Depois de conversar com Altia e suas filhas, Brando Naaham se enforcou em sua cela.
Os outros parentes e criados que participaram da rebelião de forma ativa foram executados, enquanto aqueles que se opuseram e viraram informantes ao ver os anúncios foram perdoados.
Conforme prometido, o núcleo dos territórios de Brando Naaham – os condados de Tacti e Naaham na Prefeitura Olbia – foi dado a Kivik, mas seria difícil para o velho comandante governá-los pessoalmente. Kivik colocaria um de seus apoiadores como governador, que governaria enquanto ele lidava com os antigos vassalos do clã Naaham.
Ainda assim, provavelmente demoraria um pouco para pensarmos na governança civil.
Foi esse o fim de um dos líderes rebeldes. O único que restou foi Ayles Caltis de Mineria.
Claro, no momento em que retornei ao Castelo Maust o perigo já havia passado. Rapidamente cuidando de Brando, fiz com que a probabilidade de algum lorde decidir se rebelar se tornasse quase nula.
Assim que tomei Yuca como concubina, meus novos parentes no clã Nistonia terminaram de reprimir as várias rebeliões menores. Enquanto isso, na capital real, o Rei Hasse havia movido seu próprio exército e eliminado as rebeliões pela raiz.
Eu não considerava Hasse como militarmente valoroso, então foi um bônus inesperado. Quando pensei nisso, parecia que, se eu perdesse o poder, havia uma boa chance de a autoridade de Hasse também entrar em colapso. Atualmente, estávamos juntos nisso.
Ainda assim, se o rei se acostumasse a comandar tropas e fortalecesse suas habilidades de liderança, poderia muito bem se tornar uma ameaça para mim, mas, no momento, a prioridade era acabar com as rebeliões.
E enquanto me preparava para enfrentar o isolado Ayles, chamei uma de minhas esposas da capital real.
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— Com certeza não há mais nada para discutir comigo neste momento.
A primeira coisa que Seraphina fez quando me viu foi soltar um longo e teatral suspiro.
— No futuro, quando eu estiver punindo alguém de Mineria, a pessoa mais eficaz para fazer uma petição em nome deles será você, a consorte do regente. Gostaria de evitar de você ficar ressentida por eu emitir algumas punições excessivas enquanto não está por perto.
Depois de sentar em uma cadeira, Seraphina se virou para o lado e apoiou o rosto com a palma da mão direita.
— Já discutimos isso. Vou lutar por você, querido esposo. Falei que, como a esposa de um grande herói, queria ver o mundo mudar. Meus sentimentos continuam os mesmos, e se minha família não consegue entender isso, então não me importo com a extinção dela. Você sabe que não gosto dessas bobagens sentimentais.
Ela estava infeliz por eu trazer à tona algo que já havíamos discutido e, ainda por cima, por ter a colocado em uma posição na qual teria que ver a ruína de sua família. Isso era o seu jeito, suponho.
— Então deixe-me ser franco. Se isso vai te deixar com raiva, Seraphina, ou se você vai me agradecer, não tenho como afirmar.
— Ah, então você tinha mesmo alguma coisa para me apresentar. Tudo bem, estou ouvindo.
Seraphina de repente ficou interessada e se virou para olhar para mim. A expressão de desagrado dela com certeza também tinha sido encenação.
— Pode enviar algumas cartas secretas para aqueles que podem causar grandes problemas para o clã Caltis? — Simplesmente expus o meu objetivo. — Se puder, isso pode ser mais eficaz do que se estivesse em meu nome. Afinal, todos da sua família conhecem a sua determinação.
Ou seja, eu pegaria as habilidades de Seraphina emprestadas para conseguir alguns agentes.
Cultivar traidores e enfraquecer o inimigo de dentro para fora é algo adequado para a guerra.
Além disso, meu lado tinha uma vantagem enorme, o que tornava essa tática ainda mais eficaz.
