Assim que entrei no Castelo Maust, os lordes regionais enviaram emissários oferecendo felicitações na mesma hora.
Todos se apressaram a me dar os parabéns pela gravidez da minha esposa oficial.
Senti como se a notícia tivesse corrido bem rápido, mas todos eles estavam desesperados para continuar sobrevivendo. Cada um desses lordes devia ter ao menos um agente na capital e, é claro, celebrariam as boas novas com a maior potência do reino.
Lumie recebeu esses enviados com sorrisos. Falei para ela descansar, já que era uma tensão desnecessária para o seu corpo, mas ela insistiu: “Encontrar-se com os enviados também é trabalho da esposa.”
Ela não deixou a sua posição. Senti que esse tipo de teimosia a assemelhava a Seraphina.
Todas as minhas consortes, mesmo com personalidades diferentes, eram muito obstinadas. Será que eu atraía esse tipo de mulher?
Havia retornado ao meu castelo residencial no rio, mas isso não significava que estava sem nada para fazer. Poderia, inclusive, dizer que havia muito a ser feito, já que foi meu primeiro retorno em muito tempo.
Eu havia encarregado Fleur das decisões pessoais envolvendo as garotas do castelo, assim como as criadas e os vários conventos espalhados pelo domínio. Ela talvez fosse mais uma ajudante do que uma concubina, e calmamente continuou com o seu trabalho. Era extremamente habilidosa em suas tarefas administrativas, e era bem raro que desse sinais de que fossem algum fardo.
— Sir Regente, acredito que é o momento certo para começar a construir a agência doméstica formal de sua esposa aqui dentro do Castelo Maust.
Enquanto tomávamos chá em nossos raros intervalos, Fleur tocou no assunto.
Pessoas como a esposa formal ou herdeiro de um rei ou grande lorde tinham o direito de formar pequenas organizações governamentais com elas mesmas no comando. Isso acontecia porque tinham que administrar suas propriedades individuais ou os templos onde detinham autoridade.
Como a irmã mais nova do rei, Lumie tinha territórios próprios. Mas até o momento, embora houvesse obtido ajuda de burocratas ou dos meus subordinados, costumava administrar suas propriedades por conta própria.
Porém, à medida que sua gravidez progredia, mais difícil ficava. Antes disso, deveria criar sua própria agência doméstica e fazer com que conduzissem seus negócios oficiais.
— Verdade. Mas pretendo primeiro discutir isso pessoalmente com ela.
Não tive tempo para ficar sozinho com Lumie desde que voltei para o Castelo Maust.
Embora fosse verdade que eu estava com trabalho acumulado para fazer, provavelmente estávamos ambos usando isso como uma desculpa para adiar nosso encontro.
Então, não poderia me dar ao luxo de entrar em desacordo com ela enquanto as coisas estavam uma bagunça.
— Sua esposa parece estar se esforçando para não parecer tão bondosa.
— Isso faz parecer que seu coração está corrompido, Fleur.
— Ao menos senti alívio por meu clã continuar existindo após eu me tornar sua concubina. Meu primeiro pensamento foi pelo meu clã.
Fleur soltou uma risada autodepreciativa.
— Quaisquer que sejam as suas motivações, Fleur, você tem sido leal a mim, e gosto muito de você. Ainda lembro de quando demos as mãos em nossa primeira noite juntos.
Eu também não tinha esquecido do sorriso feliz dela naquela noite. A minha memória era muito boa. Oda Nobunaga, pelo visto, também raramente esquecia o que ouvia. Embora fosse ele quem dizia isso, então eu não sabia se era verdade mesmo.
— Discutir esses assuntos durante o dia é um pouco impróprio, não acha?
Fleur soltou uma risadinha, tapando a boca com a mão.
Nosso relacionamento era próximo o suficiente para que pudéssemos trocar esse tipo de comentário.
Eu esperava ter um relacionamento como esse com Lumie, mas Fleur e ela estavam em posições bem diferentes: a filha de um clã se deparando com a aniquilação contra a irmã mais nova de um rei, não importa o quão fraco ele fosse. Não era certo esperar o mesmo das duas.
— Esta noite eu gostaria de conversar com Lumie. Conforme a data do parto se aproxima, ela sem dúvidas está ficando mais cansada.
— Sim, parece ser uma boa ideia.
Fleur balançou a cabeça com uma expressão profissional.
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Naquela noite, me vesti formalmente e visitei minha esposa.
Estava mais para uma visita à irmã do rei do que ir ao quarto da minha esposa. E como eu estava usando um traje formal, também equipei a minha espada.
— Querido, hoje você parece terrivelmente intimidante.
Lumie me recebeu com um sorriso triste.
Suas acompanhantes também foram dispensadas, então estávamos apenas nós dois em seu quarto.
— Lumie, tenho algo muito importante para te contar nesta noite. Quero que me ouça com atenção.
— Entendi. Por favor, comece.
Sentamos um de frente para o outro, uma mesa entre nós.
— Meu desejo é tornar este reino um lugar verdadeiramente pacífico. Não falo de uma paz que durará alguns anos, mas sim de uma que durará séculos.
— Um objetivo louvável.
Lumie emanava o ar da realeza. Senti que isso era algo proveniente do sangue daqueles que governaram este reino por muito tempo. Ela parecia muito mais majestosa do que o atual rei.
— Para conseguir isso, quero que sua criança suba ao trono — falei enquanto olhava fixamente nos olhos da minha esposa.
O olhar dela sequer vacilou.
— Isso significa que você pretende dar início a uma nova dinastia? — perguntou ela.
— Não há ninguém no Reino de Therwil com mais poder do que eu. Estarei no topo deste reino e fundarei uma nova dinastia. Isso é tudo pelo bem da paz. Mas, para isso, Lumie, preciso da sua ajuda.
