Naquela noite, discuti o assunto com Seraphina.
— Você é um grande trapaceiro, meu querido marido.
Ela soltou uma risadinha. Parte disso era graças ao efeito da minha profissão, mas a sua aparência não mudou desde que nos casamos. Poderia, inclusive, estar muito mais sedutora do que antes.
— É assim que é — disse ela. — Vivemos em uma era de conflitos. As mulheres choram. Até eu chorei bastante.
Certo – a família de Seraphina acabou sendo exterminada. Era exatamente por isso que eu a consultei, mas ela alegremente tratou o caso como algo que não a afetava.
— Digo, derramar algumas lágrimas não é nada demais. Afinal, o preço para os homens não são as lágrimas, e sim as suas cabeças.
Lembrei do quanto Seraphina era pragmática.
— É verdade, mas prefiro não fazer minha esposa chorar, caso possa evitar. Lumie ainda é de carne e osso, e eu também.
— Você se apaixonou profundamente por aquela garota, querido marido. Você deveria ter sido mais insensível e a descartado. — Seraphina expressou isso com severidade proposital. Ela costumava dizer coisas que beiravam uma provocação. — Claro, entendo o porquê, dado o quão bonita ela ficou.
— Quando você coloca dessa forma, não há nada que eu possa responder. Eu não deveria ter falado sobre isso…
Eu procurava uma conversa séria, mas acabei sendo provocado. Foi uma boa distração, então não fiquei irritado. Eu já conhecia Seraphina há muito tempo.
— Você já decidiu voltar para Maust, certo? Então não há nada para eu dizer. E ela provavelmente verá a família dela caindo em algum momento. O fato de que te disse essas coisas significa que, embora possa parecer que está alheia a tudo, ela está começando a perceber.
— Sim, acho que é isso mesmo.
Eu sabia que, de forma realista, precisava eventualmente chegar a uma decisão clara. No final das contas, contar meus planos a Lumie era apenas uma questão de como eu me sentia.
— Mas voltar para Maust agora não é tão ruim. — A expressão de Seraphina endureceu um pouco.
— Você tem algum plano? — perguntei.
— Que tal aumentarmos um pouco mais a sua importância? Mostre tudo para os homens que pensam que você está atrás do trono, querido marido. Se puder mostrá-los que este reino não pode fazer nada sem o regente Alsrod por perto, voltarão para você com os chapéus nas mãos, implorando pelo seu retorno.
Com isso, entendi a intenção de Seraphina.
— Ou seja, deixar o rei e seus subordinados tentarem a campanha para o oeste enquanto eu fico escondido em Maust.
— Claro, já que eles não serão capazes de reunir um grande exército sem você, só serão capazes de travar algumas escaramuças, e também duvido que o inimigo reunirá dezenas de milhares de tropas do lado dele.
Os soldados que Hasse conseguiu reunir entre o exército real e seus vassalos somavam, no máximo, cerca de vinte mil. E essa seria toda a sua força. Ele não podia deixar a capital sem defesa e, a menos que houvesse uma emergência particularmente terrível, o máximo que conseguiria mover devia ser cerca de metade disso.
Sendo esse o caso, existiam boas chances de o inimigo mover apenas tropas o suficiente para deixar suas forças iguais. As bases da linha de frente do rei anterior ficavam bem atrás, enquanto suas principais fortificações ficavam do outro lado do mar, na Região da Grande Ilha. Não apostariam tudo em uma batalha decisiva.
Seraphina entendia isso muito bem. Também achei que ela não estivesse errada.
— É por isso que você pode assistir tudo da segurança de Maust. Duvido que uma única derrota resultaria em uma emergência.
— Se o exército real sofrer uma série de derrotas, sim, irão perceber a minha importância, mas e se ganharem enquanto eu estiver ausente?
Não havia razão real para acreditar que Hasse perderia as escaramuças só porque seu exército não era tão poderoso.
O inimigo poderia simplesmente se dividir entre várias pequenas fortificações. É a tática a ser empregada quando deixa o corpo principal na retaguarda e espera que o inimigo esgote os seus recursos. Nesse caso, à primeira vista pareceria que Hasse estaria vencendo uma batalha atrás da outra.
Se ele ganhasse autoridade e poder, isso seria um problema para mim.
Seraphina, porém, permaneceu calma.
— Isso também está bem. Digo, não é como se você fosse perder soldados, certo? Você pode aguardar e conservar a sua força.
