Me certificando de que o campo mágico havia sido dissipado, rastejei de volta para fora, dando um suspiro de alívio. Eu podia sentir minha outra metade feita por Replicação desaparecer.
Ranga meio que se jogou para fora da minha sombra.
— Você está seguro, meu mestre!
Me ver sendo cortado deve ter o assustado muito, seus cabelos estavam até arrepiados de tanto nervosismo. Fiz um carinho nele para tranquilizá-lo de que estava tudo bem.
Porém, desta vez foi tipo… puta merda. Aquela precaução que fiz anteriormente acabou salvando minha pele, mas cara, foi por muito pouco.
Quando eu estava trancado naquele campo sagrado, fiquei em uma desvantagem absurda. Tentar me conter em uma situação como esta, sem nenhuma ideia de contra quem eu estava lutando ou quão forte eram, teria sido idiotice.
Percebendo isso, criei uma Replicação e fugi na forma de slime de lá. Minha Replicação em forma humana era uma espécie de clone mágico, criado pela junção de um monte de mágiculas; não podia se mover muito rapidamente, mas era um pequeno preço a se pagar para que meu corpo “principal” pudesse escapar. Olhando desta forma, foi um pequeno milagre eu ter mantido aquele clone por tanto tempo. Queria me dar um tapinha nas costas por isso. Aquele campo sagrado não era brincadeira.
Mas ei, pelo menos consegui. Agora eu estava até meio agradecido por ter tratado o treinamento de Hakuro na habilidade Forma Oculta tão a sério. Se a Hinata tivesse considerado a possibilidade de aquilo ser uma Replicação, seria meu fim… Mas eu acho que ela não estava tão cautelosa assim. Poucas pessoas estariam. E isso acabou salvando a minha vida.
No entanto, com certeza me ensinou uma lição. Eu tinha que ficar de olho em mim mesmo, sem dúvida. Ah, e quase esqueci: eu estava escondendo minha aura, já que estava em combate até agora, mas ela pode estar vazando a esta altura. Tenho certeza de que sou capaz de mantê-la perfeitamente escondida hoje em dia, mas é melhor tomar o dobro do cuidado para não a revelar.
Com isso em mente, criei uma nova máscara dentro de meu estômago. Era uma cópia da Máscara de Resistência Mágica que vi, mas me livrei de todas as características que não precisava e aumentei ainda mais a resistência mágica. Então eu mudei para a forma humana e a coloquei. Isso deve impedir que Hinata perceba minha presença, eu acho.
Ainda assim, ela era poderosa demais. Totalmente fora da curva. Se aquele Campo Sagrado não estivesse lá e ela pudesse usar toda a sua força, o que aconteceria? Eu tinha a suspeita de que de nove em dez vezes eu perderia. Esses eram os pensamentos em minha mente quando olhei para trás, para ver o estado do Glutão que havia lutado por mim.
………
……
…
Falando de forma ampla, despertar o Glutão dentro de mim é como executar um programa. Um tipo de vírus de alta periculosidade que consome tudo que pode ser visto. Foi por isso que o florete de Hinata não causou dor ao acertar meu corpo.
O Glutão estava transformando meu próprio corpo físico, enquanto Hinata assistia espantada. Esta era uma forma “completa”, uma versão recém melhorada da Mudança de Forma Universal. Ela me permitia transformar meu corpo de tal forma que ostentava apenas as características mais úteis dos monstros que eu havia consumido no passado, criando uma máquina de batalha mortal. O Glutão absorveu a grama, a terra e o ar ao meu redor para me reconstruir nesta forma física.
Dentro do Campo Sagrado, eu nem mesmo tinha as magículas necessárias para criar um clone de mim. Mas o Glutão praticamente forçou isso a acontecer, pegando a matéria do ambiente para usá-la como fonte de energia.
Hinata, sem dúvida sentindo o perigo, recuou um pouco. Essa decisão acabou salvando sua vida. Tão fora de controle como havia se tornado, o Glutão se lançou sobre o florete e a própria Hinata, usando o som, calor e cheiro para rastrear sua posição. Se sua reação tivesse sido um pouco mais lenta, talvez ela teria sido despedaçada por aquele apetite voraz.
