Trono do Arcanista – Vol. 02 – Cap. 180 – Uma Oferta do Demônio

 

Quando os aprendizes pensaram que estava tudo bem, outra rodada de risco chegou imediatamente.

Neste momento, já que a tempestade estava quase acabando, lançar qualquer feitiço poderia ser muito arriscado. Lucien e os aprendizes estavam de volta ao dilema novamente.

Lucien gentilmente deu um tapinha nos ombros de seus alunos, um por um, para confortá-los. Segurando Amboula na mão, Lucien ouviu a conversa com atenção enquanto pensava rapidamente na possível solução.

— Pastor Cody, está fedendo lá embaixo. — Tom ainda estava falando alto propositadamente: — Não há necessidade de você, meu senhor, fazer isso. Por favor… Apenas aproveite o bom chá preto em sua própria cabine e eu posso cuidar disso para você, meu senhor.

— Bem, ainda estou em treinamento… Sabe, de acordo com a Lei da Igreja, você ainda não pode me chamar de senhor. — Havia um sorriso imperceptível no rosto de Cody quando dizia isso. Certamente gostou da lisonja de Tom: — Agradeço sua bondade, Tom, mas você e seus marinheiros não podem realmente dizer onde os círculos de poder divino estão realmente danificados. Eu tenho que fazer isso sozinho, desculpe.

Tom era o contramestre, um Cavaleiro das Trevas que servia ao visconde Wright. Esta era sua identidade conhecida pelas pessoas neste navio. Embora um Cavaleiro das Trevas não pudesse se tornar um sub-capitão nem um capitão, Cody ainda queria manter seu respeito básico pelo Cavaleiro.

Ao ouvir as palavras de Cody, Tom não sabia o que dizer.

— Tudo bem. Vocês dois, Lohman e Boer… Vocês dois vão por ali. Jacques e Summy, vocês dois por aí. — Cody, um Pastor sênior em treinamento, gostava muito de dar ordens.

No entanto, Tom sabia que ainda levaria algum tempo até que encontrassem o quarto no canto onde Lucien e os aprendizes estavam escondidos.

Tom estava suando. Tinha cenas horríveis passando em sua mente.

Ele não podia deixar isso acontecer. Não podia deixar aquelas cenas horríveis realmente acontecerem.

Tom estava pronto para agir. Ia matar todos eles, e fingir que foram alguns Kuo-toans escondidos no navio que os mataram.

Neste momento, ele sentiu alguém tocar suavemente em seu braço.

— …?!

Tom ficou surpreso quando viu Evans parado ao lado dele. Neste momento, Lucien estava vestindo um colete de marinheiro sujo, e seu rosto estava coberto com algumas marcas de tinta como a maioria dos marinheiros gostava de fazer.

Lucien estava olhando para baixo, com a cabeça baixa.

Tom não podia acreditar em seus olhos, sentindo-se com sorte por não ter divulgado o nome de Evans.

— Lá embaixo… muito ruim. — disse Lucien em sua voz rouca fingida.

Quando estava dizendo, Lucien estava secretamente escrevendo algo no braço de Tom.

Cody não sentiu nada de errado aqui. Aos seus olhos, era apenas um marinheiro que se reportava a Tom.

E havia tantos marinheiros que Cody não conhecia neste navio. Afinal, Pastor e marinheiro eram de dois níveis totalmente diferentes. Eles não estavam nem perto.

Tom, enquanto tentava ficar o mais calmo possível, sentiu uma palavra curta escrita em seu braço.

Jacques…? Tom pensou consigo mesmo, mas ele realmente não entendeu a intenção de Lucien imediatamente.

Lucien puxou o braço de Tom um pouco em direção à cabana, e Tom imediatamente percebeu: — Deixe-o ir…?

Tom perguntou em voz muito baixa. Lucien assentiu com seriedade. Tinha certeza de que Tom confiaria nele. E Lucien estava certo.

— Lorde Cody, o andar de baixo é onde a luta acabou de acontecer, e também a seção mais danificada. Que tal enviar algumas pessoas lá primeiro para consertar as principais rachaduras? Meu homem acabou de me dizer que está muito ruim lá agora. — Havia um sorriso lisonjeiro no rosto magro de Tom.

— Hum… — Cody estava um pouco inseguro. Realmente não queria ouvir a sugestão de um contramestre.

— Você sabe… Talvez mais alguns Pastores irão para lá também mais tarde. Seu trabalho pode definitivamente impressioná-los. — Tom continuou a persuadi-lo.

E era com isso que Cody realmente se importava. Se Cody pudesse obter mais atenção dos Pastores de alto escalão, ele certamente teria uma chance melhor de ser promovido.

— Acho que você está certo, Tom. Você pode ajudar os outros Pastores em treinamento e os escudeiros verificarem as cabines superiores? — Cody rapidamente tomou a decisão.

— Com certeza, meu senhor. — Tom rapidamente acenou com a cabeça antes que Cody mudasse de ideia, e então se aproximou de Jacques e disse: — Sr. Jacques, talvez possamos ir verificar as cabines lá embaixo.

