Super Minion – Cap. 16 – Eles São Feitos De Carne

 

Eu quero saliva corrosiva. A substância que Nicole produziu corroeu a carne e o osso do rato gigante em segundos. As aplicações práticas de tal substância em combate são enormes. Fora de combate, posso apenas usar micro unidades para desconstruir o que quero, mas em combate as micro unidades são simplesmente muito lentas para serem usadas com eficácia. Além disso, se o sinal for interrompido (por exemplo, por um oponente se debatendo), as micro unidades se autodestruirão e isso se tornará um desperdício de recursos. Mas uma solução de ação rápida que pode ser aplicada à distância? Inestimável.

Embora armazenamento seja um problema. Se o órgão de armazenamento se romper em uma luta, você estará apenas encharcando seu interior com ácido, o que seria… desagradável. Nicole obviamente armazena de alguma forma, terei que perguntar a ela sobre isso quando nos encontrarmos novamente. Talvez ela esteja disposta a me dar uma amostra? De qualquer forma, eu tinha muitas informações das atividades da noite para compilar.

Depois de sair do esgoto respondi a mensagem enviada por Imp. Alguns segundos depois, recebi instruções para me dirigir a um “esconderijo”, junto com um pequeno indicador de direção que apareceu no canto da minha visão. Comecei a seguir o indicador em uma caminhada rápida, me certificando de examinar o céu em busca de quaisquer sinais de Magenta. Encontrá-la duas vezes em uma noite não seria agradável, e eu já havia tido eventos potencialmente letais o suficiente por hoje. Felizmente, a essa hora da noite, as ruas estavam quase vazias e os poucos drones que encontrei saíram do meu caminho com pressa. A máscara realmente era um bom instrumento para intimidar. Até mesmo um dos drones de combate, coberto com partes de quitina e espinhos, atravessou a rua quando me viu e saiu com pressa.

Mas não era realmente um “drone de combate” agora.

“Você… ainda é humano?” — Nicole me perguntou. O que implicava que, apesar de parecer um torso parcialmente derretido e despedaçado na hora, eu ainda parecia um “humano”. E como ela deu a entender que eu deveria usar braçadeiras como os drones, parece que o nome da espécie dos drones é “humano”. Então, um mistério resolvido. Nem mesmo um segredo tão grande, os drones constantemente usavam “ei mano” como uma saudação genérica, obviamente uma versão abreviada de “gíria” de “Olá humano”.

Então, parece que os humanos não são organizados em drones/drones de combate/progenitores, mas sim em drones/progenitores, e devido a esse “mutavus” os drones às vezes passam por uma metamorfose de humano> mutante> monstro. E eu nem tinha mais tanta certeza sobre a existência de progenitores, era inteiramente possível que eles fizessem novos drones em um laboratório semelhante às câmaras de teste. Afinal, a maioria das castas parecia ser determinada por treinamento e não por quaisquer fatores biológicos. Um sistema muito confuso de decifrar.

Mas acho que minha confusão era compreensível. Muitos ciclos atrás (antes de receber Humano.exe), lutei contra um organismo interessante em um teste de combate. Ao contrário de outros organismos que trabalhavam individualmente ou em grupos, este era como um enorme enxame de drones individuais que serviram ao grupo como um todo. Eles tinham seis pernas, um exoesqueleto de quitina, olhos multifacetados, antenas e eram bem pequenos. Na verdade, eu mesmo era pequeno naquela época, mas eles ainda assim não foram um oponente difícil. Eu comi os primeiros drones em massa, e quando os soldados drones maiores e mais agressivos vieram, eu também os comi. Eu segui a trilha dos drones até o progenitor que fazia novos drones, e então a “luta” acabou. Foi um teste fácil, e aquele organismo só me foi apresentado uma vez, mas a singularidade do encontro me levou a registrar os detalhes e, quando ganhei Humano.exe, minhas observações dos jalecos brancos me levaram a modelá-los depois dos minúsculos drones de quitina. Afinal, as semelhanças existiam. Então, um pequeno mistério resolvido.

Agora, o verdadeiro mistério é por que minha melhor arma, Humano.exe, está claramente rotulada com o apelido da espécie mais dominante e mortal que já encontrei. Eu nunca tinha visto “humano” escrito antes, mas passei quase uma semana frequentando a “escola”, e isso foi tempo suficiente para aprender como combinar letras com sons. Não poderia ser mais obviamente rotulado, talvez fosse realmente um programa dos jalecos brancos? Algum tipo de teste de inteligência para ver como eu reagiria? Mas isso não fazia sentido, se fosse, minha fuga das câmaras de teste teria sido parada em segundos, e o sinal que me deu o protocolo não correspondia ao dos jalecos brancos de qualquer maneira.

