Sobre Quando Reencarnei Como um Slime

Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 05 – Cap. 04.2 – O Nascimento de Um Lorde Demônio

 

Em meio a todo esse furor, outro confronto estava prestes a começar – entre Hakuro e Kyoya.

— Me impressiona que ainda esteja vivo, velhote. Já que deu a sorte de não morrer, deveria ter corrido com o rabinho entre as pernas. Fugir teria sido fácil para alguém tão forte quanto você.

— Ho-ho-ho! Pode não parecer, mas acontece que sou um péssimo perdedor. Além disso, é irritante ver um moleque tão cheio de si.

— Oh? Não está falando de mim, né?

— Não é óbvio? Bem, me desculpe por isso. Parece que seu cérebro é tão vazio quanto sua moral.

— Há-há! Então, ser cortado uma vez só não foi o bastante para você entender? Ou será que já está caduco?

E então, um barulho de colisão ecoou pelo campo. Foi o som da espada escondida de Hakuro desviando o golpe que Kyoya desferiu em um piscar de olhos. O invocado se lançou sobre Hakuro no meio da conversa. Antecipando o golpe, ele puxou sua espada contra o jovem como se tivesse todo o tempo do mundo.

— Que pavio curto. Mas acho que somos dois. Minha paciência também está chegando no limite.

Kyoya de repente sentiu um calafrio na espinha. Ele deu um passo para trás. O rosto medonho de Hakuro o assustou, por mais que não quisesse admitir.

— Não me faça rir — ele retrucou, os olhos semicerrados e cegos pela sede de sangue. — Não fique se achando, velhote! Você não conseguiu fazer nada contra minha espada!

— Eu não soube lidar com esse seu poder, não contra sua espada. Assim como Rimuru disse, parece ser de atributo dimensional. Nem mesmo eu sabia como lidar com isso, mas agora que conheço o truque, posso evitá-lo.

— Ah é? Já que é assim, vamos ter uma luta de espadas, então. Uma disputa limpa e justa.

Kyoya trouxe sua espada diante de seus olhos – que brilhavam com uma luz assustadoramente maligna – enquanto um sorriso angustiante cruzava seu rosto.

— Muito bem. Permita-me te mostrar a verdadeira essência da esgrima.

Hakuro segurou sua lâmina para baixo. O sorriso de Kyoya se alargou.

— Está pronto?

O invocado levantou ainda mais sua espada e então a baixou. Ele estava muito longe para conseguir acertar Hakuro com ela, mas seu objetivo era outro. A lâmina em si foi lançada, direto do cabo da espada, transformando-se em milhões de pequenos fragmentos, cada um pequeno demais para ser visto, mas eram letais e estavam indo na direção de Hakuro. A espada de Kyoya era falsa, um brinquedo criado pela sua habilidade única Golpe Crítico. Alternar entre ela e sua espada real permitia que ele enganasse seu inimigo, obtendo vantagem em batalha.

— Há-há-há! Idiota! Foi enganado de novo!

Kyoya segurou o estômago enquanto ria, mas uma voz fria e penetrante o interrompeu.

— Hum. Então você usa truques tão baratos? Parece que te superestimei.

— Sem chance!

Kyoya olhou ao redor, procurando a voz fria e lecionada de Hakuro. Ele encontrou o ogro exatamente onde estava, completamente ileso.

— O que… o que foi que você fez, velhote?!

— Ora. Nem conseguiu enxergar? Parece que você não chega a ser nem um espadachim de quinta categoria.

— … O que foi que disse?

— Que você nem chega a ser um espadachim de quinta categoria. Consigo ver perfeitamente sua esgrima e, francamente, não poderia achar mais infantil.

— Não me subestime, seu pedaço de merda senil!

Kyoya perdeu a calma, seus olhos bem abertos. Foi por isso que não percebeu, sua lâmina de Golpe Crítico, capaz de cortar qualquer coisa, foi completamente desviada por Hakuro – e agora, ele tinha que aceitar esse fato.

Também nem tinha notado que o terceiro olho na cabeça de Hakuro estava aberto. A aura esmagadora e todo-poderosa do ogro fluía através de seu corpo. Era energia o suficiente para facilmente classificá-lo como rank A entre os monstros.

— Certo. Eu disse que te mostraria a verdadeira essência da esgrima. Olhe com atenção e aprenda!

— Cale a boca! Fica aí se achando, mas é um mísero inseto…!

Kyoya, ainda enfurecido, criou uma nova lâmina e atacou Hakuro. O ogro não se importou, só ficou lá parado, silenciosamente transformando sua raiva intensa dentro de si em poder. Nem mesmo a visão de Kyoya se aproximando corpo a corpo com sua espada o perturbou. Ele apenas manteve seu terceiro olho aberto – a habilidade extra Olhar Celestial – e evitou a lâmina invisível de seu oponente por um fio.

— Você late bastante, não é? — Kyoya gritou enquanto ria alto —, mas não consegue fazer nada contra mim! Não há nada que possa fazer! Apenas fique parado e seja fatiado até a morte!

