Desde o dia em que descobriu que Zhu Yao tinha adicionado pontos de experiência na sua habilidade de culinária, um certo professor decidiu aumentar a própria qualidade de vida. Enquanto observava as artes de Zhu Yao, de vez em quando, trazia vários animais selvagens para as refeições, fazia com que ela os cozinhasse e, então, comia tudo sozinho.
A fim de fazer um certo alguém entender a importância de compartilhar, ela parou de trabalhar de propósito por dois dias. No fim, Yue Gu a comprometeu a preparar duas porções por vez, e isso queria dizer que sua carga de trabalho agora tinha dobrado. Sendo assim, aquele NEET, que nunca saiu de casa durante dezenas de milhares de anos, começou a percorrer as montanhas para fazer expedições de caça. Num dia, ele trouxe um coelho, no outro, uma galinha, e no depois desse…
— Senhorinha, me salve! — Zhu Yao olhou para o durian que se aproximava dela e ficou sem palavras por um momento. Qual era o sentido de trazer um durian?
— O Deus Superior… O Deus Superior quer me comer. Wuuuu… — O espírito de durian chorava tanto que lágrimas saíam pelo seu nariz. Ele já não tinha mais aquela aparência orgulhosa e dominante que mostrou na vez em que se apresentou.
O canto dos lábios de Zhu Yao se franziu enquanto ela observava um certo professor de aparência calma.
— Você não está esperando que eu grelhe isso aí hoje, né?
Yue Gu levantou a cabeça e disse com um olhar sério:
— Uma criatura viva…
— … — Como já imaginava, ela não devia ter tido nenhuma esperança quando se tratava do senso comum dele. — Isso aí não pode ser grelhado.
— Isso mesmo, isso mesmo. Não posso, não, não tem como me grelhar. — O espírito de durian imediatamente respondeu, concordando, e Yue Gu revelou um rosto de decepção no mesmo instante.
Zhu Yao: — Mas… pode ser comido cru.
Espírito de durian: — …
— Senhorinha, como você pode fazer isso? Fui eu que guiei o seu caminho naquela vez. — O espírito de durian estava chorando ainda mais do que antes enquanto se atirava nas pernas dela e gritava enquanto se esfregava nela.
Zhu Yao sentiu que sua perna sofreu 1000 de dano.
O chutando de leve para longe, ela deu uma explicação a um certo professor sobre as diferenças entre plantas e animais que se tornaram espíritos e a variedade de comida que era comestível. Só então Yue Gu, com tristeza, largou o espírito de durian.
O humor de Yue Gu estava um pouco para baixo, e tudo isso por não ter sido capaz de ter uma refeição. Sendo assim, decidiu ensinar uma arte mais difícil à sua discípula.
— Inscrição Aniquiladora de Demônio. — disse Yue Gu, com uma expressão séria. — Essa é a única arte do mundo que pode ser usada para exterminar um Demônio.
— Então existe mesmo um método para matá-los? — Não era dito que Demônios só podiam ser selados?
Yue Gu assentiu:
— No momento em que a Inscrição Aniquiladora de Demônio é invocada, ela pode dissipar por completo o núcleo de um Demônio. Entretanto… — A sua expressão mudou de repente. — Mesmo que este seja o caso, o Demônio irá simplesmente se transformar em uma energia demoníaca comum, e contanto que ele encontre outro Demônio, poderá ser usada. Na Longínqua Era Antiga, os Deuses uma vez usaram essa arte para exterminar diversos Demônios, mas a energia demoníaca dispersada acabou fortalecendo ainda mais os que sobreviveram, o que levou à queda de muitos Deuses.
Então era por isso que havia tão poucos deuses antigos sobrando.
— Eu estarei lhe ensinando esta arte, mas não a invoque, a não ser que seja uma necessidade absoluta. — instruiu Yue Gu, com uma expressão pesada.
Zhu Yao assentiu.
Só depois disso que ele lhe passou os detalhes sobre a arte mística e também a guiou no método de circulação da sua energia sagrada. Zhu Yao entendeu o porquê ele disse para não usar a menos que fosse absolutamente necessário: essa arte fazia uso da energia sagrada dentro do corpo e os suprimia em um único ponto antes de liberar tudo de uma só vez. No momento em que a arte fosse invocada, a energia sagrada do indivíduo não seria capaz de ser recuperada em no mínimo três dias. Este é um método que era usado para matar inimigos em troca de um grande rebote.
— Você memorizou? — perguntou Yue Gu.
— Mn, quase. — Em termos de teoria, ela já havia entendido tudo.
