Depois que o inimigo se retirou, inclinei minha cabeça diante do Rei Hasse.
— Os rebeldes fugiram com a chegada de Sua Majestade. Tudo isso foi possível graças a você. — falei de todo coração. Com esta batalha, minha influência aumentou dramaticamente. Claro, isso também aumentaria a autoridade do rei, mas isso não era ruim para mim. O importante, no momento, era que eu me dava bem com ele.
— Foi um prazer. Agora que você se casou com minha irmã, você é meu cunhado. É claro que eu iria resgatá-lo do perigo. Especialmente quando o arcebispo estava tentando humilhar um homem que não fez nada de errado.
Hasse também parecia de bom humor. Foi a primeira vez em muito tempo que um rei foi para a batalha, e ela acabou com uma vitória gloriosa. Era claro que ele estava satisfeito.
— Durante esta expedição, derrotei vários lordes rebeldes. Eu ficaria muito grato se você entregasse esses títulos às pessoas que ajudaram a fazer isso acontecer.
— De fato. Levarei isso em conta.
— Além disso, seria possível que eu fique com o controle de algumas das cidades que eram antes da Catedral Orsent? Afinal, a catedral precisa ser punida.
— Entendo. Vou pensar em tomar os territórios. De qualquer forma, por que não falamos mais sobre isso depois que voltarmos para a capital?
Mais uma vez baixei a cabeça para Hasse.
Minha luta pelo poder contra a catedral havia terminado com a minha vitória, e as cidades iriam naturalmente passar para o meu lado.
— Muito bem… ao menos saiu dessa ileso.
Aparentemente, Oda Nobunaga não iria me elogiar com sinceridade.
— Se você tivesse esperado um pouco mais, poderia ter expandido sua influência com mais cuidado. Mas, bem, seu verdadeiro objetivo está mais adiante na estrada, então posso ver porque estaria impaciente.
Claro que eu estou; não vou parar até que me torne rei. Ser regente não é o suficiente para mim.
— Agora você está prestes a entrar em uma luta real contra todos os malfeitores do reino. Logo as pessoas que não querem que você tome o poder se aliarão contra você.
Terei que lutar contra eles mais cedo ou mais tarde, então do que me importa?
— Bem, pelo menos fique preparado. Por enquanto… cuide da produção em massa das armas de fogo. Faça isso, não importa o quê. Isso o ajudará em sua busca pelo poder.
Você mencionou isso antes. Muito bem, vamos fazer uma tentativa.
Obviamente, a catedral não seria capaz de contra-atacar nem tão cedo, então as coisas deveriam se acalmar. Gastar um pouco de tempo com alguns assuntos pessoais talvez fosse uma boa ideia.
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Fizemos nosso retorno triunfante à capital real em alto astral. Parecia que haviam se passado anos desde a última vez em que estive na capital. Durante a guerra o tempo parecia passar mais devagar.
A primeira coisa que fiz ao voltar, foi visitar o quarto da minha esposa oficial. Na verdade, Seraphina saiu ao me encontro exatamente para me dizer para fazer isso. Eu não tinha certeza do que ela diria se eu recusasse.
Quando entrei no quarto de Lumie, minhas esposas já estavam lá reunidas.
— Entre, querido. Você deve estar exausto depois de lutar por sua vida.
A organizadora era, claro, Seraphina. Estavam todas lindamente vestidas. Pelo visto, estavam sentadas ao redor de uma mesa redonda, todas apreciando um pouco de chá.
— Ahh, eu tive um mau pressentimento sobre isso… mas simplesmente não consigo relaxar aqui…
Laviala e Kelara – que normalmente não usavam vestidos em seus serviços de oficiais – estavam sentadas ali, vestidas como princesas. Eu não era o único que não conseguia relaxar – sendo obrigadas a brincar de se vestir, elas pareciam se sentir da mesma forma. Kelara estava particularmente agitada, já que seu vestido era bem decotado.
— Lady Seraphina me instruiu a vir com este vestido, então… — disse ela, como se pedindo desculpas. — Isso não significa que eu quero deixar de ser uma oficial…
— Claro que não. Lamento que você tenha sido pega em uma das travessuras da minha esposa…
— Querido, isso não é justo! — Seraphina estava sorrindo maliciosamente. — Afinal, a Senhorita Kelara também é uma de suas esposas, então ela tem que ajudar a recebê-lo.