— Parece que a hora chegou. Talvez o seu “olho” não seja tão onisciente, afinal…

— Hã? O que você—?

Kyoya não entendeu, mas sabia que significava problema. Ele deu um passo para trás, mas já era tarde demais.

Um flash.

O movimento de espada usado – Corte da Crista de Água – era claramente visível para o Olho Que Tudo Vê de Kyoya… Mas ele então percebeu que algo estava errado. Ele estava congelado. Não exatamente “congelado”, mas movendo-se a uma velocidade incrivelmente lenta. A espada foi balançada em sua direção. Seu Olho Que Tudo Vê a enxergou; deveria ter dado para esquivar. Mas a espada continuou vindo. Tocou contra o seu pescoço e então desceu até seu torso.

— … Hã?

Então a espada fez seu caminho de volta, arrancando o coração de Kyoya ao longo do trajeto, enquanto Hakuro agarrava sua cabeça antes de seu corpo desabar no chão. Em menos de um segundo, estava tudo acabado.

 

 

 

— … É o fim. Use bem esse tempo dilatado para se arrepender de todas as suas ações maléficas.

Essas palavras, via Comunicação de Pensamento, foram as últimas que Kyoya ouviu.

Hakuro poderia ter o matado a qualquer momento. Mesmo na cidade teria sido possível se o ogro tivesse alguma intenção de matá-lo. Ele só não o fez por causa da antiga ordem de Rimuru de afugentar seus inimigos com vida.

Porém, agora sua reputação foi restaurada. Hakuro esperou pelo momento em que Kyoya estivesse usando seu Olho Que Tudo Vê ao máximo de sua capacidade para assim mostrar suas próprias habilidades – e a diferença de talento entre eles.

Levaria apenas alguns segundos antes que o cérebro carente de oxigênio de Kyoya desligasse, e menos tempo ainda para que sua consciência nublasse. Mas graças a Aceleração de Pensamento, sua velocidade de percepção foi estendida para mil vezes mais que o normal. A provocação de Hakuro o incitou, embora Kyoya não tivesse ideia.

Agora, tudo o que ele podia fazer era sentir a dor e a amargura, por uma pequena eternidade até o momento em que, final e misericordiosamente, a morte fosse buscá-lo. Tal foi o fim de Kyoya Tachibana, o invocado que tentou enganar seu caminho pela vida e encontrou sua condenação por isso.

 

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Shogo estava extremamente irritado. Geld, o guerreiro à sua frente, parecia imune a seus poderes. Isso nunca tinha acontecido com ele neste mundo. Todos sempre se ajoelhavam perante sua força, implorando por misericórdia. Mas agora a situação era outra.

— Merda…!

Ele usou toda a força de sua habilidade Berserker e deu um chute no corpo de Geld. Um esforço inútil contra o Escudo de Escamas do orc, a peça única do equipamento que Garm forjou com escamas de Charybdis para ele.

— Seu covarde! Se você é mesmo homem, lute comigo com suas próprias mãos!

Confuso, Geld ergueu uma sobrancelha à proposta absurda de Shogo.

— Não consigo entender. Isto é uma guerra. Não há nada de covardia. Usar todo o poder que tenho é uma forma de mostrar respeito ao meu oponente.

— Pare de falar merda! Não se envergonha de ser o único com armadura pesada?!

Geld ficou ainda mais confuso. Seu oponente estava falando cada vez mais besteiras. A palavra paciência não existia no dicionário de Shogo; parecia que ele esperava que seu choro egoísta e infantil funcionasse contra homens adultos. Era por isso que não conseguir fazer nada contra seu oponente estava o enchendo de raiva. Mas quem disse que era problema de Geld? Tudo o que ele podia fazer com as declarações sem sentido de Shogo era ignorá-las.

— Brincadeirinha. Foi mal, eu só disse isso para ver se você largava esse escudo irritante. Agora que já me aqueci, é hora de começar a lutar pra valer!

Para Geld, alguém cuja mente era configurada para seguir seu código guerreiro, era impossível para ele acompanhar os pensamentos inconsistentes de Shogo. Mas este era um campo de batalha. Só porque seu inimigo o deixou confuso, não significava que ele abandonaria a luta.

— … Vai lutar pra valer? Muito bem. Farei o mesmo que—

— Haaaa!

Não ouvindo as palavras de Geld, Shogo concentrou seu espírito bem embaixo do umbigo e gritou bem alto. Então, como um tigre, colocou um pé no chão e acelerou, desferindo uma voadora na direção de seu inimigo.

Eeeeeeeeaaah!

Com um grito, acertou o chute, causando uma rachadura no escudo.

— Mais um! Hraaah!!

Ele pousou no chão, longe de seu oponente, e usou o impulso para dar outro chute. Foi o suficiente para estilhaçar todo o escudo de Geld.

Sua habilidade única Berserker tinha o efeito especial de quebrar as armas de seus oponentes. Claro, a peça de um equipamento único é difícil de se quebrar com um ou dois golpes – era por isso que Shogo estava agindo como se não tivesse nenhum plano, mas na verdade estava atacando o mesmo local repetidamente. Ele podia parecer simplório, mas Shogo tinha um talento excepcionalmente afiado para batalha – e essa habilidade era perfeitamente adequada para seu estilo de artes marciais.