— Já que este é o caso, irei demonstrá-la uma vez. — Yue Gu deu alguns passos para frente e entoou um encantamento, e uma luz branca apareceu na palma dele. A luz ficou mais brilhante, tanto que todo o cenário ao redor ficou um pouco borrado e indiscernível. Então, a luz branca retraiu de repente e se reuniu na sua palma, formando uma pérola de cor branca. A mão de Yue Gu moveu-se, e aquela pérola branca subiu em direção ao céu, imediatamente seguida por um clarão circular branco. Como se fosse fogos de artifício sendo soltos em uma noite escura, brilhou por um instante, parecendo ser algum tipo de energia sendo dispersado em todas as direções e, então, desaparecendo no horizonte.
— Você viu? — perguntou Yue Gu.
— Uh… — Zhu Yao ficou perplexa por um momento. Você tem certeza que o que soltou agora há pouco não foram fogos de artifício? Uma arte forte como essa devia ter uma comoção maior, não é? Explodir o céu não seria um pouco mais adequado?
— Já que não há Demônios aqui, os efeitos não ficam evidentes, é claro.
— Entendo, então é que nem dar tiro com bala de borracha.
— Essa arte mística não deve ser usada de maneira casual — Yue Gu pensou por um momento, então continuou com suas instruções: — Ela utiliza uma grande quantidade de energia proveniente do coração; mesmo com todo o meu tempo de vida, eu mal posso invocá-la duas vezes.
— Duas? — O canto dos lábios de Zhu Yao se torceu e, depois, ela se virou para olhar a expressão severa e séria dele. — Professor, você acabou de usar uma vez.
— Oh… — Yue Gu ficou chocado por um momento e só depois que foi perceber. — Então eu só posso usar mais uma vez.
— … — Uma arte desse nível, e você ainda desperdiçou como se não fosse nada. Tem certeza que não tem problema? Onde está o seu senso comum?
Zhu Yao de repente teve a vontade de gritar bem alto, agarrá-lo pelo colarinho e balançá-lo até que voltasse a si.
— Senho… Senhorinha. — O espírito de durian, que havia partido antes, voltara sem que percebessem. Ficando bem, mas bem longe mesmo, ele se escondia atrás de uma árvore e só estendia o seu talo, olhando na direção dela, com medo. Se Zhu Yao já tivesse retraído o seu sentido divino, não teria o percebido lá.
— O que foi? — Ela estava prestes a dar algumas lições em Yue Gu sobre senso comum, só para você ficar sabendo.
O espírito de durian olhou para Yue Gu, que estava ao lado de Zhu Yao, como se tivesse medo de que fosse ser comido e, com cuidado, disse:
— Alguém do Clã da Fênix está aqui. Ele está esperando no sopé da montanha. Só estou aqui para informá-la.
Clã da Fênix? Será que era Shao Bai? Zhu Yao saiu de perto de Yue Gu e voou atrás do espírito de durian.
No momento em que ela pousou no chão, viu alguém de azul-celeste de pé sob uma árvore alta, uma árvore de durian. Ele tinha um rosto bem definido, e a sua expressão carregava um sorriso aconchegante. Zhu Yao ficou surpresa por um momento com aquela cena, como se, quando abrisse os olhos, a visão em sua frente desapareceria com o vento.
— Irmãzinha… — Ele chamou, tranquilo, a sua voz possuía um aconchego indescritível e emoções persistentes.
— Shao Bai. — Zhu Yao caminhou até ele, deixando de lado as emoções estranhas.
Ele deu um leve peteleco na testa dela e disse, agindo como se estivesse bravo:
— Que arrogância a sua, você tem que me chamar de segundo irmão mais velho.
Zhu Yao levantou a cabeça, mostrando-lhe uma careta, então começou a revirar os seus rancores passados.
— O quê? Você finalmente teve coragem para vir me ver? — Naquela vez, ela poderia esquecer sobre ele ter jogado sujo para trazê-la para cá, mas ele até mesmo a colocou debaixo da árvore de durian. Isso sim era insuportável.
Mesmo assim, o sorriso dele tornou-se ainda mais profundo enquanto encarava o rosto dela, então disse, gentil:
— Você ainda está brava?
— Hmph. Acha que guardo rancor? — Ela guardava rancor, sim.
— Tudo bem, não fique irritada. Foi culpa deste segundo irmão mais velho. — Ele admitiu o seu erro bem rápido usando um tom que o fazia parecer estar adulando uma criança. — Viu só, o segundo irmão está aqui para vê-la agora, né?
Quem se importa? Zhu Yao revirou os olhos para ele. Não me trate como uma criança, entendeu? E ela ainda era claramente mais velha do que ele por uma grande margem.
— Por que não foi direto até o pico da montanha? — Ele não era conhecido de Yue Gu?
Shao Bai ficou surpreso por um momento, então apontou para a árvore de durian e disse:
— Há uma barreira dentro da montanha. Se o Longínquo Deus Superior Ancestral não a dispersar, ninguém mais é capaz de entrar.
