmo assim, ele permanecia de pé, com a lâmina apoiada no ombro.

A arma em questão estava lascada. Ele devia a ter usado para proteger seus pontos vitais.

— Droga… O que diabos está acontecendo com essa garota…?

Mesmo assim, ele logo se ajoelhou.

— A Lua Vermelha… Enfim me lembrei. E pensar que a Rainha de Sangue era uma Vampira Progenitora…! — O rosto de Yukime ficou branco.

— Que diabos é isso?

— Um conto antigo… A lenda de um vampiro que destruiu vários países em apenas três dias. Sabendo disso, o Sr. Shadow deve ter vindo para impedi-la…!

— Ela destruiu um país em apenas três dias…? — O rosto de Juggernaut se contorceu em uma careta quando olhou para a Rainha de Sangue.

Agora, não havia ninguém presente que duvidasse das lendas.

— Recuem, 664 e 665. — Vendo que elas não estavam em condições de continuar lutando, Beta emitiu suas ordens. — Você também, 666.

— Eu ainda posso lutar.

— Você não tem algo que precisa realizar?

— Hã…?

Beta sorriu por trás de sua máscara enquanto dava um passo à frente.

Dada a situação, não importava como lutassem, mesmo que todos trabalhassem juntos, não podiam vencer.

No entanto, ainda havia uma maneira de saírem vitoriosos.

Afinal de contas, ainda tinham o mestre de Beta.

Tudo o que ela precisava fazer era ganhar tempo até que ele aparecesse.

Não importava o que acontecesse, não importava quem ele tivesse que enfrentar, o mestre de Beta era tudo.

Ela ficou de frente para a Rainha de Sangue e reuniu o máximo de magia possível em sua espada negra.

— O qu…?!

De repente, porém, seu poder começou a entrar em frenesi. Tentou parar sua saída de magia para recobrar o controle, mas a magia agitada recusava-se a parar.

— Rgh!

— Beta?!

Uma dor familiar e desagradável percorreu seu corpo.

Sua pele começou a ficar preta ao redor dos ferimentos onde as flechas de sangue a atingiram.

Esses… esses são os sintomas da Possessão.

Agora que ela sabia a causa, Beta mudou imediatamente a forma que tentava suprimir sua magia. Ela teve muito sucesso em fazer com que acalmasse, mas ainda estava tendo dificuldade em controlá-la.

Enquanto isso, a Rainha de Sangue moveu-se.

Ela criou uma gigantesca esfera de sangue acima de sua cabeça e, em seguida, acumulou magia suficiente para que o ar começasse a tremer.

— Não…

A voz de Beta tremia. Este ataque parecia ser muito mais poderoso do que o anterior, e ela não estava em condições de se mover no momento. Então ouviu gritos vindos de trás.

— Claire?! Claire, se recomponha!

Beta virou a cabeça e viu Claire nos braços de Mary. Seus ferimentos também estavam ficando pretos.

Espere, ela não é…

Tudo estava ficando pior do que já podia.

A esfera flutuante condensou-se, pronta para irromper a qualquer momento.

— Mestre Shadow, me perdoe… — sussurrou Beta, sua voz soando como se ela estivesse à beira das lágrimas… e os olhos de Claire se abriram.

 

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Claire estava sonhando.

O espaço branco em que ela estava flutuando parecia se estender pela infinidade. Ela não via mais nada lá. Apenas a si mesma.

Ouvia somente as batidas de seu próprio coração.

— Está me ouvindo?

De repente, pensou ter ouvido um som e olhou para cima.

— Consegue ouvir minha voz?

Agora tinha certeza disso.

Quando olhou na direção da voz, viu uma mulher com longos cabelos negros. Claire examinou os olhos violetas da mulher.

— Quem é você…?

— Eu estou aqui para te ajudar.

— Me ajudar?

— Sim, você. — Os olhos roxos da mulher observavam o corpo de Claire.

— Hã? Espere… O que está acontecendo?

A pele clara de Claire estava começando a ficar preta.

Era exatamente o mesmo sintoma que teve no passado.

— Isso não pode ser… a Possessão, né?

— Tecnicamente, é um pouco diferente. Ele a curou há muito tempo daquilo que você chama de Possessão. Afinal, ele sabe de tudo.

— Espera. Estou curada? E quem é “ele”?

— Eu acredito que você o conhece muito bem.

— Não, eu não. De quem você está falando?

A única resposta da mulher de olhos violetas foi um sorriso enigmático.

— Em breve, a corrupção irá dominá-la. Foi por isso que vim para lhe emprestar um pouco do meu poder.