Enquanto Hinata olhava assustada, o Glutão completou a transformação. Parado ali agora estava uma besta em forma de homem. Os únicos sinais do meu antigo eu eram as pupilas douradas e o cabelo prateado ligeiramente azulado. Meu corpo exalava malícia, parecendo muito com um demônio.
— Não consigo acreditar — sussurrou Hinata.
Mas a surpresa já havia sumido de seu rosto. Ela estava me olhando atentamente, como uma cientista empolgada fazendo uma nova descoberta. Sua habilidade Arco-íris Final atingia diretamente o espírito – mas como não me matou, ela concluiu que o Glutão não tinha mais espírito, nenhuma vontade própria. Era uma alma em sua forma mais pura, a origem do poder que repousa nos corações dos homens e monstros.
Por definição, uma alma é uma consciência, mas isso por si só não era o bastante para criar uma personalidade. Ainda era necessário um corpo astral para operar e iniciar o processo de pensamento – mas também não era o suficiente, já que quaisquer pensamentos produzidos apenas se dissipariam. É aí que entra o corpo espiritual, para registrar e manter esses pensamentos. Porém, mesmo que ainda fosse uma memória virtual, o armazenamento não era contínuo – e assim chegamos ao corpo material.
Se alguém tivesse força mental o suficiente, seria possível a recuperação de todas as suas memórias, mesmo que seu cérebro estivesse permanentemente danificado. Mas se o espírito sofrer danos, isso provavelmente ferirá o corpo astral de maneira profunda, mesmo se o cérebro estiver ileso. Se essa ferida atingir a alma, a ressurreição é impossibilitada.
Isso se aplicava igualmente a todos os seres vivos neste mundo – desde as criaturas mais fracas à dragões e monstros elementais.
Nesse ponto, Hinata entendeu bem do que o Glutão era capaz. Um doce sorriso cruzou seu rosto, seus olhos brilhavam intensamente enquanto pensava em contramedidas. Ela havia perdido seu florete, mas nem mesmo isso parecia incomodá-la muito. E então, ela pegou um amuleto do bolso e jogou em mim.
— Amarra Astral!
Uma habilidade que restringia o corpo astral, o receptáculo da alma, ao invés do material. Ainda não foi o suficiente para parar o Glutão.
Percebendo isso, Hinata me deu uma carranca de desdém. Diante do Glutão que cambaleava em sua direção com os membros sofrendo mutações e transformações de maneiras imprevisíveis, ela demonstrou não estar nem um pouco abalada. Na verdade, ainda estava me observando calmamente. Apesar de toda a imprevisibilidade do Glutão, ela continuou se esquivando de cada ataque por meros milímetros, prevendo cada movimento.
— Entendo — ela sussurrou. — Então você já está morto. — Ela balançou a cabeça. — Vai continuar sendo obstinado até o fim, não é? Por que fica me dando tanto trabalho? Continuar a atacar seu inimigo, mesmo após a morte… Se alguém não destruir completamente essa coisa, ela vai ameaçar o mundo inteiro algum dia.
O rosto de Hinata permaneceu nervoso enquanto ela convocava vários espíritos elementais do nada. Eles seguiram suas ordens, cercando o Glutão. O esforço fez pouco além de os sacrificar para ganhar um pouco de tempo.
Os únicos tipos de magia que podem ser usados em um Campo Sagrado eram amuletos, Vontade de Batalha, espíritos e semelhantes. Entre eles, Hinata escolheu uma das magias sagradas mais fortes, um ataque poderoso que ela normalmente mantinha como um de seus últimos recursos. Traçando formas complexas com as mãos estendidas, ela fez um desenho geométrico no ar, expandindo-o em um círculo mágico de camadas. E no meio de tudo isso estava o insano, irracional e deplorável Glutão devorando espíritos em modo berserk.
— A deus dedico e ofereço esta oração. Tenho um desejo. Almejo o poder dos espíritos. Rogo que ouças meu pedido! Que tudo chegue ao fim! Desintegração!!
O pedido, entoado pela bela voz de Hinata, foi atendido. A demonstração de força foi realmente divina, o suficiente para decompor todas as presenças físicas e espirituais dentro de seu espaço definido. Era a magia destrutiva mais poderosa, que emitia flashes de luz branca enquanto era direcionada das mãos de Hinata para o círculo. Sua aceleração era de milhares de quilômetros por hora, quase na velocidade da luz, e seu poder sagrado fazia com que células e almas desaparecessem sem deixar vestígios. Foi mais do que o bastante para fazer o Glutão desaparecer, sem afetar o espaço ao redor.
