Sobre Quando Reencarnei Como um Slime

Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 05 – Cap. 01.2 – Dias Mais Calmos

 

A equipe de Yohm voltou à cidade alguns dias depois.

— Eae, está indo bem?

Gruecith sorriu de volta para Yohm.

— Estou. Fico feliz em ver que você também está.

Mas o que mais despertou seu interesse foi a bela mulher entre eles.

— Então, quem é essa?

— Oh? Eu achava que nascidos da magia como você se importavam com mulheres.

— Não seja estúpido! Os nascidos da magia não são todos iguais, você sabe disso. Licantropos como nós são mais próximos de demi-humanos do que de nascidos da magia completos. Também não é raro que alguns de nós acasalem com humanos e tenham descendentes.

— Sério que você mandou essa? Bem, vou te dar um conselho então: não se atreva a contrariar aquela mulher. Eu fiz isso, e tenho que te dizer, paguei caro por isso.

— O quê? De todas as coisas ridículas para dizer…!

Isso surpreendeu Gruecith. Yohm o campeão, derrotado por uma mulher que não parecia ser capaz de levantar uma espada? Era uma história difícil de engolir.

Você gostaria de tentar a sorte, então?

— Há! Eu gosto disso! Não tenho nem por que ir com tudo contra ela. Deixa comigo!

O comportamento de Gruecith era bastante previsível. Um desafio desses, ele não recusaria.

 Então eles foram para o campo de treinamento usual, e Yohm trouxe com ele a mulher, sua nova conselheira militar, aparentemente.

— Por que eu tenho que continuar com essa besteira? — Ela perguntou, parecendo seriamente relutante.

— Oh, não é nada demais, Mjurran. Eu só quero que você mostre a esse cara o quão forte você é.

— Sim, e eu já disse a você, não vejo razões para fazer isso.

— Há um bom motivo para isso! Ele te menosprezou. Eu odeio quando as pessoas menosprezam os membros da minha equipe.

 Gruecith lançou a Yohm um olhar irritado enquanto avaliava a mulher. Humm. Mjurran é o nome dela? Ela realmente é uma vista a ser apreciada. Mas por que aquele bastardo do Yohm está tentando me enganar? Ela tinha um ar gentil e delicado sobre ela. Forte não a definiria de forma alguma. Ele não conseguia acreditar na história dela ter derrotado Yohm.

Depois de suplicar mais algumas vezes à sua companheira, Yohm por fim, se virou para Gruecith e sorriu.

— Heh heh! Eu finalmente a convenci. Gruecith, se você conseguir ganhar desta senhorita, prometo que serei seu lacaio para sempre. Mas se ela te der uma surra… você terá que ser meu servo!

— O quê? Que tipo de bobagem você está falando agora?

— Oh, não gosta de apostas?

— … Você realmente acredita nisso? Bem, fique ligado. Você vai ter que me chamar de “chefe” daqui a pouco.

Ele pegou a isca muito rapidamente.

— Escute — interrompeu Mjurran —, você provavelmente está me menosprezando porque sou uma mulher, não é? É ridículo ser alvo de uma aposta como essa, mas ficarei feliz em te adestrar. Mas que fique avisado: eu sou uma maga, então espero que me enfrente de forma adequada!

— Uma maga, hein? Tem certeza de que deveria me dar tantos detalhes antes mesmo da luta começar? Se bem que com essa vestimenta fica muito fácil imaginar você como uma maga.

O termo mago se referia àqueles adeptos de pelo menos três sistemas da magia. Implicava um talento nas artes das trevas muito maior do que de um feiticeiro ou misticista comum. A magia que usavam era tão diversa quanto poderosa; é dito que é muito mais do forte que a magia de ataque de um mágico normal. Na verdade, o que Mjurran acabara de dizer, era que ela era uma especialista em magia bem experiente que carregava um grande histórico de batalhas.

 Gruecith entendeu o recado e isso o fez a respeitar ainda mais. Porém, ele ainda não tomou nenhum cuidado em especial. Um nascido da magia de nível superior como ele tinha resistência mágica intrínseca, e enquanto seus membros não fossem arrancados, sua habilidade de Autorregeneração poderia curar a maioria dos ferimentos. Qualquer ataque não letal poderia ser ignorado sem problema.

Além disso, ele pensou, se ela pode lançar uma magia poderosa o suficiente para me matar de uma só vez, ela vai precisar de uma grande quantidade de tempo para entoar o feitiço. Conjuradores como ela ficam vulneráveis, então posso simplesmente acabar com ela.

Esse era exatamente o mesmo raciocínio que Yohm teve naquele dia. Os resultados eram igualmente previsíveis.

……….

……

— Baaaahhh-há-há-há! Woudja, olhe para isso!

Gruecith se viu olhando para cima com amargura enquanto Yohm segurava o estômago e ria por um bom tempo.

Droga…!! Como isso aconteceu?!