Mas, mesmo que enviássemos cartas convidando alguns a desertar em meu nome ou no de meus vassalos, não sabia o quanto os destinatários confiariam em nós. Depois seria fácil executar os traidores, alegando que não sabíamos nada sobre esses esquemas. Assim que a guerra acabasse, o clã Caltis estaria acabado, de qualquer forma, então os traidores não teriam para onde voltar.
Portanto, seria mais eficaz se Seraphina saísse por aí dizendo que faria o que pudesse para salvar as pessoas em questão, pedindo para que traíssem o clã Caltis.
Ela soltou uma risadinha, como se quisesse contê-la, depois começou a rir de forma entretida.
— Muito bem, querido marido! É esse o espírito! Esmagar completa e totalmente o inimigo que se pode esmagar com simples força bruta ao dar alguns passos a mais; é esse o tipo de mentalidade que você precisa ter para unificar este reino!
— Parece que pelo menos não te desapontei, então fico aliviado.
Eu estava tentando usar uma das minhas concubinas para destruir a sua própria família. Se ela tivesse gritado comigo, dizendo que eu estava indo longe demais, a única coisa que poderia fazer seria pedir desculpas.
Mas parecia que me preocupei por nada.
— Você está certo. Mesmo que minha família morra, a nação ainda não foi unificada. Você não pode unificar tudo sem antes eliminar aqueles que protegem o rei anterior no oeste. Nesse caso, precisa vencer sem perder nenhum soldado. Afinal, isso faz parte do processo. — Seraphina balançou a cabeça com firmeza. — Deixa comigo. É a minha família, então sei a melhor forma para manipular todos.
Enquanto a observava rir de alegria, pensei: Graças aos deuses, consegui tomar Seraphina como esposa.
Me coloquei atrás dela e passei meus braços ao seu redor.
— Se algum historiador disser que você foi uma bruxa má, irei matar todos eles.
— Bem, é claro. Afinal, minha profissão não é Bruxa Má, é Santa — disse ela com orgulho. Sinceramente, fiquei um pouco preocupado a respeito de conversarmos sobre isso, mas, parando para pensar, isso foi ridículo.
Seraphina era um pouco esquisita, ainda mais levando em consideração a sua ansiedade para ajudar.
— Agora lembro que Ayles teve problemas para encontrar alguém para casar com você.
— Pode ser. Independentemente disso, e isso talvez possa parecer estranho, sou grata a você, querido marido.
Seraphina segurou as minhas mãos.
Isso era um pouco diferente de seus maneirismos joviais de antes – era um toque mais gentil.
— Se a minha família vai acabar, gostaria de acabar com ela sozinha. Essa é uma boa maneira de encontrar o fim e, se no futuro for para me arrepender disso, o que seria bem natural, bom… prefiro não deixar isso nas mãos de outra pessoa.
Seraphina se virou para mim.
Ela tinha seus próprios desafios internos, é claro. Mas ela continuou superando-os.
Trocamos beijos em silêncio.
Consolar a esposa também era função do marido.
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Por fim, enviei um grande exército para a Prefeitura Brantaar, o núcleo do domínio Mineria do clã Caltis.
Era uma força mobilizando trinta e cinco mil tropas. Os lordes vizinhos também invadiram a Prefeitura Brantaar, partindo de seus próprios limites territoriais. Algumas das frentes já tinham entrado em guerra aberta. Dado que provavelmente teria mais gente se juntando ao nosso lado, não seria surpresa se o nosso número aumentasse.
No caminho, passei pelo Forte Nagraad, onde pela primeira vez usei os poderes da profissão Oda Nobunaga, e entrei na Prefeitura Brantaar.
Naquela época, eu não teria sequer sonhado em enviar soldados para derrubar o clã Caltis. Era essa a diferença em termos de poder entre os clãs Nayvil e Caltis. Depois da Batalha do Forte Nagraad, acabei me tornando um barão que governava três aldeias.
Ao meu lado, Laviala também parecia estar lembrando dessas coisas.