Então, minha maior arma era um protocolo de origem indeterminada, dado a mim por um motivo desconhecido, e a coisa toda estava tão claramente rotulada que até um organismo unicelular provavelmente poderia descobrir as pistas ligando a “humanos”.

Estranho, muito estranho.

Enquanto refletia sobre essas novas informações, finalmente cheguei em um “esconderijo”, que acabou sendo um apartamento no segundo nível de um prédio que abriu quando pressionei minha máscara contra a porta. Dentro havia um pequeno corredor que terminava em uma porta reforçada.

Me aproximando da porta, um painel próximo ao topo se abriu e pude ver um par de olhos mascarados olhando de dentro.

— Nome, senha — disse a voz.

— Tofu, equipe em treinamento, zero, quatro, cima — respondi, informando a senha que recebi antes do início da missão.

— Uau, você realmente sobreviveu. Tudo bem, um segundo — e o painel fechou, e o som de um pesado ferrolho deslizando soou. A porta se abriu e um minion com uma máscara preta me cumprimentou, estendendo sua mão para apertar a minha como muitos humanos faziam.

— Uau, você parece muito bem para um cara que acabou de ser rasgado ao meio. A propósito, você pode me chamar de Fred.

Hein?

— Como você sabe disso?

— Ah cara, tá tudo na net. A gente assistiu várias vezes, o rosto de Magenta quando ela é borrifada de sangue não tem preço. Vamos lá, alguns dos caras do time três ainda estão acordados, vou te apresentar.

Fred me levou para a cozinha do apartamento, onde mais dois minions em máscaras pretas e um mutante com plaquetas metálicas embutidas em sua pele e uma máscara de minion com poderes estavam reunidos ao redor da mesa. Eles tinham uma variedade de retângulos planos coloridos que pareciam estar organizando em padrões específicos, gosto humano por retângulos em plena exibição.

— Ei, gente. Adivinha quem decidiu não morrer! — disse Fred.

— Sem chance! Sério? — disse um dos máscaras pretas.

— Ha, eu sabia! Hora de pagar! — disse o mutante. Os outros minions resmungaram e jogaram dinheiro para ele. — Heh, já que você sobreviveu, isso torna o trabalho desta noite um sucesso cem por cento. Todos os alvos atingidos, sem prisões e sem fatalidades. Para um trabalho deste tamanho, é incrível pra caramba. Ei Fred, acorde os outros. Não podemos dormir agora, temos que comemorar! — disse o mutante.

De lá, os minions começaram a trazer comida e bebida, e despertar os outros. Aparentemente, eles faziam parte da equipe três, uma das várias equipes de Hellion que estavam trabalhando esta noite. O mutante (que se chamava Pebbles) me entregou uma “cerveja”.

— Haha, isso faz de você um Tofu cabeça dura oficial. Hora de beber!

— Cabeça dura? — perguntei.

— É por causa das máscaras — respondeu Pebbles, batendo as juntas dos dedos em seu próprio capacete. — Elas meio que parecem crânios, e alguns dos heróis nos chamavam de cabeça dura antigamente, como uma piada. O nome pegou, e te garanto que eles não riem mais do nome.

Os outros minions chegaram, grogues e cansados no início, mas quando perceberam que era uma “festa” e a razão para tal, eles se animaram rapidamente. Cerveja foi distribuída livremente, e alguém ligou seu celular à “tela grande” do apartamento para que pudessem reproduzir a filmagem da minha luta contra Magenta. Foi… a única emoção que corresponde é “embaraçoso”. Aparentemente, alguém usou um dispositivo de gravação para capturar minha luta com Magenta, se é que se pode chamar de luta. Mais como minha louca luta por liberdade, mas os minions aplaudiram quando eu a atingi com a tampa do bueiro e riram da expressão em seu rosto quando ela foi coberta com vísceras. Felizmente, o vídeo não revelou meu disfarce, eu não estava exatamente com a forma certa para um humano no vídeo, mas aparentemente ser um “regenerador” me dá muita margem de manobra sobre como eu fico durante uma luta.

Ou talvez eles estivessem realmente embriagados, eles não parecem lidar muito bem com certos compostos de “álcool”. Então por que será que eles bebem?

