Um Trabalho Misterioso Chamado Oda Nobunaga

Um Trabalho Misterioso Chamado Oda Nobunaga – Vol 03 – Cap. 01 – Recuperando o Castelo de Maust

Foi no dia após tornar Talsha Machaal nossa aliada, a irmã mais nova do Margrave de Machaal.

Reuni os meus generais e os notifiquei sobre a rebelião de Ayles Caltis, da Prefeitura de Brantaar, e de Brando Naaham, da Prefeitura de Olbia.

Ayles, pai de minha esposa Seraphina, e Brando, marido de minha irmã mais nova, Altia, em outras palavras, meu sogro e meu cunhado, me traíram ao mesmo tempo. Foi uma reviravolta de acontecimentos verdadeiramente infelizes.

Porém, quase ninguém ficou surpreso. Todos sabiam que algo assim, cedo ou tarde, aconteceria.

— Ainda estou investigando os detalhes, mas pode haver um bom número de lordes posicionando-se contra nós — falei. — Muitos deles não devem ter gostado de ficar sob meu domínio.

Era uma situação terrível, mesmo sendo esperada. Todos os meus generais pareciam cerimoniosos – um único erro poderia nos custar a vida.

— Então, Lorde Alsrod, que tipo de estratégia tem em mente? — Laviala, minha irmã de leite, meio-elfa, foi a primeira a me questionar.

— Um momento, preciso pensar.

Não tanto pensar, mas discutir. Oda Nobunaga, se você tiver um plano, deixe-me ouvir.

— De fato. Ayles Caltis provavelmente invadirá o Condado Navyl da Prefeitura Fordoneria, vindo de Mineria. Tomar a sua terra natal é a forma mais fácil de afirmar a superioridade do lado dele. Depois, devem atacar a sua fortaleza, o Castelo Maust, deixando-o sem ter para onde voltar.

E passar a impressão de que estou perdendo… Meu sogro Ayles faria uma coisa dessas.

— Felizmente, porém, nossas forças são melhores. Até mesmo a expedição a Machaal foi bem-sucedida. Claro, a maioria das pessoas considerará uma realocação tática, e não uma retirada. Se não houver nada no seu caminho, terá força para invadir as principais fortalezas dos seus inimigos e também poderá deixar tropas para cuidar da defesa.

Sim, confiei o Castelo Maust a alguém de confiança por esse exato motivo.

Essa guerra seria ofensiva, e não defensiva. Seria uma operação para erradicar aqueles que pensavam algo de ruim a respeito de meu poder em expansão.

Olhei para meus generais.

— Escutem, todos.

Todos me olharam com a respiração suspensa.

— Isso não aconteceu do nada. Na verdade, estávamos esperando por esta oportunidade. A facção de Brando Naaham, e especialmente de Ayles Caltis, guardam rancor de mim. Portanto, todos os preparativos necessários já estão em ordem. Agora, a única diferença é a questão de por onde começar atacando-os.

Isso foi tudo um prelúdio. O importante estava por vir.

— Vamos voltar logo para o Castelo Maust! Se eles o pegarem, todo o reino pensará que Vossa Excelência caiu! — gritou um general. De fato, retornar à minha fortaleza principal seria a escolha óbvia.

Porém, e talvez felizmente, desta vez eu não precisava sair do meu caminho para fazer as coisas conforme ditado pelo manual.

— Não estou nada preocupado com o Castelo Maust — respondi. — Afinal, o veterano Kivik, experiente em batalhas, está o defendendo. As pernas daquele cachorro velho não são mais tão fortes quanto costumavam ser, mas continua sendo um líder tão bom quanto sempre.

Ele poderia muito bem estar animado por ser a sua vez de brilhar. Provavelmente também estava ainda mais empolgado com o fato de os esquemas de Fanneria parecerem ter causado traições nas proximidades do castelo. Kivik era o tipo de homem que não se animava se soubesse que era uma batalha ganha.

O oficial financeiro Fanneria devia ter ficado descontente por eu ter favorecido outros oficiais depois de ir para a capital, embora tivesse apenas selecionado pessoas que fizeram o exame, e muitos deles eram indivíduos notáveis, assim como Yanhaan. Comparado a alguém como ela, que fora comerciante no centro econômico, na área da capital real, Fanneria era, lamento dizer, um mercador provinciano, sempre um passo atrás.

— Com uma concubina no clã Nistonia, reforcei a minha posição defensiva. A capital real também tem uma guarnição grande o suficiente, então não existe perigo imediato. Isso significa que podemos atacar o meu sogro.

— Onde pretende lutar contra o inimigo, Lorde Alsrod? Você irá até a capital de Ayles em Mineria?

Claro, Laviala também queria saber sobre isso.

Rindo, respondi:

— No Condado de Nayvil de Fordoneria, onde nasci e fui criado.

A julgar pelo rosto de todos, essa parecia ter sido uma sugestão bastante inesperada.

Eles expressaram preocupações como “Então por que não vamos para a capital do inimigo?” e “Voltar para o Castelo Maust não seria mais seguro?”

— Conheço bem o poder de Ayles, o Terrível — expliquei, seguro. — A fortaleza do inimigo será, sem dúvidas, formidável. O Condado Nayvil, entretanto, conheço como a palma da minha mão. E sei que não é adequado para ser defendido. O Castelo Nayvil não é uma fortaleza. Se o inimigo o tomar, não será capaz de parar as nossas forças. A tomada dele será como um sonho sendo realizado.

— Quê…? Mas não vão saquear o castelo…?

— Nayvil pode ser a minha cidade natal, Laviala, mas também tenho o Castelo Maust e a capital real. Mesmo que o inimigo queime o castelo, podemos reconstruí-lo.

Este conflito era um choque entre o velho e o novo.

Se, a essa altura, eu fosse acuado pelo velho, seria o meu fim.

— Tenho certeza de que alguns tentarão obstruir nosso retorno ao Condado Nayvil, mas quero que esmaguem todos que tentarem. Quem tenta apostar no inimigo não vale nada!