Kelara ficou ligeiramente vermelha. Não a tornei uma de minhas esposas oficiais; em vez disso, ela me servia como uma oficial, mas isso só fazia Seraphina provocá-la ainda mais. Entretanto, eu poderia dizer que essa era apenas a forma dela demonstrar que Kelara era bem-vinda.
— Senhorita Kelara, você também deveria ser uma consorte — disse Seraphina. — Você sempre será bem-vinda aqui.
— Mas, assim, eu não seria capaz de sair em batalhas…
E aí estava o problema. Às vezes, as filhas dos lordes rurais pegavam em armas e lutavam quando necessário, mas uma das concubinas do regente lutar seria considerado no mínimo estranho.
Pensando bem, Laviala estava em uma posição semelhante.
— Eu também não gosto desse tipo de coisa… Não odeio isso, mas se fosse um pouco mais chique… — disse Laviala, que estava usando um vestido rosa berrante. Se ela aparecesse com uma roupa dessas no campo de batalha, o inimigo poderia pensar que era algum tipo de deusa e se encolher de medo.
— Isso combina muito com você, Laviala.
— Lorde Alsrod, você sabe que isso não é realmente um elogio, certo? — Laviala me repreendeu.
Fleur, que estava observando nossa conversa, riu baixinho. Eu gostaria de aliviar a minha fadiga da batalha vagando por aí com uma esposa bem-educada como Fleur, mas com Seraphina por perto, isso seria impossível.
— Ah, então a Senhorita Kelara também conta como uma das esposas de Sua Excelência…?
Lumie, pelo visto, não sabia muito sobre esses tipos de coisas. De qualquer forma, ainda era cedo demais para ela aprender sobre isso.
— Você não precisa se preocupar com esse tipo de coisa. — Seraphina estava rindo novamente.
Ficar de pé estava começando a parecer inapropriado para o clima, então me sentei em uma cadeira vazia.
— Bem-vindo ao lar, querido — disse Fleur com sua bela voz.
— Também fico feliz por você estar em casa. Ouvi que a situação estava terrível. — A voz de Lumie estremeceu de emoção.
Ah não, eu realmente a preocupei.
Ao ver seu rosto, senti um raro arrependimento. Não era apenas a minha vida em jogo; se eu morresse, o que aconteceria com elas?
— Estou realmente feliz por poder estar com todas vocês de novo — falei.
Fazendo uma breve renúncia ao trabalho, passei a desfrutar de um bom momento durante o chá com as minhas esposas.
No entanto, outro sorriso surgiu no rosto de Seraphina. O que ela estava fazendo dessa vez?
— Você deve estar exausto de toda essa luta, querido.
— Na guerra, sua vida pode acabar a qualquer momento. Você fica o tempo todo no limite.
Eu não podia negar que parte de mim estava viciada nisso, mas o sentimento era provavelmente algo que só os guerreiros entenderiam. Se Orcus estivesse lá, provavelmente teria concordado comigo na mesma hora.
— Isso não é bom. Se você nunca afrouxar, uma corda esticada será facilmente rompida. Será que você não deve perguntar sobre isso à Senhorita Kelara ou Laviala?
— B-bem, no meu caso, sempre gasto meu tempo com meus hobbies. Quando estou na capital, é como se ficasse assistindo jogos — respondeu Kelara. Ela era bem educada, então tinha muitos hobbies. Provavelmente nunca ficava entediada.
— Eu corro por prados fora da cidade para me ajudar a me sentir melhor — disse Laviala. — Prefiro uma floresta como aquela onde cresci, mas não existe nenhuma perto da capital. Só não consigo me acostumar com a vida na cidade…
Suas respostas mostraram o contraste entre suas personalidades.
— Sim, e você acabou de voltar. Você precisa descansar, querido — insistiu Seraphina. — Se nós, esposas, não fizermos você descansar, você simplesmente continuará tentando trabalhar.
Eu queria negar isso, mas fiquei sem palavras. Ela não estava totalmente errada.
— Durante o dia não há tempo o suficiente. Tenho muito a fazer como regente, então não importa quanto tempo eu tenha, nunca é suficiente.
— Você ainda é humano. Você precisa descansar.
Seraphina parecia preocupada comigo. Se eu desmaiasse devido ao excesso de trabalho, ela se arrependeria por não ter me impedido, então devia estar fora de si de tanta preocupação.