— Há-há! Que foi? Cadê o seu escudo agora?!

Shogo estava orgulhoso de sua vitória, mas isso não abalou Geld nem um pouco.

— Entendo… então você agiu de forma irracional e infantil por esse motivo?

Ele ficou impressionado. Porém, tão casualmente como sempre, tirou um escudo novinho em folha de seu estômago.

— Hã? O quê…?! Isso é trapaça!

— O que há de trapaça nisso? Já te disse, estamos em guerra. É apenas uma cortesia comum usar todas as armas à minha disposição. Não importa que tipo de movimento covarde use, estou disposto a perdoá-lo.

Desde o início, Geld seguia seus próprios princípios ao enfrentar Shogo. Ele tinha apenas uma motivação. Shogo foi o homem responsável pela morte de Gobzo, e uma punição pesada tinha que ser aplicada.

— Covarde? Você está me chamando de covarde? Pare de falar merda, seu porco maldito!

— Eu não sou um porco… mas tudo bem.

— Cale a boca!

Shogo respirou fundo enquanto Geld levantava seu escudo. Se recompondo, ele observou seu inimigo, finalmente reconhecendo-o como um oponente digno. Com esse escudo, Geld não tinha abertura alguma para explorar, mas Shogo decidiu acabar com ele de qualquer forma. Assumindo a postura de sanchin (uma postura padrão exclusiva do karatê), respirou fundo e soltou com toda sua força um “Kaaaahhh!!”. Os músculos de seu corpo se contraíram para cima e para baixo, aumentando seu foco.

Era uma técnica básica de respiração, mas também era um movimento doloroso – e repetindo-o três vezes enquanto inspirava o ar e as magículas presentes nele, transformou sua carne e sangue, adicionando o efeito Corpo de Diamante da habilidade Berserker à sua já bem construída estrutura física para torná-la dura como pedra. Seu corpo foi transformado em uma arma viva de batalha.

— Agora estou pronto. Vou te enfrentar na forma de quando luto a sério, espero que me divirta um pouco!

— Nem é preciso pedir. Venha!

Com uma leve expiração, Shogo atacou Geld. Com o grande aumento de sua força corporal, todos os limitadores que restringiam seus poderes se foram. A diferença era como o dia e a noite, e ele ainda se movia mais rápido do que antes.

— Shyahhh!

Fechando a distância rapidamente, Shogo deu um soco frontal. A força dos dedos dos pés foi direcionada para cima, percorrendo o umbigo e se concentrando em um único ponto em seu punho. Ele chamava essa técnica de Soco Tornado, a qual misturava as propriedades de quebra de armas do Berserker e as propriedades do Corpo de Diamante para liberar uma torrente de força – e quando atravessou o escudo de Geld, Shogo teve certeza da vitória.

Ei! No momento em que fico sério, isso… Pera aí, o quê?

No momento seguinte, ele percebeu que algo estava estranho. Seus membros gritavam de dor, causando-o agonia extrema na hora.

— O que é isso?! Droga!!

Era o Devorador de Caos, uma aura amarelada que serpenteava ao redor dele. Agora Geld que estava no ataque.

— Sua força física é louvável. Consigo dizer isso pelo que vi nesta curta batalha. Mas parece bem fraca contra a podridão.

— Podridão? Merda! Tire… tire isso de mim!

A dor intensa fez Shogo se contorcer no chão. Olhando de cima, com pena em seus olhos, Geld levantou sua lâmina Cutelo de Carne

— Deixe-me acabar com sua dor.

— Ahhh! E-Espere um segundo!

A abordagem lenta do orc o fez parecer um demônio devorador de homens aos olhos de Shogo. Ele confiava em seu poder de ataque, mas agora que era sua hora de se defender, ele estava desamparado. Era sempre triste ver alguém experimentando esse desespero pela primeira vez, mas esse era Shogo agora, se afastando o máximo que podia. Porém fazer isso só aumentou a dor. Shogo não tinha nada que conseguisse desfazer o Devorador de Caos ao seu redor. A aura amarelada perfurou ainda mais seu corpo, fazendo a carne de suas mãos e pernas apodrecer e se transformar em nada, mas ainda assim tentou fugir de seu inimigo.

Geld não se importou, já que tinha outras coisas em mente – como Hakuro, a quem podia ver andando casualmente até ele.

— Ainda não terminou, Geld?

— Ah, Senhor Hakuro. Você já? Eu estava prestes a dar o golpe final.

Agora, até Shogo podia ver que os cavaleiros ao redor deles estavam mortos, espalhados pelo campo de batalha.

— Ei, seus cuzões! O que diabos fizeram com o Kyoya?!

— Kyoya? Ele está morto. — Hakuro respondeu objetivamente enquanto jogava algo nele.

Era a cabeça de Kyoya que rolava pelo chão, provando que o ogro não estava mentindo.