A festa durou bastante (aprendi a jogar “cartas”), só terminando uma hora antes do nascer do sol. Eventualmente, o único outro minion acordado era Pebbles, e estávamos sentados na mesa da cozinha conversando.

— Heh, isso vai ensiná-los a não tentar beber mais que os mutantes — Pebbles murmurou bebendo sua cerveja. — Er, espera, é rude assumir, desculpe. Eu nunca perguntei, você é um mutante? Uh, espera, você não tem que responder.Foi mal, muito bêbado.

— Eu não me importo… embora, qual seria a diferença?

— HA! Isso mesmo! Não faz diferença! Não para Hellion, pelo menos!

Vários drones que estavam tentando dormir gritaram para Pebbles calar a boca e ele se aquietou, decepcionado. Resolvi perguntar de novo, queria uma resposta verdadeira.

— Hmm, eu estava perguntando de verdade.

— Mhm?

— Quer dizer, sou um regenerador, mas muitos mutantes e supers têm regeneração.

— Existe alguma diferença de verdade?

— Ha, essa é uma boa maneira de ver as coisas, Tofu. Mas a realidade não é tão bonita — ele tomou um gole de cerveja. — Você não pode ter ambos, um superpoder e uma mutação, mas ambos dão poder e se você pudesse obter poder com qualquer um deles, quem iria querer a opção que o torna metade lagosta ou aranha ou o que quer que seja?

— Não dá para ter os dois? Por quê?

— O que, você quer saber, tipo, a ciência real disso? Caramba, eu não sei. Eu não passei no ensino médio, você quer que eu explique coisas a parte metafisica? — ele fez uma pausa para tomar outro gole — Mas vou te contar o que eu sei. Todo mundo está sempre esperando obter um poder, e temendo pegar o vírus, mas entre você e eu, mutavus é provavelmente o melhor resultado.

Estranho, essa não foi minha observação.

— Por quê?

Ele tomou um longo gole de sua cerveja e se inclinou na minha direção, falando baixinho.

— Meu velho, veja, ele costumava ser um bêbado desprezível. Uma noite foi pior do que o normal. Me espancou mais que o normal, olhos fechados de tão inchados , meu rosto era apenas um grande hematoma, tenho certeza que minhas costelas foram quebradas e pior. Ele me deixou no chão com minha cabeça zumbindo e foi buscar outra bebida. Eu precisava de um médico, mas não ia conseguir um. Foi aí que aconteceu.

Com isso, ele gesticulou para a pele em seu braço, era grossa e coriácea, com as pequenas plaquetas metálicas intercaladas para fornecer armadura extra e reforçar a carne.

Ele continuou:

— Mutavus salvou minha vida. É verdade que não tem sido só flores desde então, mas nunca mais fui espancado quase até a morte pelo meu velho novamente. Mutavus não me deu incríveis poderes sobrenatera–, sobrenature–, o que quer que seja, mas me deu exatamente o que eu precisava. Essa é a diferença entre o vírus e esse troço cósmico sei lá que distribui poderes. Mutavus dá o que você precisa e nem um centímetro a mais, o maldito troço sei lá da onde dá o que você quer, mas eu te digo, cuidado com o que você deseja. Ambos podem ser bastardos cruéis, mas pelo menos Mutavus não tem senso de humor.

Pebbles adormeceu logo após terminar sua (suspeita) explicação de Mutavus.

Ele estava bem bêbado.

Não descansei muito, só até o sol nascer. Eu tinha muitas coisas em minha mente e uma longa lista de pequenas tarefas que queria completar hoje, então fiz um café e um “bagel” para viagem antes de sair do esconderijo. Felizmente, havia um daqueles elevadores escondidos, então pude chegar à base principal sem ter que navegar acima do solo.

O elevador se abriu e eu saí para o grande corredor com vários elevadores, com sorte eu seria capaz de encontrar um dos tenentes. Queria receber meu pagamento pelo trabalho e fazer uma ou duas perguntas.

Cheguei à sala onde ocorreu a orientação. Havia alguns drones mascarados por perto, mas ainda estava bem vazio. Felizmente, localizei um dos tenentes. Sandra estava aqui, sentada e tomando café da manhã em uma mesa. Me aproximei e a cumprimentei.

— Olá, Sandra. Eu queria fazer algumas perguntas, se você tiver tempo.

