No dia seguinte, após os anúncios da manhã, chamei a Professora Hitomi e apresentei a ela a decisão que tinha tomado na noite anterior.
— Vou levar os materiais para a casa do Kiriyuu para você hoje. Há algo que preciso dizer a ele.
Ela parecia preocupada com esta proposta. Isso fazia sentido — presumiu que eu era parte do motivo pelo qual Kiriyuu havia parado de vir à escola. Embora não tenha dito, eu sabia que era verdade.
— Você disse que eu deveria ser aliada dele, não disse? Um aliado da justiça nunca deve deixar de ser um aliado só porque alguém não quer vir até ele. Eles vão ajudar os fracos.
Abstive-me de acrescentar “Obviamente, os idiotas da nossa turma são os vilões”.
Mas a Professora Hitomi ainda parecia perturbada. Comecei a pensar no que deveria fazer caso minha proposta fosse rejeitada, e pensei em simplesmente ir para a casa de Kiriyuu de qualquer maneira. Afinal, a Professora Hitomi disse que os adultos nem sempre estão certos.
Claro, isso não significava que eu estava mais correta só por ser uma criança. Eu sabia que a decisão da Professora Hitomi tomou significou que ela decidiu ter fé em mim.
— Muito bem. Você pode pegar os materiais hoje.
— Vou honrar esse dever!
— Bom, mas eu gostaria que me prometesse três coisas.
Ela fez uma careta séria e ergueu três dedos. Era o tipo de rosto sério que eu amava nela. Eu tinha certeza que ela estava pensando em mim e em Kiriyuu do fundo do coração.
— Primeiro, se você conseguir ver o Kiriyuu, quero que diga a ele que sempre estarei esperando.
Fiquei surpresa.
— Você não o viu a semana toda?
— Não, ele ainda não quer me ver.
— Ele é mesmo um grande covarde.
Quando eu disse isso, ela dobrou um segundo dedo.
— Esse é o número dois. Você não deve ir atrás dele. Atacar alguém não faz parte de ser seu aliado. Portanto, você absolutamente não deve tentar forçá-lo a vir à escola.
Isso fez sentido para mim. Era dever de um aliado da justiça repreender crianças travessas e, embora Kiriyuu fosse covarde, ele não era travesso, por isso eu não poderia atacá-lo.
— E o último?
— Terceiro, você tem que prometer não chamar seus colegas de turma de vilões. Todo mundo está tão preocupado com Kiriyuu quanto você. — Eu ouvi isso e pensei: ela realmente está errada.
Eu me pergunto se percebeu que a última promessa foi a única que eu não acenei com a cabeça. Quando voltei para a sala de aula, olhei para as crianças que estavam causando confusão. Todas estavam passando o tempo como sempre faziam, os olhares monótonos de sempre em seus rostos, como se Kiriyuu nunca tivesse feito parte da classe. Ninguém mais disse nada sobre Kiriyuu ou perguntou à Professora Hitomi sobre ele. Ninguém mesmo. E, assim, seu terceiro pedido foi uma mentira. Uma falsidade absoluta.
Eu não tinha ideia se isso era uma coisa feliz ou triste, mas logo ficou claro naquele dia que eu, embora fosse apenas uma criança, não estava confusa nem enganada.
No intervalo, algo aconteceu que me deixou sem palavras.
— O quê? Por que faria algo assim pelo filho de um ladrão? Você gosta dele por acaso?
Eu estava copiando minhas anotações em uma folha de papel quando esse garoto idiota falou, seu rosto estúpido mostrando um sorriso. Assim como ele sugeriu, eu estava fazendo isso pelo Kiriyuu. Se estou indo para a casa dele mesmo, posso muito bem compartilhar a lição com minha caligrafia bonita e elegante, pensei.
De alguma forma, consegui colocar minhas palavras cortantes de volta na boca, suspirei e respondi sua pergunta:
— Sim, eu gosto dele, pelo menos mais do que gosto de todos vocês. Ele é um fraco, mas é ótimo em desenhar.
— Ele é fraco, porque está sempre desenhando.
Isso pode ser verdade, pensei, lembrando-me do que a Vovó disse, mas não podia permitir que um idiota machucasse os outros simplesmente porque disseram uma coisa com meia-verdade. Eu o ignorei e continuei copiando minhas anotações.
O idiota fez uma careta, como se seu orgulho inexistente tivesse sido ferido.
— Não me ignore!
Quando continuei a fazer exatamente isso, ele pegou o papel que eu estava copiando e ergueu o braço, segurando-o para a turma ver.
— Ela está apaixonada pelo Kiriyuu! — ele gritou.
