Uma Elfa Lésbica e Uma Princesa Amaldiçoada

Uma Elfa Lésbica e Uma Princesa Amaldiçoada – Cap. 01.1 – A Meia-Elfa em Fuga

A floresta estava verde como sempre.

Rem se encostou em uma árvore gigante, sem se importar com o mundo. Suas raízes gigantes se torciam ao redor, criando um espacinho perfeito para seu corpo esguio se encaixar. Embora um pouco apertado, era, em toda a aldeia, o seu lugar favorito. De vez em quando, uma leve brisa de vento balançava seu cabelo castanho, assim como a flor branca que, por capricho, enfiara em sua bandana.

— Que chato… — murmurou Rem consigo mesma enquanto seus olhos verde-escuros olhavam preguiçosamente para o céu noturno. Bem, algo assim. Veja bem, a aldeia dos elfos em que ela vivia ficava dentro de uma densa floresta de árvores gigantes. As folhas e ramos cobriam o céu como um telhado, dando-lhe apenas pequenos vislumbres de sua verdadeira cor. Mesmo assim, ela não sentia que o lugar era sombrio. Em vez disso, achava a atmosfera obscura bastante calma e agradável.

— Haa… Yaaawn…

Um enorme bocejo escapou de sua boca. Este era o ambiente perfeito para adormecer, ainda mais porque estava sozinha. No entanto, isso era algo que ela tinha que evitar a todo custo. Embora pudesse não parecer, estava cumprindo um dever importante. Sua pequena mente não conseguia nem imaginar as palavras de abuso que seriam lançadas em sua direção se os outros aldeões a encontrassem cochilando. Rem agarrou a espada pequena em seu quadril, saltou e se virou para a árvore na qual estava encostada.

Nessa floresta de árvores tão grandes que até o mais ágil dos elfos tinha dificuldade para escalá-las, havia uma que era mais alta e mais larga do que qualquer outra, a mais velha de todas as árvores, chamada pelos mais velhos de Árvore da Origem. Embora a floresta fosse muito mais velha do que os elfos que lá viviam, as lendas dizem que tudo se originou de uma única árvore, a mesma que Rem havia sido designada a proteger. Ela certamente revelava a sua idade, com sua casca toda seca e rachada, e seu tronco encostado no penhasco logo atrás, tendo uma grande semelhança com um ancião humano como aqueles que Rem às vezes via nos livros.

— Afinal, para que esse velhote precisa de proteção?

Como os elfos viviam como um com a floresta, é compreensível que tratassem a velha árvore com grande respeito. O sagrado festival vicenciano1É um festival feito somente para pessoas de um determinado lugar. que estaria acontecendo em apenas um mês também seria realizado na clareira logo à frente. Rem ainda não tinha nascido quando o último fora realizado e, como tal, não sabia exatamente o que esperar. Seja como fosse, apenas não conseguia deixar de se perguntar por que ela, a garota mais jovem da aldeia, foi forçada a fazer companhia ao velho mudo e apodrecido.

Sentindo-se um pouco triste, Rem deu outra olhada em sua roupa. Estava usando um vestido verde-escuro com bainha larga e um coletinho por cima dele. Suas pernas, visíveis pela abertura entre o vestido e as botas que iam até os joelhos, gozavam de saúde, embora um pouco magras. Ela havia escolhido roupas que seriam fáceis de usar para se certificar de que estaria sempre pronta para a batalha, e também não havia relaxado durante o treinamento com o arco e a espada. Seus ombros estavam expostos e, embora isso enfatizasse um pouco mais o seu lado sexual, “sexy” ainda não era a palavra que ela usaria para se descrever. Disseram para Rem proteger a árvore, e pode apostar que ela daria tudo de si em sua missão.

Mas não era como se realmente pensasse que sua preparação algum dia seria posta em uso.

— Este não é um trabalho para uma jovem. Tudo o que eles querem é que eu murche aqui, assim como essa árvore.

Ela estava certa disso. Por quê, você pergunta? Bem, Rem não era como as outras crianças.

Os aldeões sempre a olharam com frieza. Mesmo assim, ela não tinha outro lugar para morar e, embora seu trabalho fosse tão chato que sentia que ia morrer, não deixou que uma reclamação escapasse nem mesmo uma vez. Mas estava começando a chegar ao seu limite. Passaram-se dez anos desde que os anciãos que governavam a aldeia lhe deram esse dever. Tudo o que ela sempre fez foi olhar para a velha árvore. E estava completamente cansada disso.

— Argh! Não aguento mais!