— Lorde Alsrod, você veio me salvar naquele forte quando eu estava prestes a morrer.
— Por sorte, você sobreviveu, mas não volte a fazer nada parecido… Sinceramente, não lembro muito daquilo, já que estava muito desesperado.
— Verdade. Foi tão diferente de agora que isso parece até um sonho.
— Sabe, sempre costumávamos gritar “Morte a Mineria!” nas festas do clã Nayvil. Isso está prestes a se tornar realidade.
Era permitido declarar algumas fantasias selvagens durante as festividades.
Mas não era mais um sonho ou fantasia.
— Laviala, não precisa mostrar misericórdia. Seraphina já deu a bênção dela. Ela vai gritar comigo no caso de deixarmos as coisas pela metade. Algo a respeito de pena ser uma estupidez inútil.
— Sim, você provavelmente está certo. Seraphina está lutando do jeito dela.
Coloquei Talsha, a irmã menor de Seitred, o Margrave de Machaal, no comando da nossa vanguarda. Achei que a sua brava liderança seria um bom incentivo para o moral.
Além disso, a distância de Machaal tornava impossível que Talsha tivesse parentes em Brantaar. Mais um motivo para não se conter na batalha.
Embora Nayvil e Brantaar fossem territórios separados, ainda era uma época de paz parcial. Nossas terras eram vizinhas. Claro, eu não era o único que tinha relações familiares entre as próprias terras e Mineria. E, nessas circunstâncias, haveria alguma esperança de trégua.
Eu queria cortar esses laços.
Havia vários castelos à nossa espera em Brantaar, mas poucos poderiam ser descritos como fortificações bem construídas. Com base nos números, o inimigo não esperava mantê-los.
Provavelmente estavam contando com a batalha decisiva perto do quartel-general deles. Iriam se concentrar em, até então, desgastar as nossas forças. Deviam acreditar que não seríamos capazes de manter uma campanha muito longa, já que tínhamos muitas tropas.
Claro, isso era tudo baseado em projeções otimistas. O fato de nos deixarem entrar em seu território já sinalizava uma situação perigosa para eles. Isso significava que havia uma diferença muito grande entre nossas forças, então não seriam capazes de impedir a nossa aproximação.
Houve um tempo em que esse tipo de incursão levaria ao saque generalizado e pilhagem de tudo, de gado a pessoas, mas o exército regular do regente não cometia tais atos bárbaros. As cidades ao longo da rota de campanha continuavam intocadas. A disciplina militar era estritamente mantida.
Por quê? Porque isso não era como as velhas batalhas entre lordes regionais.
O exército do regente havia sido nomeado pelo próprio rei, ou seja, éramos o exército da coroa e, o inimigo, rebeldes. Nosso objetivo não era tomar a riqueza alheia. Em vez disso, este exército foi formado para derrotar qualquer lorde em rebeldia.
Nossas forças avançaram de acordo com o plano. Em breve poderíamos ver o Castelo Brantaar, o quartel-general do inimigo.
— Isso me lembra de uma coisa. Não vi o Castelo Brantaar. Gostaria de comparar a força das suas defesas com as do Castelo Inabayama de Douzan.
Não faço ideia de que tipo de lugar era esse Castelo Inabayama, mas o Castelo Brantaar foi construído em uma montanha isolada nas planícies. É um osso duro de roer. Há um rio correndo atrás dele que serve como fosso.
— Então é algo como o Rio Nagara, hmm? Na verdade, é bem parecido com o Castelo Inabayama.
Silenciosamente avancei as minhas forças e me aproximei o suficiente para ver o Castelo Brantaar de longe. Se chegássemos perto demais, as forças deles poderiam avançar, causando uma confusão que poderia acabar em desastre. Observei de longe.
Pelo que poderia dizer, o Castelo Brantaar era uma coleção de prédios altos alinhados ao longo do cume. Estava em uma escala completamente diferente do castelo de Brando. Eliminar isso com um ataque frontal custaria caro demais.