 AH, AHHHHHHHHHHHH!!

Shogo tentou fugir a toda velocidade, não se importando mais com a dor em seus membros. No fundo, ele sabia que compartilharia do mesmo destino, e isso o aterrorizou.

Porra! Deus… por que isso está acontecendo comigo?!

A dor era tão intensa quanto a confusão e o terror.

Merda… se continuar assim, eu vou morrer…

Sua mente acelerou, tentando descobrir uma maneira de sobreviver a isso. Então, do nada, teve uma ideia brilhante. Lembrou que ali, na tenda à sua frente, estava outro invocado. Então ele correu, depositando todas as suas esperanças nesse novo plano.

 

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Levantando a cortina da barraca, ele encontrou Kirara relaxando lá dentro.

— Ei, já terminou? Porque vocês realmente demoraram muito tempo—

— Cale a boca! Kirara — disse Shogo enquanto corria até ela —, sinto muito, mas você vai ter que morrer por mim!

— Hããã? Do que você tá falando, idiota? Por que está gritando comigo—?

Kirara achou que era piada. Isso só fez sua vida encurtar ainda mais.

Estrangula

— Nh… O quê…? Você está me sufocando…

Ela havia deixado a guarda baixa, e agora as mãos dele estavam nela. Ela lutou muito, mesmo quando o tremendo poder de Shogo quebrou seu pescoço – mas em pouco tempo, sua resistência enfraqueceu.

Memórias de sua vida no Japão passaram diante seus olhos. O namorado que ela gostava. Os amigos com quem se dava bem. Os pais que suportaram o egoísmo dela. Tudo o que Kirara queria era voltar para casa. O próprio Razen havia dito a ela: “Faça o que digo que eu crio um feitiço para te levar de volta algum dia.”

Para ela, este mundo não era realidade, e isso significava que poderia fazer o que quisesse – se encarasse de outra forma, teria que refletir seriamente sobre todos os crimes que cometeu. Sobre todos os assassinatos. Ela simplesmente não era mentalmente madura o suficiente para lidar com tudo isso. Ela tinha fugido de seus crimes, dos homicídios que cometeu por impulso – e agora, seu tempo estava acabando.

O mundo embranqueceu. A dor já havia desaparecido quando um monte de rostos familiares a cumprimentou…

— … Mãe…!

E este foi o fim de Kirara Mizutani, a invocada que deu as costas para suas fraquezas e culpou a todos, menos ela mesma, por seus erros.

Geld e Hakuro o perseguiram, apenas para encontrar Shogo no meio do assassinato de sua aliada.

— … Um ato abominável. Você se rebaixou a esse nível?

— Não há necessidade de pena agora. Você não é um guerreiro.

E então ocorreu uma transformação.

Confirmado. Habilidade única Sobrevivente… obtida com sucesso.

 

O desejo de viver de Shogo foi o gatilho para o despertar de um novo poder dentro dele, conquistado às custas da alma de Kirara. A aura amarelada comendo seu corpo se dissipou enquanto se curava rapidamente. Esta era a Regeneração Ultrarrápida em ação, uma das habilidades extras de Sobrevivente.

— A Voz do Mundo… Então era este o seu objetivo?

— Senhor Rimuru considera o assassinato de companheiros o maior dos crimes. Suas ações são obra de um lacaio sem alma, inferior ao próprio diabo.

— Calem a boca, seus vermos inúteis! Vencer é o que importa, não é? É fácil! Eu tenho o poder para isso!

Shogo gritou ao liberar suas duas habilidades únicas – Berserker para o ataque e Sobrevivente para defesa. Elas lhe deram a falsa confiança de que era invencível devido a sua tremenda força, a Regeneração Ultrarrápida e a resistência a todos os tipos de elementos. Desde que não fosse morto com um só golpe, ele poderia se regenerar a qualquer momento.

Sim, mesmo se Hakuro usasse um de seus golpes de espada para cortar sua cabeça, ele voltaria ao normal em um instante. Mesmo se Geld usasse sua força sobre-humana para esmagar seus dois braços, eles cresceriam de novo e voltariam ainda mais fortes.

— Que tal, monstrengos malditos? Esse é o meu poder! Meu poder absoluto!

E não dava para culpá-lo por se gabar aos céus sobre isso. Combinados, seus poderes eram como nada visto antes.

Mas havia algo que Shogo não estava ciente: Não importa quão alta seja sua posição no mundo, sempre há alguém acima de você.

— Quer uma mãozinha?

— Não tem necessidade, Senhor Hakuro. Por favor, vá ajudar o Senhor Rigur e os outros.

— Isso presumindo que minha ajuda será necessária — disse Hakuro enquanto recuava e abria caminho a Geld.

O orc avançou e se preparou para atacar.

— Hããã? Você vai me peitar sozinho? Porque agora, eu ficaria mais do que feliz em chutar a bunda de vocês dois de uma só vez!

— Vejo que tem confiança em suas artes marciais. Que assim seja. Então eu o enfrentarei de mãos vazias.

— Oh, pare de fazer pose. Você está só dando uma desculpinha para quando perder!