Seraphina parecia estar pensando em uma estratégia a longo prazo. Ela talvez fosse capaz de ter uma visão dessa perspectiva, já que não participava de batalhas.
— Isso lhe dará tempo para desenvolver seus planos a longo prazo. E também não irão o considerar uma ameaça. Não parece ideal?
Entendi. Mostrar que não tenho intenções de usurpar o trono neste momento não é algo ruim.
— Querido marido, você lutou por tanto tempo. Um descanso pode te fazer bem.
— Obrigado. Isso me faz querer voltar para Maust.
— Sim. Isso não é uma retirada, é um avanço.
Depois de rir, Seraphina pegou a minha mão.
— Passe a noite. Enquanto sua esposa oficial está grávida, eu a substituirei.
Ela me lançou um olhar sedutor e arrebatador.
— Entendido. Esta noite farei amor com a minha anterior esposa oficial.
— Tch, que forma mais cruel de dizer isso.
Puxei Seraphina para perto de mim. Ela era surpreendentemente leve.
Em seguida, fomos para a nossa cama. Desta vez, ela passou as unhas pelos meus ombros. Isso me fez pensar em uma briga de brincadeira entre gatos.
— Existem muitos exemplos de homens que foram depostos, mesmo exercendo mais poder do que o rei. O importante é como você vai proceder a partir de agora. Todo mundo está observando cada um dos seus movimentos.
— Você está certa. Preciso mostrar que sou um tigre sem dentes. Também há a constante preocupação de assassinato.
— Não acho que tenha alguém tolo o suficiente para assassiná-lo enquanto o resultado ao Oeste é incerto. Mas também podem existir assassinos trabalhando para o rei anterior.
Seraphina pressionou a orelha no meu peito e ouviu meus batimentos cardíacos enquanto eu me deleitava com o calor da sua pele.
— O que você deve fazer, querido marido, é se preparar para aumentar o número de seus apoiadores. Você fez da guerreira de Seitred, Margrave de Machaal, uma das suas concubinas, sim? Ela parece ser algo e tanto.
— Ah, Talsha. Ela é uma guerreira de verdade. Não sei se faz parte da coisa de ser um nortenho, mas ela é agressiva.
Apesar de ela ser quase uma prisioneira de guerra, nos dávamos surpreendentemente bem.
Tanto que eu não veria problemas em deixar uma divisão sob o seu comando. Isso mostrava o quanto confiava nela.
— Certifique-se de atrair esse tipo de facção para o seu alcance. Dessa forma, se na pior das hipóteses você não puder assumir o trono, pode ao menos assegurar um reino independente dentro deste reino. De qualquer forma, se o rei anterior e as facções do rei atual acabarem lutando entre si, estarão esgotados demais para atacar um novo país.
Seraphina poderia ficar tagarelando sobre os planejamentos sem parar.
— Você não pode falar sobre algo um pouco mais sensual enquanto estamos na cama? — falei com uma risada seca, correndo meus dedos por seus cabelos sedosos.
— Quero ser a esposa de um conquistador. Esse sonho não mudou. Não… estou, no máximo, em êxtase por isso estar mais perto de se tornar realidade.
Seraphina me apertou com mais força.
Em troca, a apertei em meu abraço.
Mas, apesar de tudo o que ela tinha falado, havia uma coisa que não mencionou.
Parte de mim achava melhor não tocar no assunto, mas eu também achava que isso seria desonesto. Nunca escondi nenhuma política de Seraphina.
— Depois que o filho de Lumie nascer, pode ficar difícil tornar um filho seu em rei.
Eu não fazia ideia de como seria a situação política dentro de alguns anos. E se eu não sabia, praticamente ninguém mais do reino fazia a menor ideia. Podia não ser tão construtivo quanto discutir o futuro, mas…
Se eu fosse usurpar o trono, provavelmente usaria o argumento de que era membro da família real, já que era casado com a irmã de Hasse.
O filho de Lumie definitivamente teria sangue real, o que o tornaria um sucessor muito mais persuasivo para mim do que o meu filho mais velho – com Seraphina.
— Você pressionou um ponto sensível dessa vez — disse ela com um sorriso triste. Mas eu não tinha certeza se ela estava falando sério. — Para ser bem honesta, gostaria que o meu filho fosse rei. Mas não sou tão otimista a ponto de achar que esse tipo de revolução possa acontecer. Talvez fosse melhor se eu conseguisse ser egocêntrica a ponto de não poder ver a verdade.