Com as minhas palavras, o ânimo do regimento finalmente melhorou.

Uma dessas pessoas veio diretamente até mim, sem dar ouvidos aos que tentavam impedi-la.

Era Talsha, irmã mais nova do Margrave Seitred de Machaal.

— Gostaria de me juntar a esta batalha. — Ela me encarou com os mesmos olhos poderosos de quando me enfrentou no campo de batalha. — Não se preocupe, não tenho intenção de passar para o lado inimigo.

— Muito bem. Então, o que você quer caso ganhe?

Ela com certeza não era tão admirável a ponto de dizer isso sem querer nada em troca. Poderia dizer, olhando para o seu rosto, que não tinha um coração tão puro.

— Tomarei o lugar do meu irmão como Margrave de Machaal. Seria a melhor forma de preservar a minha casa.

Minha profissão estava rindo, dizendo: “Ela é mesmo Takeda Shingen. Não fica satisfeita a menos que esteja exilando o próprio sangue.” Também senti vontade de rir da demonstração de espírito dessa mulher.

Seria chato se meus generais não fossem assim.

— Entendido. Vou te emprestar alguns homens de confiança. Espero grandes coisas de você.

— Claro.

— Entretanto, tenho um trabalho importante para você fazer antes da batalha. Preciso que determine se o Margrave de Machaal realmente recuou com as tropas dele.

Havia o risco de o Margrave aderir a guerra graças ao levante de Ayles e Brando. Se eu não pudesse ter certeza de que ele estava incapaz de proceder com uma perseguição, não poderia avançar.

Talsha acenou com a cabeça.

— Mesmo se meu irmão atacar, se me emprestar uma força de mil homens, posso derrotá-lo.

 

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À medida que nossas tropas avançavam por onde havíamos chegado, notícias continuavam chegando, coisas como o marido de Altia, Brando Nahaam, se aproximando do Castelo Maust e batalhando com nossos lordes, e o oficial financeiro traidor, Fanneria, tramando para reforçar os números do seu lado.

De acordo com os relatórios, pelo menos, parecia que o inimigo ainda não estava pronto.

— No final das contas, se a rebelião do inimigo falhar, a existência dos clãs deles estará em perigo. Até que a situação fique clara, acho que a maioria dos lordes continuará em cima do muro — explicou Kelara calmamente enquanto marchávamos para o campo de batalha. — Se fosse um conflito entre lordes dos tempos passados, quando a traição era extremamente comum, o inimigo normalmente seria perdoado, caso se submetesse. Entretanto, Vossa Excelência nunca perdoou um traidor. Os lordes devem temer isso.

— Claro que não. Estou liderando apenas as tropas do reino, não as minhas pessoais. Farei com que qualquer um que se incline contra Sua Majestade receba o que merece.

Eu tinha dado a chance de rendição àqueles que foram meus inimigos desde o começo, mas nunca perdoei os aliados que me traíram.

Pensei que surgiria mais resistência conforme movíamos nossas tropas, mas Kelara devia estar certa a respeito da indecisão dos lordes, já que a maioria deles não era simplesmente amigável, como também tentava me tratar com gentileza. Seria sem sentido caso tentassem fazer algo descuidado a essa altura. Fizeram uma boa escolha.

Graças a isso, fomos capazes de nos aproximar do Condado Navyl quase sem lutar. O Castelo Maust, sob o comando de Kivik, também continuava forte.

O lorde da Prefeitura de Olbia, Brando Naaham, devia ter originalmente tentado suprimir toda a sua região e em seguida tomar o Castelo Maust, se possível. Com tantas forças de resistência, entretanto, perdeu a chance enquanto lutava para lidar com elas.

Ou melhor, nunca teve a chance. Se um inimigo estiver preparado, um ataque surpresa de nada vale. Mesmo se Brando não gostasse de mim, nunca deveria ter entrado em uma guerra que não tinha certeza de que poderia vencer.

Ele evitou o Castelo de Maust e assumiu uma posição defensiva contra mim, ao norte da Prefeitura de Fordoneria.

Tal posição seria problemática caso ele fosse atacado por trás, mas como os lordes indecisos eram incapazes de atacar, não parecia ser um problema.

A maior fraqueza dele devia ser seu excesso de ambição, bem como o poder para sustentá-la. Ele parecia acreditar que era um herói, saindo por aí e ocupando diversas prefeituras.

No entanto, se eu criasse uma nova ordem política após me tornar regente, Brando ficaria incapaz de acabar com os lordes ao seu redor, que ofereceram a mesma fidelidade que ele. Como um jovem lorde tenaz, sentiu-se sufocado.

O que foi feito, porém, está feito.

Reuni os soldados dos lordes que queriam me apoiar e confrontei Brando com quinze mil homens.

Embora ele também devesse ter reforços do acampamento de Ayles, tinha apenas cerca de sete mil tropas.

— Sabe, conheci um homem chamado Azai Nagamasa, e ele também foi de diversas formas azarado. Até mesmo se opôs a mim, o que o levou à morte. Quando um guerreiro move suas tropas, entretanto, deve assumir a responsabilidade.

Oda Nobunaga tinha claramente visto vários exemplos disso. E eu também tinha uma boa ideia do caso. Se Brando tivesse nascido cerca de dez anos antes de mim, nossas posições provavelmente teriam sido um pouco diferentes.

A julgar pelos seus números, também não devia estar pensando em partir com a vitória. Unir-se a Ayles e me envolver em uma batalha em minha casa, o Condado Nayvil – ele provavelmente queria indicar isso como um prelúdio ao ataque a Maust.

Eu usaria isso, então, como oportunidade para testar a capacidade das minhas forças.

Convoquei Talsha para meu alojamento de campo – que era basicamente uma cabaninha.

— Me chamou mesmo sem nenhuma guarda pessoal? O que faria se eu tentasse te matar?

— Puxaria a minha espada. Além disso, foi você quem disse que não tinha intenção de se aliar ao inimigo. Sou eu quem decide se posso acreditar nas palavras dos meus aliados — respondi indiferentemente.