Como se tentasse soltar a sua frustração, correu em direção à Árvore de Origem e a subiu correndo, pousando em seu galho mais baixo. Os outros elfos provavelmente poderiam ter subido um pouco mais, mas as pernas de Rem não eram fortes o suficiente para isso. Ela amava aquela vista de cima. E, ao mesmo tempo, odiava.

A floresta cresceu em uma montanha com um pico que afundou e se transformou em um vale. A própria aldeia ficava dentro daquele vale e era cercada por muros altos por todos os lados, com um infinito oceano verde se espalhando em todas as direções além do lugar. As lendas dizem que em algum lugar lá fora existia uma terra povoada por outras raças além dos elfos.

— Me pergunto que tipo de lugar deve ser…

Cada vez que Rem via este cenário, seu coração se enchia de desejos pelo mundo exterior. Às vezes se perguntava: era realmente a esse lugar que ela pertencia? E então sentiu como se alguém a chamasse e, de repente, seu corpo perdeu todo o peso, como se estivesse flutuando no céu.

— Ei, meia-elfa!

No entanto, aquele brado2Voz forte e enérgica de forma a ser ouvida longe ou com temor áspero logo trouxe-a de volta à realidade. Ela olhou para baixo e viu um elfo com uma expressão irônica em seu rosto parado na base da árvore.

— Quantas vezes eu preciso dizer a você para não subir na árvore sagrada, meia-elfa? Ande logo e desça, está na hora da mudança de turno.

— Sim, certo, “mudança de turno”… — amaldiçoou consigo mesma. Ela sempre odiou o homem. Ele era excepcionalmente alto para um elfo, tinha cabelo comprido e bagunçado e uma barba que parecia nunca ser feita. Embora sua aparência impura fosse ruim o suficiente, o que Rem mais detestava nele era sua completa falta de responsabilidade.

O dever de guarda deveria ser cumprido em pares. O homem não suportava ficar com Rem, entretanto, mudou seu horário para ser durante a noite. Sua desculpa era que, desde que Rem era uma criança, ele cuidaria durante a noite. Porém, ela inteligente demais para acreditar nisso. Sabia que assim que a equipe de guarda original chegasse, os três deixariam seus postos para ir beber, largando a árvore sozinha.

Mas não era como se realmente se importasse com o que fizessem. Preferia passar seus dias mergulhada em tédio do que com por aí com ele. Havia apenas uma coisa que não podia deixar passar.

— Eu disse para você não me chamar de meia-elfa — reclamou Rem enquanto descia da árvore com relutância. O homem colocou as mãos na cintura e lançou-lhe um olhar de desprezo.

— Bem, é isso que você é. Olhe para as suas orelhas, elas têm a metade do comprimento das nossas.

Como se zombasse de Rem, o homem alinhou o dedo com a orelha. Eles eram quase do mesmo tamanho. As orelhas de Rem eram muito pequenas em comparação com as dele. Não só isso, seus seios eram maiores do que os de praticamente qualquer outra mulher de toda a aldeia. Isso sem dúvida era devido ao seu sangue parcialmente humano. Ainda assim, por que seu corpo sendo um pouco diferente importava tanto? Incapaz de suprimir sua raiva, deu ao homem um olhar penetrante.

— Por que infernos você está me olhando assim? Minha nossa… O que os mais velhos estavam pensando, deixando um dever tão importante para alguém como você?

Se é tão importante, que tal você fazer isso direito ao menos uma vez em vez de ir beber?! Rem queria gritar. No entanto, antes que essas palavras escapassem de sua boca, percebeu o sarcasmo na declaração do homem e perguntou o seguinte:

— Por “alguém como você”, quer dizer o fato de que sou uma criança, ou que sou uma meia-elfa?

— Huh? Isso não é óbvio? As duas coisas.

Rem bufou diante da resposta instantânea e deu as costas para o homem. Ela não aguentava ficar na presença dele por mais tempo e voltou correndo para casa, pisoteando a grama sob seus pés pelo caminho.

Embora não gostasse, tinha que admitir que era, de fato, ainda uma criança. Sabe, Rem tinha apenas dezesseis anos, e para os eternamente jovens elfos, isso era praticamente o mesmo que ser uma criança.

— Mas, ser meia-elfa não é minha culpa.

Rem era mestiça, filha de uma elfa e uma humana. Para tornar seu nascimento ainda mais incomum, seus pais eram mulheres. No começo ela não acreditou nisso, é claro, mas depois de ouvir algumas conversas entre os seus parentes, percebeu que isso seria possível com as artes secretas dos elfos. As artes tabu, aquelas seladas, as mais secretas.