Suas bochechas estavam vermelhas de vergonha, só não estavam mais porque ele havia sido enterrado até o nível do peito no chão. Ele se esforçou bastante para não chorar.

— Eu sei que provavelmente deveria ter começado com isso — disse ele a Mjurran alguns momentos depois —, mas meu nome é Gruecith. Talvez não tenha dado para perceber antes, mas eu sou um licantropo nascido da magia de nível superior. E não me entenda errado, não estou querendo dizer que poderia ter vencido se me transformado, asseguro isso a você.

Eles trocaram algumas gentilezas um com o outro, gentilezas cheias de sarcasmos e desculpas, embora parecessem normais para um observador desatento.

— Que vocês dois continuem se dando bem, certo? Então, Gruecith, sobre a aposta de antes?

— Hm? Ah, verdade. Yohm, de agora em diante, eu prometo que vou chamá-lo de chefe. O lorde demônio Carillon é o único mestre a quem realmente me devotarei, mas não vejo razão para não mostrar respeito a alguém que considero estar acima de mim.

— Você tem certeza? Porque eu disse isso mais como uma brincadeira para te motivar do que qualquer outra coisa…

— Está tudo bem, tudo bem. Mas, sendo honesto, se o Lorde Carillon me mandasse matá-lo, eu não hesitaria por um único momento. Desculpa, mas é assim que as coisas funcionam entre nós.

— Justo. Vou tentar manter isso em mente.

Pelo menos Gruecith foi honrado ao cumprir sua parte na aposta de Yohm. Ele tinha que admirar a devoção do licantropo às suas promessas.

— Sendo assim, vou entrar na sua banda também. Agora estou bastante acostumado com as coisas ao redor da cidade, e gostaria de ver algumas outras nações humanas enquanto estou nisso.

— Tem certeza?

 

 

 

— Tenho — Gruecith riu enquanto se puxava para fora do buraco no chão, sorrindo. — Meu trabalho aqui é explorar o mundo. Tenho permissão para fazer o que eu quiser até receber outra ordem.

 

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Mas agora alguém se aproximava furtivamente deles. Não era outro senão Gobta.

Hee-hee-hee…. Eu os vi. Se ela consegue fazer isso…

Ele estava tramando e planejando algo enquanto estragava a atmosfera agradável que cercava o grupo.

— Eu vi aquela batalha agora há pouco! Estou perplexo. Simplesmente me apaixonei pelos movimentos daquela senhorita! E é por isso que espero poder pedir um favor a ela.

— Ah, Mjurran, este é Gobta. Ele é… hum, bem, você poderia dizer que ele é único por aqui.

— Hee-hee-hee! Não, eu não sou não.

— Não, sério, Gobta é um verdadeiro artista — divulgou Gruecith. — Ele deixou aquele instrutor demônio acabar com ele agora, mas ele sempre volta para mais.

— Ooh, sim, aquilo foi difícil…

Gobta modestamente se virou um pouco antes de se lembrar o porquê ele estava ali. Seu rosto enrijeceu.

 — Então, hum, tem alguém que eu gostaria que você derrotasse, senhorita, usando aquela sua mesma estratégia. Aquele demônio, hum, quero dizer, nosso sábio instrutor sempre sai por aí agindo como se fosse o rei do mundo, sabe? Então—

Yohm e Gruecith acenaram o alertando. Gobta abaixou a voz, olhando em volta para o caso de alguém estar bisbilhotando.

— Eu vou te ajudar, Mjurran. Se pudermos vencê-lo, ele será obrigado a nos tratar com algum respeito, pelo menos. Além disso, eu adoraria ver a reação daquele cara a isso.

— De fato — concordou Gruecith —, é uma estratégia excelente. Até mesmo um ogro mago ficaria indefeso!

Então Mjurran, com a vantagem numérica de três para um, relutantemente concordou.

— Mas essa pode ser a última vez, por favor? — Ela implorou. Não é garantido que algo tão simples funcione sempre.

— Oh, vai ficar tudo bem! O velho é um espadachim, um lutador de curto alcance. Ele se orgulha de sua velocidade. Não tem como ele não cair nessa!

— Sim! Ele age como se fosse tão superior a nós, hobgoblins, então quero fazê-lo pagar por isso, para variar!

— Foi o suficiente para enganar até a mim, afinal. Uma batalha de curta distância, que depende de um trabalho de pés como esse, seria muito dificultada se a armadilha for acionada no lugar certo.

Esse truque funcionou, Mjurran disse a si mesma, porque vocês são muito previsíveis e simplórios demais para perceber. Ele não funciona bem com pessoas mais preparadas.

— Mas — ela indagou —, com que pretexto devo desafiá-lo?

— Hmm… Qualquer desculpa serve — arriscou Gobta. — Apenas diga a ele que você quer mais instruções sobre como lidar com inimigos usuários de magia.

— Logo, esta deve ser uma luta, não uma batalha real?