Uff… Se meu marido tivesse ao menos essa coragem, ainda estaria vivo.

— Se você precisar de um homem, estou aqui.

Piadas obscenas eram comuns no campo de batalha. Talsha e eu tínhamos matados vários homens um do outro, assim sendo, neste ponto, não precisávamos pesar as palavras.

— Mesmo se eu estivesse no clima, posso liberar a excitação no campo de batalha.

— Caso vá para a linha de frente vou te emprestar soldados, mas, estando nas planícies, será difícil planejar algo como um ataque surpresa.

— Não precisa — disse ela com categoria. — Se eu estiver no comando, posso quebrar a formação inimiga. Vou despedaçá-la.

Que mulher teimosa. Isso também faz parte da profissão dela? Não, pelo contrário. Ela tem a personalidade de Takeda Shingen, e é por isso que recebeu essa profissão. As profissões dependem da personalidade do indivíduo.

E como dito, Talsha, liderando dois mil homens, realmente fez o que queria com Brando, esmagando os soldados da linha de frente dele.

O moral inimigo provavelmente não estava alto, mesmo no começo, mas foram derrotados em um instante.

— Ela pode ser mulher, mas, afinal de contas, sua profissão é Takeda Shingen. Um inimigo tão fraco não tinha chances.

Oda Nobunaga agiu como se tivesse se reunido com um antigo rival. Eu sabia como ele se sentia. Apenas os grandes entendem os grandes.

Também a elogiei enquanto conferia os prêmios, mas naquele dia convoquei Talsha ao meu alojamento.

— Bom trabalho. Não vi suas realizações pessoalmente, mas ouvi muitos elogios.

— Não foi nada. Tomo minhas decisões tão rápido quanto o vento, ataco tão violentamente quanto uma chama e me movo tão de súbito quanto um raio. Enquanto seguir essas táticas, posso dominar soldados fracos. São apenas os princípios básicos da guerra.

Talsha estava completamente relaxada, nem mesmo se gabava. Foi a primeira vez que vi uma guerreira tão magistral. Laviala era uma guerreira notável, claro, mas estava mais para uma arqueira independente do que uma comandante.

— Tenho certeza de que você poderia exibir essas habilidades, mas dessa vez devia ter sido muito mais difícil. Afinal, os soldados que liderou não eram suas tropas pessoais nem nada assim.

Atacar as forças inimigas continuamente, usando apenas tropas emprestadas, era muito mais difícil do que lutar ao lado de camaradas de longa data.

— Em outras palavras, se você reconheceu as capacidades dos meus homens e os transformou em suas tropas em tão pouco tempo, então deve ser considerado um talento formidável.

— Ah, isso… — disse Talsha um pouco hesitante. — Veja, você sabe que as profissões têm habilidades especiais… A minha é As Pessoas São Seu Castelo, eu acho… Tem um nome meio grande, mas esqueci do resto… É por isso que as habilidades dos soldados sob meu comando podem dobrar…

— Conforme eu pensei, as profissões especiais têm as habilidades mais incríveis.

Isso explicava a sua grande vitória.

— Também há algo chamado Vento, Floresta, Fogo, Montanha, que aumenta a própria força, mas… de qualquer forma, graças a isso, quase nunca perdi… Pode dizer que isso é trapaça…

— Não é motivo para se envergonhar. Qual é o problema em lutar usando o seu poder? Uso as habilidades especiais da minha profissão o tempo todo.

— Mas sinto que isso torna a vitória em algo certo.

— Porém, você perdeu para mim. Isso é uma aposta, nunca se sabe o resultado.

Com as minhas palavras, Talsha ficou carrancuda olhando em minha direção.

Parecia que ela ficava brava se eu dizia isso, mas se desacreditava – embora não pudesse evitar de sentir que não era apenas raiva, mas também timidez.

— Na verdade… tentei aliviar a minha excitação no campo de batalha, mas o inimigo era fraco demais… Não serviu para muita coisa…

— Então quer que eu te ajude a aliviar?

Talsha ficou um pouco em silêncio, mas depois falou, hesitante:

— Na verdade, estou um pouco mais para o lado luxurioso… Se quiser, não vou te impedir de me levar para a cama…

— Um regente não pode voltar atrás em suas palavras. Se você deseja, então também não me importo.

Aproximei-me de Talsha e coloquei a mão em suas costas.

Não tive que fazer mais do que isso. Ela ofereceu os lábios por vontade própria.

De qualquer forma, a mulher provavelmente adivinhou o que eu queria quando a chamei aos meus aposentos.

Ela se autodenominou luxuriosa, e com certeza estava querendo. Até eu senti que poderia acabar ficando cansado.

Foi tão bom quanto algumas coisas sobre as quais não se fala, exceto na cama. Depois de nos acalmarmos, conversei sobre a política para as Terras do Norte.

— Talsha, é possível que seu irmão entregue o título de Margrave de Machaal para você por conta própria?

— Francamente, acho impossível. Ele é muito soberbo, já que se elevou à posição de margrave. E também tem fome de poder. Não quer ouvir a própria irmã mais nova. E, de qualquer forma, nem tenho direito de sucessão.

— Então reúna algumas tropas e expulse-o. A terra com a qual irei recompensá-la dependerá do quanto você tomar. Irei emprestar os meus soldados.

Ainda na cama, Talsha parecia cética.

— Supondo que eu possa, o que você faria se eu me tornasse independente?

— Talsha, você é inteligente, então tenho certeza de que sabe; existem limites para o poder que você pode reunir longe da capital real. A sua preferência por ser uma margrave é a prova disso.

Ela, para começo de conversa, nunca desejou um poder supremo. Para alguém da região dela, isso seria muito mais difícil de conseguir do que para alguém da minha própria terra natal. Seu objetivo final era ser uma margrave.

— Além disso, percebi que posso confiar em você. Meu olho para as mulheres é melhor que o da maioria. E não lembro de já ter errado a respeito de alguma — falei, mais uma vez puxando seu corpo para perto.