Tendo quebrado as regras ao usar essas artes, a mãe de Rem tentou fugir da aldeia com sua filha recém-nascida. Acabou sendo capturada e trazida de volta, e foi semi-aprisionada em sua casa, sob vigilância constante. Naquela época a garota era apenas um bebê, então realmente não sabia de nenhum detalhe, conhecia apenas o que os outros lhe contaram. As únicas coisas de que se lembrava eram dos guardas do lado de fora de casa, assim como sua mãe sempre era gentil e como às vezes parecia triste.

Há alguns anos, ela falecera. Rem foi adotada por sua tia e imediatamente designada para guardar a Árvore de Origem. O pecado havia sido passado de mãe para filha, e agora era a vez dela de se redimir.

— Isso é tão estúpido. O que é que ela fez de errado?

Ter uma criança com um humano é realmente tão grave assim? Embora a mãe de Rem às vezes parecesse realmente triste, nem sempre foi assim. Ela ficava muito feliz sempre que contava histórias de sua “outra mãe”. Por esta razão, a garota nunca sentiu vergonha por sua condição de meia-elfa.

A caminho da casa de sua tia, Rem deu uma olhada nas árvores acima dela. Era a mesma vista que via todos os dias. Pontes construídas com hera penduradas entre diferentes galhos de árvores, assim como fazendeiros e caçadores caminhando sobre elas, voltando para casa após um longo dia de trabalho. Todos trabalhavam muito duro, sem dúvidas. Mas para Rem, todos pareciam estranhamente relaxados.

Elfos. Uma raça de criaturas eternamente jovens, protegidas por altos muros e uma densa floresta. Temiam o contato com as outras raças e estavam perfeitamente contentes com seu modo de vida pacífico, em total isolamento do mundo exterior. Exceto por Rem. Ela não podia suportar isso.

Os mais velhos sempre diziam que a garota só se sentia assim por ser criança. Ou que seu sangue humano era a fonte de seus pensamentos heréticos.

— O que vocês sabem sobre o mundo?! Se realmente odeia tanto os meio-elfos, então me banam daqui!

Para os anciãos que valorizavam a pureza acima de tudo, a mistura de sangue de Rem era fonte de muita vergonha. Pelo que ela tinha ouvido, eles sentiam a necessidade de escondê-la.

— Não estou brincando! Um dia vou deixar esta aldeia!

Rem sabia que a crueldade contra ela provavelmente continuaria por centenas, senão milhares de anos. Isso se durasse tanto tempo; era provável que acabaria ficando louca de tédio antes disso.

Por sorte, não teria que esperar muito por uma chance de escapar. Rem parou no meio do caminho e se virou para olhar para trás. Os últimos raios do sol poente fizeram com que a Árvore de Origem lançasse uma grande sombra sobre a aldeia, quase como um símbolo que unia todos os elfos. A meia-elfa lançou um olhar penetrante, como se desafiasse o feitiço de ligação, e começou a correr para sua casa.

 

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— Cheguei em casa, Tia Amita.

— Você demorou um pouco. Poderia começar a preparar a janta?

Ela encontrou sua tia costurando. A tia de Rem, Amita, tinha uma filha. Ela ia se casar antes do festival vicenciano, e como costurar era o forte de Amita, a elfa foi encarregada de fazer o vestido da noiva. Ter um vestido branco puro e brilhante feito de fios finos de aranhas da névoa era uma parte crucial da cerimônia de casamento desta aldeia.

Amita nem olhou para Rem quando a garota entrou, e simplesmente continuou trabalhando. O fato de estar ocupada com o vestido não era a única razão para isso, sabe; as duas nunca conversaram muito. Embora Rem fosse a filha órfã de sua falecida irmã mais nova, ela também era uma criança tabu, e adotá-la certamente não tornou a vida de Amita mais fácil.

Embora dez vezes mais velha do que Rem, em comparação com os outros aldeões, Amita ainda era bastante jovem. Ela era uma bela moça, com cabelos castanhos lustrosos e olhos amendoados. Apesar disso, sua vida não tinha muito romance para se mencionar, e ela sempre tinha uma expressão monótona no rosto, muito provavelmente devido aos pecados que sua irmã cometeu, bem como o fardo que cuidar de Rem tinha colocado sobre seus ombros. Embora a garota não achasse que ela ou sua mãe tivessem feito nada de errado, sentia pena de sua tia por ter que sofrer um aborrecimento por sua causa.

Bem, que bom que isso logo acabará.

Assim que Rem deixasse a aldeia, sua tia nunca mais teria que ver o rosto da garota que tanto desprezava.

— Ei, Tia. Minha mãe se casou com uma humana, certo?

