Todo o salão ficou em silêncio. Ninguém falou uma palavra, já que todos esperavam pelo resultado do experimento.
Um tempo depois, quando as pessoas começaram a sussurrar umas para as outras, Lucien disse:
— Sr. Felipe, você pode abrir o reator agora.
Seguindo estritamente os procedimentos para se fazer um experimento mágico, Felipe acionou uma série de círculos mágicos de segurança para proteção, um por um.
Quando o reator foi aberto e a temperatura voltou ao normal, Felipe coletou a pequena quantidade de partículas brancas no fundo do recipiente e então se virou para Lucien.
— Qual é o próximo passo, Professor?
— Você não quer dar uma olhada nessas partículas, Sr. Felipe? — Lucien respondeu com um sorriso misterioso debaixo do capuz.
— O que você quer dizer… Essas partículas são…? — Felipe ficou confuso por um segundo, e o resto do salão também.
— Sim, Sr. Felipe. — Lucien assentiu calmamente: — Este é o fim do experimento. Essas partículas são partículas encontradas em um corpo humano.
— O quê?! — A multidão ficou chocada. — Essas partículas brancas são… um ingrediente da vida?!
Uma grande agitação começou a ganhar força no salão. Os necromantes e aprendizes não acreditavam no que viam.
Felipe encarou Professor com uma enorme quantidade de sentimentos mistos. Ele não podia aceitar o fato de que um experimento sintetizando um ingrediente para a vida fosse tão simples.
— É melhor você não estar brincando comigo, Professor. — Depois de um bom tempo, Felipe finalmente respondeu.
Lucien também estava nervoso. Ele sabia que Felipe poderia perder a paciência a qualquer momento. No entanto, ele ainda respondeu em tom calmo:
— Você pode ver com seus próprios olhos, Sr. Felipe. Essas partículas são ureia… a matéria orgânica da qual você estava falando.
Assim que Lucien pronunciou a palavra, as pessoas no salão pararam de sussurrar e tagarelar e voltaram ao silêncio.
— Sr…. Sr. Felipe, por favor, verifique as partículas, — pediram os necromantes no palco. Eles estavam ao mesmo tempo com medo, empolgados e emocionados. Eles olhavam para as partículas com muita preocupação, como se não fosse algo comum, que pudesse ser simplesmente produzido pelo corpo humano, mas algo poderoso demais, como um tabu que pudesse destruir seu mundo.
Felipe parecia bastante sombrio e sério. Lentamente, voltou para o reator e o abriu novamente. Então, usou o feitiço de primeiro círculo, Identificação, para verificar as partículas.
Quando a luz branca passou, Felipe ficou parado, olhando essas partículas sem dizer nada, como uma estátua.
Depois de mais de um minuto, Cessy não conseguiu mais esperar. Cuidadosamente, ele perguntou:
— Sr. Felipe, é mesmo… ureia?
O resto dos necromantes e aprendizes também estava olhando para Felipe, esperando sua confirmação. Como se Felipe estivesse em um mundo diferente, ele não respondeu à pergunta de Cessy. Depois de mais um minuto, finalmente disse lentamente:
— Sim, é ureia.
Ninguém fez qualquer som depois que Felipe respondeu. De repente, eles sentiram que todos os experimentos que haviam feito e todas as teorias que aprenderam eram como um sonho distante. O experimento mostrou que o esforço deles não valeu nada.
Felipe de repente se virou e disse a Lucien em tom mais alto:
— Sr. Professor, a identificação não é precisa de vez em quando. Preciso usar outros experimentos para me certificar do que são essas partículas.
Felipe não estava encontrando desculpas. De fato, Identificação era um feitiço construído com base no próprio nível de conhecimento do usuário. Então, se o conjurador não tivesse um conhecimento profundo no campo correspondente, a magia iria dar errado às vezes.
Ouvindo as palavras de Felipe, Cessy e os outros necromantes e aprendizes recuperaram a esperança novamente. Eles não podiam admitir que sua crença estava errada, e ninguém admitiria facilmente que algo que ele ou ela esteve buscando durante toda a vida não era fundamentalmente correto.
As pessoas costumavam dar todos os tipos de desculpas para se iludirem.
— Fique à vontade. — Lucien não se importava com quantas vezes Felipe precisasse verificar o resultado do experimento.
As garrafas, tubos de vidro e pesos emitiam sons baixos no palco quando Felipe fazia o experimento de verificação com as mãos trêmulas. Após sucessivos experimentos, Felipe parecia cada vez mais frustrado.
*Clang!*
Um recipiente de metal foi jogado na pia. Felipe abaixou a cabeça, de costas para Lucien, e disse de forma depressiva:
— Sim, é ureia.
— Não é possível!
Alguns necromantes começaram a clamar amargamente. Seu mundo entrou em colapso.