— Sinto muito. Isso provavelmente não era algo que você queria ouvir, mas eu gosto de ter certeza de contar tudo a você.
— Não tem problema. Mas, em troca, continuarei ao seu lado em todas as suas conquistas. Mais próxima de você do que Lumie ou Laviala.
Sempre senti algo semelhante a amizade entre Seraphina e eu.
E isso provavelmente nunca mudaria.
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Solicitei uma audiência com Hasse e informei que desejava retornar ao meu castelo em Maust.
Tanto ele quanto seus cortesãos de confiança ficaram alvoroçados. Um oficial militar que servia como pilar do reino estava pedindo para deixar a sua posição na capital, e isso pouco antes da Campanha de Pacificação do Oeste, que estava prestes a começar para valer.
— Irmão. P-Por que… você deve voltar para Maust agora…? Está infeliz com alguma coisa…?
Hasse não conseguiu esconder suas preocupações. Com base nisso, parecia que Lumie não havia dito nada.
Voltei a perceber que o amor dela por mim era sincero.
Lumie poderia muito bem ter dito a Hasse que eu tinha as minhas próprias ambições ou, pelo menos, ter mencionado que eu pretendia voltar para Maust.
O fato de não ter feito nada disso me denunciou que estava agindo apenas como minha esposa.
Lumie era uma esposa virtuosa, boa demais para uma época de contendas – não, boa demais para mim.
Razão essa pela qual eu queria fazer tudo o que pudesse para deixá-la feliz.
— O motivo é simples. Minha esposa está grávida. E em termos de clima, o rio próximo de Maust passa uma brisa quente, tornando o lugar muito mais ameno do que a capital.
O fato de ele perguntar por que eu estava partindo mostrou a fraqueza de Hasse como rei. Existiam inúmeras razões que eu poderia mencionar. No final, qualquer motivo serviria apenas para tranquilizá-lo, nada além disso.
— Além do mais, a capital está em tensão enquanto os preparativos continuam para a campanha ao oeste. Deixar a minha esposa em um ambiente desses a manteria em um constante estado de agitação, que seria prejudicial para a mãe e para a criança. Por enquanto, gostaria de levá-la para a paz e tranquilidade de Maust e cuidar dela até o parto.
Não havia uma única mentira nessas palavras. Caso quisesse o melhor para Lumie, sair da capital era a coisa certa a fazer. A melhor maneira de evitar que ela fosse torturada pelos próprios pensamentos era levá-la para a terra mais longe possível da sombra da guerra.
— A-Ah, entendo… Lumie também nunca teve um corpo muito forte… Nós entendemos os seus sentimentos, Irmão…
Hasse não conseguiu reagir com muita força, já que mencionei a sua irmã.
— Sim. A criança de minha esposa será sobrinho ou sobrinha de Vossa Majestade. Imploro que Vossa Majestade possa considerar a saúde de seus parentes.
— Mas ainda devemos decidir o cronograma da campanha para o oeste. Se você não estiver na capital…
— Como foi dito, Vossa Majestade, você poderá liderar na linha de frente, assumindo o controle direto dos preparativos. Para restaurar a autoridade da coroa, peço que assuma o controle da situação.
Todos os presentes sabiam que o próprio Hasse ansiava por participar da batalha.
E isso devia impedi-lo de rejeitar essa proposta.
— Embora eu seja um servo leal a Vossa Majestade, passei muito tempo guerreando. Há quem duvide da minha confiabilidade. É verdade que os oficiais militares costumam se rebelar, desde tempos imemoriais… O ceticismo é justificado. E é por isso que gostaria de dissipar essas dúvidas, abstendo-me de participar desta campanha.
Vários dos cortesãos ficaram pálidos. Eles estavam preocupados com a possibilidade de Hasse culpá-los pela minha retirada. Parecia que não tinham previsto que eu voluntariamente me absteria de participar, muito menos o meu retorno a Maust.
— Isso é… um argumento genérico… Como rei, nenhum de nós acredita que você nos trairia, Irmão…
— Com certeza. Porém, a posição de regente é muito poderosa e, assim sendo, pode parecer tirânica para os outros. Felizmente, nossa burocracia está muito mais firme do que era sob o rei anterior. O governo não deixará de funcionar só pela ausência do regente.
Eu não tinha intenção de ceder. É claro que ninguém diria que eu estava me rebelando ao retornar para Maust. Se mandassem um exército da capital em minha direção, a facção do rei anterior explodiria em gargalhadas.
