Sword Art Online

Sword Art Online – Moon Cradle – Vol. 19 – Cap. 10

 

Apesar de cem guardas procurarem por meio dia, o corpo do sequestrador nunca foi encontrado.

Ele havia saltado do castelo de uma altura de quinhentos mels com os braços cortados. Pareceria uma tarefa impossível sobreviver a tal situação, mas nem Iskahn, nem Sheyta, nem Kirito pretendiam assumir o melhor cenário quando se tratava deste incidente.

Às quatro horas da tarde, após a conclusão da limpeza do incidente dentro do castelo, os quatro se reuniram novamente no quarto de Sheyta e Iskahn, onde a janela já havia sido reparada.

Leazetta bebia leite pacificamente nos braços de Sheyta, o horrível calvário completamente esquecido. O médico do palácio e Sheyta, com sua habilidade em artes de alto nível, foram muito minuciosos em determinar que o bebê não estava sob os efeitos de nenhum veneno ou artes sombrias, felizmente.

Por outro lado, eles não sabiam quase nada sobre o próprio sequestrador. E o maior mistério de todos — como ele abrira a janela no quinquagésimo andar, que era controlada apenas pelo Imperador Vecta — permanecia sem solução.

— Sabe… pode não ter nada a ver — disse Ronie enquanto saboreava um tipo desconhecido de chá que cheirava levemente a maçãs — mas notei que quando ele abriu a janela, a grande joia pendurada em seu pescoço brilhou em vermelho.

— Joia vermelha…? — Kirito repetiu. Sheyta também pareceu curiosa. Eles não pareciam reconhecer o conceito.

Mas Iskahn, que acabara de morder uma grande fatia de torta de nozes, franziu a testa e resmungou: 

— Uma joia vermelha brilhante… Você se lembra do tom particular de vermelho, Ronie?

Ela percebeu que esta era a primeira vez que o homem de alto escalão a chamava confiantemente pelo nome. 

— Era, hum, não muito brilhante… Um vermelho mais escuro, da cor do sol poente ou de sangue. — Ela lhe disse.

— Vermelho-sangue… Não… não poderia ser…

— Ei, Iskahn, você não pode simplesmente soltar uma dica assim e nos deixar esperando! É contra as regras! — Kirito reclamou.

— Contra quais regras…? — Iskahn rosnou, parecendo desconfiado. Mas ainda assim explicou: 

— Havia uma pedra assim incrustada na coroa do Imperador Vecta quando ele chegou antes da guerra. Lembro-me dela porque era a única joia que ele usava.

— A coroa de Vecta…? Então definitivamente não pode ser. A primeira vez que ele morreu foi em batalha com o Comandante Bercouli, a milhares de kilors ao sul de nós. Quando ele voltou depois disso, não estava mais usando a coroa. Então, o que quer que ele estivesse usando da primeira vez teria desaparecido naquela montanha rochosa ao sul.

— Mas você não viu acontecer, viu? — Iskahn retrucou.

— Bem… verdade… — Kirito murmurou.

Na época, Kirito estava em um estado mentalmente inativo. O duelo mortal de Bercouli e Vecta fora testemunhado apenas por Alice, a Cavaleira da Integridade, e ela não estava mais presente no Underworld.

Alice transportara o corpo de Bercouli de dragão, e Kirito o pegara dela no Altar do Fim do Mundo e o levara de volta para o reino humano. Seus restos mortais agora dormiam sob uma lápide no centro do jardim no canto sudeste dos terrenos da catedral.

— …Verdade, não fiz uma busca no local onde Bercouli e Vecta lutaram. Seria difícil até mesmo identificar o local agora… — Kirito admitiu. Ele se virou e olhou pela janela. — Mas… se foi o poder da joia que abriu e fechou a janela do quinquagésimo andar, então você pode estar certo. Poderia ser a joia de Vecta. Isso não explica quem a recuperou e como… ou quem era aquele homem… Você mencionou a guilda dos assassinos na sala do trono. Como é essa organização?