— Você é mesmo um homem melhor do que o meu marido nunca foi.

 

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A situação após isso foi exatamente conforme o esperado.

Ayles e Brando colocaram regimentos perto dos túmulos do clã Nayvil e tomaram o Castelo Nayvil. Era um claro ato de desrespeito contra mim.

Com aquilo como fortaleza, me aguardaram. Seus homens somavam cerca de vinte mil tropas, quase o mesmo tanto que os meus, que também tinham ficado gradualmente mais numerosos.

Ayles, por outro lado, nomeou seu próprio filho como general e enviou cinco mil homens para impedir reforços advindos do Castelo Maust, mantendo o meu número estagnado.

O bom e velho Ayles. Embora tivesse reunido tropas de outros lordes, era impressionante que tivesse conseguido reunir tantos homens.

Entretanto, fixar os olhos no Condado Nayvil será a sua ruína.

Capturar a minha fortaleza principal, o Castelo Maust, seria muito mais importante. Se quisesse mostrar uma esmagadora superioridade a mim, era isso que deveria ter feito. Não era hora de designar um filho para atacar Maust.

Afinal, meus homens, que travaram muitas batalhas em campo aberto, não poderiam perder em minha casa, o Condado Nayvil.

Laviala, na verdade, estava claramente mais animada do que o normal.

— Não tenho certeza do porquê, mas estou muito animada, acredito que posso me divertir na batalha, mesmo com a importância dela.

— Bem, é um tipo de volta ao lar. Laviala, quero que atraia um dos regimentos de Ayles; leve-o para a floresta e destrua-o. Consegue fazer isso?

Ao desferir um primeiro golpe em Ayles, faria com que deixasse essa área.

Minha vitória estaria então garantida.

— Sim; existem muitos caminhos que apenas os elfos conhecem! Mesmo comigo agora morando em outro lugar, nunca irei esquecê-los!

Liderando a vanguarda das forças de Ayles Caltis estava um vassalo de elite, um homem chamado Motai.

Ele trabalhou com Ayles na Prefeitura Brantaar por muito tempo, no lugar também conhecido como domínio de Mineria, e também fora de lá.

Portanto, também sabia que precisavam vencer esta guerra.

Posicionei cerca de um terço das minhas forças na Floresta Aweyu, local de nascimento de Laviala. Fiz correr a notícia de que eu, general comandante e regente, também estava lá.

Enriqueci a história, enquanto a preparava, assim:

Tendo perdido o Castelo Nayvil, o regente Alsrod Nayvil acampará em frente à floresta, onde sua irmã de leite, Laviala, foi criada, e ali, junto com seus fiéis vassalos élficos, pretende tirar a própria vida.

Em sua infância, Alsrod sempre lamentou sua patente baixa dentro de seu clã. Os únicos em quem podia confiar eram os parentes élficos de sua irmã de leite. Deve ter finalmente abraçado o seu destino.

Vira-casacas já estão aparecendo ao lado de Alsrod, e ele não tem mais força para atacar os homens de Caltis e Brando. Assim, pegou duas mil dentre suas quatorze mil tropas e foi para a floresta.

Isso resumia tudo…

E era tudo mentira, é claro. Eu não tinha intenção de morrer, e o moral dos meus homens também não estava baixo. E o número dos meus soldados era quase o mesmo que o deles – vinte mil, não quatorze.

O importante era fazer parecer que eu tinha feito isso tudo por acreditar que não tínhamos esperanças de vencer.

— Esse esforço todo no planejamento faz o seu tipo.

Oda Nobunaga pareceu um pouco surpreso.

— Sempre lutei com números suficientes para subjugar o inimigo, caso dispusesse disso. As forças menores às vezes vencem, mas as maiores costumam ter vantagem. Sair do caminho para apostar não faz sentido.

Bem, seria diferente se eu tivesse cinquenta mil homens que pudesse usar, mas, infelizmente, não tenho tantos para essa batalha. Quando chegar a hora de conseguir esse número, meus oponentes provavelmente irão se comportar melhor.

Além disso, as baixas aumentam quando forças de números semelhantes entram em confronto.

Se pudesse escolher, preferia vencer gloriosamente e fazendo poucos sacrifícios. Eu ainda tinha mais para conquistar, então, se pudesse criar o mito de que era poderoso, deveria fazer exatamente isso.

— Bom, muito bom. Faça como quiser. De qualquer forma, acredito que suas tropas podem subjugar as do oponente com a Orientação do Conquistador.

Mesmo assim, é arriscado. Mas a floresta é segura.

Enquanto eu assumia posição diante da floresta, Laviala e seu clã planejavam entrar nela.

Afinal, o sobrenome dela era Aweyu. Por muito tempo só a chamei de Laviala, então quase esqueci o seu sobrenome.

Ela, por fim, voltou, parecendo tonta.

— Estamos prontos! Os preparativos estão concluídos!

— Ótimo. Bom trabalho, Laviala. E também dê tudo de si nesta batalha.

Nesses dias, ela parecia ser a mais animada dentre todos.

— Sim, senhor! Afinal, sinto que correr assim pela floresta é mais adequado para mim. Acho tanto a capital real quanto o Castelo Maust abafados demais. Quando trabalho na floresta, as árvores falam comigo.

— Veja quão poética você ficou na véspera da batalha.

— Isso não é poesia. As árvores realmente falam com os elfos. As flores e o vento falam conosco. Se fizermos o que dizem, não temos como perder.

— Vou acreditar na sua palavra. Afinal, é a minha irmã quem está falando.

Laviala era um pouco mais velha do que eu, então cresci vendo ela.

E a tornei minha concubina, então ficarmos juntos para sempre talvez fosse o destino.

— Também sempre acreditei em você, Lorde Alsrod. Farei tudo o que puder nesta batalha. Pode confiar!

Atrás dela, os rostos dos outros elfos e arqueiros estavam cheios de pura determinação.