— Ei, espere aí! Eu ainda não tenho ideia do que está acontecendo aqui!

— Perdoe-me, mas as explicações não são bem o meu ponto forte.

— Por favor, apenas me diga. O que está acontecendo com meu corpo?!

— Hmm, como dizer isso de forma simples…? Infelizmente, você está se adaptando e perdendo o controle no processo.

— Desculpe, mas não entendi.

— A explicação completa demoraria muito e temo que o tempo não esteja do nosso lado. Vou ver como posso ser breve.

— Agradeço por isso.

— Você sabe o que é “evolução”? Há muito tempo, um colega com quem compartilhei um laboratório me disse que os humanos vieram dos macacos. De acordo com uma teoria, os macacos passaram incontáveis anos se adaptando a seus ambientes, e foi assim que os humanos surgiram. É uma hipótese interessante, embora eu não tenha certeza de quanta certeza exista.

— Hum, está bem… Tem alguma coisa a ver com isso?

— Com certeza. Assim, a questão é, um dos pesquisadores afirmou que as criaturas vivas não se adaptam a seus ambientes. No entanto, este acadêmico não refutou a afirmação de que os humanos vieram dos macacos. Mesmo entre os macacos, existem os mais espertos e os mais estúpidos. Devido ao ambiente natural hostil, mais dos macacos espertos sobreviveram e passaram a procriar entre si e aumentar seu número. Com o tempo, apenas os espertos restaram, e, depois de incontáveis anos, eles se tornaram humanos.

— Então, hum, não é a mesma coisa? E, além disso, de que adianta me dizer isso?

— São coisas diferentes. Em outras palavras, só porque os macacos se adaptaram aos seus ambientes não significa que o fizeram por escolha.

— O… kay?

— Ouça, a questão é… me perdoe, do que estávamos falando mesmo?

— Você estava falando sobre mim, certo…? É o que eu acho, pelo menos.

— Certo, certo, estava falando sobre adaptação.

— Hã?

— O ponto da questão é que as crianças que por acaso se adaptam aos seus ambientes sobrevivem e mudam gradualmente suas formas. O fato de a natureza do sangue estar dividida agora em duas também é produto da adaptação. O tipo original colocava uma carga muito grande no corpo de seu portador, de modo que todos aqueles descendentes morreram. Mas quando o sangue se dividiu em dois, suas propriedades também se dividiram. Agora, porém, os dois tipos de sangue estão tentando se adaptar um ao outro dentro de você. Eles se dividem em dois por um motivo, então não se adaptam um ao outro com facilidade. Mas, infelizmente, você atende às condições e, pior ainda, não tem como controlá-las. É por isso que seu sangue está em frenesi e destruindo seu corpo… ah, estamos sem tempo.

— E-Ei, espera aí, a parte que você chegou parecia muito importante! Espere, ow?!

Uma dor forte de repente atingiu a mão de Claire. Quando olhou para as costas da mão, viu um círculo mágico complexo desenhado nela.

— O selo vai te ensinar como controlá-lo.

— Ei, está curando.

As contusões pretas sumiram.

— Nosso tempo acabou e a situação está complicada aí.

— Sabe, você poderia ter pulado a primeira metade dessa explicação.

— Temo que vou precisar pedir seu corpo emprestado um pouco. Não vou conseguir usar minha força total, mas…

Com isso, o corpo da mulher de olhos violetas começou a ficar nebuloso e indistinto.

— Espera! Qual é o seu nome?!

— Aurora…

— Aurora… Por que me salvou?

— Porque você… dele… — A voz de Aurora ficou fraca.

— O que dele? Quem é “ele”?!

— Shadow…

Antes que pudesse terminar sua frase, Aurora desapareceu completamente.

— Espera… Shadow…?

Ainda congelada no mesmo lugar, Claire sussurrou o nome dele.

 

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Enquanto Mary segurava Claire em seus braços, os olhos dela se abriram.

Eles agora eram de um belo tom de violeta.

Então Claire se levantou de repente, e aqueles olhos roxos fizeram Mary puxar o fôlego.

— Claire, seus olhos…

Essa não era a única coisa que mudou. O ar sobre ela parecia mais maduro, e a qualidade de sua magia estava diferente também.

A maior diferença, porém… era o fato de que todos os seus ferimentos se fecharam.

Havia sangue manchando o corte em seu peito, mas o líquido carmesim se contorceu e se coalesceu no ar como uma esfera.

Era igual à que a Rainha de Sangue fez.