— Por que você está trazendo esse assunto à tona…?

Amita parou sua costura e ergueu os olhos, claramente desconfortável. Esse era um assunto sobre o qual ela com certeza não gostava de falar, e era justo por isso que Rem fazia questão de mencioná-lo em todas as oportunidades. Ela não apenas queria saber mais sobre sua mãe, como fazer sua tia odiá-la evitaria quebrar o coração de Amita quando chegasse a hora de seu desaparecimento.

— É verdade que elfos e humanos não podem se dar bem? Me pergunto como minha mãe foi capaz de fazer isso. Também quero encontrar um humano e tirar minhas próprias conclusões.

— Você não pode!

Rem encolheu os ombros ante a feroz repreensão de sua tia. Embora seu objetivo fosse fazer Amita odiá-la, vê-la com tanta raiva certamente não era bom.

— Mas…

— Sem mas! Assim como nós, elfos, odiamos os humanos, os humanos nos odeiam. Vão te matar assim que te virem, ou, se tiver sorte, te levarão como escrava. A curiosidade foi a ruína da minha irmã, não deixe que também seja a sua…

Rem cerrou os punhos. Não havia nenhuma maneira de deixar sua tia escapar falando mal de sua mãe.

— É disso que vocês chamam o amor, “curiosidade”? Isso foi a “ruína” dela?

— Quantas vezes terei que…? Não quero mais falar sobre isso.

As perguntas de Rem ficaram sem resposta. Ela não queria ferir os sentimentos de sua tia, não depois de todo o bem que Amita havia feito por ela. Não, só fez isso para alcançar o seu objetivo.

 

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A noite, cinco dias antes do festival vicenciano. Era hora de o plano de Rem ser posto em ação.

Os preparativos para o festival estavam correndo bem. Os aldeões também estavam entusiasmados com a cerimônia de casamento da filha de Amita, que antecedia o evento. Todos foram convidados. Exceto Rem. Não podiam ter a ovelha negra da família por perto para estragar toda a diversão, não é? Pela primeira vez ela estava realmente feliz por ser tratada dessa maneira. Praticamente toda a aldeia estaria reunida em um lugar, dando-lhe a oportunidade perfeita para escapar sem ser percebida.

Depois de deixar uma carta que havia anteriormente escrito na mesa de sua tia, Rem começou a se dirigir para uma das rachaduras nos muros ao redor da vila que sabia que levava ao mundo exterior. Com uma espada pequena em seu quadril, um arco e uma aljava nas costas, e seu corpo envolto em uma capa com capuz, viajou rapidamente pela vila ao crepúsculo.

Os sons de celebração ficavam mais baixos a cada passo que ela dava. Entretanto, Rem não tinha arrependimentos. Em vez disso, pela primeira vez na vida, se sentiu com liberdade genuína. Esta excitação sem igual fez com que Rem aumentasse um pouco a sua velocidade de caminhada. Nesse momento, se lembrou de algo muito importante que havia esquecido e decidiu fazer um pequeno desvio. Escondida dentro de um bosque de pequenas árvores estava uma lápide simples, separada do resto das sepulturas. Lá estava sua mãe. Rem tinha ido ao lugar para se despedir dela.

— Adeus, Mãe… Se… Se algum dia eu voltar, prometo que o farei com minha outra… minha mãe humana…

Ela estava certa de que sua mãe humana também queria conhecê-la. Usando isso como uma justificativa para fugir, Rem enxugou suas lágrimas e deixou a floresta dos elfos.

 

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No entanto, partir para um mundo desconhecido acabou por não ser uma tarefa tão simples.

Ela demorou não menos que cinco dias para sair da floresta, principalmente devido às nuvens de chuva que bloqueavam sua visão do sol, e, como resultado, perdeu a noção de onde estava indo. A comida que ela preparou também tinha acabado, e teve que passar muito tempo procurando nozes e frutas vermelhas para comer.

Rem passava as noites dormindo nas árvores, constantemente em guarda para o caso de um animal selvagem atacá-la, e seus dias procurando por comida. Não sentia que estava fazendo nenhum progresso real e seu corpo estava prestes a desistir. Embora tentasse negar, se sentia impotente. Ninguém ia salvá-la. Mesmo assim, a ideia de voltar nunca passou por sua mente; seu sofrimento atual não era nada comparado com a humilhação infindável e esmagadora que enfrentaria se voltasse para a aldeia.

Quanto mais ela se afastava da aldeia, mais o cenário ao seu redor mudava. As árvores ficaram consideravelmente menores do que as gigantes de sua casa. E então, finalmente alcançou a borda da floresta. Rem ficou pasma com a visão se espalhando diante de seus olhos.