Agora só tínhamos que esperar pela chegada do inimigo.

Motai, do lado de Ayles Caltis, nos confrontou com cinco mil tropas. Devia ter decidido que isso era o bastante para nos derrotar de uma só vez.

Por questão de formalidade, mandei um enviado ao acampamento inimigo para ver se conseguíamos fazer as pazes, usando Seraphina como árbitra.

Minhas exigências foram categoricamente rejeitadas – até mesmo usar uma filha do clã Caltis de nada serviu. Claro, eu não tinha intenção de cumprir promessas com eles, caso tivesse aceitado. Foi apenas uma encenação para fingir que estava com medo.

Além disso, embora Seraphina fosse filha do clã Caltis, ela também era minha esposa. Eu já tinha decidido esmagar esse clã.

O inimigo com certeza daria tudo de si para me matar. Já que seria um incômodo se eu fugisse para a floresta, provavelmente queriam ao menos me capturar o quanto antes.

Antes do meio-dia, as tropas de Motai começaram a atacar.

Conforme planejado, fiz meus homens reagirem lentamente.

Isso era só para mostrar para o inimigo que estavam conseguindo nos fazer recuar.

Ouvi tropas inimigas gritando coisas como “Empurrem, empurrem!” e “É só uma florestinha! Não se preocupem se eles entrarem!”

Claro, a Floresta Aweyu não era lá tão grande, estendendo-se sabe-se lá até onde.

Mas isso também podia proporcionar um outro tipo de problema. Se a floresta fosse muito profunda, o inimigo ficaria em guarda, e uma armadilha óbvia como essa não faria sentido.

Qualquer general como Ayles Caltis devia pensar que não havia nada a se temer – que, mesmo supondo que fugíssemos para a floresta, não teríamos tempo para preparar uma armadilha caso eles nos empurrassem, e que deveriam ser capazes de nos esmagar sem grandes problemas.

Pois bem, venham atrás de nós.

— Todo mundo, para a floresta!

Laviala guiou as tropas para a floresta. Eu também fui.

O inimigo iniciou a perseguição.

— Vamos atear fogo nisso?

— Tolo! Nossos camaradas que foram à frente não poderão voltar!

Foram essas coisas que ouvi. Se entrassem conosco, não poderiam queimar a floresta.

Assim que as tropas inimigas foram suficientemente a fundo, começamos o nosso contra-ataque.

Nossos inimigos caíram fazendo barulho enquanto flechas voavam do meio do nada.

— Merda! É o inimigo!

— Onde estão?

Os soldados pararam no meio do caminho, procurando de onde as flechas estavam saindo, mas não obtiveram sucesso.

Para ser sincero, nem eu sabia de onde elas saíam.

Estávamos cercados por incontáveis árvores, sem absolutamente nenhum lugar com um campo de visão clara.

Entretanto, Laviala e sua unidade ainda podiam disparar flechas, apesar desses obstáculos.

—Profissão de Arqueira de Laviala.

—Vantagem territorial.

—Elfos, uma raça que se destaca no uso de arcos.

Neste lugar, mais do que em qualquer outro pelo mundo, Laviala e seus elfos brilharam.

As armadilhas também estavam bem armadas.

Soldados inimigos que correram para a floresta caíram em buracos. Eu sabia, já que podia ouvir seus gritos.

Armadilhas foram feitas por todo o perímetro, e os elfos também eram bons em engenharia interna na floresta.

Os buracos eram rasos, mas a profundidade não fazia diferença. Uma vez que uma pessoa perdesse o equilíbrio e caísse, seria atingida por uma flecha e eliminada.

Até o momento está correndo tudo bem. Acho que vou entrar em contato com Laviala.

Ela estava no topo de uma das árvores mais altas.

À primeira vista, parecia impossível de subir, mas estava posicionada de forma que poderia chegar lá com relativa facilidade, caso usasse os troncos das árvores ao redor.

Fiz uma tentativa. Aqui e ali era um pouco escorregadio, mas eu não era particularmente pesado, então cheguei ao topo.

— Ah, você veio até aqui? Não caia, viu?

— Meu corpo lembra melhor do que eu pensava. Há muito tempo eu escalava, não é?

A Floresta Aweyu era meu antigo reduto. O Castelo Nayvil era extremamente desconfortável e fui enviado para aldeias distantes como Hardt, então quando estava me sentindo mal, Laviala me levava para a floresta.

Do topo da árvore, consegui ter uma vaga ideia de como a batalha prosseguia.

Pude ouvir as vozes confusas das tropas inimigas. Aos poucos, parecíamos estar diminuindo os números dos oponentes. Estavam completamente perdidos, assim como planejamos.

— Os elfos são realmente bons no que fazem — observei. — O inimigo já perdeu a capacidade de comandar as tropas.

— Entrar em uma floresta élfica de cabeça é o cúmulo da burrice. Não acho que os elfos da Floresta Aweyu sejam particularmente notáveis, mas acho que podemos lidar com qualquer número de pessoas que não saiba lutar na floresta.

Nossos soldados são muitos, então, se fizermos uso desses números, funcionará – deve ter sido essa a suposição ingênua do inimigo.

Além disso, deviam ter pensado que seria problemático se deixassem o regente fugir. Como rebeldes, tinham que obter uma vitória rápida. Havia aquele rei anterior errante, mas essas pessoas não eram aliadas dele. Isso estaria longe de ser uma justificativa.

— Alguns inimigos estão atacando a Floresta Aweyu por trás; está tudo bem por lá?

— Sim, cortamos a entrada dos fundos, transformando-a em um barranco artificial, então é impossível de avançar. Devem estar passando por um momento terrível, levando tiros de cima.

Se as tropas de Ayles tivessem sido mais cuidadosas, não teriam tentado atacar a floresta.

Entretanto, não tiveram escolhas.

Apoiados pela expectativa positiva de que conseguiriam fazer dar certo, me atacaram.

        • Eu já tinha desistido de ganhar.
        • A floresta não faria diferença, pois nos superavam em número.
        • Não tive tempo suficiente para me preparar.