— Não tem problema, tem? Vai ser apenas um ataque. Diga a ele que quem acertar um golpe primeiro vence e tenho certeza de que ele vai aceitar.

— Você está absolutamente certo, Yohm. A resistência mágica é inútil contra essas regras, basta lançar aquele feitiço nele e você vence. Se ele te tocar primeiro, ele vence. Um teste de velocidade, pode-se dizer.

— … Hum, você realmente acha que estarei disposta a aceitar essas regras? Isso coloca os mágicos em enorme desvantagem. Como alguém assim pode competir em velocidade com um espadachim que é claramente mais rápido do que eles?

— … Oh verdade — Gobta admitiu. — Aceitar restrições em suas próprias habilidades quando você não sabe do que seu oponente é capaz é como assinar sua própria certidão de óbito.

Mjurran suspirou. Para ela, sinceramente, as ideias mal elaboradas de Gobta eram o suficiente para lhe dar dor de cabeça. Estratégias como essa tornavam óbvio para o inimigo que ele deveria esperar por algum tipo de armadilha. Todos os homens aqui eram estúpidos demais para perceberem isso.

— Tudo bem — disse Yohm. — Então Mjurran não luta. Só queremos que ele aceite que você é boa com magia, sabe? Então, visto que Gobta sugeriu isso primeiro, talvez possamos usá-lo como isca,

— Uma ótima ideia. Ele com certeza aceitaria o desafio de um hobgoblin.

Gobta começou a não gostar do rumo que as coisas estavam tomando.

— E-espere um segundo! —

 Ele gritou. Yohm e Gruecuth estavam ocupados demais elaborando seu plano para ouvir. Seria difícil arregar agora. Ter Mjurran lutando por ele parecia ser bom, mas se fosse seu pescoço em risco, não parecia mais tão bom.

Oh, não… se eu fizer merda, vou estar em apuros, não é? Acho que vou ter que ajudar a pensar em um plano melhor…

— Tudo bem, pessoal. Eu tenho uma ideia. Primeiro, eu o desafio para uma batalha. Quando eu fizer isso, quero que você coloque as armadilhas em um grande círculo ao nosso redor!

— Dessa distância, uma aposta mais segura seria liquefazer o solo e restringir seus movimentos.

— Como isso vai funcionar?

Mjurran liquefez um pequeno pedaço de terra próximo a ela para demonstrar o processo à Gobta. Ele deu um passo, então ficou maravilhado quando seu pé afundou com força, resistindo aos esforços de puxá-lo.

— Ohh, isso deve dar certo!

Esse foi o fim das deliberações.

— Certo — disse Mjurran. — Então, meu papel aqui é esperar pelo sinal de início da luta e transformar a terra. É isso?

— Exatamente!

Gobta sorriu.

Agora, eles só tinham que fazer o plano funcionar.

……..

…..

— Então, vou receber uma explicação para isso?

Gobta, Yohm e Gruecith foram obrigados a se ajoelharem no chão nus. Mjurran se aproximou para se juntar a eles, mas Hakuro a enxotou com um aceno e um sorriso de avô.

— Você não precisa — disse ele. — Tenho certeza de que esses idiotas diante de mim a instigaram a isso, não é?

— Mas eu não poderia simplesmente—

— Oh, não se preocupe com isso. Eles caíram na sua armadilha, então pensaram que funcionaria comigo também, não foi? Era um feitiço impressionante, mas seus olhos os entregaram.

Mjurran suspirou. Ela tinha visto isso chegando há muito tempo. Depois de estabelecer o plano, o grupo chamou seu professor, o ancião Hakuro. Isso, pelo menos, deu certo. Só precisou de um olhar para o homem relembrar Mjurran de que era esta a pessoa que dividiu um megalodon ao meio com um único golpe. Entre sua atitude agourenta e a sua forte presença, ela já previa a desgraça para esta brincadeira boba. Se esta fosse uma batalha real sem regras, teria sugerido imediatamente uma retirada apressada, mas isto era apenas um jogo, e ela pensou que ser derrotada ajudaria seus companheiros a amadurecerem um pouco.

Não vai funcionar, tenho certeza, mas pode ser uma boa ideia ver por mim mesmo como essa pessoa, Hakuro, luta.

Então ela concordou em participar.

— Excelente! — Hakuro berrou quando questionado. — Esse é o espírito rapazes! Vou tornar essa prática baseada em situações reais pela primeira vez em algum tempo. Vocês três, me enfrentem de uma vez! E a nova senhorita vai se juntar a nós? Ela parece ser uma usuária de magia, estou enganado?

— Uau, velhote- quero dizer, mestre sábio! Não faça pouco da gente tão rápido! Ouça esse hobgoblin, senhor. Tem certeza de que não está sendo um pouco confiante demais para o seu próprio bem?

— Heh-heh-heh! Como seu convidado, achei rude me intrometer na diversão de vocês…, mas depois do que você acabou de dizer, suponho que terei que ir com tudo, não é?