Não havia árvores, apenas campos abertos até onde a vista alcançava. Ela ficou completamente sem palavras. Embora Rem tivesse ouvido falar de uma coisa chamada “horizonte” lá na aldeia, ver por si mesma era algo bem diferente. No entanto, essa sensação de espanto foi logo substituída por outra coisa, o medo de feras. Não havia nenhum lugar para se esconder. Antes de seguir em frente, decidiu esperar pela noite.

Não demorou muito para que se acostumasse com seu novo ambiente, e logo também ficou capaz de andar durante o dia.

Os primeiros humanos que Rem viu foram fazendeiros trabalhando no que parecia ser um pomar. Eles não pareciam muito diferentes dos elfos que já conhecia, mas o que chamou sua atenção foi o formato de suas orelhas. Elas eram bem curtas e, mais importantes, arredondadas. Pelos livros que tinha lido, sabia que eles seriam diferentes, mas não tão diferentes.

O físico deles também era surpreendentemente distinto. Olhando para seus corpos grandes e musculosos, Rem percebeu o quão esbeltos os elfos na verdade eram. Provavelmente seria fácil para eles pegarem-na e partirem-na ao meio. Embora meio humana, Rem entendia que era como qualquer outro elfo para eles.

Se um humano te encontrar, eles a matarão.

As palavras de sua tia correram em sua mente. Ela passou a noite seguinte totalmente acordada, tremendo dentro de uma árvore oca.

Mesmo assim, não tinha arrependimentos.

— Certo. Eu só vi a aparência dos humanos. É muito cedo para ter medo, ainda nem tentei me comunicar com eles.

Quando o sol nasceu na manhã seguinte, Rem já estava acordando, com sua estratégia para aprender mais sobre os humanos em pleno andamento. O primeiro passo era observar seu comportamento de um esconderijo seguro. Ela foi capaz de entender a fala deles relativamente bem, talvez devido a morarem tão perto da vila dos elfos. O simples fato de saber que a comunicação mútua era possível fez maravilhas para amenizar os seus temores.

No começo, Rem ia pegar comida em casas de fazenda “emprestada”, mas logo descobriu que havia lugares que forneciam comida. Usando o robe para esconder o corpo e as orelhas, conseguiu pão e sopa. No entanto, foi aí que os problemas começaram. Veja, Rem não tinha nenhum dinheiro humano. Quando lhe pediram um pagamento, ela entrou em pânico e começou a correr para salvar sua vida, com todos os tipos de maldições que a chamavam de ladra atiradas atrás dela. Mas, felizmente, foi capaz de fugir. Três dias se passaram desde então, e ela ainda não tinha comido nada.

— Whoa…

Rem não podia acreditar na visão diante de seus olhos. A primeira coisa que viu ao sair de uma pequena floresta pela qual estava viajando foram as enormes muralhas da cidade. Elas cercaram uma colina, no topo da qual ficava um enorme castelo com paredes brancas e várias torres, todas com telhados azuis e pontiagudos. Embora também tivesse ouvido falar de um castelo tão poderoso na capital dos elfos, sua aldeia natal era apenas uma pequena cidade rural, consistindo apenas de casas simples, construídas com coisas naturalmente encontradas na floresta. Este era facilmente o maior edifício que ela já tinha visto.

— B-bem, ainda é menor que a Árvore de Origem… — murmurou, fingindo que não estava completamente impressionada com o tamanho. No entanto, por maior que fosse o castelo, as muralhas em si não eram tão altas. Nos últimos dias, Rem tinha aprendido que embora os humanos fossem incrivelmente fortes, eram muito menos ágeis que os elfos. Essas paredes deviam ser projetadas para serem impossíveis de serem escaladas por um humano. — Mas para mim é moleza! Hehe!

Havia soldados estacionados perto do portão, verificando todos que passavam. Naturalmente, Rem não planejava entrar por ali. Tendo encontrado um lugar perto da muralha sem ninguém por perto, colocou o pé em uma das muitas pedras que se projetavam atrás dela e, depois de contar até três, deu um salto gigante para cima.

— Aqui vamos nós!

Depois de mais alguns pulos, Rem alcançou o topo da muralha. De lá, avistou alguns arbustos altos, que usou para garantir um pouso seguro no caminho para baixo. E, assim, entrou.

Rem puxou o capuz sobre sua cabeça. Ela tinha chegado tão longe sem ninguém perceber que era uma elfa. Havia muitas coisas que aprendera nos últimos dias, uma delas era que simplesmente cobrir as orelhas era suficiente para andar por aí sem levantar suspeitas.