Com base nessas informações convenientemente vazadas, pensaram que poderiam vencer.

Essa foi a maior armadilha de todas.

— Então imagino onde Motai está. Claro, se ele optar pela segurança, vai ficar fora da floresta — falei.

— Ele está aqui. Matar o regente seria a façanha de uma vida. Arriscado ou não, ele com certeza optaria por arriscar o pescoço.

— Certo. Concordo, Laviala.

Fweet, fweet, um apito finalmente ecoou.

— Parece que encontraram o comandante inimigo, embora provavelmente não seja Motai — observei.

— Ah, deve ser sim — disse Laviala, mas não consegui identificá-lo.

— Sério? Consigo dizer que os soldados estão se movendo, mas…

— Ah, pode estar um pouco longe demais para ver direito. Mas não tenho dúvidas disso.

Laviala então rapidamente preparou o arco.

Só por estar ao lado dela, senti sua aura que parecia emitir calor.

— Pois bem, por favor, morra!

Era tanto poder que ela passou a ilusão de que estava disparando uma arma de fogo.

A flecha voou, passando a ponta pelos pequenos espaços entre as árvores.

Não falhou em acertar alguém tão distante.

Outro disparo, e outro.

As flechas nunca foram impedidas pelos troncos de árvores, perfurando a carne de um e outro alvo sem parar.

Por fim, uma voz aflita gritou:

— O Visconde Motai foi eliminado a tiros!

— Viu? Ele realmente estava lá, não estava, Lorde Alsrod?

Laviala sorriu com malícia.

— Você é realmente uma gênia com um arco.

Ela devia ser a única que dominava a profissão de Arqueira tão bem assim.

— Eu não poderia fazer algo assim em uma floresta desconhecida. Mas este lugar é especial. Tenho muitas memórias que fiz aqui, com você, Lorde Alsrod.

A expressão dela era como a da irmã que persegui durante a minha juventude.

O fato de um sentimento diferente estar dessa vez misturado devia ser a prova de que eu havia virado um adulto.

Podia não ser apropriado para um campo de batalha, mas gentilmente pressionei meus lábios aos dela.

— Quero ter outro filho com você.

— Elfos têm muita dificuldade para engravidar, mas darei o meu melhor.

Com a morte de Motai, as tropas inimigas finalmente caíram em desordem, resultando em muitas baixas.

Fazer parte de um exército derrotado em uma floresta élfica seria o inferno. Todos os retardatários seriam eliminados.

Reuni meus homens e anunciei:

— Tiramos o vento da vela deles. Agora voltaremos ao campo de batalha principal. Preciso recompensar aqueles que ficaram para trás!

No campo de batalha principal, os regimentos do Pequeno Kivik e Kelara defenderam o centro e, pelos flancos, Noen Rowd e Meissel Wouge foram dispostos para atacar como uma coluna voadora.

Quando eu e Laviala voltamos, um dos rappas apareceu para nos apresentar a situação. Eles não pareciam diferentes de simples cães de caça. Os rappas lobisomens eram realmente perspicazes.

— Estamos atualmente em um impasse; nah, não acredito que ainda tenhamos uma batalha de verdade.

— Como esperado. Não pensei que o inimigo seria capaz de desferir qualquer tipo de golpe contundente. — Gargalhei. As coisas pareciam estar correndo a nosso favor. — Diga ao Pequeno Kivik, Kelara e aos outros que logo chegarei. Agora, com um único ataque, vamos tomar o Castelo Nayvil das mãos do inimigo!

— Como desejar.

O rappa lobisomem rapidamente desapareceu.

— Lorde Alsrod, por que achou que a batalha se arrastaria? O inimigo está mantendo o Castelo Nayvil, então pensei que ficariam impacientes.

— Laviala, o Castelo Nayvil já foi atacado?

— Desde que nascemos, pelo menos, é a primeira vez.

Em outras palavras, nunca foi sitiado.

— Bem, as defesas do Castelo Nayvil são fortes para o lorde de um condado e meio. São boas o suficiente para afastar uma força inimiga pequena. Porém, quando um lorde menor entra no castelo, é geralmente por aí que começa a pensar em mantê-lo.

— Verdade. Se esconde em um castelo para evitar de ser exterminado.

Então a resposta era clara.

— Se colocar a força principal lá, acaba se tornando extremamente difícil de atacar. Nossas forças estão em uma colina distante, então atacar primeiro deixará os danos mais difíceis de serem feitos.

— Ah, entendi! O Castelo Nayvil não é adequado como uma posição de ataque!

Naquele momento, Laviala devia estar pensando na topografia do Condado Nayvil.

— Isso mesmo. Ayles e Brando devem ter tomado o Castelo Nayvil por pensarem que poderiam se mostrar superiores. Mas devem ter achado que seria ruim como base; que não poderiam se mover como quisessem.

O objetivo de um lorde menor não era tomar o poder supremo, e sim proteger a própria terra.

O Castelo Nayvil podia ser adequado para a defesa, mas era completamente inadequado para o ataque. Esse era um dos motivos pelos quais mudei minha capital para Maust.

— Entendi. Então você sacrificou a sua cidade natal. Boa ideia. Eu também não poderia ter ficado escondido em Owari para sempre. Acho que posso sentir um pouco de empatia por isso.

Oda Nobunaga, dizer que foi um sacrifício é uma forma ruim de colocar isso. Simplesmente vou tomar minha cidade natal de volta do inimigo.

— Parece que muitos dos lordes menores que se aliaram a este Ayles Caltis o seguiram por falta de escolha, ao invés de jurar lealdade até a morte. Parece que isso também o impediu de lançar uma ofensiva decidida. E quando você se separou da sua força principal, ele tentou ver se poderiam te matar ao atacar a floresta.

Era isso. Os lordes menores próximos de Ayles não queriam ser destruídos, então aceitaram as exigências dele. Porém, o objetivo deles era proteger seus próprios clãs, não me matar.

Assim, a maré mudaria com a minha chegada.