A visão do trio provocando Hakuro fez Mjurran modificar uma parte fundamental de sua previsão. Isso estava condenado antes mesmo de começar. Tenho muito a ensinar a eles depois disso…

Apesar de reclamar, ela estava acostumada a ser a conselheira militar de Yohm; na verdade, conselheira de tudo. Ela estava tão forte e responsável quanto sempre, e optou por apenas sorrir e tratar essa como uma oportunidade de aprendizado para seu grupo.

Assim que as coisas começaram a se desenrolar, o confronto terminou tão tristemente quanto ela previra. Liquefazer o solo ao redor de Hakuro não o atrasou em nada.

— Geh! Por que ele está se movendo normalmente?!

Mjurran espalhou sua magia em um círculo ao redor da área, dissipando-a apenas o suficiente para criar um caminho para Gobta, em pânico, escapar. Ao fazer isso, ela definiu uma posição para sua armadilha e a colocou. Mas, Hakuro se movimentava como se não tivesse nada lá, como se a sua magia tivesse simplesmente desaparecido no ar.

Ahh, ele deve ter notado. Mas mesmo notando, a armadilha deveria estar funcionando. Isso se parece muito com movimento instantâneo para mim.

Esta era uma das habilidades mais difíceis no arsenal de técnicas de Vontade de Batalha, um conjunto de artes marciais que apenas os mais talentosos poderiam esperar dominar. Vê-lo executando-a tão facilmente deixou Mjurran totalmente ciente de como seus truques eram inúteis.

— Tch! Aqui, velhote!

Mas Yohm continuou, revelando sua posição com um grito enquanto atacava seu inimigo. Ele estava sendo lido como um livro. Gobta, para a felicidade de Mjurran, tentou cambalear de volta à segurança. Ele foi recompensado com uma espadada de madeira na testa.

— De novo não… — Ele gemeu ao ficar de cara no chão. Yohm se juntou a ele em pouco tempo; não para resgatá-lo, exatamente, mas o verdadeiro motivo não importava mais. Hakuro era muito rápido. Antes que Yohm pudesse seguir adiante, Gobta foi derrubado e Hakuro estava atrás dele.

— Caralho?! Eu nem mesmo vi—

— Tolos.

Um golpe depois, Yohm estava caído.

 Se o truque de liquefação não funcionasse, a ideia original exigia que Yohm e Gobta distraíssem seu inimigo enquanto Gruecith se esgueirava para realizar um ataque surpresa. Isso provou ser igualmente uma perda de tempo. Antes mesmo de Gruecith perceber o que Yohm queria que ele fizesse, Hakuro derrotou dois de seus companheiros de equipe.

E, em meio a tudo isso, Mjurran observou esta bela demonstração de habilidades físicas. Ela precisou até usar o Sentido Mágico para isso, afinal o olho nu não conseguia acompanhar rápido o suficiente para entender o que estava acontecendo. E ela não estava apenas olhando. Também tinha lançado o feitiço com antecedência para manter em segredo o fato de ser uma nascida da magia.

Ainda assim… Se você vai desafiar um inimigo que requer o uso do Sentido Mágico apenas para conseguir acompanhá-lo, a única coisa que funcionaria nele seria magia de longo alcance que cobrisse uma grande área. Isso não é viável aqui, então tudo já estava acabado antes mesmo de começar.

Na verdade, qualquer magia que exigisse tempo de conjuração seria inútil contra um alvo correndo em velocidade supersônica. Para um mago atacar um inimigo como aquele, o preparo de vários feitiços com antecedência era essencial, entornando-os de antemão para que pudessem ser lançados habilmente com um gatilho durante a batalha. Isso, ou usar Conjuração Rápida.

Mas mesmo que eu usasse apenas a Conjuração Rápida, só funcionaria com magias de máximo de nível médio. Qualquer tentativa com magias superiores estaria fadada a fracassar…

O corpo de Mjurran continha mais magículas do que o necessário para seus feitiços, mas tentar superá-lo com força parecia ser um desafio. No entanto, a visão de como tudo estava se desenrolando fez com que esse absurdo parecesse valer a pena. Hakuro tinha como alvo Gruecithm, não a cautelosa Mjurran. Antes de neutralizar o usuário de magia, ele primeiro queria derrotar o maior obstáculo do grupo. Em outras palavras, Hakuro não considerava lidar com magia um problema.

Um pouco insultuoso, mas que seja. Senhor Hakuro provavelmente poderia lidar com qualquer coisa que eu pudesse jogar nele em minha forma humana. Eu gostaria de tê-lo acertado com alguma coisa…

Seguindo seu plano de antes, Mjurran preparou três pequenos feitiços explosivos para serem disparados um de cada vez. O primeiro foi lançado diante dos olhos de Hakuro quando derrubou Gruecith; não era uma bomba letal, mas um ataque de cegueira que mergulhou os dois na escuridão.

— Ngh?!