— Não importa como eu analise, isso parece ser sedição.
— Se eu unificar este reino, não será sedição.
Continuamos olhando fixamente um para o outro.
Parecia até com uma competição; o primeiro a quebrar o contato visual perderia.
— Nesse caso, o destino do meu irmão, sem dúvidas, não será agradável.
— Quero lutar pela felicidade da minha esposa. A felicidade do meu cunhado tem menor importância.
— E-Então, e se…
Foi nesse ponto que Lumie desviou o olhar.
Seus olhos estavam cheios de lágrimas.
— E se eu dissesse que relataria isso tudo ao meu irmão? Nesse caso… você não teria escolha a não ser me matar… Isso tornaria suas palavras sobre fazer tudo pelo bem da sua esposa… em mentira…
— Esse é um ponto sem sentido.
— Como…?
— Porque minha esposa ama mais o marido do que o irmão. Tenho certeza disso.
Me levantei e a abracei por trás.
— Minha esposa deseja a minha felicidade. É por isso que nossos interesses estão entrelaçados. Não é?
Lumie escondeu o rosto no meu peito e soluçou por um bom tempo.
— Se eu te odiasse, a história talvez fosse outra…
— Dê-me realeza, Lumie — sussurrei meu desejo baixinho ao ouvido da minha esposa.
A conversa que tivemos naquela noite aliviou o clima entre nós.
Claro, isso não significava que havia acabado com todas as preocupações de Lumie. Cada vez que algo acontecia, ela resistia. Mesmo assim, seu caminho foi escolhido.
Ela tinha jurado me acompanhar.
Eventualmente, fui chamado ao quarto onde Seraphina, Laviala e Fleur esperavam juntas por mim.
— Lorde Alsrod, Lumie me contou sobre o que aconteceu, mas desta vez você foi muito imprudente. O que planejava fazer se ela não te escutasse?!
Com base na expressão de Seraphina, ela parecia se sentir da mesma forma. Provavelmente porque eu tinha meio que entrado nisso de cabeça.
— Eu não teria feito nada. Embora, nesse caso, talvez tivesse que me explicar ao rei. Apesar de que poderia colocar Lumie em prisão domiciliar, mas se fizesse isso, a informação chegaria a ele, e o resultado seria o mesmo. Nesse caso, talvez fosse melhor apenas enviá-la de volta para a capital.
— Ó, marido imprudente, você não considerou o que faria se as coisas dessem errado?
Seraphina parecia exasperada.
Fleur, por outro lado, permaneceu em silêncio, uma expressão fria em sua feição. Ela parecia saber o que eu faria.
— Não, muito pelo contrário. É por ter sido tão honesto ao ponto de ser imprudente que Lumie decidiu se comprometer comigo.
Se eu não amar esse homem, ele pode muito bem se destruir – ganhei no momento em que esse pensamento correu pela mente dela.
Laviala soltou uma risada seca e disse:
— Isso é trapaça. — Ela parecia entender.
— Honestamente… como você é tão confiante do fato de ser amado, mesmo tendo tantas concubinas…?
Seraphina soltou um suspiro teatral enquanto esfregava a testa. Ela, aparentemente, também aceitou as minhas ações.
— Claro, Sir Regente, se você se tornasse suspeito de sedição, imagino que iria no mínimo se juntar ao rei deposto e atacar a capital com ele — disse Fleur em minha defesa. — Nesse caso, a capital cairia facilmente. Isso acabaria tornando as coisas complicadas, mas tenho certeza de que você poderia ter pelo menos derrubado o rei anterior.
Sim, ela meio que acertou.
Parecia que eu tinha deixado tudo nas mãos de Lumie, mas, na verdade, quando voltei para o Castelo Maust já possuía muitos caminhos para a vitória.
Mesmo se Lumie tivesse me chamado de traidor, eu teria simplesmente desertado para o lado do rei anterior, continuando a guerra e expulsando Hasse sem qualquer piedade.
Claro, isso acabaria sendo um desvio do meu plano original. Não seria o ideal.
Mas também não era o pior caso possível. Era um caminho bom o suficiente para seguir.
E, mais do que tudo, no final, consegui valorizar os desejos de Lumie.
Tudo o que eu tinha que fazer neste momento era dar o meu melhor para deixá-la feliz, assim como fiz com minhas outras consortes.
— Pensando nisso, Lorde Alsrod também desenvolveu o hábito de ser imprudente no campo de batalha — observou Laviala. — Quando penso nisso como uma aplicação fora do campo de batalha, até que faz sentido.
— Obrigado pela compreensão, Laviala. Eu não esperaria nada menos da minha irmã de leite.
— Isso não é um elogio. Ainda estou exasperada.
Mas era verdade – eu tendia a escolher um caminho um pouco mais arriscado ao invés de um mais conservador.
— Da minha parte, pensei que seria interessante se ela deixasse de ser a sua esposa oficial, mas acho que não foi assim que as coisas acabaram — brincou Seraphina. Ela, sem dúvidas, estava pelo menos um pouco séria.
— Gostaria que minhas consortes se dessem bem…
— Eu sei. Mas se você passar muito tempo amando a mim ou às outras concubinas, Sua Alteza, a esposa oficial, pode mudar de ideia, então você deve tomar cuidado, Ó meu marido.
Me deixei exposto a qualquer coisa que Seraphina quisesse dizer.
— Digo, ontem à noite, depois que você me visitou, foi à casa de Laviala e depois passou na de Fleur, segundo me disseram. Ouvi dizer que heróis têm a libido forte, mas não acha que está exagerando um pouco?
Laviala e Fleur coraram com o comentário de Seraphina. Este não era um assunto a se discutir em público.