— Hm. — Não era de admirar que ele precisou a ter colocado debaixo da árvore de durian naquela vez. Ele só fez isso para esperar a aprovação de Yue Gu para deixá-la entrar. — Então eu vou procurar pelo professor e pedir para que ele deixe você entrar.
— Não há necessidade. — Shao Bai puxou a mão dela e, com uma leve quantidade de força, a trouxe para os seus braços e deu um longo suspiro. — O segundo irmão mais velho só está aqui para vê-la, eu partirei logo.
— … — Zhu Yao ficou sem palavras por um momento, pois tinha se esquecido de resistir. Depois de levantar a cabeça, olhou para a expressão satisfeita dele, e uma sensação estranha surgiu de repente no fundo do seu coração.
— Depois de ver que você está bem, o segundo irmão já se sente melhor. — A expressão dele estava repleta de uma aparência sem arrependimentos. A sua mão acariciava gentilmente o cabelo dela atrás das costas, e os olhos dele carregavam emoções tão profundas quanto o mar. — Você deve se comportar.
— O que aconteceu com você? — Zhu Yao tinha a leve sensação de que algo havia acontecido. Depois de um olhar mais cuidadoso, o rosto de Shao Bai parecia um tanto pálido, e um traço de fadiga podia ser visto na testa dele.
As suas mãos pararam por um momento. Quando ele a soltou um pouco, o seu sorriso ficou ainda mais profundo.
— O que poderia ter acontecido comigo?
— Fale direito. — Zhu Yao franziu a testa.
— O segundo irmão mais velho só quer ver você feliz.
— … — Zhu Yao não falou nada, apenas o encarou.
Depois de um tempo, ele enfim admitiu a derrota, suspirou, baixou a testa para ficar alinhada com a dela e disse:
— Irmãzinha, você é inteligente demais…
A expressão de Zhu Yao mudou abruptamente. Por algum motivo desconhecido, ela não queria ouvir essas palavras.
— O segundo irmão mais velho está indo proteger o Abismo do Inferno nas terras mais ao sul. — Ele parecia não se importar, mas a encarava profundamente nos olhos.
— Abismo do Infernos? — Zhu Yao ficou surpresa por um momento. Por que esse nome lhe parecia tão familiar? Depois de pensar por um momento, ela arregalou os olhos de repente. — Não é aquele lugar em que você ficou preso? — Ela jamais se esqueceria da aparência esquelética e magricela que ele tinha naquela vez, por isso se lembrou do nome inconscientemente. — Por que está indo para lá?
Shao Bai apenas mostrou um leve sorriso, a sua expressão, inesperadamente, carregava uma certa satisfação enquanto ele esfregava a sua testa contra a dela algumas vezes. Zhu Yao afastou a cabeça, um pouco desconfortável.
— Recentemente, há movimentos frequentes entre os Demônios, e todos os clãs mandaram pessoas para lá como apoio. O Abismo do Inferno está em um estado ainda mais caótico. Por isso a Patriarca mandou a mim como guarda.
— Por que diabos você? — De maneira mais simples, aquele lugar devia ser o trauma da infância dele, não é!? Estava tudo bem mesmo mandá-lo?
A expressão dele mudou de repente, mas o seu sorriso não fraquejou.
— O Abismo do Inferno é diferente da Terra de Selamento dos Demônios. O que está selado lá é energia demoníaca. Se algum Demônio entrar lá, trará um grande desastre. Eu… conheço bem aquele lugar.
Zhu Yao sentiu como se tivesse sido perfurada por algo no mesmo instante. Ela ficou muito desconfortável com ele comentando sobre esses assuntos passados como se não fossem nada, por isso não pôde deixar de cobrir o seu sorriso, o qual se tornara um tanto cegante, com as mãos.
— Se não quer ir, não vá. Xian Yu não vai te culpar também.
Shao Bai ficou surpreso por um momento e, durante um tempo, não recobrou os sentidos, como se nunca tivesse esperado que ela fosse tentar persuadi-lo para desistir. Depois de algum tempo, ele riu. Desta vez, não era um sorriso aconchegante nublado, mas sim um de verdade. Enquanto ria, segurou a cabeça dela e disse:
— Irmãzinha… É… Irmãzinha… minha querida irmãzinha…
Zhu Yao franziu a testa. Qual era a daquela cara dele que parecia estar dizendo que ela estava sendo imatura?
— Ir ao Abismo do Inferno foi ideia minha.
Tudo bem, ela estava pensando demais já.
— Não se preocupe, não vai acontecer nada comigo. A expressão dele instantaneamente ficou muito mais tranquila do que antes, e até mesmo a fadiga havia desaparecido, sem deixar traços.
— Quando eu voltar em segurança do Abismo do Inferno, o segundo irmão mais velho virá para te ver de novo.
Zhu Yao assentiu e, então, lembrou-se de algo de repente.
— Espere um minuto.
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