Sinto muito, Oda Nobunaga, mas não pretendo tomar este castelo com força bruta. Estou planejando algo um pouco mais inteligente.
As coisas em breve deviam melhorar.
Não houve qualquer movimento importante de nenhum dos lados durante o dia. Ficou de noite.
Minhas numerosas massas acenderam fogueiras e ergueram seus estandartes.
O inimigo, sem dúvidas, poderia ver isso do Castelo Brantaar, localizado no alto da montanha.
Imagino, como será que reagirão?
Eventualmente, surgiram incêndios no pico da montanha, dentro do Castelo Brantaar.
Quando meus soldados notaram as chamas, começaram a murmurar:
— Incêndio?
— O castelo está pegando fogo!
Expressões assim soaram pela multidão. Aqueles que estavam dormindo acabaram sendo despertados.
E não havia apenas um foco de incêndio. Dois, três e quatro. Os incêndios começaram a aparecer em vários dos prédios ao longo do cume. Era como ver uma série de fogueiras acesas.
— Obrigado, Seraphina. Parece que as coisas estão correndo conforme o planejado.
Ela já havia enviado cartas secretas para os generais mais jovens dos quais era próxima. Se tivessem sucesso, suas posses seriam garantidas. Em uma situação tão desesperadora, parecia que se agarraram à esperança oferecida nas cartas dela.
— Agora os preparativos estão prontos. Preparem-se para um ataque noturno!
Meu grito foi respondido por uma ovação entusiástica.
— Ainda assim — continuei —, não precisam atacar como aconteceu em nossa batalha contra Brando. Os esconderijos de armas e comida foram incendiados. Nosso objetivo é aumentar o pânico. Irão levar, no máximo, cinco dias para se render.
Minhas palavras foram prescientes.
O castelo não caiu naquele dia, mas aqueles que receberam as cartas abandonaram o local e se juntaram aos meus números.
— Os suprimentos do Castelo Brantaar foram queimados, seus cavalos fugiram e estão sem flechas. Eles não têm escolha a não ser aceitar um ultimato de rendição — disse um dos generais.
— Sim. Pretendo ser magnânimo.
O fogo continuou sendo esporadicamente aceso no quartel-general inimigo.
As traições estavam aumentando. Os inimigos de Ayles Caltis estavam do nosso lado.
Dois dias depois, então, um mensageiro finalmente saiu do castelo para negociar uma rendição.
Estava vestido de branco, a cor da morte e da submissão. Parecia que tinham determinado que não possuíam chances de vitória.
O mensageiro disse:
— Meu lorde está disposto a aceitar qualquer punição. — E então manteve a cabeça baixa.
— Então responda à minha pergunta com honestidade, sim? — Resolvi satisfazer a minha curiosidade antes das negociações.
— Sim, Senhor Regente. Qual resposta você busca?
— Essa rebelião; Ayles e Brando foram os únicos que se envolveram no planejamento? Ou havia alguém mais junto?
Este foi um esquema elaborado. Com certeza poderia haver o envolvimento de outros.
Oda Nobunaga mencionou que, no passado, enfrentou um cerco arranjado pelos seus inimigos. Não havia algo semelhante sendo planejado para mim?
— Se a verdade nua e crua vai resultar em alguma clemência… — disse o mensageiro, sua expressão começando a mudar.
— Isso depende do que você tem a dizer.
— A Catedral Orsent da Prefeitura Fortoeste, e o Rei do Oeste…
“O Rei do Oeste” referia-se ao último rei, Paffus VI. Ele se refugiou nas terras do oeste – na Região Grande Ilha.
Somado à mistura estava um velho adversário contra o qual já lutei uma vez, a Catedral Orsent.
— O Rei do Oeste originalmente enviou várias cartas secretas para muitos lordes. De qualquer forma, no momento em que o regente golpeasse o Norte para derrubar os lordes rebeldes por lá, os outros lordes se revoltariam juntos… Não sei se Seitred, o Margrave de Machaal, pretendia colaborar, mas era provável que soubesse do plano.