— Você foi para a casa de Fleur depois de me visitar… L-Lorde Alsrod, v-você é bem viril…
— Eu só estava no clima… Há momentos em que me sinto assim depois de tirar algo do meu peito… Além disso, sinto-me mais em casa no meu próprio castelo do que na capital…
Enquanto eu me perguntava se isso tinha algo a ver com minha profissão, Oda Nobunaga disse: “Não me coloque no meio disso.”
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No dia seguinte, chamei Kelara ao meu quarto e tive uma discussão detalhada sobre a governança dos meus territórios.
Eu agora seria capaz de reunir a maior força que já consegui mobilizar. Precisei inclusive criar uma nova divisão para algumas dessas forças.
Conversei com ela sobre quem seria adequado para liderar a nova divisão. Assim como algo entre um burocrata e um general, Kelara era uma conselheira ideal.
— Acredito que seria melhor empregar aquele sujeito que tem uma longa história de serviço para o clã Caltis. Não fazemos ideia do quanto estariam dispostos a lutar se designássemos alguém sem nenhuma conexão com o clã.
— Você está certa. Esses homens com certeza ainda têm algum apego à era do clã Caltis, de qualquer forma. É um bom momento para tratar bem algum apoiador sobrevivente daquele clã.
— Então creio que por enquanto terminamos.
Kelara parecia pensar que havia terminado o trabalho, mas eu ainda não tinha terminado.
— Hm, Kelara, sinto muito, mas também gostaria de pedir que me sirva com o seu corpo…
Ela olhou para baixo e respondeu:
— Como desejar…
Eu tinha certeza de que eventualmente iria me acalmar… era só que minha mente e corpo ainda estavam agitados após partir da capital.
Assim que terminamos, ela disse em seu discurso excessivamente formal de sempre:
— Sir Regente, há também a questão do Problema Nortenho.
— Sim, precisamos discutir isso. Eu tinha planejado fazer isso em outra ocasião, mas… suponho que esta seja tão boa quanto qualquer outra.
Debati a respeito do Problema Nortenho com Kelara.
— E isso resume tudo… Kelara, o que acha?
— Ah, sim… — Ela desviou o olhar, parecia estar corando. — Ah… é impressionante a rapidez com que você pode mudar das questões do quarto para as de estratégia…
Tê-la apontando isso me deixou um pouco constrangido.
— Ah, vamos lá… Foi você quem trouxe o assunto à tona logo depois de terminarmos na cama. Foi você a primeira a mudar de rumo. Não jogue a culpa em mim.
— Não… eu planejava falar sobre isso após a discussão sobre seus territórios, mas você falou que queria o meu corpo…
O rosto de Kelara estava brilhando de tão vermelho. Parecia que ela tinha ficado mais feminina, ou melhor, que havia finalmente desenvolvido uma gama mais ampla de emoções.
Talvez apenas estivesse apaixonada por mim. Sendo homem, isso me parecia muito bom.
— Muito bem. Você venceu. Então, vamos voltar ao assunto em questão — falei com uma risada. — Pois bem, tem alguma preocupação após ouvir sobre este plano? Quero sua opinião sincera.
Ao fazer grandes movimentos, pedir a opinião de um pequeno número de consultores de confiança já é suficiente.
Aqueles que são desinteressados temem fazer a mudança por conta própria e não podem chegar a decisões decentes.
Além disso, aqueles sem visão própria tendem a ser empurrados para o lado da maioria.
— Não acho que seja um plano ruim. Contanto que o outro lado não seja excessivamente teimoso.
Kelara havia recuperado a expressão de uma conselheira sênior. Ela, na verdade, era alguém que poderia rapidamente mudar de marcha.
— Sim. É tudo uma questão que envolve um grupo contrário. Mas seria melhor assegurar o nosso controle sobre o Norte durante esta oportunidade. Isso expandirá muito as nossas opções.
Não importa o que Hasse realizasse em sua campanha no oeste, se eu controlasse o Norte, poderia fundar meu próprio país. Minha posição como regente do Reino de Therwil não teria mais nenhuma utilidade.
— Obrigado. O resto vou discutir pessoalmente com Talsha. Obtive a sua aprovação, então está na hora de conversar com quem estará se envolvendo em tudo.
Mas ouvir o nome de Talsha fez Kelara franzir um pouco a testa.
— Você está planejando mais intimidade…?
— Não! Por agora estou bem satisfeito… Ainda assim, realmente não sei como Talsha está se sentindo…
Lembrei-me da disposição dela.
Impulsionada e enérgica em tudo o que fazia, era uma mulher que servia praticamente como a personificação de tudo o que as pessoas da capital imaginavam quando pensavam em um Nortista.
Mas havia uma coisa que a diferenciava dos Nortistas que os moradores da capital imaginavam. Nortistas não são bárbaros. Na verdade, valorizam a honra muito mais do que os residentes da capital.
Claro, considerando a frequência com que a autoridade na capital mudava de mãos, viver de acordo com um código de honra e defender a própria honra poderia muito bem fazer com que toda a casa de qualquer um fosse eliminada, então, talvez, no final das contas fosse uma questão de diferenças geográficas. Se não há ninguém a quem contar sobre uma morte honrosa, então é apenas uma morte sem sentido.
No momento em que Talsha entrou no meu quarto, aproximou-se de mim no mesmo instante.
— Preciso acalmar minhas emoções antes de podermos discutir política… Alsrod, por favor…
Esta mulher estava estranhamente apaixonada. Ela era a personificação da herança de seu clã.
— Muito bem. Preciso que você me escute, então faça o que precisar para se acalmar.
Talsha e eu passamos muito tempo fazendo amor.
Claro, se eu conseguisse engravidá-la, isso impulsionaria meus objetivos estratégicos, mas seria exigir demais de uma mulher que não era minha concubina.
— Pois bem, o que gostaria de discutir? — perguntou-me ela na cama, seu rosto tão próximo que nossos narizes praticamente se tocavam.