— Muito bem. Eu só preciso de um pouco mais de tem…
Seraphina parou na minha frente e pegou uma venda.
— Coloque isso por um momento. Não se preocupe. Não vou fazer nada de ruim.
— Com você colocando as coisas dessa forma, não fico tão inclinado a confiar.
— Sua Excelência, você deve confiar na Senhorita Seraphina. Ela é sua esposa!
Eu não poderia discutir com Lumie.
— Exatamente. Você deve confiar em mim. Vou chorar se você não fizer isso, querido.
Decidi me deixar à mercê dela. Afinal, eu sabia que nada que ela tivesse preparado para mim seria uma tortura infernal.
Ela colocou a venda em mim e eu pude sentir que estava sendo puxado para algum lugar. Não parecia muito longe.
Senti um arrepio, talvez porque as mãos de Seraphina estivessem mais frias que as minhas. Mesmo com sua nova posição social, suas mãos nunca mudaram.
Logo me vi deitado em algo macio. Só podia ser uma cama. Se não, talvez uma chaise.
— Fique um pouco parado, bem assim. Não trapaceie abrindo os olhos.
— Eu sei que você vai ficar com raiva se eu fizer isso.
O barulho que se seguiu me denunciou que elas estavam tramando algo. Também pensei ter escutado vozes conversando. Não devia ser apenas Seraphina.
A cama era muito confortável, então senti que ia adormecer.
— Estou tirando a venda, querido.
Com a voz dela, finalmente abri os meus olhos. Eu estava em uma confortável cama com dossel… e minhas esposas estavam todas lá comigo! Notavelmente, Seraphina e Laviala em algum momento vestiram camisolas. Fleur e Kelara também se viram apanhadas nisso, e Lumie, em particular, estava corando.
— Ei, ei! O que é isso?!
— Ora, às vezes você vê esse tipo de coisa nas pinturas, não é? Como naquelas que mostraram como os reis antigos viviam, divertindo-se sem parar com os seus vícios?
Claro, havia tais contos em lendas e mitos. Alguns reis provavelmente se divertiam com suas consortes, mas…
— Não é isso que eu quero… Sempre agi com moderação.
Se a notícia de que dormi com várias das minhas esposas ao mesmo tempo se espalhasse, minha reputação sofreria algum impacto.
— Eu sei. Não se preocupe. Isso é só fingimento… estamos fingindo que somos as pessoas daquelas pinturas.
— E-entendo… — Fiquei um pouco aliviado.
— Estávamos conversando sobre como você está estressado, certo? Pensando em como você precisa relaxar às vezes, tive essa ideia. Digo, mesmo quando você está falando com a gente, você fica pensando em política.
— Muito bem. Vou deixar você fazer o que quiser comigo, Seraphina.
Por apenas um segundo, Seraphina pareceu realmente aliviada. Nesta última guerra eu a preocupei demais. As notícias só chegavam à capital picadas, então, ao longo de três dias, ela ficou sabendo que eu estava em apuros. Minhas esposas devem ter ficado apavoradas.
— É isso. Sente-se e divirta-se.
Seraphina começou a me chamar pelo nome de um rei tirano mitológico, e então eu tive a bizarra experiência de deitar na cama com todas as minhas esposas ao meu lado. Isso pode parecer um pouco cruel, mas o óbvio embaraço de Lumie era muito engraçado. Afinal, isso era totalmente diferente de sua vida no convento. As freiras provavelmente desmaiariam se ouvissem sobre isso. Elas poderiam dizer que ela foi possuída e proceder com um exorcismo.
— Lumie, você pode ir embora se não se sentir confortável — falei.
Ela estava sentada com as pernas cruzadas aos meus pés.
— N-não… Eu também sou sua esposa… então farei o que puder… como sua esposa.
Olhando naqueles olhos corajosos, lembrei de algo que precisava dizer a ela.
— Ouvi dizer que você trabalhou duro para persuadir Sua Majestade. Muito obrigado.
Era melhor dizer esse tipo de coisa o quanto antes, mesmo tendo outras pessoas por perto.
— Não, isso só era algo que eu podia fazer…
— Tenho certeza de que a história mudou dramaticamente graças às suas ações. Daqui a cinquenta anos, as pessoas estarão comemorando seus esforços; isso eu posso garantir.
— S-sim, senhor… — Lumie sorriu timidamente. Minhas outras esposas pareceram tocadas com a visão.