……….
……
…
Isso é o que o registro da batalha me disse. Eu estava assistindo do lado de fora, como se estivesse vendo TV ou algo assim, e era simplesmente de tirar o fôlego.
Uma coisa que ganhei com esta batalha foi o florete quebrado de Hinata. Consegui examiná-lo no meu estômago a fim de tomá-lo para mim. Porém, mais importante do que isso foi a informação que reuni sobre sua magia e habilidades. Eu havia deliberadamente colocado o Glutão fora de controle, ligando-o ao Grande Sábio sem o conectar ao meu próprio espírito. Eu mesmo não tinha nenhum vínculo espiritual com ele, que estava agindo puramente por vontade própria. Foi por isso mesmo que, quando fui atingido pelo último ataque do Arco-íris Final de Hinata, não fui afetado em nada.
Eu não pensei que poderia ganhar fazendo isso. Desde o início sabia que não era possível. É por isso que o usei para coletar dados para mim, para que eu pudesse chegar a uma solução melhor – e é isso que eu estava estudando agora.
Mas essa Desintegração… meu deus. Era ameaçadora o suficiente para deixar minha espinha arrepiada. Se eu tivesse tomado aquele golpe antes de proteger minha alma, estaria indefeso. Teria ignorado minha Barreira Multicamadas e me feito desaparecer instantaneamente. Sua única fraqueza era o grande tempo de conjuração necessário, mas com aquele tipo de força, era um pequeno preço a se pagar. E Hinata a usou com maestria.
Definitivamente não era algo a se subestimar. Eu me perguntei por que Hinata se deu ao trabalho de instalar aquela barreira mágica se ela era tão forte. Acontece que ela é tão cautelosa quanto poderosa, e eu odeio ter que lidar com esse tipo de inimigo. Com a minha Replicação, não pude fazer mais do que cortar alguns de seus fios de cabelo. Não é à toa que ela estava tão confiante, nem mesmo se importando em usar uma armadura ou algo assim. Se ela era tão poderosa, fiz o certo em me concentrar em escapar dessa barreira desde o início.
Todos os invocados e invocadores são fortes desse jeito, como Yuuki disse? Nesse caso, terei que assumir que cada um que eu encontrar tem uma habilidade única e me preparar adequadamente para isso. Eu tinha a impressão de que também era muito forte, mas depois dessa luta com a Hinata, minha confiança foi completamente destruída. Talvez uma ferida no meu orgulho fosse exatamente o que eu precisava.
Experimentar em primeira mão a Desintegração também foi uma sorte inusitada. No momento em que ela implantou aquele círculo mágico de camadas, a luta já havia acabado. Simplesmente não tinha o que fazer, exceto fugir ou impedir que ela completasse o círculo. Teria sido bom se eu tivesse analisado e avaliado aquela magia sagrada, mas eu estava muito ocupado tentando não morrer para sequer pensar nisso. Não dá para tudo ser tão fácil sempre. Afinal, no momento em que ela foi lançada, minha conexão com o Grande Sábio foi cortada e eu (meu eu não Replicado) fiquei com a cabeça tonta. Uma vez que você a veja é impossível de desviar, e a barreira em camadas que a Hinata usou tinha uma propriedade de sensor de calor – se você não sair de seu rastro, não conseguirá evitar um impacto direto.
Millim poderia ter lidado com isso? Terei que perguntar a ela da próxima vez.
Contei a Ranga tudo que aconteceu enquanto checava o meu estado. Eu estava fisicamente bem, não mais sob a influência do Campo Sagrado. Mas o que Hinata estava pensando? Ela se recusou a me ouvir, usando ataques poderosos sem qualquer provocação. Talvez eu não devesse ter mordido a isca, mas só fiz porque pensei que poderia vencer. Claro que isso me provou que eu estava errado. Não que eu tenha perdido, exatamente. Às vezes, a melhor estratégia que você tem para vencer é correr, sabe? E foi isso que tentei fazer desde o início, então, como consegui, venci.
Poderia, caso fizesse vista grossa, chamar isso de vitória tática. Além disso, reuni todos esses dados valiosos. Um empate, pelo menos, sendo generoso.