— Talsha, informei seu irmão, Seitred, o Margrave de Machaal, que ele deve abdicar do título em seu favor. Ou melhor, o notifiquei que ele abdicou do título para você. — Balancei um pouco a minha cabeça. — Por uma questão estratégica do Reino de Therwil, você já foi nomeada Margrave de Machaal. Talsha Machaal, você é agora a Margrave de Machaal.
— Bem, essa é uma notícia repentina, mas boas notícias são sempre bem-vindas, não importa onde as escute.
Ela riu com uma expressão digna de um grande herói. Com certeza não era uma atitude que uma nobre mulher da capital demonstraria. Esta mulher nasceu guerreira.
— Mas, como já mencionei, não posso acreditar que meu irmão vai me entregar o título tão fácil assim. Ele é um bruto, mas acredita que usa a própria força para proteger as nossas terras. E há uma parte dele que pensa pouco de mim por eu ser mulher.
— Eu sei. É por isso que você precisa tomar o título à força. Vou te emprestar as tropas que prometi no passado. Não… vou acompanhá-la. — Sorri e puxei Talsha para o meu peito. — Agora que voltei para Maust, tenho tempo de sobra para gastar como bem quiser. Posso pelo menos ajudar. Isso vai facilitar a expulsão do seu irmão, não é?
— Entendo. Você irá longe assim por mim. — Talsha também sorriu e me abraçou. — Me tornarei a mais forte, não, a maior governante entre os Margraves de Machaal! Juro isso aqui e agora! As terras do meu irmão são pequenas demais para me conter!
— Isso mesmo. Preciso que você as expanda muito mais.
Talsha tinha uma profissão chamada Takeda Shingen.
Não era uma profissão para alguém que se preocupasse com as defesas das suas terras.
— Vá com a intenção de governar todo o Norte. Então, se acha que pode confiar em mim, empreste-me as suas tropas. Vamos unificar o reino juntos. Se acha que eu não vou conseguir, então aponte a sua lança para mim.
— Não tenho qualquer desejo de lutar com você. Não se preocupe.
Talsha riu contra o meu peito.
Foi o som mais suave que a ouvi fazer durante o dia todo.
— Estou apaixonada por você. Seria estranho lutar até a morte com o homem que amo. Alsrod, mesmo que você seja o último guerreiro sobrevivente, serei sua aliada!
— Se houver algum infortúnio para mim, será o de não te ver por algum tempo, uma vez que se tornará a Margrave de Machaal.
É difícil ficar separado de uma mulher que me ama tanto.
— É por isso que vamos fazer amor enquanto ainda podemos — disse Talsha. Ela me beijou apaixonadamente.
Ao menos na cama eu perdi para ela.
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Logo deixei aquelas tropas do meu domínio prontas para uma invasão ao Norte.
O objetivo da nossa campanha seria enviar Talsha como a nova Margrave de Machaal.
Muitos ficaram confusos por causa da decisão repentina, mas fiz se prepararem sem reclamar.
Tínhamos uma boa chance de vencer, mesmo sem um grande exército. Afinal, a nova Margrave de Machaal não era uma figura representativa, mas uma heroína que superou o antecessor.
Em papel, estávamos enviando soldados ao Norte para colocá-los firmemente sob o controle do reino, enquanto Hasse planejava sua expedição para o oeste.
Não havia nada de estranho nisso. Já havíamos começado a conquista do Norte, e ela só foi temporariamente suspensa por causa das rebeliões. Razão essa pela qual não era uma aventura militar feita por capricho do regente.
Claro, ainda havia a chance de a campanha ser cancelada.
Isso aconteceria no caso de o irmão de Talsha, Seitred, concordar em abdicar a favor de sua irmã.
Se isso acontecesse, tudo o que ela precisaria fazer era confiantemente cavalgar para seu novo castelo.
Seitred, no final, não me respondeu dentro do prazo. Ele pretendia lutar comigo. Oda Nobunaga disse que sempre soube que seria assim que as coisas terminariam.
— O pai de Shingen também era um bruto. Ele unificou Kai, então tentou expandir para Shinano, mas foi então expulso por Shingen. Shingen não poderia ter executado aquele plano sozinho, então já havia conseguido um grande apoio.
Bem, eu já imaginava isso. Um golpe de estado só poderia ser mantido com um bom número de aliados.
Um golpe de estado executado sem vantagem militar seria imediatamente suprimido. Eram necessárias, no mínimo, forças iguais às do antigo regime e, mesmo assim, continuava sendo arriscado. Humanos tendiam a ser conservadores e contrários à mudança.
— Quanto à situação deste mundo, apenas ouvi as coisas, mas este Seitred parece ser um homem parecido. Ele é bom na guerra, mas desleixado nas questões políticas. É provável que não seja tão estimado assim por seus vassalos. Se houver um invasor de fora, irão juntar suas forças com ele para resistir, mas…
Se for um membro adequado da linhagem Machaal, provavelmente ficarão contra ele.
— Não me antecipe. Mas, sim, é isso. Por precaução, envie cartas em nome de Talsha criticando o pobre governo de Seitred aos vários lordes do Norte e aos vassalos dele. Esse seria um pequeno preço a pagar, caso reduzisse o número de inimigos.
Obrigado. Essa é uma boa ideia. Para mim, quanto menos lutar, melhor.
Uma guerra longa e prolongada resultaria em escrutínio desnecessário na capital e esgotaria as minhas tropas. Se isso acabasse arruinando minha capacidade de participar da expedição ao oeste, acabaria frustrando meu propósito.
Primeiro movi Talsha para um forte mais ao norte.
Os lordes nortenhos naturalmente se reuniram naquele forte. Muitos deles admiravam o talento de Talsha. Claro, havia alguns deles que se emocionaram com o fato de que ela por fim se levantou para reivindicar o título que era seu por direito.