Era assim que a mente de Shogo funcionava, isso o fez partir imediatamente para o ataque. Seu rosto transbordava confiança, ansiando testar seus novos poderes, mas essa tranquilidade não durou muito. Era um pouco mais difícil dele morrer agora, e estava levemente mais forte, mas isso ainda não o tornava páreo para Geld.

— Orgggh!

Geld foi capaz de arrancar um dos braços de Shogo e usar a mão livre para dar um soco em seu estômago.

— Ah, sim. Você pode se curar mais rápido do que eu. Agora vamos ver o quanto essa sua habilidade consegue te regenerar.

Ao dizer isso, ele enrolou os cachos gêmeos do Devorador de Caos em torno de seus punhos e começou a bater em Shogo, de novo e de novo, antes que tivesse tempo de se curar, Geld o esmurrou até o esquecimento. Graças a habilidade Sobrevivente, Shogo estava desfrutando dos privilégios da Dor Ignorada, impedindo-o de sentir qualquer angústia que seus ferimentos lhe proporcionassem. Mas Geld continuou socando, acabando com qualquer resistência.

Por natureza própria, o Devorador de Caos mordia tudo – causando danos não apenas no corpo material de Shogo, mas também no espiritual. A habilidade única Sobrevivente era capaz de regenerar quaisquer células, mas era incapaz de regenerar o espírito.  De fato, antes do ataque finalizador de Geld, era apenas uma questão de tempo até que o frágil espírito de Shogo encontrasse seu fim.

P-Pare, pare! Por favor, pare!

Não foram nem dez minutos, mas para Shogo, parecia uma tortura que durava longas horas. Palavras egoístas saiam de sua boca, buscando apenas a sua salvação, e somente a dele. Geld e Hakuro estavam quase enojados demais para assistir.

E esse foi o exato momento em que o coração e a alma de Shogo foram destruídos.

 

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— Acho que já acabou.

— Sim. Agora, vou aliviar sua dor para todo o—

— N-Não! Espele um segundo! Eu… eu só estajaa brincando! Eu realmente não queria… eu-eu-eu só me empolgei um pouco… Me ajuda…

Shogo, diante dessa cruel realidade, ficou aterrorizado. Neste mundo, simplesmente por ser um invocado, todos lhe davam um tratamento extremamente preferencial. Isso só alimentou sua arrogância, distorcendo sua personalidade além do reparo. E ainda mais importante, ele e os outros invocados do Reino de Farmus sofriam do mesmo problema: um quadro terminal de egoísmo.

 

 

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E essas foram as consequências de seus atos.

— Eu vim aqui para ver do que se tratava toda essa comoção… e Shogo é o único que restou, não é? Que descuido! Talvez eu tenha subestimado o poder dos monstros.

Agora, um homem mais velho parou na frente de Shogo.

Seu manto era tecido com fibras mágicas e ele tinha um cajado com muita força mágica em suas mãos. Este era Razen, feiticeiro da corte e o maior mago de toda Farmus. Com o levantar de sua mão, usou sua magia aspectual para lançar uma Barreira Mágica na frente de Geld, anulando o ataque do orc. Esse feitiço normalmente era usado para construir um escudo sobre o usuário, mas Razen também podia adaptá-lo para bloquear os golpes de seus inimigos.

— Ah…! R-Ratthen, você veio me sava…?

Shogo se agarrou nas costas do feiticeiro. Razen acenou com a cabeça antes de voltar os olhos para Geld e Hakuro.

— Ah, entendo. Não é de se admirar que nossos invocados não foram páreos. É difícil de acreditar, mas você é uma ameaça rank A e de classificação calamidade. Nossas chances não são das melhores, é hora de recuar por enquanto.

Então, com a barreira mágica ainda em vigor, ele começou a entoar um feitiço de teletransporte de alto nível. Ao contrário do Portal de Distorção, que exigia um círculo mágico para ser usado, este permitia ao lançador definir qualquer ponto que quisesse para servir como local de salto. Você tinha que ser pelo menos nível mago para conseguir usar esse feitiço proibido, e a facilidade de Razen para completá-lo tornava claro a extensão de seu poder e experiência.

Geld tentou persegui-lo, mas Hakuro o parou.

— Sem movimentos precipitados, Geld. Isso não é uma corrida.

— … O quê?!

Geld seguiu fielmente o conselho de Hakuro – e, em sua frente, o próprio ar se abriu. Razen havia instalado uma armadilha na Barreira Mágiaca, fazendo-a explodir após um tempo determinado.

— Kah-há-há! Que olhar afiado! Eu deveria ter sido mais cauteloso com vocês. Talvez não devêssemos ser tão otimistas sobre esta batalha…

Ele estava atento à energia mágica de Geld, mas agora, agia como se tivesse notado a ameaça que Hakuro apresentava pela primeira vez.

— Sua raposa astuta. Você tem sido cauteloso comigo desde o início.