Sidney ergueu lentamente as mãos, cobertas de pontos e cicatrizes. Ele não podia acreditar no que acabara de testemunhar. Se a Teoria da Força Vital não estivesse correta, como ele poderia usar aquele corpo?
Comparativamente falando, os aprendizes achavam que o resultado era menos chocante, e alguns deles estavam agora culpando a fundação da necromancia por eles não conseguirem se tornar verdadeiros feiticeiros, em vez de culparem sua própria falta de inteligência.
Quando Lucien estava prestes a levar o assunto para outra direção, para evitar que Felipe perdesse completamente a paciência com ele, Felipe se virou.
— Sr. Professor, esta não é uma vitória sua, — disse Felipe teimosamente. — Eu não acho que a ureia seja um ingrediente para a vida. Pelo contrário, é apenas um tipo de excremento sujo do corpo humano, que existe na lacuna entre os ingredientes vitais e os ingredientes mundanos. Na verdade, sua experiência não pode explicar nada.
Como uma fera vigiando seu território, Felipe procurou qualquer motivo possível para refutar o resultado daquele experimento. Se não fosse pelo fato de que ele não tinha ideia se Professor era poderoso ou não, ele já poderia ter resolvido essa disputa acadêmica na base da violência.
— É isso mesmo, a ureia não é um ingrediente para a vida! — Alguns necromantes começaram a seguir o ponto de vista de Felipe.
Embora Lucien estivesse feliz em ver o que estava acontecendo naquele momento, ele ainda fingiu estar zangado:
— Sr. Felipe, você não está jogando limpo!
Havia uma razão pela qual Lucien escolheu a ureia como o composto orgânico produzido por esse experimento. Embora Lucien quisesse ganhar, ele precisava ter certeza de que, após o experimento, Felipe teria algum espaço para fazer sua retórica. Afinal, Lucien não podia destruir completamente a crença de Felipe, caso contrário, ele provavelmente ficaria completamente louco.
Havia um sorriso ardiloso no rosto de Felipe enquanto ele dizia ao visconde:
— Não consideramos a ureia como um ingrediente para a vida, mas algo existente no corpo humano. Acredito que o visconde e o resto dos necromantes e aprendizes definitivamente concordem comigo.
O Visconde Carendia assentiu.
— Sr. Professor, sua experiência é tão simples que vai além das expectativas de todos nós. E eu admito que ninguém nunca fez isso, produzir ureia usando apenas ingredientes não-vitais. Sua experiência é certamente um marco, e eu acredito que o experimento é significativo o suficiente para colocar seu nome na lista de candidatos para o prêmio Coroa Holm e ganhar muitos pontos em arcana. No entanto, eu também concordo com o Sr. Felipe que a ureia não pode ser considerada como um ingrediente para a vida. Afinal de contas, é muito difícil imaginar que algo sujo como excrementos do corpo humano possa conter qualquer força vital. Se você quer ganhar, tem que nos mostrar mais.
— Sim, um ingrediente da vida presente na urina? Isso é uma humilhação para a vida! — Alguém na multidão gritou.
E mais e mais pessoas se juntaram à voz da oposição, felizes por a Teoria da Força Vital não ter sido completamente derrubada.
— Exatamente, senhor Professor. — Felipe deu de ombros com um sorriso. — A maioria de nós não vê a ureia como um ingrediente vital. Você precisa nos mostrar mais se quiser nos persuadir…
— Eu disse um ingrediente contido no corpo humano, — respondeu Lucien em uma voz com raiva. — E eu ainda estou trabalhando em outras experiências. Elas ainda não estão prontas.
— Eu me lembro do que você disse… — Felipe estava prestes a dizer algo agressivo, mas ele se conteve.
Felipe também não queria irritar completamente Professor. A maneira como ele via o Professor era exatamente o mesmo que o modo como Lucien o via.
— Sua suposta sofisticação fez vocês perderem seus modos, e sua ignorância fez com que perdessem a maior chance de testemunhar a revolução tanto na escola Elemental quanto na Necromancia. — Lucien ainda fingia estar zangado. — Eu não tenho nada mais sólido do que isso para provar que vocês estão errados agora, mas eu irei no futuro.
— Então, como você quer terminar a nossa aposta, Sr. Professor? — perguntou Felipe.
— Consideremos um empate. Eu vou sair agora. Não vou interferir com o que você está fazendo aqui. E não afetarei as escolhas feitas pelos necromantes e aprendizes. — Lucien virou-se para Felipe, — E você, Sr. Felipe, precisa dizer a eles quem é o contato do Congresso em Sturk. Pelo menos você deve dar alguma esperança aos aprendizes que não podem ir ao Congresso agora, antes que eles possam realmente se tornar feiticeiros.
Tradução: Vermillion
Revisão: Barão
QC: Bravo
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