Em algum momento, surgiram também aqueles que deixaram o lado de Seitred para se juntar ao dela.
À medida que esses números iam aos poucos crescendo, usei minha própria força de sete mil homens para se juntar a Talsha como reforços.
As forças totais chegaram a pouco mais de vinte mil tropas.
— Se reuniram aqui tão rápido que foi quase fácil demais. É quase como se eu fosse a margrave. — No momento em que a vi, Talsha disse algo estranho.
— Não, você já é a Margrave de Machaal. O inimigo com o qual lutará são os rebeldes que estão oferecendo resistência a você.
Talsha percebeu o seu erro e caiu na gargalhada.
— Ah, claro. Isso significa, então, que não posso perder, posso? Seria problemático se eu perdesse a minha primeira batalha como margrave.
Ela finalmente saiu para atacar seu irmão, que se recusou a entregar o margravato.
Não que houvesse muitos inimigos tentando detê-la ao longo do caminho, mas ela os superou rapidamente, esmagando-os sem perder quase nenhuma de suas forças.
Observei o seu comando da retaguarda, rindo do que via.
Se minhas forças fossem como uma lâmina afiada que cortava o caminho pelo inimigo, as forças de Talsha lutavam como um martelo gigante que pulverizava o inimigo.
Ela era extremamente hábil os comandando, e todos os seus generais pareciam ansiosos para dar tudo de si por ela. O carisma dela era natural.
Com um chicote feito de cauda de cavalo na mão, Talsha habilmente assumiu o comando. Ela era uma general perfeita.
Devia ser o poder da profissão Takeda Shingen. Não havia nada de especial nelas, mas suas táticas eram extremamente bem executadas. Ela sabia quando atacar para causar mais dano.
Quando entrou no território do margrave, dezenas dos vassalos mais confiáveis do clã Machaal reuniram-se ao seu lado.
— Se for analisar, servimos ao clã Machaal em si. Dado que exista uma ordem formal de nomeação de um novo Margrave de Machaal, iremos obedecê-la — disse um homem grisalho que agia como representante.
— Sim. Me tornarei a maior dos margraves de Machaal. Estou ansiosa para trabalhar com vocês. Não tenho intenção de exercer o poder de forma ditatorial como meu irmão. Se tiverem reclamações, sintam-se à vontade para expressá-las para mim.
Talsha os recebeu com um sorriso gentil.
Nesse ponto, a diferença entre ela e Seitred havia se tornado decisiva.
Os únicos do lado de Seitred eram aqueles que brigavam com famílias que tinham partido para o lado de Talsha. Ou seja, estavam hesitantes em participar disso e poucos acreditavam nas chances de vitória de Seitred.
Os vassalos estavam mais preocupados em proteger seus clãs do que o lorde. Se houvesse poucas chances de vitória, inventariam desculpas como doenças e coisas do tipo e economizariam suas tropas.
Talsha derrubou uma fortaleza atrás da outra e estava constantemente encurralando a facção de Seitred.
Parecia que a derrota dele para mim ainda o perseguia. Os lordes do norte não o viam mais como um líder.
Cinco dias após chegarmos ao margravato, depois de nos juntarmos aos vassalos mais importantes do clã, Seitred se rendeu e formalmente entregou seu título e terras à irmã. Por ter desobedecido uma ordem real, ele seria preso em um dos templos do domínio.
O destino de um homem considerado indigno de ser um lorde era triste., mas ele talvez tivesse sorte por sua oponente ser sua parente.
Talsha entrou na capital do margravato, o Castelo Wulhere, e recompensou seus generais.
Foi então que finalmente apareceu em um traje adequado para a posição de margrave.
— Esta capa arrastando por aí é um tanto incômoda… Talvez eu me acostume com o tempo.
Todo mundo respirou fundo.
Havia uma governante ideal ali, combinando elegância, beleza e coragem.
Também fiquei comovido com a visão.
— Sir Regente, fui capaz de assegurar meu título graças à sua ajuda. Não sei como agradecer.
Talsha baixou a cabeça para mim.
Ela esteve o tempo todo me chamando pelo meu nome, mas parecia também ser capaz de me chamar pelo meu título.
— O reino jura te apoiar — falei a ela. — Fico ansioso pelas suas contribuições para trazer paz às Terras do Norte.
— Eu ouço e obedeço. Por favor, diga a Sua Majestade que ele pode partir para sua expedição ao oeste com a certeza de que manteremos o Norte.
Foi uma troca formal para se mostrar, mas eu e Talsha gostamos de fazer isso. Havia algo de divertido na interpretação dos papéis.
— Então, Lady Margrave, quem pretende tomar como noivo? — perguntei em tom de brincadeira.
— Tendo assumido a posição recentemente, ainda tenho que considerar essas questões. No entanto, se pudesse desejar uma coisa — Talsha me olhou nos olhos e sorriu —, seria um filho ou uma filha. Espero ter uma criança forte como você, Sir Regente.
Os vassalos, que provavelmente não sabiam do nosso relacionamento, riram em resposta.
Dado que se tratava de Talsha, ela provavelmente estava falando sério.
— Você sem dúvidas está cansado, Sir Regente. Por favor, descanse um pouco.
Demorou algum tempo para Talsha me largar naquela noite.
— Não consegui nem travar uma batalha adequada. Após tantas batalhas chatas seguidas, não há nada para apagar as chamas dentro de mim…
Talsha havia aparecido no quarto para dignitários visitantes em que eu estava hospedado.
Achei que não seria boa ideia anunciar o fato de que estávamos fazendo isso no mesmo dia em que ela fixou residência no castelo, mas Talsha não ligou. Ela estava se pressionando com força contra mim.
Nesse sentido, era leal aos seus princípios e desejos. Poderia dizer que seu estilo de vida era fácil de entender.