— Agora, vamos ver o quanto o corpo dessa garota pode suportar… — murmurou Claire. Sua voz era calma e controlada, e a maneira como ela estava falando era quase como se fosse outra pessoa.

— Você é mesmo a Claire…?

No momento em que a pergunta saiu da boca de Mary, a esfera de sangue da Rainha de Sangue irrompeu.

O jato se transformou em pontas de flecha tão grossas e inevitáveis que fizeram o desespero surgir em cada coração presente.

Todos estavam congelados, incapazes de fazer qualquer coisa a não ser olhar para a desesperança que se abatia.

Todos menos ela, na verdade.

— Desculpa. Mas eu sou a original… — murmurou Claire suavemente. Sua esfera de sangue também irrompeu.

Quando isso aconteceu, espalhou-se em gotículas minúsculas. O sangue praticamente formou uma névoa.

As flechas de sangue que a atingiram ficaram presas nela.

— Hein?

Mary foi a única a falar, mas estava longe de ser a única que duvidava daquilo que via.

As flechas de sangue perderam a força e caíram de maneira inofensiva no chão.

— Uma vez que liberou ele do seu corpo, roubar o controle do seu sangue foi moleza. Não fui capaz de absorver tudo, mas…

Claire estava sorrindo de forma encantadora e olhando para a vampira, que agora apresentava vários ferimentos.

Depois que a névoa de sangue de Claire roubou o controle das flechas, ela as virou. No entanto, conseguiu fazer isso com apenas algumas delas. Acabou sendo forçada a largar todas as outras no chão.

Ainda assim, a façanha não era algo que um ser humano poderia realizar.

Era como assistir a duas Rainhas de Sangue. Todo mundo estava sem palavras.

— Qual é, projéteis não são a única maneira de acabar com uma bruxa. — Claire lambeu o sangue respingado em seus lábios, o que manchou sua língua de um vermelho brilhante.

Enquanto isso, a Rainha de Sangue moveu-se.

Seus ferimentos de flecha cicatrizaram em um instante e, ao fazê-lo, seu vestido de sangue mudou de forma.

O que antes era um vestido agora eram fios sangrentos.

Em um piscar de olhos, todos se propagaram.

— Sabe, isso é mais a sua cara… — disse Claire, que em seguida disparou seus próprios fios do seu corpo. Eles eram exatamente iguais aos da Rainha de Sangue.

Os fios escarlates se espalharam, cada conjunto parecendo tentar intimidar o outro.

De repente, a batalha começou.

Cada ponta semelhante a uma lança avançava para encontrar o inimigo.

Alguns deles subiam do chão, enquanto outros desciam do teto, mas eram suficientes para encher o local. Ambos os combatentes eram atacados de todas as direções.

Muitos deles se chocaram, deixando com que apenas alguns atingissem os alvos.

Quando viram os fios os derrubando, Claire puxou uma foice escarlate e a Rainha de Sangue estendeu suas garras carmesins.

Então, cada uma delas cortou os fios do inimigo com um único golpe.

Os fios voavam pelo ar, se chocavam, se cortavam e pintavam a câmara com sangue fresco, da cor rubi. A luz da Lua Vermelha descia dos orifícios recém-abertos no teto, projetando as duas belas mulheres em seu brilho radiante.

A luta delas estava se desenrolando rápido demais para que os olhos as acompanhassem. Elas estavam muito acima do nível humano.

Ninguém conseguia desviar o olhar da batalha primorosamente selvagem.

— Elas são incríveis…

— Que batalha…

As duas estão de igual para igual? Era impossível para que qualquer um dos observadores soubesse.

Tudo o que sabiam era que nenhuma delas desferiu um golpe decisivo ainda.

Enquanto a dança fervorosa dos fios se arrastava, Claire suspirou.

— Parece que estamos em um impasse. No entanto… — ela mostrou um sorriso travesso — … você respirou um pouco da minha névoa de sangue, não é?

Quando as palavras saíram de sua boca, a Rainha de Sangue caiu sobre um joelho.

Vômito sangrento jorrou da sua boca. Lágrimas vermelhas escorriam dos seus olhos. Sangue jorrava de todos os orifícios de seu corpo.

Groah…

Pela primeira vez, a Progenitora soltou um gemido de dor.

— Você precisa mesmo se certificar de controlar a névoa que respira, sabia?

Os fios de Claire avançavam em direção à Rainha de Sangue ajoelhada.

Ela tentou levantar os fios para se defender, mas foram esmagados pelo ataque de Claire.

A parede de fios escondeu o vampiro de vista, e o sangue preencheu o ar.