Definitivamente não estou sendo um mal perdedor, certo?
Mas chega de brincadeira. Eu estava preocupado com todos na cidade, então decidi partir imediatamente.
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Tentando me teletransportar para Tempest, descobri que algo estava estranho. Eu tentei usar o Portal de Distorção para voltar para casa, mas a magia falhou ao ativar.
Relatório. Impossível especificar um local de destino. Acredita-se que a causa seja algum tipo de barreira que está isolando a área.
Opa. Parece que alguém está tentando destruir Tempest, assim como Hinata falou. Melhor eu me apressar, ou então não terei para onde voltar.
Enquanto eu pensava nisso, o Grande Sábio procurava por lugares ainda possíveis para teletransporte. Rapidamente, ele localizou o círculo mágico dentro da caverna onde Gabil trabalhava.
— Vamos lá! — Gritei para Ranga enquanto entrávamos apressadamente no portal.
Gabil e os outros estavam reunidos no círculo mágico da Caverna Selada, esperando por nós. No momento em que nos viu, Gabil correu, parecendo visivelmente aliviado.
— Ohhh! Senhor Rimuru, você está seguro!
Ele logo me informou sobre os eventos recentes.
— …. E então, logo após recebermos a notícia de que a Senhorita Millim iria travar uma guerra contra o Reino Animal de Eurazania em uma semana, perdi o contato com Benimaru. Preocupado, tentei falar com Soka, mas aparentemente, assim como nós, ninguém de fora da caverna conseguiu falar com nossos líderes.
— Eu informei o Rei Gazel também — acrescentou Vester —, mas era difícil para nós fazermos quaisquer movimentos dada a falta de informações disponíveis…
Realmente, o rei dos anões teria muito pouco conhecimento para fornecer qualquer apoio real. Ele deve ter ficado terrivelmente preocupado. Seu último contato via cristal de comunicação havia sido feito cerca de uma hora atrás, mas nada além disso, apesar de uma segunda ligação ser o esperado. A Comunicação de Pensamento não funcionou e, quando eles estavam discutindo entre si sobre o que fazer, eu voltei.
Acho que o mau pressentimento que tive sobre tudo isso estava certo. Sem dúvida algo terrível estava acontecendo. Mas por que não podíamos entrar em contato com ninguém na cidade?
Enquanto eu pensava sobre isso, Soei saltou da minha sombra, assim como Soka e seus outros homens saltaram da de Gabil.
— Senhor Rimuru, é um enorme alívio vê-lo são e salvo.
Ele aparentemente perdeu contato comigo quando eu usei a Replicação para escapar de Hinata, causando-lhe uma grande consternação.
— Uau, Soei, estou muito mais preocupado contigo do que comigo no momento!
Ele estava ferido e exausto. Vester correu para buscar uma Poção Completa para ele beber.
— Perdoe-me por interromper, mas o Senhor Soei foi ferido ao tentar escapar da barreira implantada ao redor de Tempest.
— Silêncio, Soka. Estou bem. Senhor Rimuru, temo que a situação não esteja se encaminhando à nosso favor…
A história que ele me contou foi chocante. Havia uma força militar de Farmus marchando direto para Tempest. Soei, sabendo disso, voltou correndo para contar a Benimaru, mas foi impedido por uma barreira colocada ao redor da cidade, impossibilitando o acesso. Batendo com força nela, seu corpo “real ” escapou com “apenas um ferimento” (tão típico do Soei) e todos seus clones da Replicação foram gastos. Qualquer outra pessoa teria morrido na hora. Apesar de tudo, seus homens estavam prestes a tentar quebrar a barreira quando perceberam que eu tinha retornado.
Parecia que o aparente nervosismo de Soei era inteiramente culpa do meu desaparecimento. Muitas coisas devem ter acontecido na última meia hora ou mais, o ataque de Hinata contra mim sendo uma delas.
— Bem, desculpe por ter feito você se preocupar, Soei.
— De forma alguma, Senhor Rimuru. Contanto que esteja seguro, não há nada do que reclamar.
Apreciei a consideração, mas se eu tivesse voltado para Tempest mais rápido, talvez nunca teria topado com Hinata. Eu havia partido por meus próprios motivos egoístas e era melhor compensar por isso.