— Entendo. Então o plano era me deixar sem ter para onde voltar enquanto eu estava em campanha.
— Independentemente disso, a escolha de obedecer foi deixada ao critério de cada lorde. Muitos devem ter optado por não participar.
— Bem, as cartas secretas só precisam ser queimadas, assim não deixam vestígios de suas chegadas. A maioria dos lordes devia estar esperando para ver o que aconteceria.
E ainda assim senti um aperto no coração.
Minhas preocupações evitaram que isso se tornasse um problema sério, mas um passo em falso poderia ter feito eu perder a minha casa.
Mais poder não necessariamente me deixaria mais seguro. Conforme meu alcance expandia, haveria aqueles que se rebelariam.
— Muito bem — falei. — Agora, com relação ao destino do seu lorde, gostaria de discutir isso com meus vassalos antes de tomar a decisão. Peço que espere aqui.
Fui para a parte de trás do nosso acampamento.
Entrei no prédio do conselho, uma estrutura particularmente grande e bem construída na cidade que ocupamos.
Era onde Seraphina estabeleceu sua residência temporária.
— Bem-vindo de volta, querido marido. Acho que é seguro considerar que isso conta como vitória para o nosso lado. — Seraphina sorriu para mim. — Parabéns.
Claro, ela estava do meu lado. Suas palavras eram sinceras. Mas mesmo neste momento eu me sentia um pouco culpado por ela me dizer isso. Eu ainda tinha um coração. Embora tivesse matado muitas pessoas, isso não significava que, como resultado, deixei de ser humano.
— Estamos atualmente negociando os termos de rendição. Parece que seu pai sabe que o jogo acabou.
— Entendo. Então nós vencemos. Esta terra voltará a ficar em paz.
— Então, gostaria de pedir a sua opinião a respeito dos termos que ofereceremos.
Achei que era um sentimento inútil de misericórdia.
Isso talvez só servisse para fazer minha esposa sofrer mais.
De qualquer forma, foi essa a escolha que fiz. Era apenas a minha forma de fazer as coisas.
Eu e Seraphina passamos algum tempo nos olhando.
Mas o clima não era desagradável. Ela sorriu, parecia até que estávamos no castelo. Nada em seu olhar indicava culpa ou sofrimento.
Voltei a lembrar que a profissão dela era Santa.
Seraphina sempre me apoiou. Ela foi sempre minha aliada, mesmo com sua casa à beira da extinção.
— Que opinião há para expressar, além de que não há razão para permitir que um rebelde viva? Tudo o que há a se decidir é como ele deve morrer, não?
— É verdade, não poderíamos simplesmente dar um tapa nele, tomando metade dos seus territórios, mas se o inimigo fugisse, a questão seria se deveríamos ou não persegui-lo.
Seraphina devia conhecer muito bem o prédio do castelo.
— Ahhh — disse ela suavemente para si mesma. — Se você deixasse algo parecido com uma poterna do castelo aberta, ele sem dúvidas poderia fugir para as Terras do Norte.
— Não seria plausível se todos fugissem, mas imagino que Ayles e seus acompanhantes pessoais possam sair. Poderíamos avançar para o castelo que já está em caos e executar os grupos principais que continuam lá. Isso acabaria com a rebelião aqui em Mineria e salvaria a vida do seu pai. O que acha?
Pensei que não seria má ideia. Dessa forma, poderia manter minhas ambições de conquistador e evitar machucar os sentimentos de Seraphina.
Ela suavemente envolveu as minhas mãos com as dela.
— Doce marido, você tem uma alma gentil. Fiz você se preocupar comigo. — Ela então balançou a cabeça de um lado para o outro. — Mas se Ayles, o general, sobreviver, ele pode se tornar um obstáculo no futuro. É melhor matá-lo agora.