Iskahn engoliu seu chá de uma só vez e proclamou com nojo: 

— Exatamente o que parece: eles realizam assassinatos para viver. Usam venenos… O líder quando os dez lordes estavam por perto era um cara chamado Fu Za, e ele morreu quando o General Shasta tentou organizar uma rebelião. Isso foi um golpe enorme para a guilda, e eles nem fazem parte do Conselho dos Cinco agora. Eu quase tinha me esquecido completamente deles… Mas se o cara de manto é da guilda dos assassinos, e ele tem um lacaio fazendo o que ele manda, temos uma situação bem suspeita em nossas mãos…

— Deveríamos fazer uma investigação completa sobre eles e os magos sombrios desaparecidos. — Sheyta instruiu.

— Sim. — Ele concordou. — Pretendo conversar com a cavalaria e a guilda dos comerciantes também. Não quero mais nenhuma bobagem acontecendo em Obsidia.

Kirito inclinou-se para frente e sugeriu: 

— Sobre isso — não deveríamos pedir a ajuda da guilda dos magos sombrios? Depois de ouvir sobre o que Dee Eye Ell fez, não te culpo necessariamente por dar um gelo nos magos sombrios… mas acho que você deveria tentar consertar esse relacionamento e fazê-los proteger o palácio também. Apenas com guardas armados, vocês são muito suscetíveis às artes sombrias.

— Como sempre, você tem um jeito de dizer exatamente o que eu não quero ouvir. — Iskahn disse com uma careta. Ele deu de ombros e admitiu: — Mas acho que você tem razão. Se todos os humanos em Obsidia estão se engalfinhando, não podemos esperar resolver nenhum problema com os demi-humanos… Quanto tempo você vai ficar aqui, Kirito?

Desta vez, foi Iskahn quem se inclinou para frente e Kirito quem recuou. 

— E-eu adoraria te oferecer toda a ajuda que puder… mas vou voltar para o lado humano esta noite. Ainda não resolvemos o problema lá também…

— Ah, sim; isso é verdade. Por outro lado, não consegui te agradecer apropriadamente por trazer Leazetta de volta para nós, e há tanta comida boa para experimentar…

A visão de Iskahn fazendo bico como uma criança privada de brincar colocou um sorriso afetuoso no rosto de Kirito, que também continha a mais leve nota de tristeza.

— P-para que essa expressão?

— Oh… você apenas soou como um velho, velho amigo meu, Iskahn. Mas olhe, a reunião ainda é no próximo mês, certo? Viremos com um grupo muito maior da próxima vez.

— Pode apostar! E prepare seu estômago! Vou montar um cardápio de iguarias que fará o jantar de ontem à noite parecer nada… De qualquer forma, você foi uma grande ajuda aqui. Nunca esquecerei esta dívida que tenho com você pelo resto da minha vida.

Iskahn levantou-se e estendeu a mão. Kirito endireitou-se e a apertou. Dos braços de Sheyta, Leazetta riu e gargalhou ao vê-los.

Após algumas horas de sono em seus respectivos quartos de hóspedes, Kirito e Ronie fizeram uma refeição rápida e deixaram o Palácio de Obsidia às oito horas da noite.

Desta vez, não precisaram passar nada no rosto ou usar Encarnação para voar. Sheyta os levou nas costas de Yoiyobi até onde o dragoncraft estava escondido.

Mesmo a reservada Sheyta pareceu atordoada quando viu o dragão de aço, mas compreendeu as capacidades do dragoncraft imediatamente. Ela disse que ansiava pelo dia em que tais coisas seriam produzidas em massa para que as viagens entre o Reino Humano e o Território Sombrio se tornassem fáceis. Então ela retornou para sua casa no castelo de obsidiana, e Kirito e Ronie embarcaram no dragoncraft e voaram para o céu ocidental.