— Eeh, eeh, você tem alguma palavra especial para mim? — Seraphina aninhou-se em mim.
— Você deveria ter um pouco mais de vergonha. E deixe-me lembrá-la de não colocar nenhuma ideia na cabeça de Lumie…
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Três dias se passaram desde que Hasse retornou à capital real.
Por ordem do rei, as atividades dos cinco templos capitais que pertenciam à Catedral Orsent foram proibidas. Soldados carregando uma cópia do decreto foram aos templos, expulsaram seus seguidores e sacerdotes e selaram as portas. A duração da proibição era indefinida.
E essa não foi uma ideia que eu coloquei na cabeça do rei; Hasse me abordou pessoalmente com a proposta. Afinal, fui eu quem lutou contra a catedral, então ele resolveu me avisar sobre essa ideia.
Era uma simples medida de retaliação, mas destruir os templos não era algo inteligente. Se ele tivesse tentado erradicar completamente a sua seita, poderiam ter tentado se unir para outra batalha. Se isso tivesse acontecido, a catedral provavelmente teria procurado ajuda das forças do ex-rei, não mais se importando com as aparências. No momento, não haveria mérito algum em mergulhar em outra batalha fatídica. Precisávamos mostrar um pouco de clemência.
Eu disse a ele que a proibição seria o suficiente.
Hasse disse:
— Para ser franco, gostaria de derrubar um ou dois de seus templos, mas como isso causaria desordem na capital, decidi não fazer isso.
— Isso é muito gentil de sua parte — respondi agradavelmente.
Ações radicais sempre geraram uma forte reação. Meu poder ainda não estava seguro o suficiente para eu subjugá-los sem problemas. Em algum momento, eu provavelmente entraria em conflito com a catedral, mas quando isso acontecesse, precisaria vencer.
Dez dias após meu retorno triunfante, um enviado chegou da Catedral Orsent para se desculpar por desafiar o rei, bem como para solicitar a emancipação dos templos da catedral. Eu estava presente.
Deixei o questionamento para Kelara e Yanhaan. Adicionei Yanhaan porque pensei que poderia ajudar a aliviar as tensões. Como especialista em cerimônia do chá, essa mulher dragonata sempre foi muito descontraída. Era muito difícil acreditar que ela era uma comerciante de sucesso. Na verdade, deixar a outra parte à vontade talvez fosse a chave para as negociações comerciais.
— Entããão, por que a catedral se envolveu nessa, saaaabe, luta?
Instruí Yanhaan a falar ainda mais devagar do que o normal.
— B-bem… muitos dos lordes que o regente atacou eram seguidores de nossos ensinamentos, então era para ajudá-los…
Claro que não podiam admitir que fora para proteger seus interesses nas cidades e nos impostos. Isso parecia mais aceitável.
— Entendo. No entanto, tooooodos os lordes atacados por Sua Excelência ignoraram seus mandados de revogação e pedidos de rendição, o que me parece bastante irracional, entããão o que você tem a dizer sobre isso? Acha mesmo que é justo ajudar seus seguidores quando não estão com a razão?
Yanhaan parecia muito casual, mas ela sabia exatamente o que apontar.
— Não… não é nada disso…
— Os servos dos deuses nunca apoiariam pessoas sem princípios, não éééé? A julgar por issoooo, você veio se desculpar porque perdeu, mas nããããão tem nenhum remorso por suas ações e acha que está certo. É isso que devo entendeeeer?
A fala estranhamente lânguida de Yanhaan não soou acusatória. A mensagem, entretanto, foi completamente acusatória.
Era assim que os mercadores faziam as coisas. Eles colocavam a outra pessoa na linha de seu próprio ritmo e levavam a conversa adiante a partir daí. Isso devia ser mais complicado para o enviado do que encarar um burocrata que seguiria o manual.
— Nada disso, nada disso… O que aconteceu foi… os lordes estavam errados, mas pensamos que a punição era muito severa, então queríamos aliviá-la… — O enviado vacilou com as críticas.
Acho que terei muito uso para você, Yanhaan.
— De fatooooo. Eu entendo o seu ponto.
O enviado pareceu aliviado.
— No entanto… olhando para isso, com certeza parece que a catedral reuniu tropas em prol de sua reeenda. O dinheiro é mais importante do que seu destinoooo? — Yanhaan pegou algum tipo de documento.