— Ah, de jeito nenhum, meu querido ogro mago. Afinal, é natural prestar mais atenção no lord orc primeiro em termos de força bruta. Eu adoraria continuar conversando com você, mas meu feitiço parece estar completo, então é melhor eu ir embora. Podemos nos encontrar novamente no campo de batalha, presumindo que você vai sobreviver até lá…

— Duvido que vá acontecer — Hakuro retrucou. — Afinal, é ao seu campo que o nosso mestre se dirige agora. Vocês foram longe demais desta vez. Enfureceram a única criatura neste mundo que nunca deveria ser incomodada. Sinto até pena. Sua morte não será indolor.

— Kah-há-há! Que blefe tolo, mas vou aceitar como um aviso. Até a próxima!

Com isso, Razen desapareceu, carregando Shogo com ele. O silêncio voltou à cena, embora os sons da batalha ainda pudessem ser ouvidos do lado de fora da tenda.

— Tem certeza de que foi a escolha certa — disse Geld —, deixar aquele feiticeiro, Razen, fugir…?

— Não foi o ideal, mas se lutássemos com ele, eu ou, na pior das hipóteses, nós dois poderíamos ter morrido. Ele tinha outra carta na manga para usar contra nós, uma magia pronta para ser acionada no momento de sua morte.

— Ele tinha…? E essa magia era tão ameaçadora assim?

— Provavelmente de força nuclear — ele murmurou amargamente. — O ápice da magia aspectual. Rigur e Gobta também estão aqui, e não podemos envolvê-los nisso. Agora não é hora de agirmos de maneira imprudente.

O Olhar Celestial deu a Hakuro uma noção melhor da magia ao seu redor, desde o fluxo de magículas até a extensão de sua força, era ainda mais eficiente do que o Sentido Mágico. Ele disse a Geld que a área abaixo da caixa torácica de Razen estava repleta de magia altamente densa – em quantidade o suficiente para desencadear um feitiço perigoso e proibido.

— Entendo…

— Não seria um problema para o Senhor Rimuru, mas ainda precisamos estar preparados. Devemos contar a todos sobre o perigo que aquele feiticeiro representa.

Geld assentiu.

— Compreendo. Vou passar essa informação para minhas próprias forças.

Em seguida, ambos partiram para ajudar na “limpeza” final das tropas ocidentais.

 

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Junto com Shogo, Razen voltou em segurança para o lado de Folgen em sua base. Usar várias magias poderosas consecutivamente em um curto intervalo de tempo o encheu com uma sensação de fadiga como nenhuma que havia experimentado nos últimos anos, mas agora não era hora de descansar. Ele tinha trabalho a fazer.

— O-Obrigado Razen. Sinto muito.

— Esqueça isso, Shogo. Você é uma das minhas ferramentas mais valiosas. Uma das peças de maquinaria de guerra mais preciosas do nosso reino.

— S-Sim… eu perdi desta vez, mas não perderei mais. Vou mostrar a eles!

— Muito bem — respondeu Razen gentilmente – mesmo quando seus olhos brilhavam friamente, algo que Shogo não percebeu. — Seus ferimentos parecem ter sido curados, mas deixe-me lançar uma magia para te ajudar a descansar melhor. Você precisa recuperar sua resistência primeiro.

— Claro. Parece bom.

Ele aceitou sem questionar a oferta de Razen – e, sem hesitar, Razen conjurou seu feitiço. Era a magia Ataque Mental, que destruía os corpos espirituais e astrais do alvo. O corpo espiritual de Shogo já havia sido severamente danificado pelos golpes de Geld; era impossível suportar mais esse ataque, ele também confiava demais em Razen para não abaixar a guarda. E assim, o invocado Shogo viu seu fim – condenado a morrer de qualquer maneira, entre sua fraqueza e egoísmo. Mas seu corpo não estava morto, apenas o coração.

Com o Shogo imóvel à sua frente, Razen preparou sua última grande magia do dia.

— Um pouco antes do planejado, né, Senhor Razen?

— Minhas mãos estão atadas, Folgen. Os monstros o enervaram tanto que ele dificilmente seria útil para nós. A hora chegou.

— Heh-heh-heh… Mas ainda é uma visão lamentável. Ele realmente acreditava que era o homem mais forte do mundo, não é?

— Parecia que sim. E olhe para o Kyoya. Ele realmente acreditava que poderia derrotar Hinata Sakaguchi, chefa dos paladinos, com sua força.

— Bah-há-há-há-há! Não me faça rir. Nem mesmo eu sou páreo, e aquele pirralho achava que conseguiria vencer?

Folgen poderia pelo menos lutar contra ela graças ao fato que ele era um invocado, convocado por Razen décadas atrás. Ele não tinha a maldição de restrição em sua alma; em termos de relacionamento, era amigo e parceiro de negócios de Razen. Mesmo para alguém assim, a força de Hinata estava em outro patamar, o suficiente para convencê-lo de que não tinha a menor chance?

— Mas é uma pena — afirmou Razen. — Perdemos a habilidade Golpe Crítico de Kyoya antes que pudéssemos passá-la para você.

— Não tem problema. Sempre há uma próxima vez.