Foi o suficiente para Hakuro soltar um grunhido surpreso. Mas ele seguiu em frente, sem vacilar. Gruecith tinha um olfato apurado o suficiente para que a cegueira não o atrapalhasse em batalha, essa característica era o que tornava esse plano viável. Mas Hakuro também não dependia muito desse sentido. Logo, o plano fracassou.

Ele consegue ler a presença das pessoas ou…?

Claro, Mjurran havia adivinhado com antecedência que a cegueira não o retardaria. Sem perder tempo, lançou sua segunda magia. Este era uma Granada de Atordoamento, um feitiço que criou um flash de luz e um ruído ensurdecedor para paralisar a visão e audição do alvo. Era um de seus feitiços anti-humanos, eficaz em qualquer lugar, e ela esperava que a bomba cegante apenas acentuasse o efeito.

 E, novamente, estava certa. Pouco antes de a magia fazer efeito, viu Hakuro recuar por um breve momento enquanto estava com a visão escurecida. Ele estava à queima-roupa da luz e do barulho, mas não se importou e continuou em frente.

Eu sabia…! Suponho que Hakuro também sabe usar o Sentido Mágico…

Reagir a essa Granada de Atordoamento era algo possível apenas para aqueles que podiam ler o fluxo da magia, os movimentos das magículas. A explosão em si também não teve nenhum impacto sobre ele. Assim como Mjurran, ele baseou suas decisões em batalha no Sentido Mágico. Isso significava que ele poderia prever qualquer magia antes que fosse usada. Sendo assim, Mjurran teria que estourar grandes explosões instantaneamente se quisesse fazer alguma diferença na luta.

Ignorá-la e atacar Gruecith primeiro foi uma decisão sensata. Ela se concentrou em mantê-lo a salvo de status de enfermidades ao invés de tentar lançar magias diretamente, mas o Sentido Mágico tornava tudo isso discutível. A operação foi virada ao avesso.

Na verdade, até o ego de Mjurran foi ferido ao ver sua magia ser tão inutilizada assim. Isso não foi divertido, ela pensou. Eu não estava muito entusiasmada para essa luta, mas se ele acha que pode implicar com um mago sem enfrentar as consequências, está redondamente enganado!

Então ela voltou os olhos para Gruecith, só para se decepcionar.

— Arrrrhhh! Meus… meus olhos; meus ouvidos!!

— O que você está fazendo, seu idiota?!

Ela poderia ser perdoada por gritar com seu camarada. Aquela Granada de Atordoamento foi apontada em uma única direção. Não deveria ter afetado tanto Gruecith. O idiota deve ter olhado na cara dela. Ela disse a todos eles de antemão quais magias pretendia usar. Só dava para concluir que Gruecith era o tipo de licantropo do contra, que se você o dissesse para não fazer algo, ele faria exatamente o contrário.

Mjurran ergueu seus braços em rendição. Isso é simplesmente ridículo. Achei que a maneira como os licantropos são tão estupidamente diretos com as pessoas os tornaria fáceis de usar. Mas é exatamente o oposto, não é?

— Se isso não te afetou em nada, então a gente perdeu. Duvido que Gruecith ajude em mais alguma coisa.

— Ho-ho-ho! Você é rápida para ler o rumo da batalha, minha senhorita; pelo menos muito mais do que esse trio incompetente. Então, você não vai usar seu feitiço final?

— Não. Duvido que vá fazer alguma diferença.

O feitiço final era Névoa do Sono. Colocar Hakuro para dormir completamente provavelmente era impossível, mas se pudesse desacelerar seu raciocínio um pouco enquanto cruzava espadas com Gruecith, isso poderia deixá-lo lento o suficiente para que pudessem encaixar um golpe decisivo. Mesmo que isso não acontecesse, Mjurran percebeu que só de surpreendê-lo já seria de grande ajuda.

Mas a visão de Gruecith meio preso no solo liquefeito exauriu sua vontade de continuar. Então ela suspirou, e Hakuro revelou a ela seu feitiço.

— … Seus olhares os entregaram desde o início.

Mjurran revirou os olhos quando ouviu ele dizer isso. Todo o trabalho que havia feito para garantir que a magia não fosse detectada, só para que no fim Gobta e Gruecith estragarem o plano ao se telegrafarem. É assim então, ela pensou enquanto soltava um suspiro. Só não foi mais óbvio do que se abrissem a boca e falassem: “Ohhh, ei, tem uma coisa aqui.”. Yohm era forte o suficiente para resistir a esse impulso, pelo menos, mas ele é apenas um humano. Nada que fizesse funcionaria em Hakuro.

— Ho-ho-ho! Você pode até ser uma ótima estrategista, minha senhorita, mas sem uma visão aguçada da personalidade de seus aliados, nunca se pode esperar um trabalho em equipe verdadeiramente eficaz. Nenhuma equipe montada às pressas poderia me derrotar.

Mjurran acenou com a cabeça para as condolências.