— Isso é impossível…
— Como quando eu vejo os fiéis que o Arcebispo Cammit reuniu em uma certa cidade e as doações feitas por ela, parece que vocês têm um interesse pessoaaaal.
— Não, tenho certeza de que a cidade acabou fazendo uma grande doação por pura piedade…
O enviado estava pingando suor frio enquanto tentava se explicar. Tendo reunido mais documentos do que eu imaginava, Yanhaan perguntou com franqueza sobre as coisas que ela achava incomuns. E, ainda, sempre bocejava enquanto o ouvia falar.
O enviado teve que dizer que estavam errados em lutar enquanto explicava que suas crenças não estavam erradas. Era contraditório, mas foi tudo o que ele conseguiu fazer. Ele definitivamente não podia admitir que não se importavam com suas crenças.
Isso despertou o interesse de Yanhaan e a conversa de alguma forma se transformou em algo como um debate teológico. Pelo visto, a dragonata era muito versada nas escrituras, já que mencionou nomes de várias pessoas específicas.
— Então, as coisas que a Catedral Orsent está fazendo não são heresiaaaaa…? Ao menos quando levado em conta seus próóóóprios ensinamentos.
— De forma alguma… Por exemplo… não lembro em qual escritura, mas…
— Ahh, isso me lembra de todos os problemas que dei aos sacerdotes de uma certa seita. Me pergunto se isso também conta como perseguição.
Você também fez algo assim, Oda Nobunaga?
— Montei um lugar especial para isso. Nunca ouvi falar de forçar tal discussão a alguém que veio se desculpar.
Eu acho que é só a personalidade de Yanhaan.
— Só de ver sacerdotes no abismo do desespero me dá satisfação, então não me importo. Esses malditos sacerdotes são mentirosos. Por outro lado, aquela mulher com chifres de dragão é honesta. Não sei se os deuses realmente existem, mas se existissem, favoreceriam os honestos.
Aham, isso é verdade. Somos nós que temos razão.
Fomos em frente e aceitamos a explicação do enviado, e a Catedral Orsent concordou em desistir de algumas de suas cidades e pagar uma indenização ao rei.
Eu, finalmente, poderia estender o meu poder para a área ao redor da capital.
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Depois que terminamos de atormentar o enviado da catedral, fui à mansão de Yanhaan para outra cerimônia do chá. Entrei na salinha minúscula e bebi o chá verde que ela me passou do outro lado da mesa.
Foi só isso, mas completamente diferente de uma festa do chá, havia uma tensão misteriosa pairando no ar. Yanhaan talvez tivesse pego algumas dicas com rituais religiosos secretos.
Da última vez, me encontrei cara a cara com Oda Nobunaga, embora não tivesse certeza de por que esse tipo de coisa tinha acontecido.
— E então?
Durante a cerimônia do chá, ela parecia de alguma forma mais madura – não com um charme sedutor, mas o oposto, com algo como a pureza de uma santa.
— Tem um gosto melhor do que da última vez. Como se me limpasse lavando a sujeira deixada na boca do meu estômago.
— Isso é bom. Fico feliz em ouvir isso, especialmente como anfitriã.
Depois de tomar um fôlego, pude finalmente chegar ao tópico principal.
— Hoje percebi uma coisa enquanto te observava trabalhando. Você é boa demais para ser apenas uma preparadora de chá e comerciante. Quero que me ajude formalmente em minhas ambições. — Essa mulher estrangeira definitivamente seria útil.
— Sim, é por isso que fiz o exame.
Yanhaan bebeu o chá que se serviu. Ocorreu-me que a ação era extremamente adequada para ela, talvez graças à sua profissão de Sen no Rikyuu.
Tive uma percepção muito clara depois de chegar à capital real. Pessoas com profissões únicas geralmente tinham qualidades úteis e não convencionais. O anão Ortonba com sua profissão Kunitomo Shuu. Kelara com sua profissão Akechi Mitsuhide. Eu queria mais pessoas assim entre meus vassalos.
— Quero ver o mundo em toooodo o seu encanto. É por isso que vim para este reino; em uma palavra, porque ele era selvagem.
— Você é estranha. — Eu sorri, mas duvido que isso tenha chegado aos meus olhos – me sentia exatamente da mesma maneira. Devo estar entediado com este mundo. Era ridículo viver com medo porque nasci em um clã de um senhor menor que poderia ser exterminado a qualquer momento. Eu talvez tivesse mais aspirações do que um camponês comum, mas a minha vida definitivamente não tinha sido interessante ou divertida.