Sandra olhou para mim e piscou um pouco antes de reagir. Então ela disse:

— Tofu? E-eu admito que não esperava te ver tão cedo. Imp disse que você respondeu, mas eu vi a filmagem da luta. Você… você tá se sentindo bem?

— Sim, estou bem, obrigado por perguntar.

Sandra me olhou, preocupada..

— Então por que você está carregando uma cafeteira vazia? — ela perguntou.

— Não consegui encontrar uma xícara grande o suficiente para conter todo o café — eu respondi.

— E-entendo — ela respondeu antes de me dar outro olhar. Será que meu disfarce estava incorreto? Eu verifiquei antes de sair.

— Bem, estou feliz que você esteja bem então. Como posso ajudá-lo nesta manhã?

— Eu queria saber como receber o pagamento pelo trabalho.

— Ah, geralmente enviamos o dinheiro depois que tudo foi computado, isso leva cerca de um ou dois dias. É urgente?

Ah, certo, o dinheiro.

— Hmm, sim, eu gostaria de um pouco de dinheiro. Também queria saber sobre o bife de Kobe. Imp disse que pegaríamos um pouco para nós?

Ela me deu outro olhar confuso antes de sorrir.

— Teremos um jantar de empresa para comemorar esta noite, vou garantir que você receba uma porção. Enquanto isso, posso lhe dar um pequeno adiantamento em dinheiro até que o pagamento saia. Um cartão é suficiente?

— Sim, um cartão seria ótimo. Obrigado, Sandra. — Cartões eram aceitos na Maggie.

— De nada. Você pode pegar no meu escritório mais tarde. Há mais alguma coisa que eu possa responder para você?

— Sim, você viu Adder ou Viper? Eu queria fazer algumas perguntas a eles também.

— Adder está na sala de treinamento fazendo sua prática matinal. Quanto a Lily, ela não chegará por mais algumas horas, o que você precisava com ela?

— Queria a ajuda dela com um celular, não sei como funciona.

— Ah, bem, eu não sou Lily, mas tenho certeza que posso te ajudar com isso.

Peguei o celular que Nicole me deu. Eu havia formado bolsos no lugar certo apenas para esse cenário.

— Bem, eu posso ver por que você pode ter problemas com isso, parece tecnologia tinker… Tofu, você não tirou isso de um herói, né?

— Não, foi dado a mim por alguém que encontrei depois que Magenta me feriu, ela deixou eu pegar emprestado.

— Tudo bem, mas no futuro lembre-se de não confiar em nenhuma tech cuja fonte você não conheça. Especialmente tech de heróis, eles sempre têm escutas em seus dispositivos.

— Vou me lembrar disso.

Sandra me ajudou a mexer no celular. Aparentemente, não era tão diferente de um celular normal por dentro, apenas parecia remendado por fora.

 

Tum

Eu cai no tatami novamente. Isso estava começando a ficar um tanto frustrante.

Eu tinha ido para a sala de treinamento depois de falar com Sandra, e lá encontrei Adder em uma rotina de treinamento. Ela parecia surpresa por eu querer praticar com ela.

Começamos com “alongamentos” (algum tipo de procedimento de autoavaliação humana?) e então uma corrida leve, mas quando mencionei que queria um pouco de prática de combate, Adder hesitou. Aparentemente, ela tinha visto o vídeo da minha luta com Magenta e estava preocupada que eu estivesse me esforçando demais. Garanti a ela que estava bem e, depois de tentar convencer usando a maioria das máquinas de teste na sala, ela concordou em treinar comigo.

E agora eu estava olhando para o teto novamente. Era muito estranho, ela não era mais forte do que eu, e eu tinha certeza de que minha velocidade de reação era excelente, mas consistentemente ela conseguia me agarrar e me jogar. Ela continuou desaparecendo antes disso acontecer, talvez se eu acelerasse minha reação para níveis mais altos?… Não, isso anularia o propósito do treinamento. Eu queria melhorar sem ter que depender da queima de recursos.

— Desistindo, campeão? — ela perguntou.

— Não, apenas pensando como neutralizar o seu poder.

— Pfft, quê? Tofu, eu não tenho nenhum poder.

— Mas você desaparece logo antes de me agarrar. Você faz isso de forma consistente.

— Ah, bom trabalho novato, você notou. Não é um poder, eu apenas me movo para o ponto cego antes de te agarrar.

— Ponto cego?