Tudo o que restava dela era uma poça vermelha.

— Está muito longe da minha força total, mas talvez isso dê conta do recado.

O comportamento maduro. O sorriso enigmático. A destreza de batalha desumana. Os olhos violetas.

A Claire parada ali com os braços cruzados não era a garota que Mary conhecia.

— Claire, o que diabos aconteceu com você…?

Ela lançou um olhar fugaz na direção de Mary e mostrou-lhe um sorriso incomodado. Quase se parecia com o de Claire.

No momento seguinte, porém, seus olhos violetas ficaram cheios de cautela.

Uma densa névoa de sangue envolveu seus arredores, coalescendo na forma de uma pessoa.

— Você só pode estar brincando…

— Não pode ser. Ela ainda está viva…?

Vozes alarmadas ecoaram, mas Mary entendia. A Elisabeth que ela conhecia não cairia tão facilmente.

Como Claire estava agora, no entanto, as duas ficariam de igual para igual.

Enquanto estivesse ali, a tragédia de mil anos atrás não iria se repetir.

Mas quando a Rainha de Sangue ilesa emergiu da névoa, o corpo de Claire tombou para frente.

Ela se ajoelhou.

— Suponho que este corpo atingiu seu limite…

A expressão em seu rosto era de dor, e uma linha de sangue escorreu de sua boca. O corpo de Claire era incapaz de suportar o poder desumano que estava emitindo.

Claire estava ajoelhada, e a Rainha de Sangue estava acima dela. Foi uma virada completa da cena de apenas alguns momentos atrás.

— Cara, não podemos fazer uma pausa rápida aqui…

— Isto é ruim…

— Ah, não…

Os olhos de Mary lacrimejaram.

Se Claire caísse, não sobraria ninguém que pudesse parar Elisabeth.

A tragédia se repetirá e, quando tudo acabar, sua rainha entrará em desespero mais uma vez…

Mary não queria passar por isso de novo.

Ela correu para o lado de Claire.

— Claire!

— Você é…

— Claire, você está bem?! Eu vou… eu vou conseguir um pouco de tempo.

Mary sacou sua espada e enfrentou a Rainha de Sangue.

— Tudo bem. Já fiz o suficiente. — Claire estendeu um fio e parou Mary no meio do caminho. — Então meu trabalho aqui está terminado. Tudo que eu precisava fazer era ganhar tempo até que ele aparecesse…

Um sorriso radiante se espalhou pelo seu rosto.

— “Ele”…?

— Isso mesmo. Ele está aqui…

Uma sombra negra desceu sobre eles.

— Meu nome é Shadow… Eu me espreito na escuridão e caço as sombras…

Ao vê-lo, Claire desmaiou com um olhar aliviado no rosto.

 

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O manto da figura negra esvoaçava atrás dele enquanto ele puxava sua lâmina.

— Ei, é aquele merdin-!

— Minha nossa! Você é-!

— Mestre Shadow!

Beta tremia de alegria.

Sua fé em seu mestre era absoluta.

Desde que ela e as outras eram jovens e fracas, ele lutava sem parar contra a escuridão para defendê-las. Ela cresceu o observando.

Mesmo contra a Rainha de Sangue, tinha certeza de que ele ficaria bem.

Talvez seja por causa de quão segura ele a fazia se sentir, ou talvez seja por causa de quanto tempo se passou desde que o viu pela última vez, mas sentia quase como se o corpo dele estivesse um pouco maior do que o normal.

Mas nem todos se sentiam da mesma forma.

— Por que diabos foi aparecer agora?

— Sr. Shadow, tenha cuidado. A Rainha de Sangue, ela não é normal.

O olhar que Juggernaut lançou para Shadow era desagradável, e o de Yukime, cheio de preocupação.

Que rude! Beta encarou os dois.

Enquanto tudo isso estava acontecendo, o ar entre Shadow e a Rainha de Sangue estava ficando tenso.

Shadow preparou sua lâmina negra, e a Rainha de Sangue lançou seus fios vermelhos.

Foi então que Beta percebeu.

A aura que a Rainha de Sangue estava emanando ficou ainda mais forte.

— Essa mulher é um monstro…

— Minha nossa! Aquela não era sua força total…?

Juggernaut e Yukime pareciam ter notado também. O poder da Rainha de Sangue aumentou desde sua luta contra Claire.

Seus olhos brilhavam como rubis escarlates enquanto seu vestido de sangue se contorcia ainda mais animadamente do que antes.

A tensão entre ela e Shadow atingiu seu ápice — e, no fim, os fios de sangue e a lâmina negra colidiram.