Nesse caso, poderia muito bem tentar ser rei, mesmo que fosse perigoso. Foi assim que vivi a minha vida. A boticária Yanhaan pode não tentar ser rainha, mas nossos pensamentos eram provavelmente semelhantes.
— Vim aqui porque pensei que você seria a pessoa que tornaria este mundo interessante para mim. O caminho que você busca é diferente do de qualquer outra pessoa.
Sozinha comigo nesta sala, Yanhaan não me chamou de “Sua Excelência”. A hierarquia formal não tinha lugar aqui.
— Você realmente entende. Pretendo pelo menos acabar com este eterno jogo de fantoches e governantes constantemente entrando e saindo do poder. Não tenho nenhum plano para depois disso, mas ainda assim, só minha coroação mudará este reino. Er, suponho que “este reino” terá acabado.
— Sim, e a cerimônia do chá é especialmente adequada para um mundo tão novo. Isso não é uma perda de tempo antiquada.
Yanhaan disse que veio de outra terra para este reino. Em outras palavras, com sua formação, não tinha basicamente nenhum interesse em nosso passado. Quando se tratava de colocar grandes planos em ação, essas pessoas eram mais confiáveis. Pessoas presas ao passado com certeza sentiriam medo, pois eu estaria o apagando.
— Você sabe muito sobre política, Yanhaan?
— Não tenho certeza se sei como responder iiiiisso, mas como uma estrangeira, acho que posso ver as coisas de um ponto de vista externo.
Tudo bem, você passou.
— Acho que vou fazer um grande uso de você. Eu sabia que aquele exame valeria a pena; foi como te encontrei.
— Sim, e se você deseja me recompensar, nada me agradará mais do que receber sua ajuda para divulgar minha filosofia do chá. Hoje em dia estou mais interessada nisso do que em meu trabalho como comerciante.
— Essa é uma ótima barganha.
Posteriormente, discutimos quem eu deveria enviar para minhas cidades e territórios recentemente obtidos. Yanhaan sugeriu os nomes de vários burocratas. Muitos deles haviam passado no exame recente. Perguntei como ela sabia tanto assim.
— Fazer negócios e realizar cerimônias do chá na capital geram muitas conexões. E há muito mais de onde esses saíram.
Eu, mais do que nunca, a queria.
— Diga, você não tem marido, tem?
— Infelizmente nããããão. Eu só queria aproveitar meu trabalho como comerciante, então nunca me apaixonei por ninguém, e nem estou apaixonada.
— Você será minha esposa?
Achei que se Yanhaan fosse parte do meu consorte, ela suavemente cuidaria das coisas por lá para mim. Seraphina era inteligente, mas às vezes podia ser um pouco agressiva. Isso era preocupante.
— Por mais que me agrade ouvir, se eu me tornasse sua esposa, não seria mais capaz de trabalhar como comerciante, saaaabe. — Ela gentilmente me recusou. Ela deve ter interpretado isso como uma piada. — Como amante, entretanto… suponho que isso dependeria do humooor — acrescentou ela, indiferente, sem mudar sua expressão facial.
— Garota esperta.
— O chá é a melhor das habilidades, sabe. Além disso, por favor, me prometa uma coisa. O local da cerimônia é sagrado, então não fique íntimo enquanto estivermos aqui.
— Certo. Eu não gostaria de desrespeitar os seus valores.
Depois que saímos da salinha de cerimônia do chá, Yanhaan me levou para o quarto dela. Dragonatas tinham uma pele extremamente flexível.
Mesmo na cama, fiz algumas perguntas sobre política. Em comparação com minhas perguntas mais concretas e urgentes durante a cerimônia do chá, os problemas que discutimos ali eram de mais longo prazo.
— Eu acho que você deveria levar as coisas devagar por alguns anoooos. É preciso tempo para o poder de uma pessoa se estabilizar.
— Você está certa. Vou manter isso em mente.
Não preciso fazer grandes ataques urgentes, então talvez veja as coisas correrem por cerca de três anos.
É claro, eu não ficaria sem fazer nada. Iria semear as sementes que me eram necessárias.
A hora da colheita não chegaria rápido o bastante.
Tradução: Pimpolho
Revisão: ZhX
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