Porém, antes de tudo:
— Então, se o Reino de Farmus é o nosso inimigo, foram eles que implementaram a barreira sobre a cidade?
— Provavelmente sim.
— Nesse caso, todos na cidade estão em perigo?!
O pensamento fez minha mente acelerar. Hinata fez eu perder muito tempo. Não podemos ficar sentados aqui conversando o dia todo. Eu precisava ir para a cidade, rápido.
— Gabil, você toma conta da caverna. Mantenha Vester e os trabalhadores anões em segurança! Se algum intruso entrar, tente o seu melhor para capturá-lo vivo.
— Sim, meu senhor!
— Senhor Rimuru, devemos tomar alguma medida para entrar em contato com o Rei Gazel?
— Ah… espere até eu entender a situação. Agora, tudo o que faríamos é preocupá-lo ainda mais.
— Realmente. Certo, fique a salvo!
Eu entendia a preocupação de Vester, mas não havia muito que eu pudesse dizer ao rei ainda. Ele já tinha seu relatório preliminar; agora teria que esperar um pouco mais.
— Eu vou na frente.
— Sim, senhor! Estaremos logo atrás.
Tentei usar o Movimento das Sombras para ir à cidade, apenas para lembrar que a habilidade evoluiu para o Movimento Espacial.
— Espere aí, Soei. Vamos juntos, na verdade. Todos nós!
— Hum?
Usei o Movimento Espacial sem maiores explicações, conectando nossa localização atual a um ponto fora da barreira. A habilidade criou um buraco no ar, grande o suficiente para uma pessoa passar por ele, e nosso objetivo estava do outro lado. De fato, muito conveniente.
— A caverna está em suas mãos, Gabil!
— Sim, meu senhor! Aguardarei novas ordens!
Ele e seus homens acenaram para mim enquanto eu entrava no portal. Em um instante, estávamos fora da cidade, com Soei e sua equipe atrás de mim. Soei parecia calmo, mas Soka e os outros estavam bastante nervosos em viajar assim. Acho que não posso culpá-los. Gostaria de ter tido tempo para explicar as coisas detalhadamente, mas… dava não.
Agora eu tinha uma barreira sinistra na minha frente. Se alguém tão poderoso e talentoso quanto Soei não conseguiu atravessá-la, ela deve ser bem forte também. Eu estendi minha mão esquerda até sua superfície, e executei Analisar e Avaliar.
Entendido. Os efeitos da Magia Superior: Área Anti-Magia foram detectados, embora com uma redução na densidade de magículas. Ela segue o mesmo princípio do Campo Sagrado, mas sua composição não é uniforme, algumas áreas são menos densas do que outras. É impura, provavelmente uma versão inferior. Qualquer um que esteja dentro dela será afetado, mas os efeitos podem ser resistidos com a Barreira Multicamadas.
Bem, se é inferior, não é nada demais. Eu tinha Benimaru e todos os outros com quem me preocupar agora. Além disso, da forma como o Grande Sábio colocou, para conjurar qualquer “magia superior” é necessário que seu lançador fique no meio, mas essa barreira foi ativada de fora. Era uma magia de larga escala, provavelmente exige que várias pessoas – mais de uma ou duas – a mantenha de pé.
— Soei, rastreie os caras que estão lançando essa barreira para que eu possa neutralizá-los. Não entre em combate com eles. Basta levar toda a sua equipe até lá e avaliar suas forças.
— Sim, senhor. Como devemos contatá-lo?
Produzi um pouco de Fio de Aço Pegajoso e enrolei em seu pescoço.
— Que tal assim? Usando o Fio devemos ser capazes de falar um com o outro.
— Entendo. Isso deve funcionar.
Após testar, descobrimos que a Comunicação de Pensamento funciona desde que você a use através do Fio, tanto dentro quanto fora da barreira.
— Certo. Agora vá! Eu irei te ajudar se estiver em apuros. Se achar que pode vencê-los, incapacite-os, mas não mate ninguém.
— Sim, senhor!
Então, todos os cinco – Soei, Soka e seus três subordinados – desapareceram sem fazer barulho. Cara, eles eram tão ninjas. Sem dúvida se defenderiam facilmente contra um nascido da magia de alto nível se Soei os estivesse liderando.