— Isso está indo muito bem… Provavelmente posso me mover com um pouco mais de ousadia e vou continuar bem.

Ela soltou uma risadinha. Incapaz de reprimir sua curiosidade, trotou em direção à cidade.

— Oooooh…

Rem olhou para a rua principal da cidade, admirada. Não era nada parecido com a dela, ou com qualquer uma das outras aldeias humanas que tinha visto. Havia edifícios de três andares feitos de pedra por toda parte, com telhados vermelho e laranja brilhantes. As ruas largas eram ligeiramente inclinadas para cima, levando ao castelo antes mencionado, com vista para a cidade.

A quantidade de pessoas também estava além de qualquer coisa que já tinha visto. Havia pessoas em todos os lugares que se olhava, e ela mal conseguia ouvir seus próprios pensamentos com a tagarelice constante. Era demais para suas sensíveis orelhas de elfa, e a ansiedade que conseguira conter estava começando a ressurgir.

— Incrível… Esta é uma daquelas cidades-castelo, hein?

Embora Rem certamente tivesse preferido que houvesse elementos mais naturais em vez de tudo ser feito pelo homem, o grande número de coisas novas que nunca tinha visto antes estava fazendo sua cabeça girar. Passou algum tempo apenas caminhando, tentando assimilar tudo o que estava vendo, quando de repente foi interrompida por uma voz alta soando de trás dela:

— Ei, senhorita! Venha comer isso!

Rem deu um salto, quase caindo de cara no chão. Com os lábios tremendo de medo, virou a cabeça em direção à voz. Havia um carrinho de comida lá, carregado com um incontável número de frutas. Um homem grande e barbudo, que Rem presumiu ser o dono, estava ao lado dele, segurando uma fruta vermelha e brilhante. Ela não tinha comido nada nos últimos três dias, e apenas o pensamento de comer a deixava com água na boca. Rem estava prestes a estender a mão dela quando de repente se lembrou de algo muito importante.

— Sinto muito… Eu vim do interior… Não tenho dinheiro…

— Ahaha, sabia! Eu poderia dizer pelo jeito que você anda. De qualquer forma, sinto muito por te assustar. Você pode ficar com esta de brinde, como um pedido de desculpas.

— Huh…? D-de verdade?!

Incapaz de acreditar no que acabara de ouvir, os olhos de Rem saltaram para frente e para trás entre a fruta e o homem que a segurava. Ele acenou com a cabeça, com um sorriso brilhante no rosto, e, sem hesitação, Rem agarrou a fruta de sua mão.

Humanos desse tipo realmente existem?

Embora o homem parecesse assustador, se ele ia dar algo para Rem comer de graça, devia ser uma boa pessoa.

Então toda aquela coisa de “assim como nós elfos odiamos humanos, humanos nos odeiam” provavelmente também não é verdade, hein?

Sua tia e os outros nunca haviam saído da aldeia. Suas opiniões sobre os humanos provavelmente não se baseavam em nada além de rumores exagerados e selvagens. Isso é o que Rem começou a pensar. De repente, ficou cheia de esperança e otimismo. Também se sentiu mais segura do que antes, sabendo que entendia o suficiente da linguagem humana para ter conversas completas com eles.

Mas esses pensamentos podem esperar. A fruta de aparência deliciosa na frente dela tinha toda a sua atenção.

Bon Appétit!

Sucos doces encheram a boca de Rem enquanto seus dentes mordiam a casca vermelha. Tinha gosto de céu. No entanto, quando ela abriu bem a boca, prestes a dar a maior mordida de sua vida, ouviu algo acontecendo atrás dela. O mar de pessoas inundando a rua principal de repente se dividiu, como se estivesse limpando a estrada.

— Oh! A Princesa voltou?

— Princesa?

Tentando ver o que o vendedor de frutas estava olhando, Rem ouviu o som de galopes. Nesse momento, uma carruagem puxada por quatro cavalos brancos apareceu no meio da multidão de pessoas.

— Nossa, que carruagem bonita… Essa é a Princesa? Ela estava em uma viagem ou algo assim? — perguntou Rem ao vendedor de frutas ao lado dela. O homem respondeu, claramente um pouco desconfortável:

— Bem, podemos dizer que sim… Ela se casou recentemente e foi morar com o marido, mas o homem se divorciou dela logo depois. Para resumir, ela está voltando para casa. Ainda assim, é o quê, a terceira vez? Dessa vez não durou nem uma semana. Deve ser um novo recorde.

— Huh? Os humanos realmente se casam tantas vezes?