No entanto, assim que retornei, as tropas inimigas estavam atacando…

— São as tropas de Brando Naaham!

— Merda! São os caipiras da Prefeitura Olbia!

Ouvi essas vozes da direção dos meus aliados.

Entendi. Então, pensando que as coisas não podem continuar como estão, Brando está fazendo um ataque ousado.

E ele também era um jovem ambicioso. Sabia que precisava lutar.

O Pequeno Kivik comandava perfeitamente, mas o ataque inimigo feroz parecia poder empurrá-lo para trás. Esse tipo de coisa seria bem complicada com apenas sua força de espírito.

Eu precisava colocar meus aliados em um estado de embriaguez – isto é, fazer com que surfassem nessa onda.

Os olhos dos homens que notaram a minha chegada foram aos poucos se iluminando. Sob os efeitos da Orientação do Conquistador, a habilidade dos soldados subiu um nível.

— Sinto muito por deixá-lo esperando, Pequeno Kivik.

— Ah, Vossa Excelência! Fico feliz em vê-lo!

Meio à sua contínua defesa, o Pequeno Kivik soltou um suspiro de alívio. Pude ver Kelara atrás dele.

— A partir de agora, é a nossa vez de brilhar. Vamos para o Castelo Nayvil!

— Vai tomar o castelo?

— Ninguém seria tolo o suficiente para colocar todas as tropas em uma fortificação tão pequena. Assim que os arredores do castelo forem atacados, irão se retirar.

Primeiro, daríamos a volta em Brando.

Eu poderia ser capaz até mesmo de confrontá-lo.

— Escutem, o regente voltou para destruir os rebeldes! Depois, colocaremos Brando para correr para as montanhas do sul! Quem está comigo?!

— Hurra! — O som de vozes estrondosas ecoou.

Habilidade especial: Presença do Conquistador ativada.

Tem efeito quando é reconhecido como conquistador por muitos ao mesmo tempo. Todas as habilidades são três vezes mais efetivas que o normal.

Além disso, todos os que colocam os olhos em você sentem admiração ou medo.

Tudo bem, sem problemas. Vou mostrar ao meu cunhado a diferença entre nossos poderes.

Agora sob meu comando, as tropas atacaram as de Brando, que estava no ataque.

Os homens dele perderam o impulso. Como nossos números eram maiores, expulsá-los seria fácil.

— Não recuem! Se não derrotarmos este traidor que se autodenomina regente, o Reino de Therwil será dele!

Brando estava galantemente gritando de cima do seu cavalo. Ele atacava bem na frente para alguém com a profissão de Ladrão.

— Que coisa para se dizer, cunhado! — gritei ao confrontar Brando.

— A-Alsrod…

Achei que ele parecia estar mais velho desde que nos conhecemos, mas os olhos de Brando ainda mantinham o brilho da juventude. Na verdade, o estranho talvez fosse eu, já que tinha um efeito de envelhecimento retardado da minha profissão.

— Não mandei a minha irmã para se casar com um traidor, Brando.

— O traidor aqui é você! Eu, Brando Naaham, não lembro de alguma vez ter dito que seria seu vassalo!

— Eu sabia, isso, afinal, não é diferente do que aconteceu com Azai.

Oda Nobunaga parecia um pouco triste.

— Entendo como ele se sente. Porém, apenas aqueles que aceitam se tornar meus vassalos podem viver. Ninguém pode se tornar um conquistador enquanto tem iguais.

— Você não é meu vassalo, é do rei. Não entenda mal.

— Calado! Posso ver através dos seus esquemas!

O poder da profissão de Ladrão, talvez. Brando se aproximou, correndo rapidamente pela multidão.

Em sua mão havia uma espada curta. Ele parecia querer me apunhalar.

Mas, veja, estamos em níveis diferentes.

Você não está no nível para ser um herói. Seu limite é o governo de uma prefeitura, no máximo.

Cortei com a minha espada.

A espada curta dele voou para longe.

— É essa a nossa diferença de níveis, Brando.

Ele ficou momentaneamente chocado, mas não foi tolo o suficiente para ficar atordoado. Apressou-se a recuar.

Graças a Oda Nobunaga, minhas habilidades físicas no campo de batalha eram incomparáveis. Uma abordagem pouco desajeitada não me impediria.

Como Brando recuou, as tropas inimigas também começaram a recuar.

Só então, um barulho estrondoso soou.

Aqueles que fugiam estavam sendo alvejados com tiros.

A situação mudou completamente a nosso favor. Agora eu só tinha que caçar o inimigo derrotado.

Ainda assim, era impossível eliminar todos eles ali. Eu tinha que me contentar em ter recém-retomado o Condado Nayvil. Destruir o destacamento inimigo atacando meu castelo em Maust devia ser a prioridade.

— Você se machucou?

Kelara correu para o meu lado.

— Estou bem. Mais importante, vou continuar o ataque, então prepare a sua unidade. Sei exatamente onde atacar.

— Da forma como você fala, é como se fosse um lugar que você já planejava destruir, não o seu território, cujas fraquezas conhece.

Ela pareceu surpresa com a completa confiança em minhas palavras.

— Exatamente. Afinal, já tomei o Castelo Nayvil uma vez.

Eu sabia que chegaria o dia em que teria que lutar contra meu irmão mais velho, e me preparei para aquilo. Encurtando a história, meu irmão cavou a própria cova, me convidando para entrar e sendo morto pelas minhas mãos.

— Esta terra tem memórias. Mas, se fizerem minha espada ficar cega, essas memórias não têm utilidade para mim. Meus inimigos serão derrotados.

Minhas tropas perseguiram os homens de Brando batendo em retirada.

Claro, meu objetivo não era exterminá-los.

Eu tinha estudado tudo sobre onde atacar o inimigo por trás, bem como os detalhes para romper ainda mais as suas defesas. Gradualmente os forcei a recuar ainda mais.