— Tem sido uma provação, para mim, sim. Eu gostaria de começar os estudando mais profundamente.

— Hmm. Sim. Boa ideia.

Hakuro acenou com a cabeça, então se virou para os seus três oponentes ajoelhados.

— Então, que tal me responderem agora? Antes que eu decida trocar as lâminas de madeira para metal?

O sorriso avuncular que ele deu a Mjurran era coisa do passado. Agora o ogro estava de volta à sua forma demoníaca.

— Ó meu deus!

— É o quê?

— Espereeeeeee!

Três horas depois, eles ainda estavam lá, com as penas dormentes de tanto ficarem ajoelhados. Hakuro estava fazendo com que ficassem desse jeito até que tivessem a maldita certeza de que não fariam mais maluquices assim. Mjurran olhou de relance para o trio enquanto voltava para o seu quarto, prometendo a si mesma que nunca se juntaria a eles em um “plano” como este novamente.

 

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—Agora, digo isso por precaução, ouçam bem, mas prometam que não vão tentar “testar” o Senhor Rimuru assim, por favor.

— Do que você está falando? — Gobta implorou a Hakurou, parecendo estar preocupado. — Nunca que isso funcionaria com o Senhor Rimuru!

— Oh? Sendo honesto com vocês, acho que tem uma certa chance de isso funcionar…

— Há-há-há! Que isso, vovô. Você não acha que está se preocupando demais? Alguém como o Senhor Rimuru não cairia em uma brincadeira de criança como esta!

— Espero que não — disse Hakuro. — Se ele caísse estaríamos em apuros.

Seus pupilos estremeceram só de pensar.

— S-sim… não estávamos planejando, mas depois disso definitivamente não iremos.

— Gobta disse isso. Ele e aquela outra garota também. A violenta.

— Você quer dizer Shion? — Gobta perguntou. — Ou, espere, não… Mili—

— Que isso, pare aí, Gobta.

O hobgoblin acenou com a cabeça para Yohm que parecia estar em pânico. Gruecith não acompanhou a conversa, mas entendeu bem o suficiente que era para ficar em silêncio. Uma jogada inteligente, embora talvez nem tenha sido intencional.

— Tudo bem — Hakuro entoou gravemente, — Soei é muito prudente para cair nisso, mas Senhor Rimuru e o Senhor Benimaur… eles têm suas peculiaridades, podemos dizer? O Senhor Rimuru parece ter restringido seu Sentido Mágico também, até certo ponto…

— Por que ele está fazendo isso, senhor? — Perguntou Gobta.

— Quem sabe — Yohm respondeu, olhando para ele. — Eu não conseguia nem imaginar como aquela coisa de Sentido Mágico funciona.

— Bem — interrompeu Gruecith —, consigo ver por que Lorde Carillon aceitou Rimuru como um igual. Colocando limitadores em suas próprias forças… um ciclo de treinamento constante e sem fim!

— Huh?

— Nossa, é isso então? Caralho, o Senhor Rimuru é incrível!

— Huh. Cara, a mente dele funciona em um plano totalmente diferente da nossa, hein?

Isso, junto com a provação posterior de Hakuro, levou a uma nova moda em Tempest, onde monstros deliberadamente limitavam a liberação de suas habilidades para aprimorá-las com mais eficiência. Não tinha nada a ver com Rimuru, mas se  estivesse por perto, eles esperavam que ele aprovasse.

Todo aquele trabalho árduo com o solo liquefeito junto com ser golpeado com força por espadas, tinha deixado os três muito enlameados. Não demorou muito para que eles topassem entrar juntos nas famosas instalações balneares da cidade.

— Cara — Gobta observou —, aquela senhorita com certeza sabe como usar sua magia. Ela é bonita também!

— Sim, não é? E ela também tem personalidade. Não é só aparência.

— Não consigo discordar. O nome dela é Mjurran, certo? Seria bom se ela pudesse dar à luz ao meu filho…

— Ei, Gruecith. Você não pode falar assim. Ela é uma das minhas oficiais.

— O que o cu tem a ver com as calças, Yohm? Quando se trata de romance, sou livre para fazer o que eu quiser. Primeiro a chegar, primeiro a ser servido.

— Uau! Sério? Vou manter isso em mente.

— Não comece, Gobta!

Gruecith riu do choroso Yohm.

— Talvez eu deva ir falar com ela sozinho, hein?

— Droga, Gruecith, eu vou primeiro! Eu sou seu chefe!

— Tá louco? Eu acabei de te dizer: romance tem tudo a ver com liberdade.

A conversa estava se transformando em uma discussão acalorada quando chegaram na casa de banhos. No momento em que se lavaram e se acomodaram na banheira quente, os olhos de Gobta começaram a emitir um brilho sinistro mais uma vez.