Todos na sala de aula se viraram em nossa direção, resmungando. O idiota olhou para mim, seus olhos queimando com um orgulho vitorioso, como se de alguma forma tivesse reivindicado uma vitória. Que revoltante. Soltei um suspiro profundo e me preparei para ensinar a esse menino as profundezas de sua própria idiotice.
— Eu sei que você está animado para mostrar à turma o quão estúpido é, então devolva logo.
Levantei-me para pegar o papel de sua mão, mas ele se contorceu, segurando-o longe de mim. Qualquer um que olhasse para essa cena teria sido capaz de dizer de relance qual de nós estava errado. Qualquer um deles poderia tê-lo persuadido a devolver a folha. Uma das crianças atrás dele poderia simplesmente ter tirado de sua mão e devolvido.
No entanto, ninguém fez tal coisa. Mesmo sabendo que Kiriyuu estava fora e que eu sempre estava brigando por ele, eles não fizeram nada. Foi assim que eu soube que a Professora Hitomi tinha mentido. Suspirei e perguntei ao idiota:
— Você não vai devolver?
O menino me ignorou. Eu tinha prometido à Professora Hitomi. Eu não atacaria meus aliados.
— Já que você não vai devolver, acho que isso o torna um ladrão. — Em outras palavras, não havia problema em atacar um inimigo.
O idiota olhou para mim, seu rosto estava ficando vermelho brilhante.
— Você sabe o que “ladrão” significa, não é? Deve saber, dado quantas vezes disse isso. Ladrão é quem pega algo que pertence a outra pessoa sem pedir, certo? Então acho que você também é um ladrão. E embora eu não saiba se o pai de Kiriyuu realmente roubou algo, já que eu não vi isso acontecer, tenho certeza de que você é um. Veja, bem aí, você pegou algo meu, não é?
Seu rosto ficou cada vez mais vermelho. Nesse ritmo, achava que ele fosse explodir. No entanto, não terminei por aí. Se ele explodisse, eu teria apenas que me desculpar.
— Roubar é ruim, não é? — falei. — Você atacou Kiriyuu porque também pensa assim, certo? Nesse caso, vamos continuar com o que você estava dizendo antes. Se o pai do Kiriyuu ser um ladrão o torna um ladrão também, então eu acho que isso torna toda sua família em ladrões! Que família horrível! Sua mãe, seu pai, todos, todos ladrões. Talvez até sua avó e seu avô também? Se apenas associar-se com alguém ruim o torna mau, então talvez seus amigos sejam todos ladrões! Não, espere, será que apenas estar na mesma sala que você tornaria alguém um ladrão? Então acho que agora também sou um ladrão. Isso realmente é uma droga. Eu não sou como você.
— Cale a boca!
No momento em que a voz estridente do menino alcançou meus ouvidos, algo mais aconteceu. Eu vi o menino se afastando de mim. Não, era eu quem estava caindo. Eu podia ver o teto acima de mim. Demorou um pouco para perceber o que estava acontecendo. Fiquei sentada ali, pasma, quando a dor do golpe atingiu meu cérebro. Minha cadeira caiu de lado também. Talvez eu a tivesse puxado comigo.
Qualquer pessoa que visse isso saberia imediatamente: foi uma agressão. Violência. Algo que fomos ensinados a nunca recorrer.
Quando me levantei, pensando em adverti-lo, algo me atingiu suavemente na cabeça. Peguei e abri, então vi que era o papel que eu estava usando para copiar as anotações para o Kiriyuu.
— Todo mundo te odeia. — disse o menino.
Ele tinha tirado algo de mim, destruiu e até mesmo me atacou fisicamente. Além de tudo isso, estava me insultando. Se alguém pudesse ver essa cena e dizer que eu estava errada, seria louco. Certamente alguém virá em meu auxílio, pensei.
E, no entanto, embora eles estivessem sentados lá o tempo todo, nem uma única pessoa se aproximou para me oferecer a mão ou me confortar.
O que a Professora Hitomi disse realmente era uma mentira. E então eu, que sempre disse o que pensava, falei exatamente o que estava pensando, alto o suficiente para que todos pudessem ouvir.
— Vocês são todos ladrões.
Como se quisesse impedir a reverberação de minhas palavras, o sinal tocou, sinalizando o fim do intervalo.
Depois dos anúncios da tarde, com os materiais para Kiriyuu em mãos, saí direto do prédio, sem parar para receber um doce do Professor Shintarou, que se sentou ao lado da Professora Hitomi na sala dos professores. Não disse uma única palavra de saudação aos meus colegas quando passei por eles. Em vez disso, encontrei minha amiga peluda perto da minha casa, depois fui para a casa do Kiriyuu.
Eu sabia onde ele morava. Já tinha encontrado com ele na rua antes. Quando cheguei na região, só tinha que olhar as placas de identificação.