Nosso tempo juntos foi bastante intenso, e foi menos fazendo amor do que acasalando em desespero.
— Digo, conheço a sua personalidade, mas você não pode fazer algo quanto a isso? Não é como se eu pudesse ficar sempre ao seu lado… — falei enquanto engolia um bocejo. Por favor, deixe-me dormir. Estou cansado das viagens…
— Se você preferir, poderíamos ter um duelo com lâminas. Isso também acalmaria o meu espírito. Mas existe o risco de eu acabar te matando.
Ela estava presumindo que venceria. Esta lorde era uma peça e tanto.
— Da minha parte, se você morresse no dia em que se tornasse margrave, meus planos seriam destruídos. Portanto, não posso aceitar esse tipo de desafio.
— Não é? Então esta é a única outra opção.
Ela não quis nem ouvir minhas reclamações, então simplesmente respondi com um suspiro.
Ao menos pude deixar o Norte nas mãos de alguém em quem confiava. Esse era um grande ganho para o meu lado.
— Além disso… se possível, prefiro que meu herdeiro seja um filho seu — disse Talsha lentamente, como se espremendo as palavras para fora.
Ela parecia ainda se conter enquanto dizia isso em voz alta. Talsha era tímida nas coisas mais estranhas.
— Margrave não é uma posição que pode ser ocupada pelos virtuosos. Mesmo a menor fraqueza pode colocar meu título ou vida em risco… É por isso que o único que provavelmente poderia continuar a linhagem seria uma criança com o seu sangue. É por isso… é por isso que…
Ah, certo, lembro de falar com Oda Nobunaga a respeito do filho de Takeda Shingen.
Ele derrotou o filho de Takeda Shingen e acabou com aquele clã.
Além disso, o filho de Takeda Shingen estava tentando encontrar uma forma de se tornar sogro do filho de Oda Nobunaga.
Em outras palavras, Talsha talvez me desejasse a um nível subconsciente.
Claro, não havia uma resposta clara. Mas o fato é que eu a amava – isso era tudo o que me importava.
— Muito bem. Então, certifique-se de ter um filho meu.
Voltei a trocar abraços com ela. Cheguei a perder a conta de quantas vezes o fizemos.
— Mas não se atreva a morrer no parto. Não quero fazer nenhuma mulher com quem me associei infeliz.
Eu duvidava que as proteções da profissão de Santa de Seraphina chegariam a Talsha, tão longe assim. O número de mulheres que morriam no parto não era baixo. Não importa o quão forte ela pudesse ser no campo de batalha, ainda era uma possibilidade.
— Eu vou viver. Se eu morrer, não só o seu plano vai descarrilhar, como a história da minha linhagem também vai acabar. Nenhuma outra pessoa do meu clã é capaz de assumir as rédeas.
Talsha estava agora carregando todo o destino do clã Machaal sobre os ombros.
Isso seria um fardo enorme para qualquer pessoa, por mais forte que fosse. Em certo sentido, isso era mais difícil e duro do que ser um rei em uma era estável.
Enquanto eu chegava ao fim dos meus planos, Talsha estava apenas começando.
Depois de receber o leme em alto mar, ela decidiu apostar tudo em mim.
A única coisa que senti ao ser escolhido por ela foi alegria. Naquele momento não pensei em nada mais.
— Talsha, juro que vou te fazer feliz. Vou me certificar de que a linhagem de nosso filho continue por centenas de anos. Só espere um pouco mais.
— É claro. Alsrod, reivindique o trono. Você é o mais adequado para acabar com esta dinastia moribunda.
Depois de discutir nossos compromissos como camaradas na cama, caímos juntos na gargalhada.
— Primeiro, farei os lordes locais dobrarem os joelhos diante de mim. Não haverá um único lorde nortenho que apontará a lâmina contra você. Não se preocupe com isso.
— Obrigado. Na verdade, agora que penso nisso, você só quer continuar lutando, não é?
Talsha riu. Parecia que eu tinha acertado em cheio.
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Como prometido, Talsha – agora Margrave de Machaal – renovou seus esforços para fazer os lordes locais jurarem fidelidade.
Seus ganhos rápidos foram logo transmitidos para mim, em Maust.
Desconfortável com a atmosfera abafada do escritório de governo, eu estava no quarto de Fleur, lendo uma carta que relatava que ela conseguiu forçar um lorde de quem eu nunca tinha ouvido falar, do meio do nada, a oferecer um refém.
— Parece que a margrave está fazendo um progresso notável. É como se estivesse trabalhando sem descanso.
Fleur sorriu gentilmente. O motivo para eu estar no quarto dela, era por ela ter instintos políticos muito mais aguçados do que os de um estrategista comum.
— Claro, ela acabou de assumir. É um período em que precisa demonstrar suas habilidades para aqueles ao redor.
— Exatamente. Seria problemático se os outros a subestimassem. Ainda assim, duvido que exista alguém no Norte do reino que não tenha ouvido falar da reputação de Talsha como guerreira.
— Mesmo nos referindo ao Norte, a conquista da Prefeitura de Misroux não progrediu muito antes disso, então ela provavelmente pretende atraí-la para a sua área de influência. Parece que vai finalizar a conquista das duas prefeituras nortenhas em breve.
A vasta região no Norte do Reino de Therwil era dividida entre a Prefeitura de Machaal no Leste e a Prefeitura de Misroux no Oeste. Ambas as prefeituras eram geograficamente muito maiores do que as próximas à capital, já que pertenceram a outros povos e demoraram a cair sob o controle político do reino. Também tinham populações relativamente baixas, graças ao terreno montanhoso.