A habilidade única de Folgen era denominada Comandante. Ela lhe dava um discernimento especial do poder das forças que liderava, permitindo-o que selecionasse e obtivesse as habilidades de qualquer subordinado morto ao alcance da sua visão. Porém, o número de habilidades que podia ganhar era limitado, e isso o incomodava muito.

— De fato — Razen concordou. — Os mais fortes entre nossas forças sempre parecem ter habilidades poderosas, mas veja como todos são egoístas! Acham que são a última bolacha do pacote. Convocar aleatoriamente é muito mais fácil, mas nunca vem alguém forte o bastante – não que suas personalidades importem, já que sempre podemos sacrificá-los e aproveitar seus poderes.

— Sem dúvida. Nós os mimamos constantemente, tratando-os como os pilares dos nossos exércitos. Não vejo razão para eles ficarem reclamando.

Os dois riram juntos.

E era esse todo o cerne do problema de Farmus. Não eram apenas os invocados – os invocadores que chamavam o reino de lar eram igualmente egoístas, assumindo por direito de nascença que eram os mais fortes por aí.

Razen sorriu enquanto continuava seu trabalho.

— Mas isso pode ser uma bênção disfarçada — disse ele. — Bem no fim, Shogo me ajudou muito. Não tenho certeza do que aconteceu exatamente, mas ele parece ter obtido outra habilidade única. Só falta…

O trabalho estava quase finalizado. Razen estava resetando o cérebro de Shogo, transferindo suas próprias memórias para ele. Uma vez que transportasse sua alma, os preparativos estariam completos.

— Tem certeza de que vai dar certo? Não há chance de falhar?

— Não se preocupe, não é a primeira vez que faço. Meu mestre, Lorde Gadora, reencarnou literalmente dando à luz a sua alma novamente. Comparado a ela, a Possessão é uma habilidade quase infantil.

Razen destruiu completamente o corpo astral de Shogo para assumir seu físico. Ele então destruiu o cérebro do jovem e o reconstruiu com Sobrevivente. Porém, era apenas uma casca vazia, com nenhuma de suas memórias restauradas, pronta para receber as próprias memórias de Razen. Tudo o que ele precisava fazer agora era implantar sua alma no corpo de Shogo.

O feitiço Possessão era uma versão simplificada da Reencarnação, a misteriosa e esotérica habilidade desenvolvida pelo mestre de Razen, o grande feiticeiro Gadora. Enquanto Possessão era uma habilidade original de Razen, que agora foi ativada. Foi assim que o feiticeiro-chefe de Farmus conseguiu servir sua nação durante todos esses anos, trocando de corpo-poderoso para corpo-poderoso. Com Shogo, ele renasceu como a combinação perfeita de espírito indomável e músculos invencíveis, o nascido da magia mais forte de toda a história de Farmus.

— Ahhh… É tão bom estar em um corpo jovem de novo.

— Heh-heh-heh! Falar isso faz você parecer um velhote.

— Que seja. Vamos fazer o relatório ao Rei Edmaris e apresentar a ele minha nova aparência.

Razen pôs de volta seu manto que havia tirado mais cedo, e pegou seu cajado. Ele caminhava cheio de energia, orgulhoso da nova força que conseguiu. Foi o suficiente para surpreender até Folgen, reforçando sua confiança em seu amigo e parceiro.

Perder três invocados, seres que representavam uma grande parte da força de combate de sua nação, doeu muito. Mas com sua nova força, Razen era classificado como acima do rank especial A, então não tinha porquê lamentar. Agora, o feiticeiro estava confiante de que poderia derrotar facilmente Hakuro e Geld.

No fundo, até suspeitava que poderia desafiar um lorde demônio, os chamados ranks S. Então ele se lembrou das palavras de Hakuro.

Eu enfureci a única criatura neste mundo que eu não deveria ter incomodado? Aquela bruxa matou o chamado mestre dos monstros há muito tempo, não? Ele realmente… está vivo?

A suspeita o fez parar de caminhar.

— O que foi?

— Ah, nada. Não foi nada.

Ele voltou a andar na hora.

… Estou deixando minha mente me dominar. Talvez ele seja uma ameaça maior do que eu imaginava, mas acho que estou pensando demais. E mesmo que ele tenha sobrevivido àquela bruxa, posso dar cabo dele eu mesmo.

Razen sorriu arrogantemente enquanto se aproximava do pavilhão onde seu rei estava.

 

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No terceiro dia, com o sol a zênite, o pesadelo finalmente começou para o Reino de Farmus.

Uma legião de tropas marchava abaixo de mim – mas a meu ver, não eram nada além de sacrifícios para minha evolução.

Foram eles que mataram Shion e os outros. Normalmente eu deveria dar algum tipo de aviso de que atacaria, mas esses caras já tinham declarado guerra contra nós, e se estavam marchando para a cidade, imaginei que estavam prontos para morrer pela causa. E outra, isso não era uma guerra. Eu planejava consumir cada um deles. E não havia porquê jogar limpo se meu objetivo fosse matar a todos. Esses lixos humanos destruíram meu território. O mínimo que podiam fazer agora era se orgulharem de ser parte da minha evolução.