Entre as fileiras de residências unifamiliares idênticas, havia apenas uma com “Kiriyuu” escrito na frente. Lembrei-me de como o sobrenome estava escrito em kanji, porque já tinha comentado como ficava legal.
— Koyanagi é mais legal, no entanto. — disse a mim mesma, apertando a campainha da casa.
Esperei cerca de um minuto, mas não parecia que alguém estava vindo. Pressionei uma segunda vez, mas obtive o mesmo resultado.
Eu não conseguia imaginar que Kiriyuu tinha saído. Até eu, quando fiquei em casa doente, recusei-me a sair — não queria esbarrar nas pessoas que ainda iam à escola. Kiriyuu certamente não tinha coragem.
Talvez ele não quisesse me ver. Pressionei o botão uma terceira vez, pensando em como deveria passar o minuto seguinte, quando enfim uma voz veio do alto-falante conectado à campainha.
— Olá…?
Embora a voz tivesse pouca vida, eu poderia dizer que era a mãe de Kiriyuu, depois de ouvi-la falar no dia de observação da aula.
— Boa tarde. Sou colega de turma do Kiriyuu. Eu vim trazer alguns materiais para ele!
— Ah… obrigada, só um momento.
Esperei obedientemente e logo a mãe do Kiriyuu abriu a porta da frente.
— Espere aqui um minuto. — disse à minha amiguinha, sentada aos meus pés e lambendo seu pelo.
Baixei minha cabeça para a mulher.
— Boa tarde!
— Você é a Koyanagi, certo? Aquela que se senta ao lado do Hikari.
Embora eu nunca tenha falado com ela, ela parecia saber quem eu era. Não tinha certeza do porquê, mas eu estava feliz. Hikari era o primeiro nome do Kiriyuu. Kiriyuu Hikari. Um nome tão impressionante para alguém como ele.
— Normalmente, a Professora Hitomi é quem traz, mas acho que esse trabalho foi passado a você hoje. Obrigada.
— Sim, eu pedi a ela. Tenho que conversar com o Kiriyuu.
Ao ouvir a palavra “conversar”, a mãe do Kiriyuu fez a mesma cara da Professora Hitomi naquela manhã. Ela estava preocupada. Talvez até achasse que era minha culpa o Kiriyuu não ter ido à escola, embora fosse a primeira vez que eu falasse com ela.
— Conversar? — ela perguntou.
Eu dei uma resposta honesta; caso queira que alguém acredite em você, deve dizer a verdade:
— Vim dizer a ele que sou sua aliada e que quero que volte para a escola. Se não o fizer, então não terei ninguém para formar dupla durante a aula.
Percebi que ela baixou um pouco a guarda. Com certeza, dizer a verdade era o único caminho a seguir — pessoas honestas obtêm resultados. Ela sorriu.
— Entre.
Foi a primeira vez que entrei em sua casa. O cheiro de comida e roupa suja permeava todo o prédio, muito mais forte do que no meu. Provavelmente porque as pessoas só ficavam em minha casa da noite até a manhã. Um tempo atrás, podia até ter sentido ciúmes.
Fui conduzida para a sala, onde me sentei no sofá e bebi o suco de laranja que ela me deu. Era motivo suficiente para estar feliz por ter vindo. O suco de laranja era doce e delicioso. Enquanto bebia, perguntei à mãe de Kiriyuu sobre algo que me incomodava desde que entrei:
— Onde está o Kiriyuu? Ele saiu? — perguntei.
Ela balançou a cabeça, tomando um gole de café.
— Hikari está em seu quarto, lá em cima. Ele passa a maior parte do tempo trancado lá.
— Será que está desenhando?
Eu apenas disse o que estava pensando, mas a mãe do Kiriyuu pareceu surpresa.
— Oh? Você sabe sobre os desenhos dele, então? Ele está sempre escondendo isso.
— Sempre esconde na escola também. Ele é tão bom nisso que deveria mostrar mais. Eu acho os desenhos dele lindos.
Se houve um momento em que conquistei totalmente a mãe do Kiriyuu, foi esse. De fato, não havia nada a ganhar contando mentiras.
— Se o Kiriyuu esteve se trancando em seu quarto para desenhar o tempo todo, então ele tem o meu apoio e mal posso esperar para ver. Mas não posso apoiá-lo em esconder algo que gosta.
— Diga isso ao Hikari. Você realmente é sua aliada, Koyanagi.
— Sim, nunca fui sua inimiga.
Terminei meu suco de laranja e subi as escadas para o segundo andar, liderada pela mãe do Kiriyuu, que ainda estava sorrindo. Havia um corredor bem iluminado no segundo andar com várias portas, nenhuma com características chamativas. Paramos diante de uma delas. Era uma porta discreta, sem imagem alguma, diferente da minha, que estava cheia.