— Eu acabei de lembrar que Kabal disse algo para mim quando estive aqui pela última vez — ele começou —, Dizem que existem alguns banhos no mundo que são “unissex”. Ele disse que o Senhor Rimuru contou a ele sobre isso… e, vocês sabem, a palavra do Senhor Rimuru é a lei, não é?

— Espere aí, Gobta. Se for uma ordem do próprio Rimuru, temos que garantir que ela seja cumprida, certo?

— Uh-hum. Eu também acho!

— O quê? Gobta, que assunto é esse? Conte-me mais sobre isso… banhos unissex.

— Hee-hee-hee! Você também gosta, né, Gruecith? Bem, são assim…

Ele repassou o tópico em detalhes, deixando-o mais animado a cada palavra que ouvia.

— Então você quer dizer… não apenas Mjurran, mas também Senhorita Shuna e Shion…?

— Você deve estar brincando comigo, Gobta. Eu não tinha ideia de que essas eram as regras por aqui!

A sensação agradável do banho quente da primavera estava colocando as mentes do trio à vontade. Também levantou suas vozes, seus esquemas ecoando pela câmara. Nem todas voltaram, no entanto. Algumas das ondas sonoras abriram caminho através da parede e para os ouvidos de Shuna e Shion, que convidaram Mjurran para desfrutar do banho feminino com elas.

— Eu me pergunto se deveríamos desenvolver uma poção para expulsar essas safadezas de suas mentes?

— Não se preocupe, Senhorita Shuna. Vou espancar eles até que clamem por misericórdia e percam totalmente suas forças de vontade!

— Ficarei feliz em ajudar — acrescentou Mjurran.

Infelizmente, não existiam registros para dizer o que aconteceu aos homens depois.

 

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— Mjurran, podemos conversar?

Várias semanas se passaram, tempo o suficiente para Mjurran se acostumar totalmente à vida com Yohm e sua equipe, quando seu líder falou com ela.

— Claro. A respeito?

— Não… aqui, se você não se importar.

— Oh?

Isso pareceu estranho, mas não o suficiente para fazê-la recusar o pedido. Então o seguiu para fora da cidade e em direção a um trecho deserto da floresta.

Hum? Será que ele descobriu quem eu sou? Não pressinto nenhuma armadilha ou emboscada à frente…

O resto da equipe de Yohm ainda estava guarnecida na cidade; Mjurran sabia exatamente de todas as suas posições. Ela não gostou muito do olhar que Yohm trocou com Gruecith quando a chamou, mas parecia que seu disfarce ainda estava seguro.

O que é tudo isso então…?

Ela permaneceu perplexa até a entrada das terras da Floresta de Jura.

— Já caminhamos o suficiente, não é? Então, o que é—?

— Mjurran!

A interrupção deixou Mjurran extremamente assustada e em alerta. Não! Sério mesmo?! Então ele já tinha descoberto, afinal? Ele já contou a mais alguém? Ou Yohm foi o único a descobrir até agora? De qualquer forma, ela tinha que propor contramedidas antes que—

— Eu te amo! Eu juro: me apaixonei por você à primeira vista!

Sua mente parou.

… O que?! O que ele disse?

Diversas perguntas surgiam e saíam de sua mente, mas essa foi a única resposta que conseguiu pensar. O simples retorno do olhar de Yohm derrubou toda a sua fortaleza mental.

Olhando para trás, Mjurran sempre sentiu um par de olhos sobre ela. Era um fato desde que se infiltrou em seu grupo. Pertencia a Yohm, e quando seus olhos se encontraram, o viu várias vezes evitando os dela por constrangimento. Isso a deixou um pouco nervosa, talvez se perguntando por que ele estava tão vigilante com ela. Mas talvez suas dúvidas fossem realmente sobre algo totalmente diferente.

— Você está falando sério?

— Sim. Eu prometo que vou te fazer uma mulher feliz. Eu prometo!

A pura franqueza da confissão fez as bochechas de Mjurran corarem. A última vez que foi (cronologicamente) uma jovem mulher, foi há uns bons sete séculos. Suas memórias eram, na melhor das hipóteses, vagas. Nenhuma memória de ninguém naquela época. Para ela, o romance era uma experiência completamente nova. Uma terra inexplorada.

A ansiedade venceu a felicidade em sal cabeça. Isso, e:

… Ele vai me fazer uma mulher feliz? O lorde demônio Clayman usou o Coração de Marionete para me tornar seu fantoche pessoal. Se eu não conseguir recuperar meu coração verdadeiro, nunca serei livre; e não há como fazer isso. E como um humano poderia me amar? Todos morrem rápido demais…

Então optou por atrasar a resposta. A parte lógica de seu cérebro a disse para dizer não e seguir com a vida, mas de alguma forma, ela não tinha coragem para isso. Quatrocentos anos de vida como uma nascida da magia, e era a primeira vez que se sentiu tão ansiosa consigo mesma.

Mesmo depois da confissão, a vida continuou normalmente.