Mas agora, tínhamos que ser cuidadosos. Um único erro pode causar nossa morte. Cada possibilidade tinha que ser considerada. Seguindo este raciocínio, pedi ao Sábio que continuasse sua análise, esperando que encontrasse uma maneira de remover a barreira por dentro. Soei tinha sua missão e eu a minha. Era hora de invadir.
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Ainda havia magículas no ar pela cidade, embora não tanto quanto antes. Se não fosse pela Área Anti-Magia, seria possível lançar magia até certo ponto. O Sábio estava certo; minha Barreira Multicamadas me protegeu de seus efeitos. Era muito mais fraca do que o Campo Sagrado, o que era um alívio.
Correndo pela cidade, fui em direção ao escritório principal fora da praça central. O espaço estava cheio de pessoas, a atmosfera de tensão e pânico. Algo definitivamente aconteceu. Isso me preocupou. Percebendo que eu estava lá, a multidão abriu caminho para mim e caiu de joelhos. Alguns deles correram em minha direção. Lá estava Rigurd, irrompendo em alta velocidade, com Rigur, Lilina e os anciões hobgoblins logo atrás.
— Senhor Rimuru! É tão bom ter você de volta. Fico feliz que esteja seguro…
— Ele se ajoelhou, praticamente agarrado às minhas pernas, parecendo estar prestes a cair no choro.
— Sim. Desculpe, eu te deixei preocupado.
— Oh, de forma alguma!! — Ele disse em abjeto alívio, antes que realmente caísse em prantos.
O restante deles também se ajoelhou, mantendo uma distância razoável de mim e Rigurd enquanto comemoravam meu retorno. Acho que perder o contato comigo preocupa muito mais as pessoas do que eu pensava.
— É bom te ver de volta, chefe — disse Kaijin, com a voz tensa.
Parecia que ele estava tentando não transparecer suas preocupações. Eu podia sentir instintivamente as emoções dos monstros muito mais facilmente do que as das pessoas, mas tive o pressentimento de que ele estava escondendo as dele agora. Garm e seus dois irmãos também estavam lá, bloqueando a passagem para a praça, como se quisessem me impedir de continuar o caminho.
— Siga-me até a sala de reuniões, se puder — disse Rigurd enquanto se acalmava de sua crise de choro e se levantava. — Há coisas que desejo relatar e discutir com você.
Agora ele estava de volta ao seu jeito ousado de sempre – sem tempo para chiliques – e sua voz estava firme e inflexível. Estava pronto para fazer o que precisava ser feito. O prédio ao qual queria me levar ficava longe da praça; acho que ele também não me quer lá. O que está acontecendo? Isso me preocupou um pouco.
— Ei, Rigurd, Kaijin, saiam do caminho e me digam o que está acontecendo.
— Oh, hm, só um pequeno problema…
— Não fuja do assunto e me deixe passar.
A habilidade de Coerção que entrelacei com minhas palavras fez com que todos desistissem, abrindo caminho para mim. Assim que fizeram, uma explosão retumbou a uma pequena distância da praça. Mesmo com a densidade de magículas reduzida, pude reconhecer a aura de Benimaru – e a julgar pelo som, estava em batalha.
— Ele está lutando contra alguém? Vamos lá!
Corri para o local. Rigurd e os outros seguiram atrás de mim, com expressões de alívio em seus rostos (não que tivessem percebido).
Como eu esperava, Benimaru estava em batalha – se bem que estava mais para uma surra do que qualquer outra coisa. Havia um grupo de orcs superiores em torno dele, todos vestindo uma armadura preta, liderados por Geld e observando a treta ao invés de ajuda-lo. Geld normalmente era sereno, mas assim como Benimaru, estava enraivecido.
Seu oponente era o homem-fera Gruecith. Eu me perguntei por que alguém servindo Carillon estava atraindo a ira de Benimaru daquele jeito, mas então notei Yohm atrás dele, caído fracamente no chão, e uma linda mulher que eu nunca tinha visto antes cuidando de seus ferimentos.
Benimaru ainda não tinha desembainhado sua espada, mas sua aura estava praticamente jorrando de seu corpo, deixando claro que estava lutando para conter sua raiva.
— Quer proteger essa mulher também? — Ele perguntou. — Não temos tempo para isso agora. Saia da minha frente agora.