Nesse caso, existiria até mesmo a possibilidade de eu me aliar ao rei anterior.
Arriscar uma divisão interna antes da campanha ocidental era algo que nem mesmo meu rival mais ardiloso faria.
— Muito bem… Mais do que tudo, a saúde de Lumie é de extrema importância. Ela foi criada em um convento, longe dos conflitos; a capital não faz bem para ela… Você tem permissão para retornar para Maust.
— Meus sinceros agradecimentos, Vossa Majestade.
Com base em sua reação, parecia que Hasse planejava, desde o começo, pedir algumas das minhas forças emprestadas para conduzir a campanha ao oeste. Eu não tinha intenção de participar disso.
— Não é necessário dizer, mas se houver perigo para a coroa, por favor, me chame. Irei ajudá-lo quando necessário — falei com um sorriso enquanto curvava a minha cabeça.
Vá e veja o que você pode fazer sozinho, Hasse.
Esta é uma luta para você recuperar a autoridade da sua coroa… e o fracasso significará a perda de qualquer autoridade que atualmente tenha.
Quanto mais as pessoas perdem a fé na coroa, mais o meu valor aumenta. Quanto mais as pessoas acreditam que você não é digno de ser rei, mais próximo fica o fim do Reino de Therwil.
— Hrmph. Assim como Ashikaga Yoshiaki não conseguiu reconstruir o bakufu1Bakufu e Xogunato/Shogunato é a mesma coisa., este homem não vai fazer nada. Não é uma época de paz onde a simples tradição permite que um homem incapaz de lutar governe.
Minha profissão já havia previsto o fracasso de Hasse.
Bem, se ele ganhar, também não tem problema. A facção do rei anterior, que eventualmente terei que enfrentar, estará muito mais fraca. Não há nenhum ponto negativo para mim.
De qualquer forma, há muito mais o que fazer em Maust.
Com a derrota de rebeldes como Ayles Caltis e Brando Naaham, eu estava com mais territórios sob meu controle direto. Gostaria de voltar minha atenção para o governo dos mesmos. Também não havia desvantagem em fazer amizade com outros lordes regionais do interior. Esse tipo de diplomacia, que era difícil de conduzir na capital, seria fácil de fazer em Maust.
Devo verificar com o Margrave de Machaal para saber se podemos renovar nossa amizade.
Farei tudo o que puder para aumentar as cartas na minha manga.
— Irei orar pelo seu sucesso como general enquanto eu estiver em Maust. Glória ao Reino de Therwil! — declarei, sem querer dizer qualquer uma das demais palavras.
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Decidi transferir todos os meus vassalos para Maust de uma só vez.
Embora os burocratas do reino tecnicamente servissem ao reino e não pudessem deixar a capital, a maioria deles eram meus vassalos, o que significa que eu receberia relatórios mesmo enquanto estivesse em outro lugar.
Falando nisso, alguns dias antes de eu deixar a capital, Hasse dispensou vários dos seus cortesãos – todos aqueles que disseram que eu poderia trair a coroa.
Como escolhi retornar a Maust, a coroa viu uma substancial diminuição nas forças disponíveis, e aqueles cortesãos foram demitidos por serem responsáveis por aquela situação.
Isso significava que eu tinha menos inimigos, então as coisas corriam a meu favor.
Com a retirada das minhas forças, o número restante de oficiais militares ficou bem reduzido. Isso não era verdade só em termos de quantidade, já que como eu era o único que passei um longo tempo lutando, a maioria dos melhores generais também eram meus vassalos.
Como todos partiram, o que restou na capital foi o exército real. Embora a coroa provavelmente pudesse reunir forças dos lordes vizinhos enquanto marchasse para a guerra, não teriam generais notáveis entre eles.
— Sabe, o ar longe da capital parece mais limpo — falei casualmente para Laviala, que cavalgava ao meu lado.
— Não é como se parecesse, na verdade é mais limpo. Ou melhor, o ar da capital é pesado e ruim. E Maust não é muito melhor do que a capital, se for comparar à Floresta Aweyu.
— Entendo. Então a diferença para os elfos é grande, hm?
Eu podia ter feito o comentário para a pessoa errada.
— Como você acha que as coisas vão se desenrolar no reino? — Quem fez a próxima pergunta foi Kelara, que estava cavalgando do meu outro lado.
— O que você acha, Kelara? Gostaria de ouvir a sua opinião.
Ela curvou-se brevemente antes de responder.