— Definitivamente não! Uma vez e pronto, é assim que normalmente funciona. Eu não sei por que, mas por alguma razão, a princesa sempre acaba sendo enviada de vol… Espera, você acabou de dizer “humanos”?

O homem olhou para ela, confuso. Rem colocou as mãos na boca, mas já era tarde demais. Em meio ao pânico, percebeu que a fruta não estava mais em sua mão e, em vez disso, estava voando pelo ar. Ela imediatamente se lançou em direção à fruta que caía, na tentativa de pegá-la. No entanto, o movimento repentino fez com que seu capuz caísse.

— Você é uma elfa! — gritou o homem ao ver as orelhas de Rem. Sua voz foi alta o suficiente para ser ouvida acima do barulho da multidão, e todas as pessoas ao redor deles se viraram ao mesmo tempo para olhar para Rem.

— Eu… Umm… Eu sou…

— Sua elfa ladra suja! É bom me pagar agora mesmo, ou então…!

— Hein?! Você disse que era grátis!

Agora sabendo que ele estava falando com uma elfa, a atitude do homem mudou completamente. Rem ficou sem palavras por causa de sua súbita mudança de humor. Ela olhou para as pessoas ao seu redor, todas parecendo bem zangadas. Todos tremiam de raiva, a encarando como se ela tivesse acabado de matar alguém.

— Eu sou… Uuuh… Eu sinto muito…! — Rem se desculpou, embora não tivesse certeza do motivo. As pessoas a cercaram. Ela sabia que só havia uma saída, e saltou o mais alto que pôde, voando pelo céu e pousando no telhado de uma das casas. Lá em cima, começou a traçar uma rota de fuga. Abaixo dela, podia ver homens e mulheres de todas as idades gritando “uma elfa”. Muitos deles empunhavam ferramentas agrícolas, segurando-as como armas. — Por favor, parem! Eu não fiz nada de erra…

As palavras de Rem foram interrompidas pelas pedras e outros objetos lançados em sua direção. Usando o robe para proteger seu corpo, ela correu de telhado em telhado. Felizmente, a multidão que a perseguia era densa demais, e não foi capaz de acompanhar a alta velocidade e as curvas fechadas da jovem elfa. Tendo gasto a maior parte de sua energia empurrando e afastando uns aos outros, seus perseguidores logo desistiram. Sabendo que essa era sua chance, Rem saltou sobre a rua principal, mirando nos telhados do lado oposto.

Enquanto estava no ar, viu uma jovem se inclinando para fora da carruagem logo abaixo, com seus cabelos dourados e cacheados balançando ao vento. Embora Rem ainda não estivesse confiante em sua habilidade de julgar quão velhos eram os humanos, se tivesse que adivinhar, a garota provavelmente teria mais ou menos a sua idade.

Devia ser a Princesa de quem todos estavam falando. A pequena tiara em sua cabeça, bem como a pedra preciosa vermelha brilhante colocada na gargantilha preta amarrada em seu pescoço brilhavam ao sol.

No entanto, mais brilhante do que qualquer um deles, era a sua imensa beleza. O próprio ser da garota exibia seu nascimento nobre. Em transe com a visão diante de seus olhos, Rem se esqueceu por completo de que deveria estar fugindo.

Quem em sã consciência se divorciaria de uma moça tão bonita? Em seu coração, a elfa pediu desculpas por perturbar a Princesa em seu momento de tristeza.

Só então, seus olhos se encontraram. Embora tão verdes quanto os de Rem, os olhos da garota estavam voltados para cima, dando a ela uma aparência muito mais determinada. Elas se encararam pelo que pareceu uma eternidade, foi como se o próprio tempo tivesse parado.

Ela está… sorrindo?

Rem ficou perplexa com a sua expressão. Seus olhos brilhando de curiosidade, seus lábios rosados se curvando em um sorriso, suas bochechas inocentes e levemente coradas, nada disso dava qualquer indício de tristeza.

Claro, na realidade, o encontro delas durou apenas alguns segundos. Estando no meio do salto, Rem voou direto sobre a carruagem abaixo dela. Será que só não tinha mal interpretado as coisas? Essa com certeza era uma possibilidade. Ainda assim, mesmo depois de escalar as muralhas da cidade e fazer seu caminho para a floresta mais próxima, a expressão curiosa da garota simplesmente não saía da mente da elfa.

— Isso foi difícil…

Um dia inteiro se passou desde então. Rem ainda estava vagando pela floresta para a qual havia escapado. Embora tivesse planejado originalmente viajar durante a noite, a perseguição anterior havia consumido toda a sua energia, e adormeceu logo depois de ficar em segurança. Rem não podia acreditar em como tinha sido descuidada. E se os humanos a perseguissem?