— Heh heh! Não posso fazer isso. De jeito nenhum eu a entregaria quando todos vocês estão tão alterados assim!
— Oh, “alterado”, você diz? Se eu estivesse “alterado” teria te transformado em cinzas há muito tempo, acredite. Apenas desista e—
— Não vai rolar! Eu estou do lado dela, não importa o que aconteça!
Então Gruecith entrou em ação, disparando em direção a Benimaru ainda desarmado. Em um instante, se transformou no que parecia ser um lobisomem de pelagem cinza. Sua velocidade estava muito além daquela que mostrou na luta com Yohm. Com uma adaga em cada mão, correu à frente para confrontá-lo.
— Eu já disse, desista!
As adagas vaporizaram instantaneamente no momento em que fizeram contato com a aura que protegia Benimaru. Isso deixou Gruecith em choque, paralisado, o suficiente para permitir que Benimaru o agarrasse, o levantasse apenas com a mão esquerda e o arremessasse contra o chão. A colisão fez muito barulho e rachaduras apareceram na terra. O sangue jorrava de sua cabeça.
Foi a primeira demonstração da força de Benimaru que eu via há algum tempo, e estava em um nível completamente diferente de seu oponente. Mesmo sem se esforçar, ele tinha as vitórias em mãos desde o início. Mas Gruecith se recusou a desistir, voltando a ficar de pé.
— Ngh… Eu ainda…
— Pfft. Chega dessa merda. Se continuar no meu caminho, serei forçado a te matar, entendeu?
Ele tentou levantar Gruecith de novo, com uma expressão de resignação no rosto.
— Benimaru, pare!
Foi então que finalmente gritei e dei um basta nisso.
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Percebendo minha presença, Benimaru prontamente soltou Gruecih, que caiu de joelhos, a aura dele diminuiu gradativamente, e a tensão no ar desapareceu. Geld e o resto do público fizeram o mesmo, comemorando o meu retorno – mas Yohm e Gruecith precisavam ser socorridos primeiro.
— Benimaru, o que está acontecendo aqui?
— Bem, meu senhor…
Ele me contou a história enquanto eu pedia aos dois feridos que bebessem uma poção. Segundo ele, um grupo de pessoas disfarçadas de mercadores tentou atacar a cidade. Eles eram um pouco mais poderosos que o esperado, criando um grave caos.
— Então — ele me disse —, não fomos mais capazes de usar magia e pudemos sentir nossa força se esvaindo. Graças a isso, as pessoas da cidade estavam…
— Senhor Benimaru!
Rigurd gritou antes que Benimaru pudesse terminar. Eles trocaram olhares enquanto Benimaru acenava desajeitadamente com a cabeça.
— Vamos discutir sobre isso mais tarde… No entanto, nós ficamos enfraquecidos graças à magia lançada por aquela mulher.
Geld assentiu profundamente, me contando como ele rastreou a lançadora e tentou capturá-la, mas Yohm entrou em seu caminho e eles foram forçados a lutar. O resto da equipe de Yohm não estava no local; ainda estavam confinados em seus aposentos por enquanto. As coisas definitivamente ficaram mais críticas do que eu pensava.
E então, Yohm curado de seus ferimentos se jogou aos meus pés.
— Rimuru, cara, sinto muito! Eu não tinha nenhuma intenção de traí-lo. Tudo o que eu queria fazer era proteger a vida de Mjurran!
Mjurran, a mulher misteriosa que simplesmente estava com um olhar de desânimo até agora, deu um passo à frente.
— Chega, Yohm — ela disse, parecendo um pouco triste – sombria e talvez com medo de perder algo querido para ela. — Vá em frente, me abandone. Não tem por que você se envolver também.
— Por favor, Senhor Rimuru — acrescentou Gruecith, prostrando-se ante mim. — Eu entendo perfeitamente que, como seu convidado, não tenho o direito de te pedir isso. Mas ainda assim… por favor, você poderia pelo menos ouvi-la?
Benimaru e os outros pareceram enojados ao ouvir isso, mas meu retorno pelo menos os acalmou um pouco. Geld normalmente era cabeça fria; para ele estar alterado assim, deve ter sido algo muito sério… Mas eu não poderia tomar nenhuma decisão sobre até ouvir toda a história. Melhor entender os dois lados, pensei nisso enquanto Mjurran falava baixinho mais uma vez.