— Deve ser impossível não conduzir uma companhia para o oeste, então provavelmente enviarão algumas forças. Mas não sei qual será o número dessas forças… Duvido que queiram admitir derrota, então provavelmente tentarão reunir um bom número de homens…
— De fato. É por isso que a capital vai ficar quieta, pelo menos superficialmente, por um tempo. Tentarão cuidadosamente determinar quantos dos lordes ocidentais fazem parte da facção do rei anterior.
Hasse havia formalmente reivindicado o título de Rei de Therwil. E seu argumento era de que os rebeldes tinham se enfiado no Oeste.
Mas essa era a perspectiva da capital. O rei anterior, Paffus VI, também manteve a reivindicação ao trono, argumentando que havia simplesmente movido a capital para o oeste.
Eu não sabia se ele acreditava nisso, mas, a menos que continuasse afirmando isso, não poderia fazer que os lordes ao seu redor movessem exércitos e os incitassem a lutar contra Hasse.
Tecnicamente, existiam dois pretendentes ao trono dentro do território do reino.
E os lordes do oeste concordaram em apoiar as reivindicações do rei anterior. Para não dizer muito, não tinham intenção de acabar sob o meu comando.
A questão era qual dos dois lados faria o primeiro movimento.
Simplificando, os apoiadores do rei anterior não atacariam a capital caso não tivessem certeza da vitória. Quanto mais para o leste fossem, mais dentro do território de Hasse estariam e de mais suprimentos precisariam.
Por outro lado, quanto mais para o oeste avançasse o exército da capital, mais fácil seria para os lordes do oeste usarem o terreno para derrotar o exército em avanço.
O plano inimigo devia ser forçar o exército de Hasse a estender as suas linhas de suprimentos, impedindo um recuo e depois destruindo-o em um ataque surpresa.
Se o exército de Hasse fosse assim destruído, haveria mais lordes seguindo o rei anterior, mudando o equilíbrio de poder.
— O rei deposto não tem coragem de apostar tudo de uma só vez. Devem estar presumindo que eu comandaria o exército, então podem acabar mudando os planos. Provavelmente ficarão um olhando para o outro por um bom tempo enquanto ficam em um impasse.
— Então, espero que possamos fazer o que precisamos nesse tempo! — disse Laviala brilhantemente. — Vamos garantir o controle das terras que não pudemos governar de forma direta até o momento! Se fizermos isso, então não teremos nada a temer, nem do atual nem do anterior rei!
— Claro, pretendo fazer tudo o que puder. E é por isso que estamos voltando para Maust. Bem, essa não é a única razão… Gostaria que Lumie relaxasse e descansasse um pouco.
Lumie estava em uma carruagem bem equipada com suas acompanhantes.
Claro, ela continuava em conflito a respeito de ir para Maust. Eu era praticamente o único que poderia ajudar a aliviar esses seus sentimentos.
Quando chegássemos ao destino, precisaríamos conversar.
Não queria deixá-la no escuro.
Claro, se então ela decidir que quer o divórcio e me declarar um traidor, o que…?
— Lorde Alsrod, dependendo do resultado, cuidarei dos serviços desagradáveis — disse Laviala com uma expressão séria. — Não chegamos a este ponto fazendo só coisas corretas. Não existiram muitas mulheres atrapalhando o seu caminho, Lorde Alsrod, mas…
— Laviala, não precisa dizer mais nada. — A impedi com uma expressão firme.
— Sinto muito… Passei dos limites…
— Não, eu entendo o que você está dizendo. Afinal, um conquistador provavelmente mata a maioria das pessoas do próprio país.
Eu teria que, no mínimo, tomar algumas medidas no caso de Lumie mostrar resistência.
Mas seria difícil convencê-la de que eu não tinha intenção de usurpar o trono. Ela não podia mais ignorar essa ameaça.
— Lidar com a esposa é trabalho do marido. Caso contrário, um marido tão inútil mereceria o divórcio.
Sem dúvidas, esse tipo de coisa aconteceu inúmeras vezes nos últimos cem anos. Muitos homens e mulheres passaram por conflitos semelhantes. Eu também iria superar isso.
— Sir Regente, por favor, não pondere a unificação do reino e a sua vida amorosa na mesma balança. — Até mesmo Kelara fez questão de esclarecer a sua posição. — Estamos em um mundo onde a verdade e a mentira se misturam, então, em momentos como este, é melhor ser honesto.
Tradução: Taipan
Revisão: Milady
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