Diversos fios caíram sobre Shadow, mas sua lâmina negra formou um belíssimo arco no ar enquanto cortava todos.

Trilhas de vermelho e preto colidiam continuamente enquanto a velocidade aterrorizante dos combatentes deixava todos os espectadores de queixo caído.

Para eles, porém, os ataques não passavam de fintas.

De repente, o corpo da Rainha de Sangue vibrou, e um segundo depois ela estava atrás dele.

Suas garras vermelhas estavam apontadas diretamente para suas costas.

O corpo de Shadow oscilou abruptamente.

As garras não encontram nada além de um espaço vazio enquanto a espada negra perfurava a Rainha de Sangue por trás.

Sploosh.

A Rainha de Sangue explodiu com um som de água sendo despejada de um balde, e flechas de sangue encheram o ar ao redor deles.

Enquanto Shadow as derrubava, a Rainha de Sangue abriu um pouco de espaço entre eles.

Enfrentaram-se novamente, como se a luta tivesse começado de novo.

— Ele está… indo de igual para igual contra aquele monstro?

— Nossa! Que velocidade incrível…

A batalha era rápida demais para qualquer um deles ver com clareza, mas todos ficaram boquiabertos mesmo assim. O coração de Beta estava cheio de alegria.

Este era o seu mestre em toda a sua glória.

Ao mesmo tempo, porém, sentia-se inquieta de uma forma que não conseguia colocar em palavras. Havia algo nele que parecia um pouco estranho…

Antes que pudesse tentar descobrir o que era, a Rainha de Sangue moveu-se.

Ela separou dois fios e usou o sangue deles para criar duas cópias de si mesma.

— Cuidado! Isso era o que fazia a Rainha Elisabeth ser a Progenitora mais forte: sua habilidade de fazer cópias de sangue de si mesma e controlá-las à vontade!

Imediatamente após Mary terminar de gritar, três rainhas dispararam fios na direção de Shadow.

A lâmina negra cortou as fintas.

A batalha estava rolando da mesma forma que antes.

Ao contrário da última vez, porém, existiam três Rainhas de Sangue que usavam a cobertura dos fios para lançar um ataque surpresa desta vez.

Uma delas atacou por trás, outra por cima e a última pelo lado.

Shadow esquivou-se habilmente das três.

Seus movimentos defensivos eram tão fluídos e elegantes que era quase como se soubesse de onde as Rainhas de Sangue viriam. A dança deles parecia destinada a durar para sempre.

Conforme a luta continuava, porém, Beta percebeu que sua sensação inicial de mal-estar estava crescendo cada vez mais.

O que é isso?

Pelo que se lembra, o seu mestre já passou tanto tempo assim cruzando lâminas com um oponente?

Não.

“Algo estava diferente.”

Havia algo estranho com o seu mestre.

De repente, a apreensão surgiu em seu coração.

Ela dirigiu toda a sua atenção à batalha, tentando descobrir o que a estava deixando tão preocupada.

Os fios vermelhos atacaram Shadow, então as três Rainhas de Sangue o emboscaram em seus pontos cegos.

Enquanto ela observava a repetição do processo, Beta enfim percebeu.

Apesar de toda a sua defesa habilidosa, nenhum dos movimentos de Shadow estava levando a contra-ataques.

Não importa o quão bem alguém se proteja, nunca vai derrubar seu oponente se não revidar.

Então, por que Shadow não estava contra-atacando?

O ataque interminável de fios vindo de todas as direções estava limitando seu movimento, e os ataques surpresa da Rainha de Sangue estavam constantemente o deixando em desvantagem.

Como isso podia estar acontecendo?

Havia uma razão — as pernas de Shadow não estavam se movendo.

Beta conhecia seu mestre, e sabia que ele normalmente se esquivava dos ataques de seu oponente com uma quantidade indetectável de movimentos para que pudesse mudar de imediato para seu contra-ataque.

No entanto, agora ele estava repelindo os fios com sua espada. Por estar usando sua espada para bloquear o ataque, seus contra-ataques eram impedidos. Durante esse tempo, as Rainhas de Sangue invariavelmente o atacavam com suas garras, então ele perdia por completo a chance de contra-atacar.

Por quê…

Por que não está se esquivando, meu lorde…?

Seus pés estavam lentos. Seus movimentos eram rígidos.

Aquele estilo de combate que ele estava usando, no qual permanecia no lugar e repelia os fios manualmente — era quase como se estivesse protegendo algo precioso.

— Gh!?

Foi então que o quebra-cabeça foi montado.