— É, o olho tem um pequeno ponto cego onde o nervo óptico entra no olho. Seu cérebro o filtra, pois não há nada que possa ser feito a respeito, mas se você sabe que está lá, pode usá-lo.

Droga. Ela estava dizendo a verdade. O olho humano tem um ponto cego bastante óbvio, mas não percebi porque Humano.exe estava filtrando isso. Tinha uma solução fácil, mas no futuro eu teria que ser mais cuidadoso com peculiaridades como essa.

— Você pode me ensinar como usar o ponto cego?

— Claro. Mas devo avisar que é mais um truque do que qualquer coisa. No entanto é bom para fazer novatos respeitarem sua sensei — ela disse com uma piscadela.

Nós treinamos um pouco mais e eu me saí visivelmente melhor, embora não tenha sido capaz de derrubá-la. Ela estava me explicando a importância de um “jogo de pernas” adequado e não apenas de ser rápido, quando a porta da sala se abriu e Rattleback entrou.

— Bom dia Adder, e Tofu, é você? Não achei que mais alguém estivesse acordado, muito menos você. Você não deveria estar se recuperando?

— Bom dia Rattleback, e não se preocupe, me recuperei da noite passada — respondi.

— Ele está bem Rattleback. Nem todo mundo tem medo do nascer do sol — disse Adder, sorrindo.

— Ha! Fácil para você dizer, treinadora. Alguns de nós tiveram que trabalhar na noite passada — ele respondeu.

— Desculpas, só desculpas.

— Você não estava no trabalho da noite passada? — perguntei.

— Não, eu não participo da parte de ficar me escondendo.

— Por que não?

— Bem, na verdade eu não gosto de lutar.

…hein?

— Eu não acredito em nisso.

Rattleback riu. — É verdade, Tofu, ela é um terror no ringue, mas não faria mal a uma mosca, apenas a nós, pobres minions.

— Eu só estou tentando fortalecer vocês. Não posso permitir que vocês idiotas morram por aí — ela disse.

— Claro, claro Adder. O que quer que te ajude a dormir à noite — ele respondeu.

Adder deu um soco em seu ombro, ao qual ele apenas riu mais forte (e esfregou seu ombro).

Então ele continuou:

— De qualquer forma, Tofu, já que você acordou cedo, se importa em ir para a garagem? Socket viu aquela filmagem da sua luta e, desde então, ficou acordado a noite toda em algum tipo de maratona tinker. Deixe ele ver que você está bem, certo?

— Tudo bem.

Quando saí da sala, Adder e Rattleback começaram a se alongar para fazer seu próprio treino. Eu não tinha certeza do quanto acreditava no que eles disseram. Alguém que era tão bom em lutar na verdade não queria lutar?

Rattleback e Adder começaram sua luta. Foi uma treino muito mais equilibrado do que qualquer um dos meus, mas Adder ainda derrubou Rattleback rapidamente.

Huh, acho que se você não gostava de lutar, tornar-se tão bom que suas lutas eram sempre curtas era uma opção viável.

— TOFU! CÊ TÁ AÍ! CHEGA MAIS!

Quando entrei na garagem, Socket me viu quase imediatamente. Ele estava em um canto da garagem onde vários bancos e mesas resistentes ficavam, a maioria deles carregados com equipamentos de propósito desconhecido, e muitos dos dispositivos estavam funcionando continuamente. Não havia muitos outros minions na garagem, mas os poucos que estavam não chegavam perto da área.

VAMOS VAMOS, NÃO HÁ TEMPO A PERDER! — ele gritou por cima do barulho das máquinas.

Eu me aproximei enquanto Socket desligava dispositivos suficientes para que pudéssemos ouvir um ao outro. Então ele pegou um banquinho e fez um gesto para que eu me sentasse antes de começar a remexer nas pilhas do que pareciam ser roupas. Seus olhos pareciam vermelhos.

— Ei, você realmente me deu um desafio dessa vez, garoto! Tenho pensado em designs que vão caber no seu corpo flexível a noite toda. Aqui, experimente estes e veja o tamanho — e ele jogou várias peças de roupa para mim, elas se pareciam com os trajes que Imp e Ifrit usavam.

— Vamo lá, eles vão caber bem na sua pele esquisita, eu garanto. Tive que passar meia hora procurando um video na net com resolução suficiente para ver o que aconteceu. Belo truque de se cortar ao meio, mas cê tem que lembrar que as roupas não sangram, MAS NÃO TENTE ESSA MERDA DE NOVO OUVIU? Apenas seja pego da próxima vez, pagamos bem os malditos advogados então é bom fazer o nosso dinheiro valer a pena! Agora, onde coloquei meu ferro frio?