Jacques era um jovem louro e bonito. Seu nariz era reto e alto, e seus olhos eram verdes.

Cody não disse nada sobre isso. Honestamente falando, não gostava muito de Jacques, já que Jacques era bastante popular, mas também arrogante aos seus olhos. Claro, não queria deixar Jacques uma chance de impressionar os outros Pastores.

Pedindo a Jacques e aos outros vários Pastores em treinamento e escudeiros de quem ele não gostava que verificassem as cabines dos marinheiros, Cody conduziu seu outro pessoal até o andar inferior.

Embora Jacques e as outras pessoas soubessem por que foram deixados aqui, desceram as escadas e começaram a verificar cuidadosamente. Afinal, a própria segurança deles também estava ligada à segurança do navio.

Propositalmente, Tom conduziu Jacques até a cabana no final do corredor no canto, junto com Lucien.

Enquanto caminhavam, Lucien escreveu secretamente várias palavras na mão de Tom novamente,

— Ative seu poder, cubra-me, quando vir meu punho esquerdo cerrado.

Desta vez, Tom entendeu Lucien instantaneamente, já que trabalharam juntos antes, quando estavam tentando matar Brown. Lucien queria usar o Poder da Benção de Tom para cobrir as ondas mágicas produzidas por seu feitiço.

No entanto, Tom ficou muito preocupado com o plano de Lucien. Como as ondas mágicas não seriam totalmente cobertas e a tempestade já havia quase passado, seria bem possível que os Cardeais no navio percebessem o poder mágico de Lucien.

Neste momento, chegaram em frente a esta pequena cabana no canto.

Vendo que o jovem e estranho marinheiro abriu educadamente a porta para ele, Jacques assentiu com satisfação e entrou na cabine.

Como esperado, não havia ninguém na cabine. Quando Jacques estava prestes a verificar as tábuas de madeira perto da janela, ele ouviu uma voz gentil dizendo:

— Sr. Jacques, se você ainda for um ninguém daqui a três anos, como você lidaria com seu relacionamento com a Srta. Chely?

Jacques se virou ferozmente e olhou para este jovem e ousado marinheiro, sentindo-se chocado: — O quê?!

A mão direita de Jacques pressionou sua espada.

— Eu disse, você e a Srta. Chely. — Lucien olhou bem nos olhos de Jacques: — Você não precisa saber onde ouvi isso, mas diga-me, você está realmente confiante de que pode despertar sua Bênção em três anos?

Os olhos do marinheiro eram escuros como uma sombra e profundos como um céu estrelado.

Depois de alguns segundos, Jacques disse a Lucien com uma voz muito zangada, mas constrangida: — Quem é você?! Não é da sua conta!

Jacques sabia que não estava nada confiante em despertar sua Bênção. Embora tenha prometido a Chely seu amor, Jacques temia que nunca fosse capaz de conseguir. Afinal, tantos escudeiros falharam e nunca conseguiram superar essa barreira em toda a vida.

— Eu acho… Não é realmente da minha conta. — Lucien tinha um sorriso astuto no rosto: — A senhorita Chely se casar com outra pessoa também não é da minha conta. No entanto, tenho o poder que pode ajudá-lo a despertar sua Bênção.

— O que você quer dizer? Por que você está falando comigo assim. — perguntou Jacques com raiva e fúria.

Quando viu que Tom estava parado na frente da porta, Jacques percebeu rapidamente que o contramestre estava do lado desse estranho marinheiro.

— Porque eu quero te ajudar. — Lucien brincou com muita calma: — Porque eu sou um homem bom.

— Não existe almoço grátis. — disse Jacques sem rodeios.

— Inteligente. Só peço uma coisa. — A cabeça de Lucien ligeiramente inclinada. — Quero que você finja que não viu nada aqui mais tarde.

— Você é… um Feiticeiro? — Jacques semicerrou os olhos para Lucien.

— E também um Cavaleiro, Sr. Jacques. Como você pode ver. — Lucien estendeu sua mão direita na frente de Jacques e mostrou a ele sua Benção, Luar. — Já despertei a minha. Se você não conseguir despertar seu poder em três anos, pode vir até mim. Se estiver disposto a ajudar, assinarei um pacto mágico com você. Você sempre pode me encontrar com o pacto, e eu nunca posso quebrar as palavras que prometo no pacto.

— …

Jacques não respondeu imediatamente. Subconscientemente, Jacques colocou os dentes superiores contra o lábio inferior quando estava pensando.

— Não estamos fazendo nada de ruim. — Lucien continuou insistindo: — Só queremos chegar a Holm em segurança. Você não está traindo sua fé como Cavaleiro, Sr. Jacques.

Jacques cerrou ambas as mãos em dois punhos apertados. Suas sobrancelhas franziram.

— Ou diga, você quer ver a Srta. Chely se casar com outra pessoa, estar nos braços de outro homem e ter os filhos desse homem?

Havia algumas veias azuis na testa de Jacques e todo o seu corpo tremia.

Jacques sentiu que, em vez de um ser humano ou um Feiticeiro, era um demônio que estava diante dele agora, um demônio do poço do pecado.