Felizmente, não parecia ser o caso. Provavelmente estavam ocupados demais para correr pela floresta, procurando por uma única elfa. Mesmo assim, não havia como voltar para a cidade. Rem não esperava que fossem tão hostis com os elfos. Ela tinha ficado totalmente envolvida pela atmosfera alegre da cidade, e tolamente assumiu que não importava se sua verdadeira identidade fosse exposta.

— Fiquei com tanto medo… Humanos realmente odeiam elfos…

Rem tinha se tornado uma vítima exposta ao ódio que pairava entre suas raças. Tendo sentido medo genuíno pela primeira vez em sua vida, no fundo de sua mente começou a se perguntar se sair de casa tinha sido mesmo uma boa ideia.

— Não… Não! Ainda não posso desistir! Tem que haver algum lugar onde eu possa viver em paz, tem que haver!

Ela agarrou um punhado de grama, como se para mostrar a força de sua devoção. No entanto, havia uma coisa que tinha que fazer antes de partir em sua jornada, e isso era encher seu estômago vazio.

— Eu não consegui comer nem metade daquela fruta…

Estando em uma floresta e tudo mais, Rem pensou que haveria pelo menos frutas ou algo para comer. No entanto, embora tivesse encontrado algumas, infelizmente eram todas intragáveis. Ela estava até pronta para trair sua moral e comer carne, algo que os elfos normalmente nunca faziam. Todos os animais pareciam evitá-la, no entanto, talvez assustados pela sede de sangue que agora irradiava dela.

— Ai…!

Para piorar as coisas, havia tropeçado em uma pedra, caindo de cara no chão surpreendentemente duro, um erro bastante vergonhoso para uma elfa ágil como ela.

— Acho que sou só apenas uma meia-elfa idiota… — Rem suspirou, tentando reunir simpatia. No entanto, não havia ninguém para confortá-la. Nem mesmo alguém para zombar dela. Seus dias na aldeia podiam ter sido solitários, mas não era nada comparado a isso. Ela havia fugido para encontrar a felicidade, para não ficar ainda mais infeliz.

— O quê? Pedir para ser feliz foi egoísta demais da minha parte? — disse ela, frustrada, para ninguém em particular. Rem tinha se sentido sozinho na aldeia e ainda se sentia sozinha depois de deixá-la. Tudo o que sempre quis foi escapar dessa sensação.

Depois que sua amada mãe morreu e foi acolhida por sua tia, a mulher não demonstrou nenhum afeto por ela. Era mais como se ela estivesse monitorando Rem, certificando-se de que não cometeria os mesmos erros que sua mãe. Então, assim sendo, Rem acabou fugindo da aldeia. As preocupações de sua tia não foram completamente inúteis.

Ainda assim, ela simplesmente não aguentava mais viver naquela vila apertada, sendo sempre insultada por seu próprio povo. Mesmo seus parentes não confiavam nela. Quem poderia culpá-la por querer deixar tal lugar?

— Não existe uma única pessoa que não me odeie?

Rem rolou de costas e gritou de frustração, mantendo os olhos fechados. Em sua mente, viu o rosto de uma jovem. Pertencia à Princesa, que a encarou com tanta curiosidade. Nunca antes alguém olhou para Rem com olhos tão inocentes. Por causa disso, o rosto da garota ficou claramente gravado em sua mente, apesar de vê-lo apenas por um instante.

— Por quê…? Por que não consigo parar de pensar nela…?

Sempre que Rem fechava os olhos, parecia que a Princesa estava bem na sua frente, estendendo a mão.

— Uff… Isso é tão idiota…

Ela estava realmente tão sozinha que começou a ver coisas? Ainda assim, a garota era humana, o que significa que odiava elfos. Aquele sorriso também, ela provavelmente estava apenas se divertindo com a aparência da elfa idiota ou algo assim.

Mesmo que não fosse o caso, ela era uma princesa. As duas garotas eram de mundos completamente diferentes. Não que nada disso importasse. Não era como se as duas fossem se encontrar de novo.

— É melhor eu parar… Pensar em tudo isso está fazendo a minha cabeça doer…

O cansaço e a fome tornavam incrivelmente difícil para Rem se concentrar em qualquer coisa. Seu corpo gritava para ela dormir, mas fazer isso onde estava era simplesmente perigoso demais.

— Eh…?

Só então, percebeu algo estranho. Não era de se admirar que o chão em que ela estava deitada fosse tão duro. Não era de fato o solo, mas sim uma estrada pavimentada com pedras.

 


Tradução: Taipan

Revisão: Thunder

 

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