Yohm era geralmente bastante superficial em termos de personalidade, mas talvez por respeito aos sentimentos dela, não avançou mais nenhuma vez em Mjurran. O sentimento era sem dúvida mútuo. Seja circulando pelas aldeias para caçar monstros ou relaxando na cidade, ele mostrou preocupação por ela, mas nunca fez nada para pressioná-la por uma resposta.

Eu… O que devo fazer? Enquanto Clayman viver, não tem como seu sonho se tornar realidade…

Em algum lugar ao longo do caminho, Mjurran começou a ter devaneios de si mesma mais intimamente próxima de Yohm. A parte lógica do seu cérebro negou que pudesse haver uma possibilidade, mas ela simplesmente não conseguia parar de pensar nisso. Sua mente gradualmente começou a se abrir para isso, cativando-a tão profundamente que nem percebeu Gruecith olhando para ela, com uma expressão preocupada e solitária em seu rosto.

A vida era boa, e agora, dentro de uma semana, seria destruída.

— Já faz um tempo Mjurran. Você está indo bem?

O comunicado mágico de Clayman chegou do nada. Isso a fez entrar em pânico.

— L-Lorde Clayman! O que o levou a entrar em contato comigo?

Para ela, Clayman não era digno de sua lealdade. Se pudesse, o mataria durante o sono. Só não fez isso porque era tão óbvio para ambas as partes que iria falhar.

A última vez que se reportou a ele, Clayman estava estranhamente animado. O mesmo acontecia dessa vez. Os instintos de Mjurran a alertaram. Isso a assustou. Clayman quase nunca mostrava emoções a seus subordinados, se ele estava se divertindo agora, as coisas deveriam estar indo exatamente do jeito que queria. Não parecia ser uma boa notícia para ela; não era.

— Graças à informação que você me forneceu,

 — Clayman disse à cautelosa Mujrran —, as coisas estão indo muito bem por aqui. Você fez um excelente trabalho. Ora, estou até começando a considerar que é hora de devolver este coração em minha mão e libertar você.

Mjurran ficou calada por um instante, confusa com a proposta. Por apenas um momento, o rosto de Yohm apareceu em sua mente. Ela podia sentir seu espírito pular de excitação, mas ainda conseguia manter sua voz calma. Clayman nunca deveria saber sobre seus verdadeiros sentimentos. Ele era um lorde demônio, um desonesto Mestre Marionetista totalmente disposto a enganar seus próprios servos.

— Muito obrigado, senhor. Esta sugestão repentina é uma grande surpresa para mim. Isso significa que você não precisa mais dos meus serviços?

— Haaa-ha-ha-ha! Ah, você nunca muda, Mjurran. Quase não há necessidade de tal modéstia. Por que eu iria querer perder um peão tão talentoso? Espero que você ainda seja capaz de desempenhar um papel para mim, sim.

— Entendo. Estou feliz por ouvir—

— Mjurran — o lorde demônio silenciosamente interrompeu antes que ela pudesse terminar sua resposta cuidadosa. — Não tem por que se preocupar tanto. Eu simplesmente quero que você faça um último trabalho para mim. Você não vai recusar, não é? Tenho certeza de que não está pronta para morrer ainda, e tenho certeza de que você não quer ver o homem que ama morrer diante de seus olhos!

Seu rosto empalideceu.

— Eu-eu não tenho amor por …?!

— Por qualquer homem, não é? Você pensa muito pouco de mim, Mjurran. Tudo que você precisa fazer é seguir minhas ordens, e tudo ficará bem. Eu mostrei a você o doce sonho de libertação ali; eu não me importaria se demonstrasse um pouco de gratidão por isso. Apenas espere até que eu te dê as ordens, entendido?

Então ele desligou o link.

Mjurran, infelizmente, não tinha nada com que se opor. Não importava o quanto isso a deixasse ou qualquer outra pessoa frustrada, o único caminho para a salvação era servi-lo. A única coisa que permaneceu em seu coração foram as palavras finais do senhor demônio:

— Quando tudo acabar, eu vou libertar você. Seu sonho de viver com o homem que você ama pode se tornar realidade em não muito tempo.

Isso era uma armadilha?

 Não, com certeza era. Mas tudo que Mjurran podia fazer era confiar em suas palavras. Se duvidasse delas, isso levaria a uma potencial tragédia para si mesma e para Yohm. Era muito melhor para ela apenas fazer o que Clayman disse e torcer por outro capricho passageiro a seu favor.

Como sempre, a única opção disponível para Mjurran era aguardar seus pedidos. Mas se isso realmente levasse à sua libertação…

… Eu poderia realmente aceitá-la?

Ela teve que refletir bem sobre isso, não importando o quanto soubesse que era imperdoável.

Se este sonho se tornar realidade, provavelmente será o mesmo que vender minha alma ao diabo.

Estava resolvido. Mjurran se decidiu. E então, como se nada tivesse acontecido, ela estava de volta à ação.

 


 

Tradução: Another

Revisão: Flash

 

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