— Não, Yohm, Gruecith. Não tenho o direito de ser protegida por vocês. Quem pode dizer o quanto esta cidade perdeu, graças a mim…? Fui eu quem causou essa tragédia…
Rigurd estremeceu, Benimaru desviou o olhar e Kaijin apenas fechou os olhos e ficou ali parado, sem jeito. Essa tragédia…? Parecia que algo estava sendo escondido de mim, sim…
— Hum, o que você quer dizer com tragédia…?
O silêncio que minha pergunta causou persistiu até que Mjurran deu um passo à frente. Geld olhou-a com cautela, exigindo que eu o parasse.
— Me siga — disse ela enquanto se afastava corajosamente, parecia pronta para aceitar toda a responsabilidade pelo crime que cometeu.
Havia algo lindo nisso, de certa forma. Ela estava se dirigindo para a praça no meio da cidade, o lugar que tentaram me impedir de chegar antes.
Lá, diante dos meus olhos, estava um número incontável de monstros no chão – homens, mulheres e até crianças. Eu me aproximei deles. Estavam todos deitados-
– mortos.
… Como diabos isso aconteceu?
Eu senti minhas pernas enfraquecerem. O que está acontecendo aqui? Porra, não consigo me acalmar. Havia cerca de cem deles no chão. Huh…? E eles estão todos mortos…? Como assim? Que piada de mal gosto é essa?
Enquanto eu tentava absorver tudo isso, eu ouvi um dos anciões hobgoblin falar.
— Seguimos seus desejos, Senhor Rimuru, e tratamos os mercadores com gentileza e civilidade. Não tínhamos ideia de que havia maldade entre alguns deles…
— C-Cale a boca! — Rigurd gritou. — Você faz parecer que a culpa é do Senhor Rimuru!
Era tarde demais. As palavras pesaram profundamente em meu coração.
— Eu – eu peço desculpas. Não era essa a minha intenção…
Eu podia ouvir o pedido de desculpas de longe, mas minha mente estava distante.
Ele estava certo, minhas palavras, minhas ordens, foi tudo minha culpa.
Posso ser um monstro… mas costumava ser um humano. Eu só queria ser legal com as pessoas. Agora, vi a vida me derrubar e me acordar para a realidade.
Então, qual é a coisa certa a fazer?!
… Quem sabe? Isso é o que devo descobrir.
Minha mente inconsequente me atacou sem parar, mas eu não podia deixá-la ditar minhas ações. A culpa foi minha e cabia a mim arcar com as consequências. Parecia que uma torrente de arrependimento, um poço profundo cheio de raiva sem nenhum lugar para ir, transbordava de dentro de mim. Era difícil raciocinar. Eu senti como se estivesse respirando mais rápido, embora nem precisasse respirar em primeiro lugar. Eu não tinha um coração, mas ainda podia senti-lo disparado.
Simplesmente não parecia real. Quase desabei no chão, incapaz de manter minha forma humana. Mas eu não podia fazer isso. Eu tinha que me assegurar de entender a situação e não cometer ainda mais erros.
— O que é…? O que aconteceu aqui?
Minha voz estava baixa, fria e distante. Parecia que todas as minhas emoções haviam congelado.
— Se eu não tivesse lançado a magia superior — disse Mjurran enquanto eu tentava ficar de pé —, talvez nada disso tivesse acontecido.
Então, essa mulher é… a culpada de tudo isso? É por essa razão que Benimaru estava com tanta raiva?
… Eu tenho que me acalmar!!
Relatório. Magia Superior: Área Antiga-Magia não enfraquece seus alvos por si só. Em termos de causa, acredita-se que as pessoas que Soei investigou tenham tido maior contribuição.
A voz do meu parceiro ecoou em minha mente, alguém que nunca se deixou levar pela emoção.
Não, mas… ok. Vamos nos acalmar. Essa mulher Mjurran estava tentando me irritar a ponto de eu matá-la – e apenas ela. Estava tentando desviar a culpa de Yohm e Gruecith. Eu sabia disso, contanto que mantivesse minha cabeça fria…
Ceder à raiva e matar Mjurran não resolveria nada. Estaria apenas descontando meu ódio nela.
Foi graças ao Grande Sábio que não cometi outro erro.
Tradução: Another
Revisão: Flash
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