Originalmente, o Margravato de Machaal tinha se estabelecido na cidade mais populosa da Prefeitura de Machaal (e a mais próxima da capital real), Wulhere. A residência do margrave devia permanecer no Castelo Wulhere. Isso indicava que os margraves anteriores não exerceram suficiente controle sobre a parte norte da prefeitura.
O margrave só havia começado a estender a sua influência nas regiões do norte da Prefeitura de Machaal e na vizinha, Prefeitura de Misroux, durante o reinado do irmão de Talsha, Seitred.
Ele provavelmente se rebelou contra mim por ter confiança como líder dos lordes nortenhos.
Porém, no processo de expansão da sua esfera de influência, Seitred chegou a extremos bem amplos. Claro, isso não era algo limitado a ele, mas tentar forçar estruturas de autoridade onde elas antes não existiam era algo fadado a criar atrito e ressentimento.
Suas esperanças foram frustradas, porém, quando Talsha, que ganhou fama de guerreira, caiu sobre o Norte e se declarou Margrave de Machaal. Muitos dos lordes abandonaram Seitred, que perdeu para mim.
— Mas ela realmente não precisa dessa pressa toda — falei. — Hasse ainda nem começou a expedição para o oeste.
Embora o rei, o próprio Hasse, estivesse ansioso para partir, não houve qualquer progresso notável nessa frente. O fato de eu ter pego minhas forças e me retirado ainda estava tendo um impacto enorme em seus preparativos.
— Mesmo que Sua Majestade sirva como comandante supremo, vários generais serão obrigados a servir como comandantes subordinados — disse Fleur. — Não existe gente com esse tipo de habilidade na capital. Todos parecem estar procurando uma desculpa ou outra para recusar a nomeação.
— Bem, isso parece certo para a comitiva do rei. De acordo com os relatórios de Yanhaan, Hasse está ficando bem impaciente com o fato de que seus planos para a Campanha de Pacificação do Oeste não estão dando frutos. Ele evidentemente tem discutido com seus apoiadores menos entusiasmados.
As informações sobre a capital eram fornecidas principalmente por Yanhaan. Como ela era tecnicamente uma burocrata servindo à coroa, não deixou a capital real. Claro, isso era só uma desculpa; havia burocratas que me acompanharam a Maust. No caso de Yanhaan, ela também era comerciante, e esse era o verdadeiro motivo pelo qual não pôde deixar a capital.
— Ainda assim — continuou Fleur —, isso está demorando muito mais do que deveria. Parece que aqueles ao redor de Sua Majestade estão fazendo tudo o que podem para evitar a guerra.
Fleur era, de fato, tão inteligente quanto eu imaginava.
— Provavelmente querem evitar. Em um sentido mais extremo, a comitiva do rei não se preocupa com a reunificação do reino. Muitos deles nunca saíram da capital. Estão mais para ratos que fizeram o ninho na capital do que para qualquer coisa ligada ao próprio rei.
Um ex-mendigo como Hasse não tinha seus próprios vassalos ou burocratas. Assim que chegou à capital, abraçou aqueles que foram oprimidos pelo rei anterior – aqueles que serviram durante o reinado de seu pai.
Essas pessoas estavam preocupadas apenas com o fato de que a monarquia pudesse não voltar à linhagem do rei anterior. No máximo, estariam em apuros, mas só no caso de haver várias guerras e a linhagem real acabar. Se o rei anterior voltasse, ficariam todos bem.
— Ah. Portanto, só se preocupam em manter o poder e não desejam nenhuma outra coisa — disse Fleur.
— A maioria das pessoas não é reacionária. Na verdade, acho que sou uma exceção. Digo, se eu tivesse recebido o título de visconde desde o começo, poderia ter me preocupado apenas em mantê-lo.
A era para aqueles que parasitam a paz a qualquer custo estava chegando ao repentino fim, mas eles pareciam determinados a agarrar-se a ela a qualquer custo. Estavam menos para incompetentes e mais para incapazes de viver de outra forma.
— É por isso que a comitiva queria afastá-lo de Sua Majestade. Para eles, uma revolução seria a pior coisa que poderia acontecer.
— Sim. Aos olhos deles, provavelmente sou uma ameaça maior que até mesmo o rei deposto.
Mesmo se Paffus voltasse ao trono, ainda poderiam trocar de lado, ao passo que, se eu criasse um novo reino, não haveria como dizer o que aconteceria.
— Fleur, posso descansar a cabeça no seu colo? Estou um pouco cansado.
— Sim, é claro, Sir Regente.
Cochilei no colo de Fleur. Maust estava realmente pacífica naquele momento. Mesmo se a capital também estivesse tão pacífica, eu tinha certeza de que existiria quem preferisse ficar assim.
— Mas haverá conflito. Isso está além do alcance de todos, imagino — disse Fleur, perscrutando o futuro. — Se houver duas facções fazendo fronteira entre si, eventualmente haverá um confronto militar. Se um lorde que jura fidelidade a Sua Majestade perder, ele não será capaz de apenas abandoná-lo.
Calmamente olhei para os olhos de Fleur.
Sim, Fleur conhecia as dificuldades dos lordes menores melhor do que ninguém, sendo filha de um deles.
— Se possível, prefiro que esperem por mais uns quatro meses. Com certeza podem resistir por esse tempo.
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Os relatórios de vitórias de Talsha continuavam chegando, e ela estava perto de garantir as duas prefeituras nortenhas.
Ela não estava planejando uma aliança frouxa, mas sim uma estrutura política com ela mesmo servindo de principal potência nas duas prefeituras. E basicamente conseguiu fazer isso.
Era a decisão correta. Os dias dos lordes menores sobrevivendo por conta própria estavam chegando ao fim.
Eu já sabia disso, assim como os agora derrotados Ayles Caltis e Brando Naaham. Foi por isso que tentamos expandir o alcance de nosso próprio poder.