Decidi enviar um mensageiro secreto aos lordes menores indecisos na fortaleza de Brando, na Prefeitura de Olbia, pedindo para que ficassem do meu lado. Escrevi, especificamente, que deveriam fazer uma intervenção militar dentro do domínio dele.

Na carta, deixei claro que o plano de Ayles Caltis e Brando Naaham falhou. Os lordes provavelmente se posicionariam para atacar o seu domínio. Isso bastava. Brando teria que se retirar para as montanhas de Olbia.

Passei aquela noite em uma aldeia do condado. A queda do inimigo já estava garantida. Parecia que vários lordes menores estavam começando a abandonar o outro lado, e alguns até apareceram diante de mim.

Eu estava fazendo planos em um dos quartos do meu alojamento.

Parecia estar sozinho, mas Oda Nobunaga por algum motivo falou comigo. Ou, mais precisamente, estava me usando como alguém para conversar, em vez de participar da elaboração das estratégias.

— Que escolha eu tenho? Você é a única pessoa com quem posso conversar. Imagino se também poderia ter incluído na sua profissão um ou dois dos meus antigos assistentes.

Você ser a minha profissão já é um milagre – não tem como isso acontecer. Se não vai me ajudar, então fique quieto…

Senti como se o ar estivesse um pouco diferente.

Yadoriggy, representando os rappas, entrou em meus aposentos.

— As unidades de Ayles Caltis e Brando Naaham retiraram-se, cada uma para a sua própria fortaleza principal.

— O que aconteceu ao Castelo Nayvil, Yadoriggy?

— A estratégia deles parece ser deixar o castelo em mãos capazes e, enquanto isso, fugir.

Um sacrifício. Pobres homens.

— Acho que vou mandar o Pequeno Kivik cercar o Castelo Nayvil com três mil homens. Os outros avançarão para o leste e marcharão para o Castelo Maust. Afinal, alguns dos meus vassalos me traíram. Vou matá-los, não importa o quê. Você tem uma lista desses traidores?

Yadoriggy os listou por título e nome.

Dentre eles estavam vários oficiais. Parecia que as pessoas com menos oportunidades de provar o próprio valor no meu território expandido, como Fanneria, tinham se deixado levar por conversas moles.

— Parece que perceberam o quão incapazes são. Diga ao velho Kivik, protegendo o Castelo Maust, que faremos um ataque em pinça.

— Entendido.

— Além disso… a outra coisa que eu queria mencionar…

Isso era um pouco embaraçoso, então minha voz ficou naturalmente mais suave.

— Chame Talsha para os meus aposentos. Depois de uma hora, diga para Kelara vir, e Laviala uma hora depois disso.

Meu corpo ficou terrivelmente quente depois de um dia árduo de lutas.

Talsha disse que procurava companhia sempre que não conseguia aliviar sua excitação no campo de batalha.

Eu, em vez disso, era o oposto – ficava excitado porque ia para a batalha.

— Acho que você não deveria se sobrecarregar tanto assim.

— A parte mais difícil já acabou, ao menos na minha opinião.

— Concordo. Pois bem, farei o que ordenou.

Encarei os olhos de Yadoriggy por um momento.

— Se você tiver tempo, por que também não me faz companhia? Foi um dia realmente difícil. Acho que não vou conseguir dormir desse jeito.

Aquela noite foi incomum, até para mim.

Yadoriggy balançou a cabeça, sem qualquer expressão.

— Não me importo, mas será difícil notar os intrusos, então, por favor, não faça muito barulho.

Até eu poderia dizer o quão ganancioso fui naquele dia. Ainda estava pensando em como havia agido ao cruzar lâminas com Brando.

Embora em teoria estivesse lutando para unificar o reino – e trazer paz a ele – estava ansioso demais para a batalha. Era assim que eu me sentia em casa.

Depois, Laviala me repreendeu, dizendo que eu “cheirava a mulher”.

 

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No dia seguinte, enviei tropas para o Condado Kinaseh, onde ficava o Castelo Maust.

Claro, não tinha intenção de chegar entrando no castelo, e também não acho que poderia. As tropas inimigas que debandaram estavam pelo caminho.

Quanto ao motivo para terem debandado, esse lote era um grupo de oficiais que trabalhavam ao redor de Maust e de ex-lordes patrocinados. Portanto, Ayles Caltis devia ter decidido que não importavam.

O próprio comandante era o filho de Ayles, Dakkar, mas não parecia que seu pai tinha pensado que ele poderia capturar o Castelo Maust com aquele destacamento. Seu objetivo era apenas nos impedir, Ayles então devia pretender atacar com a sua força principal.

Quando estabeleci minha posição, soube que Dakkar e seus acompanhantes já tinham fugido. Todos os que foram obrigados a fazer parte disso pareciam ter debandado.

— Tudo bem, estamos partindo. Quem não se mover deve deixar de ser soldado.

Dei a ordem de ataque na mesma hora.

— Além disso, estou enviando um mensageiro secreto ao Castelo Maust. Farei com que ele diga a Kivik para que faça uma investida do castelo. Embora eu suponha que ele saberia quando atacar.

As tropas inimigas estavam em desordem antes da batalha. Com meu ataque chegando junto disso, foram espetacularmente destruídas.

Além do mais, ao mesmo tempo, Kivik fez uma investida de sua posição defensiva no Castelo Maust e os pinçou. Muitos líderes inimigos perderam a vida em frente à entrada da cidade de Maust.

— Juntar-se a uma rebelião sem motivo algum, sem pensar por si mesmo, e depois morrer por nada; isso é jeito de um homem viver? O que acha, Alsrod?

Oda Nobunaga perguntou isso quando entrei no Castelo Maust após a vitória na batalha.

É assim que funciona. Pessoas que prometem criar seu próprio país, como eu, são de longe a minoria.

— De fato. Caso contrário, eu nunca teria me tornado a sua profissão.

Oda Nobunaga estava de muito bom humor. Qualquer guerreiro ficaria satisfeito depois de vencer uma batalha.

 


 

Tradução: Taipan

Revisão: ZhX/Gabs

 

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