 

Fiquei atordoado, Socket tinha acabado de anunciar casualmente que havia visto por trás de parte de meu disfarce. Mas ele ainda estava fazendo um traje para mim? Ele não se importava? Talvez ele tenha pensado que era um poder…

— ANDA LOGO RAPAZ! CÊ QUÉ O TRAJE PRONTO PRA PRÓXIMA LUTA OU NÃO?! E ALGUÉM ACHE MEU FERRO FRIO!

Passei a hora seguinte experimentando diferentes trajes que Socket havia feito. Várias vezes ele gritou com um minion para obter algum dispositivo ou engenhoca, ou jogou um traje que declarou ter falhado em uma “sucata”. Consegui vestir a maioria dos trajes, mas, por serem coberturas completas, eles restringiam bastante o movimento dos meus membros. Quando mencionei isso, ele me fez exibir alguns movimentos comuns, e mostrei a ele alguns alongamentos e como fazia meus braços estenderem (mas não disse a ele a extensão da minha tranformação, eu não tinha certeza do quanto ele realmente sabia e eu não iria revelar mais se não fosse necessário), o que desencadeou outra rodada de testes. Em um ponto ele queria que eu colocasse meu braço em uma “serra circular” para que ele pudesse testar minha regeneração, mas felizmente um minion o parou. Eu definitivamente não queria que alguém com um poder tinker desse uma boa olhada no processo.

Por fim, Socket declarou que havia coletado dados suficientes e imediatamente me expulsou junto com os outros minions que havia recrutado de sua seção da garagem para que pudesse “trabalhar em paz”.

Voltei atordoado para os elevadores, planejando apenas ir ao escritório de Sandra e receber meu adiantamento. No mínimo, eu queria tirar algum dinheiro de todo esse empreendimento antes de precisar desaparecer.

Apesar de que Socket não parecesse muito interessado em ir mais fundo sobre meu disfarce, ele havia demonstrado um nível surpreendente de determinação em conseguir informações suficientes para fazer o traje, mas assim que obteve, qualquer interesse em meus segredos terminou abruptamente. Sua obsessão em resolver um problema mecânico estava anulando completamente sua tomada de decisão e o cegou para detalhes possivelmente importantes ao seu redor.

Desconcertante.

Peguei o elevador até a entrada da loja de roupas e guardei minha máscara antes de me dirigir ao escritório de Sandra ao lado. Dentro, Viper estava em sua mesa, aparentemente era tarde o suficiente para ela estar acordada. Surpreendentemente, ela ergueu os olhos do celular quando entrei.

— Ei, Tofu, vem aqui. Sandra deixou isso para você.

Me aproximei da mesa e Viper me entregou um cartão pequeno, plano e retangular.

— Aí tem mil, o resto será quando enviarmos os pagamentos.

— … mil, dólares?

— Não, balões. Claro que é dólares, pirralho. Não gaste tudo em um só lugar.

…

 

Mikey estava em sono profundo quando seu telefone tocou, a noite anterior tinha sido longa e difícil, e Turbo aparecendo praticamente lhe causou um ataque cardíaco. Entre isso e a notícia de que Tofu havia desaparecido, ele pensou que nunca mais conseguiria dormir de novo, mas assim que voltou para casa e para sua própria cama, ele imediatamente apagou.

E agora seu maldito celular continuava tocando.

Ele deixou ir para a caixa postal nas primeiras duas vezes, mas continuou tocando e, finalmente, ele admitiu derrota. Ele pegou o celular da mesa de cabeceira e verificou o identificador de chamadas. Era alguém chamado Nicole? Ele atendeu.

— O-olá? — disse Mikey meio grogue.

— Mikey? É o Tofu!

— Tofu?! Caramba, o que diabos aconteceu, cara? Os tenentes disseram que você desapareceu! Você precisa de ajuda?

— Não, Magenta me partiu ao meio e alguns ratos quase me mataram, mas estou bem agora.

— O QUÊ?!

— De qualquer forma, você pode me encontrar no Café da Maggie? Traga Tim e não se preocupe, vou pagar. Eu tenho dinheiro agora!

— Espera, o que foi aquilo sobre ratos?

— Eu explico mais tarde. Tenho que ir! Tchau! — clique, e a linha ficou muda.

…

— Mas que porra?!