Eu estava pairando no ar, em minha forma humana, usando minha máscara e com as asas para fora. O Controle Gravitacional me permitiu manter essa posição inconscientemente enquanto olhava para baixo, avaliando a situação.

Ao fazer isso, Benimaru enviou uma Comunicação de Pensamento informando que os dispositivos que mantinham a barreira em funcionamento haviam sido destruídos. Hakuro também relatou sobre um feiticeiro perigoso que encontrou, mas não vi motivos de preocupação. Eu apenas cuidaria dele junto com o resto. Ordenei que Banimaru e os outros voltassem à cidade, e se certificassem de que não havia forças isoladas. Agora era minha vez.

Demorou um pouco, mas Analisar e Avaliar haviam terminado de verificar os soldados de Farmus. Agora eu tinha uma imagem clara de sua força e números, também tinha terminado os cálculos de um novo feitiço mágico. Tudo estava pronto.

Vamos começar?

Implantei um círculo mágico em larga escala, grande o suficiente para cobrir toda a força de Farmus. Era alimentado pela Área Anti-Magia, uma magia superior que peguei de Mjurran. Tinha cerca de cinquenta quilômetros de diâmetro e não poderia estar mais perfeitamente posicionada. Cobriu toda a atmosfera até três metros acima do solo, separando a área do céu e da terra. Agora o inimigo não podia lançar nenhuma magia.

Todo esse esforço era para evitar a fuga deles. Eu não queria deixar ninguém escapar, então impossibilitei qualquer chance de eles se teletransportarem magicamente. Agora era hora do show principal – uma magia de matança em larga escala, a arma perfeita para selar o destino desses humanos. Era chamada de:

— Morram! Que a ira dos deuses transforme suas almas em cinzas! … Meggido

NT: Megiddo é uma palavra hebraica que tem o mesmo significado de Armagedom.

Raios de luz dançantes e rodopiantes choveram dos céus, refletindo e refratando repetidamente perto do chão e atingindo os cavaleiros antes que pudessem reagir.

Não haveria uma declaração para sinalizar o início do silencioso massacre.

 

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Normalmente, neste mundo, uma força militar teria em suas fileiras um pelotão mágico que implantaria uma barreira protetora sobre o contingente. Isso era conhecido como magia de legião, e colocava o exército em alerta contra qualquer tipo de elemento mágico. Porém, uma “magia nuclear” de longo alcance poderia mudar a maré da batalha, mesmo se houvesse uma grande diferença nos números, então a maior parte das marchas militares eram organizadas se preocupando com magias de efeito à distância.

Considerando que estavam marchando contra uma nação de monstros (alguns até de rank maior que A), seria imprudência da parte deles não se prepararem de acordo.

Mas nenhuma de suas preparações teve qualquer utilidade contra minha nova magia.

Em geral, as barreiras neste mundo funcionavam com o princípio de bloquear o fluxo de magículas. Logo, era necessária uma abordagem diferenciada para conseguir burlar as leis da física, algo que descobri quando analisei a barreira.

É bem simples, parando para pensar. Se uma barreira pudesse bloquear uma explosão de milhares de graus Celsius, então como isso funcionaria exatamente?

A magia aspectual neste mundo agia intervindo nas leis da física, através do controle preciso de magículas. Se quisesse bloquear uma explosão causada por uma magia, você poderia simplesmente erguer uma barreira para impedir que as magículas fluíssem. Qualquer dano contra essa barreira teria que ser superior a ela em força, ou então não conseguiria atravessá-la. A magia simplesmente não seria ativada. Coisas como a Interferência Mágica de Charybdis são exemplos de aplicações desse princípio.

A magia elemental, por outro lado, reescrevia as leis da física com os poderes de intervenção espiritual. Não funcionava em grandes escalas e à distância, e a barreira de Farmus também foi construída para bloquear esse tipo de magia. Era puramente um teste entre forças elementais, o que tornava fácil bloquear os ataques de seu oponente. Contanto que você estivesse preparado para uma emboscada, o resto se resumiria em uma disputa de queda de braço.

Fato é que, independentemente da magia, tudo se resume a descobrir seu princípio e ir além dele para neutralizá-lo. Era por isso que magias como essas eram feitas para lidar com qualquer coisa, geralmente continham pelo menos dois tipos de camadas protetoras sobrepostas umas sobre as outras.

Para lidar com isso, pensei um pouco fora da caixa e usei uma magia para criar um ataque de energia puramente físico. Entre minha experiência com Charybdis e minha análise da Magia de Controle, eu tinha uma noção geral de como a ativação de magias funcionava. Ver a Desintegração de Hinata em ação também serviu como inspiração para o meu conceito final. Sabendo de tudo isso, foi possível fazer com que o Grande Sábio desenvolvesse uma magia eficaz o suficiente para conseguir abrir um buraco em qualquer tipo de magia defensiva. Eu tinha acabado de terminar seus ajustes finais, e agora ela foi lançada.

 


 

Tradução: Another

Revisão: Flash

 

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