Beta estava atrás de Shadow.

Atrás dela estavam as feridas Número 664 e Número 665, a Número 666 tentando protegê-las e a irmã inconsciente de seu mestre…

— A-Ah… — A voz de Beta tremia.

Todo esse tempo… ele estava dando cobertura a elas.

Ele passou a luta inteira protegendo a todos.

Era por isso que não estava se esquivando.

Lágrimas brotaram dos olhos dela.

— Mestre Shadow…

Então, o equilíbrio enfim se desfez.

Os fios vermelhos colidiram em Shadow, e as Rainhas de Sangue pressionaram o ataque.

Ele foi arremessado contra a parede.

— Me-Mestre Shadowwwwwwwwwwww!! — O grito do coração partido de Beta ecoou na câmara.

Ignorando os gritos de agonia de seu corpo, ela praticamente se arrastou em direção à parede desabada.

— Não, não… Mestre Shadow… Mestre Shadow… Mestre Shadow!!

Isso nunca teria acontecido se elas não estivessem ali, atrapalhando.

Beta desprezou sua própria fraqueza.

Odiava a si mesma por sequer conseguir ficar de pé.

Lágrimas escorriam incessantemente de seus olhos enquanto rastejava pelo chão e deixava um rastro de sangue no caminho.

— Mestre Shadow! Mestre Shadow!! — Beta esticou a mão em direção à parede destruída.

Antes que pudesse alcançá-la, uma magia roxo-azulada irrompeu dos escombros.

— O qu…?!

— O que é…?

Seu poder era tão avassalador que o ar estava tremendo, e os escombros flutuavam acima do solo. A magia roxo-azulada cobriu a luz vermelha da lua.

Então Shadow emergiu do outro lado da parede, revestido com um manto colossal de energia.

— Mestre Shadow!!

O seu lorde estava lá como sempre.

O mal-estar que Beta sentia se foi.

Ela via seu mestre cercado por sua bela magia roxo-azulada.

Embora parecesse um pouco menor por seja lá qual for o motivo, ele estava cheio de poder.

Ele concentrou a magia em sua espada e voltou a ficar de frente contra a Rainha de Sangue.

— Acho que posso mostrar do que sou capaz…

O coração de Beta saltitou ao ouvir sua voz. Era tão profunda que parecia vir das profundezas de um abismo.

Não havia mais nada com que se preocupar.

Ela quase sentia pena da Rainha de Sangue, agora que seu mestre não estava mais se controlando.

— Oh, Mestre Shadow, ainda bem- Huh?

De repente, com o canto do olho, Beta viu algo brilhando atrás da parede.

Por algum motivo, havia uma enorme pilha de moedas de ouro espalhadas por lá. Beta inclinou a cabeça para o lado.

Por que haveria…? Ah, que seja.

Dado o fato de que seu mestre estava bem, todo o resto parecia trivial em comparação.

— Mestre Shadow! Você consegueeeeeee!!

E com o apoio animado de Beta, a batalha começou novamente.

A magia roxo-azulada se espalhou ao redor de Shadow.

— Merda! Ele é um oponente digno para a Rainha de Sangue… Não, ele é mais forte…

— Verdade. Nenhum humano pode exercer magia assim…

Os calcanhares de Shadow batiam no chão enquanto ele caminhava despreocupadamente em direção à Rainha de Sangue. No entanto, a Rainha de Sangue não tinha intenção de permitir que sua arrogância continuasse.

Um grande número de fios de sangue cercou Shadow e o atacou.

Ele afastou todos com sua espada.

Então deu um passo casual à frente.

— O qu…?!

— O que ele está…?

Todos os presentes podiam ver o quão aterrorizantes foram seus passos.

Ele nem estava mais usando sua espada.

Os inúmeros fios passaram direto por ele, quase como se estivessem tentando evitar o contato.

Outro passo.

Click.

Foi tão despreocupado quanto o anterior.

A maneira com que os fios da Rainha de Sangue continuavam errando era como ver um truque de mágica.

Shadow via com clareza a trajetória deles.

Esquivava-se com os menores movimentos possíveis e, em seguida, diminuiu a distância com um passo de cada vez. Era como se estivesse dizendo que não eram dignos de sua atenção.

Mesmo quando uma Rainha de Sangue apareceu atrás dele, desviou dela logo antes do seu ataque, então continuou andando.

Ele não contra-atacava.

Sabia que não era necessário.

Apenas as ignorou e continuou andando.

Olhava apenas para a verdadeira Rainha de Sangue.