A mãe do Kiriyuu bateu.
— Hikari, tem um amigo aqui para te ver.
Não éramos amigos, mas eu estava ocupada ouvindo a resposta atrás da porta e não me incomodei com isso. Pouco tempo se passou antes que houvesse qualquer resposta.
— Quem é…?
A voz estava muito fraca. Qualquer um que não conhecesse Kiriyuu provavelmente pensaria que ele estava doente. No entanto, conhecendo-o graças a todo nosso tempo na sala de aula, não achei que fosse nem um pouco diferente de sua voz normal.
Antes que sua mãe pudesse dizer meu nome, dei um passo mais perto.
— Euzinha.
Percebi imediatamente que ele me reconheceu. Eu ouvi um som de coisas sendo remexidas vindo de dentro. Por que ele estava tão desesperado? Eu não era como aqueles idiotas que mexeram com ele.
— Por quê…? — ele perguntou.
A pergunta soou como se viesse do fundo de seu coração.
— Eu trouxe os seus deveres. E copiei minhas anotações de aula para você.
— A Professora Hitomi não veio… trazer?
— Eu vim no lugar dela. Fui eu quem copiou as anotações. Além disso, há algo que quero te dizer. — Kiriyuu não respondeu. Então continuei: — Ouça, Kiriyuu. Eu sou sua aliada. Nunca fui sua inimiga. Então, você pode vir para a escola à vontade.
Mesmo assim, ele não disse nada.
— Você pode ter tido a impressão errada, mas eu realmente sou sua aliada. Se alguma coisa acontecer, eu e a Professora Hitomi lutaremos por você. Mas você também tem que lutar. A vida é como o primeiro corredor de um revezamento. Se não começar a se mover, a corrida nunca começará.
Como era de se esperar, ele ficou em silêncio.
— Isso é o que vim dizer a você hoje.
Não sei se consegui transmitir tudo o que queria dizer, mas pelo menos disse o mais importante. Fiquei quieta e esperei por sua resposta.
Essa espera pareceu durar uma eternidade. Felizmente, antes que eu pudesse ficar velhinha, sua resposta enfim veio. No entanto, foi algo que não pude aceitar.
— Vá embora…
Fiquei surpresa. Suas próximas palavras saíram voando como um ataque.
— E não volte! Não vou mais à escola.
O que me chocou não foi apenas o significado de suas palavras, mas o cheiro de sua voz, que era o mesmo que eu senti quando me encarou na sala de aula.
Eu estava totalmente perdida. A mãe do Kiriyuu provavelmente também estava. Sem pensar, coloquei minha mão na porta.
— Por quê?
— Eu não vou lutar.
Foram essas palavras. Essas palavras eram as erradas. Essas palavras acenderam uma chama horrível em meu coração. A centelha do que aconteceu naquela tarde ainda estava queimando, e agora estava na direção errada. Já tinha esquecido que a mãe dele estava atrás de mim.
— Se você não lutar, as pessoas vão continuar tirando sarro de você.
Silêncio.
— Sobre seu desenho e seu pai.
Silêncio ainda.
— Você não fez nada de errado! As pessoas estão erradas sobre você! Por isso tem que lutar!
Eu estava frustrada. Frustrada pelo fato de o Kiriyuu estar sendo ridicularizado, por não lutar por si mesmo e por não haver nada que eu pudesse fazer a respeito.
— Não. — disse Kiriyuu, baixinho. — Não sou forte como você.
— Seu… covarde!!!
Minha voz saiu tão alta. Devo ter sugado tanto ar que fiquei surpresa pelas pessoas ao meu redor não terem sufocado. Fiquei chocada com minha própria voz, mas mais do que isso…
— Vá embora!
Eu já tinha ouvido Kiriyuu gritar, então não foi isso que me surpreendeu.
— Eu odeio eles! Todos eles! Mas eu te odeio ainda mais!
Eu tinha certeza de que ele estava chorando, embora não soubesse por quê. Normalmente, eu teria dito algo como “Achei que os homens não chorassem”, mas estava chocada demais. Fiquei chocada por ele ter me machucado e como meu coração ficou escuro com essas palavras.
Eu não podia mais ficar aqui. Embora soubesse que era rude, empurrei as anotações da minha mochila nas mãos da mãe do Kiriyuu e fugi da casa.
Até ignorei minha fiel amiga ao sair, correndo para me sentar em um banco à beira de um parque. E, então, diante dos olhos curiosos da minha amiguinha, chorei.
Não fui ver a Senhorita Messalina nem a Vovó naquele dia. Eu ainda tinha muito tempo até o toque de recolher, mas não poderia ir vê-las com lágrimas nos olhos.
Tradução: SoldSoul
Revisão: Guilherme
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