Seraphina intencionalmente se referiu a ele como Ayles, para mostrar que era um inimigo.
— Não precisa de ainda mais simpatia — acrescentou ela. — Já me decidi. Mesmo que ficar ao seu lado nos leve direto para o inferno. — Ela deu um beijo nos meus dedos. — Se estiver do seu lado, não sinto medo disso. E digo: que seja. Portanto, unifique o reino o quanto antes.
Abracei Seraphina com força.
Eu não tinha notado as lágrimas escorrendo dos meus olhos.
— Obrigado.
— Isso acontece quando vivemos em tempos caóticos. Não precisa me agradecer.
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Passei os meus termos ao mensageiro.
— Se a família e os vassalos que mencionamos estiverem dispostos a largar suas espadas, pouparemos a vida da guarnição e consideraremos empregar os outros. É apenas uma proposta; não são obrigados a aceitar. São livres para escolher continuar com o derramamento de sangue.
O mensageiro devia saber disso, mas sua expressão ficou turva ao ver a lista de nomes apresentada pelo meu vassalo.
— Isso significaria o fim do clã Caltis.
— É assim que são as coisas em uma guerra, não? Você com certeza sabe disso tão bem quanto nós. Se houvesse mais gente que não tivesse cooperado com a rebelião, eu teria considerado poupar mais deles. Mas Ayles foi capaz de fazer vocês se juntarem para tentar me derrotar.
— Então levarei isso de volta ao meu mestre…
O mensageiro parecia ter até perdido peso naquele curto espaço de tempo.
Acho que esse tipo de homem costuma se apegar até ao menor fio de esperança. Infelizmente, dessa vez não havia nenhum.
Na manhã seguinte, o lado de Ayles enviou um mensageiro confirmando que aceitariam os termos. Foi nesse momento que, para todos os eventos, o país independente de Mineria foi condenado ao fim.
Os principais membros do clã Caltis e os vários indivíduos pró-guerra lentamente saíram do castelo.
Forcas foram preparadas e eles começaram a ser enforcados, um por um.
Pude conversar com Ayles antes de sua sentença ser executada.
— Minha filha insistiu na minha morte, não é?
— Isso mesmo.
— Eu devia esperar isso daquela sapeca… — disse Ayles com uma risada. — Vou morrer aqui, mas deixei muitas mudas. Inferno, entre os meus descendentes está um filho do regente. Minha linhagem vai prosperar.
— Você foi um grande general, mas errou ao final da sua jornada.
— Lamento ter nascido na mesma época que você. Se não fosse por isso, eu teria há muito tempo eliminado o clã Nayvil.
Então nosso tempo acabou.
Ayles também morreu na forca.
Seraphina calmamente testemunhou o fim de seu clã, mesmo que de longe. Ela não precisava estar presente, mas insistiu, dizendo que não queria fechar os olhos para a realidade.
Laviala parecia mais triste do que a própria Seraphina.
— Acho que a Seraphina está tentando carregar o fardo da morte do clã dela. Talvez pense que é o destino. Ela é mesmo uma mulher corajosa.
— Laviala, se ela parecer estar sofrendo, poderia confortá-la? Fico preocupado que ela não mostre as verdadeiras profundezas da própria dor na minha frente.
— Sim. Afinal, as pessoas que lhe são queridas, Lorde Alsrod, também me são queridas.
Depois de ficar no castelo por cerca de três dias para lidar com a entrega do prédio e confirmar as atribuições dos oficiais sobreviventes, voltei para o Castelo Maust.
Com as rebeliões momentaneamente reprimidas, por fim tive algum tempo para ficar com as crianças.
— Vovô foi morto, não é? — disse meu filho mais velho, crescendo de forma brilhante graças à educação recebida. Como filho de Seraphina, ele era neto de Ayles.
— É assim que é a vida em tempos de guerra — falei. — Acredito que esse tipo de coisa não deve continuar para sempre. Sim… Quando você passar pela cerimônia de outorga da sua profissão, trarei paz a essas terras e me certificarei de que essas coisas não voltem a acontecer.