Quando a nave estava voando e estável, Kirito exalou lentamente no assento da frente e disse: 

— Aquele Salto Sônico que você executou para resgatar Leazetta do sequestrador foi incrível, Ronie. Quando você ficou tão boa nisso?

— Huh… E-eu não sei. Eu estava apenas desesperada… — Ela gaguejou, traçando o cabo prateado de sua espada, que repousava entre seu assento e a parede. — Sinto que… a espada me deu poder. Eu nunca conseguiria saltar aquela distância em circunstâncias normais.

— Entendo… Isso significa que é uma boa espada.

— Eu sei. — Ronie recostou-se no assento.

O para-brisa do dragoncraft oferecia uma vista do céu noturno do Território Sombrio enquanto ele voava silenciosamente. As estrelas eram poucas em comparação com o Reino Humano, mas a lua era grande e pálida, uma fatia crescente no céu diretamente acima.

Apesar da enorme distância entre os lugares onde vivemos, as pessoas de ambos os lados estão olhando para a mesma lua…

Naquele exato momento, ela teve novamente a mesma sensação estranha que tivera ao ver a placa na estalagem em Obsidia e ouvir a melodia da torre do sino. E desta vez, Ronie sabia o que era.

— Hum… Kirito?

— O que foi?

— Por que o Reino Humano e o Reino Sombrio usam as mesmas palavras e letras? Quase não houve comunicação entre os dois mundos desde o próprio nascimento do Underworld, então seria de se pensar que teriam línguas completamente diferentes.

Era algo que ela nunca questionara antes, mas agora que vira um pouco do vasto mundo por si mesma, queria saber o motivo pelo qual funcionava daquele jeito.

O espadachim do mundo real ficou em silêncio por um tempo. Eventualmente, ele disse: 

— Vejamos… Os habitantes do mundo real que criaram este lugar queriam que os dois reinos lutassem entre si, então deveria ter sido mais conveniente para seus propósitos que os dois mundos usassem línguas completamente diferentes. Afinal, se vocês não conseguem se entender, nunca conseguirão encontrar entendimento e fazer as pazes. Mas eles, ou algo além dos habitantes do mundo real, intencionalmente compartilharam a mesma língua entre eles. Não sei o motivo. Mas é possível que tenha sido com o propósito de criar um mundo que conseguisse superar a hostilidade e a luta.

Ronie achou difícil entender o que ele estava dizendo. Mas ela optou por continuar pensando sobre isso, em vez de pedir a ele para elaborar mais.

A lua no céu era outra esfera enorme, assim como o mundo deles, Kirito dissera. Era por isso que brilhava com a luz de Solus e passava por fases.

Se pessoas vivessem na lua, veriam a Terra, onde Ronie vivia, como outro crescente brilhante. As pessoas da lua também falariam a mesma língua? Como as pessoas daqui, cometeriam muitos erros lamentáveis e derramariam sangue, mas ainda assim fariam o seu melhor e desejariam um mundo melhor?

A lua crescente acima parecia um berço capaz de nutrir muita vida agora. Ela estendeu a mão em direção a ela.

Mas logo, ela baixou a mão de volta para o cabo de sua espada. 

— Hum, Kirito?

— Hmm…?

— Decidi um nome para minha arma. Vou chamá-la de Lua… a Espada Raio de Luar.

— Entendo. É um bom nome. Tenho certeza de que ela te protegerá bem. — Ele disse. Ela abriu um sorriso brilhante e concordou, depois enxugou as lágrimas que vieram aos seus olhos sem serem convidadas.

“Quero ver Tiese”, ela percebeu. “Quero ir até minha amiga presa entre o amor pelo falecido Eugeo e a proposta de Renly e contar a ela as coisas que aprendi e considerei nesta jornada”.

De alguma forma, Kirito pareceu sentir esse desejo dela, porque aumentou um pouco a velocidade do dragoncraft.

Assim, o dragão de aço voou e voou para o oeste, brilhando sob o pálido luar.

 


 

Tradução: Gabriella

Revisão: Fabio_Reis

 

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