Alianças vazias poderiam resultar em uma traição inesperada, assim como aconteceu comigo. Por segurança, era melhor simplesmente expandir a força.
Entre esses relatórios de vitória, houve um aviso que se destacou.
— Hmm, então ela está esperando…
Talsha parecia estar grávida. A carta dizia que a criança era minha.
Seraphina provocativamente perguntou se eu “pretendia formar um reino só com meus filhos.” Com seu faro aguçado para fofocas, ela ouviu a informação e foi correndo para o meu escritório.
— Isso está indo longe demais. Deixe-me pelo menos me defender.
— Pois bem. E que tipo de desculpa vai inventar?
Seraphina estava recuperada da perda da sua família? Ou isso era um de seus pequenos atos de vingança?
— Existiram muitos reis com libidos ainda piores e mais filhos do que eu, desde tempos imemoriais. Ao menos não tenho filhos com garotas da cidade cujos nomes sequer me lembro.
— Isso não prova que não tenha um lado mulherengo, querido marido. Isso só prova que já surgiram outros ainda mais mulherengos.
Seraphina era a única no Castelo Maust que me provocava desse jeito.
Como explicar? Parecia que eu, na frente dela, poderia escapar do peso chamado de regência.
— Sim, eu gosto de mulheres. Mas que homem não gosta? Além dos sacerdotes mais piedosos e excêntricos, e assim por diante.
— Ah, então agora você quer justificar isso. Ainda assim, tenho certeza que essa Talsha está aliviada por conseguir um herdeiro… Não, suponho que a pessoa fica inquieta até o nascimento da criança, então acho que não posso ter certeza disso.
Sinceramente, eu não poderia opinar a respeito disso, por não ser mulher, mas tinha certeza de que também ficava um pouco ansioso. Tudo que eu podia fazer era orar para que ela desse à luz em algum lugar limpo e para que tanto mãe quanto criança ficassem saudáveis.
— A carta dizia que ela nomeará o próximo margrave para o caso de o pior acontecer. Visto que o pai está em Maust, escolherá um parente que seja amigável comigo.
Se um governante morre, o cônjuge geralmente servirá como chefe interino da família. Sua autoridade se mantém mesmo se for um noivo ou noiva não relacionado de sangue ao governante.
Mas Talsha não era casada, e isso complicou as coisas.
Se os vassalos me aceitassem como Margrave de Machaal, isso acabaria com as contradições existentes. Porém, da perspectiva dos vassalos, isso seria difícil.
Eu era um homem que nem mesmo se casou com alguém da família e simplesmente engravidou a lorde. Quanto a isso, eu tinha certeza de que Talsha havia conversado com seus vassalos, mas ainda era um caso especial. Seria, no mínimo, mais seguro escolher o próximo margrave entre os seus parentes.
— Achei que ela seria muito brutal nesse aspecto, mas parece que está sendo bem cautelosa. Estou impressionada — comentou Seraphina.
— Talsha é uma mulher com caráter para ser uma grande lorde. Isso é certo. É por isso que decidiu que seria mais eficaz alegar que a criança é minha.
— Oh? Você parece estar convencido de que a criança não é sua — disse Seraphina com uma pitada de desagrado.
— Bem, a verdade é que ela precisa de um herdeiro, e na sua posição ela pode ter um amante, não? Além disso, não podem provar nada, então ela pode muito bem dizer que a criança é minha…
— Sabe, Ó galante marido, você é um político militar, mas não entende nada a respeito das mulheres.
Seraphina soltou um suspiro exagerado. Era assim que ela agia quando estava realmente irritada comigo.
— Aquela mulher realmente te ama, meu querido. Claro, pensando na política dinástica, ter um amante faz sentido, mas duvido que ela faria algo assim. A criança é sua, queridíssimo marido.
— Você está extremamente confiante…
— Eu sei… estou falando como alguém que se apaixonou por esse mesmo homem — disse Seraphina com bastante orgulho. Com ela falando assim, não havia como eu discutir. — Quanto mais autossuficiente é a pessoa, mais ela se apaixona por quem a derrota. Não existem tantas pessoas que teriam tanto interesse, não é? Esse interesse é o amor romântico.
— Para um romance, ela com certeza foi rápida ao exigir o meu corpo.
No início, pensei que Talsha estava possuída por algum animal selvagem ou coisa do tipo.
— Isso significa que ela é simplesmente muito apaixonada. Apesar de tudo, suponho que rezarei para que sua criança nasça saudável no Norte.
Como deveria fazer uma pessoa com a profissão de Santa, Seraphina fechou os olhos suavemente, juntou as mãos e fez uma prece.
Mesmo usando palavras atrevidas, Seraphina era na verdade uma mulher extremamente bem-intencionada.
A profissão e a personalidade eram, até certo ponto, relacionadas. Se não fosse capaz de desejar a felicidade de outra pessoa, Seraphina nunca teria recebido a profissão de Santa.
— Seraphina, tenho a sensação de que estarei causando mais dores de cabeça a partir de agora, mas conto com você.
— Não precisa pedir. Vou continuar te apoiando, Ó meu querido marido. Você não vai conseguir se livrar de mim com facilidade. Pretendo continuar te apoiando por décadas. O período antes de você se tornar rei é na verdade apenas um erro de cálculo.
Posso ser um mulherengo, mas sou abençoado pelo tipo de mulher que atraio.
— Seraphina, eu te amo.
— Tenho certeza de que você diz a mesma coisa para todas as outras consortes, mas ainda assim é bom ouvir isso. Se, apesar de tudo, você não me amasse, tenho certeza de que acabaria sendo punido pelos céus ou coisa assim.
Seraphina sorriu.
O Norte havia se estabelecido antes que qualquer coisa acontecesse no Oeste.
Então era hora de continuar os preparativos que eu poderia fazer em Maust.
Tradução: Sahad
Revisão: Milady
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