— Ele está se esquivando dos ataques dela apenas andando-?!

— Esses movimentos minuciosos…! Como isso é possível? — Yukime engasgou.

Ele atingiu a suprema perfeição.

Movimentos perfeitos. O tipo que as pessoas imaginam, o tipo com que apenas sonham. Ele atingiu o auge da habilidade marcial.

— Então este é o verdadeiro Shadow…

— Talvez ele seja o verdadeiro monstro…!

Click, click, click. O som de suas botas ecoava por toda a câmara.

Então, parou.

Quando ele o fez, os fios de sangue também pararam.

Ele estava tão perto que poderia estender a mão e tocá-la.

Por um breve momento, a bela Rainha de Sangue e o Shadow sombrio apenas se encararam.

A Rainha de Sangue estava com a lua carmesim a suas costas. Shadow estava vestido com sua magia roxo-azulada.

Tudo estava quieto, quase como se toda a violência tempestuosa nunca tivesse acontecido.

No entanto, apesar do silêncio absoluto, parecia que os dois estavam conversando.

— Você busca a morte…? — A voz de Shadow era baixa e profunda, como se viesse das profundezas do abismo. — Pois bem…

Uma tremenda quantidade de magia se acumulou em sua lâmina negra.

A energia roxo-azulada convergiu em uma espiral.

A Rainha de Sangue estendeu suas garras vermelhas.

Por quê…? Por que essas unhas nojentas pareciam cheias de tristeza agora…?

— Espera!!

Foi por isso que Mary deu um salto à frente.

— Espere, por favor!!

Ela correu na direção deles.

Eles podiam recomeçar. Ela tinha certeza disso.

Era por isso que precisava…!

— Rainha Elisabeth!!

Ela estendeu a mão freneticamente.

Mas… os fios de sangue a afastaram.

— EU SOU…

A voz inexpressiva de Shadow soou.

— Rainha Elisabeth!!! — gritou Mary.

Por um segundo, Elisabeth olhou para ela.

Seus olhos vermelhos a observaram de volta, com gentileza.

— … ATÔMICO. RECUPERAÇÃO.

As garras vermelhas e a espada negra colidiram, e o mundo foi engolido pela luz roxo-azulada.

 

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— Uhh…

Ela devia ter desmaiado.

Quando Beta abriu os olhos, foi saudada pela luz da Lua Vermelha brilhando em uma noite tranquila.

Todo mundo estava inconsciente. Ela devia ter sido a primeira a acordar.

Seu mestre não estava em lugar algum.

Ele provavelmente já estava a caminho de sua próxima batalha. Quão ocupado é… e tamanha é sua gentileza.

— Obrigada, Mestre Shadow…

Jurou nunca esquecer a imagem dele colocando sua vida em risco para proteger ela e os outros.

Quando de repente percebeu que todos os seus ferimentos estavam curados, um sorriso silencioso se fez presente em seu rosto.

Procurou e viu que os ferimentos da Número 664 também estavam curadas, assim como os da Número 665 e da Número 666.

Naturalmente, não havia nenhum arranhão sequer em Mary ou na irmã de seu mestre.

— Nada passa pelo Mestre Shadow. Parece que a teoria da Eta estava certa…

Beta recuperou uma gota de sangue da Rainha de Sangue e a selou em um frasco.

Então focou sua mente em seu próprio sangue preso ao traje corpóreo… e o fez pairar no ar.

— Poderes vampíricos, hein…? Com treinamento adequado, eles podem ser úteis. Aiai… Aposto que a Eta vai me usar como rato de laboratório… Hyah!

Beta lançou seu sangue ao ar, então foi acordar suas subordinadas.

— Ai.

— Hein?!

— Onde estou?

— Vocês três estão planejando dormir o dia todo? Estamos voltando!

As Números se esforçavam freneticamente para se levantar.

— Rgh… — gemeu Juggernaut. — O que houve?

— O que realmente aconteceu?

Parecia que os dois governantes da Cidade Sem Lei também estavam de pé.

Eles olharam em volta com espanto.

— Espere, Shadow fez tudo isso…?

— O homem protegeu a todos sozinho…

A Torre Carmesim foi aniquilada. Todos eles olharam para o céu, como se tentassem gravar sua existência em seus próprios olhos…

Beta se virou.

— Vamos, estamos indo.

— Mmmmm…

— Ahh…!

Parecia que Claire e Mary acabaram de acordar atrás dela.

Beta olhou para trás e viu Mary ajudando alguém em meio aos escombros.

Era uma menina adorável com cabelo vermelho-escuro.