— Obrigado, Pai. — Ele balançou a cabeça atentamente. Eu ainda podia sentir o seu medo.
Gentilmente estendi a mão e baguncei o seu cabelo.
— Não se preocupe. Vou garantir que meus filhos não sofram dessa forma. Você nunca terá que lutar contra seus irmãos e irmãs. Prometo, enquanto eu viver, isso será verdade.
Seraphina e eu havíamos cometido muitos pecados – poderíamos muito bem arcar com isso, já que resultaria na libertação de todos.
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Surgiram várias outras rebeliões menores em terras próximas à capital, mas, conforme a informação da minha vantagem se espalhou, a realidade é que acabaram fracassando por conta própria. Os lordes regionais, que estavam esperando para ver para qual lado o vento soprava, subsequentemente ficaram do meu lado e começaram a reprimir os levantes por iniciativa própria.
No caminho de volta para a capital real, visitei o clã Nistonia e agradeci por permanecerem ao meu lado.
— Graças aos esforços do clã Nistonia em conter as disputas mais próximas, o caos não foi até mais longe. Como regente do reino, ofereço a minha mais profunda gratidão.
Parecia que Soltis Nistonia ficou surpreso com a minha modéstia. Apesar de toda a sua habilidade, ele era um homem bem tímido.
Mas essa timidez trabalhou a seu favor. Com certeza o ajudou a sobreviver por esse tempo todo. A bravata mal acabada muitas vezes resulta na ruína pessoal.
— Não, não, Sir Regente, você agora é o marido da minha filha, Yuca. Lutar pela sua causa é meu dever. E quase não surgiram rebeliões dignas de serem mencionadas nesta região.
— Isso porque todos sabem muito bem que o clã Nistonia é um dos meus maiores apoiadores. Prevenir o conflito antes que ele aconteça é uma realização maior do que a vitória de qualquer general condecorado.
— Fico grato pelas suas palavras. — Soltis deixou um suspiro escapar. — Com as grandes rebeliões superadas, talvez possa aproveitar a oportunidade e passar as rédeas ao meu filho. Se eu me agarrar ao poder por muito tempo, tenho certeza que ele vai querer se livrar de mim.
— Talvez. Mas ainda surgirão mais conflitos, então você pode esperar um pouco mais.
Soltis piscou. Sem dúvidas, da sua perspectiva, a região agora estava em paz. Isso não estava de todo errado.
— Precisamos colocar o Oeste na roda — falei. — O rei anterior ainda está tentando semear a discórdia no mundo, e impedi-lo faz parte do nosso dever.
Há uma última etapa para que eu possa unir o reino.
Depois de meu desvio pelo clã Nistonia, tomei o exército, que tinha se juntado às forças remanescentes, e marchei orgulhosamente para a capital real.
Era para mostrar aos residentes da capital que estivemos reprimindo as rebeliões.
De acordo com meus espiões rappas, as reações das pessoas foram variadas.
Havia aqueles que acreditavam que o regente era o maior poder do reino, enquanto outros acreditavam que era assustador que eu estivesse disposto a matar meus próprios parentes. Já que eram ambas opiniões que afirmavam a realidade, não havia muito que eu pudesse fazer a respeito dessas crenças.
Felizmente, eu não tinha relações, fossem de sangue ou não, com aqueles que apoiavam o Rei do Oeste. Isso tornava a próxima etapa um pouco mais simples.
— Então você chegou longe assim.
Oda Nobunaga soltou um suspiro.
— Akechi Mitsuhide me matou assim que tudo o que restava era avançar para o Oeste. Você também deve tomar cuidado com aquela mulher, Kelara.
Não, tenho certeza de que não existe motivo para se preocupar com ela.
Embora eu devesse seguir em frente e mostrar a ela alguma gratidão.
Tradução: Taipan
Revisão: ZhX
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