— Espero que desta vez consiga encontrar… O seu Refúgio, quero dizer…

E com um sorriso gentil, Beta desapareceu na escuridão da noite.

 

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Enquanto o sol da manhã incidia sobre mim, olhei para a elegante carruagem laqueada de preto e bocejei.

As janelas da carruagem estavam bloqueadas por uma cortina grossa, por isso eu não conseguia ver o interior, mas imagino que minha irmã esteja trocando despedidas chorosas com sua amiga vampira.

O ar do outono estava fresco e agradável.

Todo tipo de coisa aconteceu, mas o evento da verdadeira Vampira Progenitora chegou ao fim.

As coisas ficaram um pouco complicadas quando tive alguns imprevistos no meio do caminho, mas no final consegui uma grande finalização. E, ei, tudo fica bem quando acaba bem, né, não?

A única coisa que não consegui resgatar, porém, foram todas as moedas de ouro. Por um tempo, fiquei montado em uma pilha de três mil moedas, mas por causa de, digamos assim, uma infinidade de circunstâncias, terminei o dia com apenas quinhentas.

Quinhentas moedas resultam em quinhentos milhões de zenis. Isso está longe de ser suficiente para eu me aposentar.

Mas, depois de pensar um pouco, cheguei à conclusão de que talvez seja bom.

Afinal, a Cidade Sem Lei ainda está de pé e ainda tem duas torres restantes.

Se algum dia ficar sem fundos, posso simplesmente passar por aqui de novo. De certa forma, a Cidade Sem Lei é o meu cofrinho pessoal.

Um pouco depois, a porta da carruagem se abriu, e Claire saiu.

Falando na minha irmã, houve um grande desenvolvimento nessa fase.

Aconteceu ontem à noite, em nossa pousada.

Eu meio que vaguei sozinho para a Cidade Sem Lei, então parei no quarto dela para fazer um pedido de desculpas qualquer.

Quando abri a porta dela, vi algo.

Havia uma espécie de círculo mágico foda em sua mão, e ela estava envolvendo-o em uma bandagem para escondê-lo.

E para piorar as coisas, ela murmurava:

— Minha mão direita está tremendo… Um poder especial desperta em mim…

Optei por não dizer nada e fechei a porta em silêncio.

Ela tem o combo triplo: um círculo mágico, uma bandagem e um poder especial rolando ao mesmo tempo.

Acho que finalmente está chegando naquela idade…

Quando saiu da carruagem, caminhou em minha direção com um sorriso sugestivo no rosto.

Eu a chamei em um tom tão normal quanto conseguia.

— Está tudo pronto?

— Sim, vamos.

Partimos nós dois.

De repente, porém…

— Cid…

… ela me abraçou por trás.

— O que foi?

— Nada, não… Na verdade, tem algo… A verdade é que…

Lá vamos nós…!

— Eu tenho um poder especial adormecido dentro de mim…

Ela está fazendo sua grande cena de debutante.

Não seria bom eu refutá-la aqui. Se você refuta crianças de maneira descuidada, elas podem se rebelar contra você.

— Imaginei. Sempre soube que você era especial, Mana.

— Eu sabia que você acreditaria em mim, Cid… — Ela apertou um pouco mais forte. — Eu tenho que desvendar o segredo por trás deste poder. E também os segredos sobre ele

— Não se preocupe, tenho certeza de que se sairá bem. Eu vou te apoiar, não importa o caminho que escolher, Claire.

— Cid… você já ouviu falar do Shadow?

— Oh, sim, ele estava muito maneiro no Festival Bushin. Por quê, ele fez alguma coisa?

— Não, não é nada. — Claire me abraçou com força.

Provavelmente, dificuldades não vão faltar para a minha irmã depois disso. Ela vai lutar, vai sofrer e vai ter que enfrentar algumas verdades duras e frias. Mas se sua mão direita está “latejando”, não há como evitar. Afinal, tudo faz parte do crescimento.

Não importa o caminho que ela decida tomar no final, eu a respeitarei por isso. Afinal, o caminho que ela está trilhando é o caminho que eu também percorri…

De repente, senti um olhar nas minhas costas. Virei-me para procurar.

Havia uma garota parada na entrada da carruagem laqueada de preto carregando uma grande sombrinha preta.

Não conseguia ver o rosto dela, pois estava escondido atrás da sombrinha, mas pude ver seu lindo cabelo ruivo esvoaçando com a brisa de outono.

Sob a sombrinha, ela se curvou profundamente.

 


 

Tradução: Taiyō

 

Revisão: Kenichi

 


 

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