Sobre Quando Reencarnei Como um Slime

Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 04 – Cap. 07.2 – Almas Salvadas

 

Aliviados após resolver o problema, decidimos voltar para a academia.

— Ramiris, eu nunca vou poder te retribuir o suficiente pelo que fez. Espero que nos vejamos por aí.

Me virei para ir embora, mas antes que pudesse…

— Espere, espere, espereeeeeeeeeeeeeeeeee!!

Ramiris parecia estar fora de si em pânico quando me chamou. Ela com certeza podia fazer um estardalhaço quando tinha vontade.

— Espere.

Ela lamentou enquanto me puxava pelo colarinho, meio que me estrangulando, não que eu pudesse respirar.

— Você não acha que está esquecendo de alguma coisa?

— Oh, o que? Vai reclamar do que para mim mais uma vez?

— Eu não estou reclamando! Você se lembra? Da coisa que prometeu?

Que coisa? Do que essa garota está falando…?

— …Oh?

— Não me diga que você já se esqueceu? Você disse que se eu te ajudasse, você arranjaria um novo golem para mim—

— Ah!

— “Ah”? Então você realmente tinha se esquecido?!

— Oh, não, não seja boba, Ramiris. Quem você pensa que eu sou, hein? Claro que eu me lembrava da nossa promessa!

Verdade, eu tinha prometido! Aquela isca que eu usei para convencer ela a me ajudar!

— Bem, eu ajudei você, e agora eu quero a sua ajuda nisso! Se energias positivas são tudo que você tem a me oferecer agora, sem problema, mas como fez uma promessa você vai ter que cumpri-la, certo? Certo?

Eu a deixei choramingar enquanto trabalhava com um pouco de magiaço no meu estômago, moldando-o como argila. Era um grande desperdício de um bom material, mas eu não tinha mais nenhum outro material para usar. A partir das minhas memórias trabalhei para recriar a forma humanóide do robô, e então eu o entreguei a ela sem falar nada.

— Ah, sim, desculpe por isso. Que tal esse, então?

Era o robô de magiaço que prometi a ela. Um golem.

— Ei, espere um…!

Tinha um pouco menos de trinta centímetros de altura, muito parecido com a própria Ramiris. Pegando-o como uma garotinha segura uma boneca, ela perdeu o equilíbrio no ar, achando pesado demais para carregar.

— Certo, então é isso!

Com a minha promessa cumprida, comecei a ir embora apenas para ser interrompido por Ramiris chorando como aquela mesma garotinha.

— Você realmente vai quebrar sua promessa?!

— O quê? Eu te dei o golem que você queria.

— Não, não, não! Não isso… quero dizer, parece muito legal, mas não era isso! Você vaporizou meu Colosso Elemental, agora não tenho mais nada para proteger este lugar! Até que você me faça algo que possa me proteger, eu nunca vou deixar você sair daqui!

Quando terminou sua reclamação começou a chorar, me ameaçando a uma vida inteira dentro do labirinto.

— Oh, não se preocupe com isso. Acabei de aprender Movimento Espacial, então posso sair daqui quando eu quiser.

Eu definitivamente não esperava por esse resultado, mas ainda bem que adquiri essa habilidade agora.

— Waaaaaaaaaaahhh! Espera, espera! Quer dizer, sério, estou em apuros aqui! Eu ainda sou uma criança, se lembra? Fraca, inocente e coisas do tipo? Então acorda! Estou ferrada! Faça alguma coisa sobre isso!

Agora as lágrimas escorriam como gotas de chuva. Estar perto de uma lorde demônio como esta estava me dando dor de cabeça.

Hmm, só que isso era um problema. Eu poderia simplesmente dizer a ela “Você colhe o que planta!” e me teletransportar, mas eu meio que destruí a casa dela. Além disso, os olhares que as crianças estavam me dando estavam realmente me incomodando. Eu acho que elas pensaram que eu estava apenas intimidando essa pequena e fraca fada.

Por que eu tive que vaporizar aquela coisa no ar? Digo, sendo honesto, eu não acho que coloquei tanta força no meu ataque. Magiaço é realmente resistente à magia e é um dos metais mais duros existentes. Mas, como qualquer outro metal, tinha um ponto de fusão. Um que eu pensei que era tão alto, que eu meio que exagerei.

O Grande Sábio agiu como se não fosse grande coisa, então achei que tudo ia ficar bem, mas agora veja o que aconteceu. Foi a primeira vez que usei a versão com menor alcance da Chama do inferno em combate real, então não consegui ajustá-la corretamente. Não vou usar muito isso na verdade, mas é melhor eu maneirar um pouco da próxima vez.

Então, como substituir aquele golem…?

— Oh, cara… Olha, vai ser difícil reproduzir algo tão grande, sabe?

— Eu não preciso que seja algo tão grande! Apenas algo que seja forte o suficiente para me proteger! Isso é tudo que preciso!

Certo. Ramiris decidiu exatamente o que queria; agora estávamos indo a algum lugar. Eu tinha uma boa quantidade de magiaço restante, mas não queria desperdiçar muito com isso.

O Colosso Elemental era inteiramente feito de magiaço em seu exterior, então eu teria que usar bastante desse material para reproduzi-lo. Mas…. hmm, força é tudo que ela quer, né? Talvez eu pudesse fazer um manequim de tamanho humano, instalar um espírito nele e… Espere aí, eu não tinha alguma magia que conseguia fazer mais ou menos isso?

 

Entendido. Procurando pela Criação: Magia de Golem. É possível executar. A força de um golem depende da força de seus materiais e do espírito elemental ou demônio destilado nele. Ferro, pedra, madeira e argila são os materiais mais comuns. Seu exterior pode ser alterado dependendo da imagem na mente do usuário da magia. Depois de criar seu corpo com os materiais, a instalação e a formatação final podem começar logo em seguida. Uma vez que as condições sejam atendidas, você pode ativar o processo pensando nele.

 

O Sábio é foda mesmo. Ele descobriu a magia de criação para mim, que é um nível acima da magia de inscrição que eu tinha antes, e instantaneamente a recuperou do vasto arquivo de tomos mágicos que eu folheei.

A maneira que a magia funcionava era relativamente simples. Eu aprendi a convocar um demônio enquanto fazia o meu exame da guilda, permitindo-me facilmente conjurar um demônio. Melhor eu ir com isso, mesmo se eu convocasse um elemental, acho que seria um saco de controlá-lo. A conexão espiritual entre o elemental com seu usuário era muito importante, mas com um demônio, contanto que você pagasse o preço, ele faria qualquer coisa por você. Além disso, para um trabalho de proteção como este, eu precisaria de no mínimo um elemental de alto nível, ou então não daria certo. Elementais inconscientes não serviam para nada.

 Então decidi instalar um demônio no golem. Você pode até pensar que ele poderia se rebelar por ser usado assim, mas isso nunca realmente aconteceu. Uma convocação era uma espécie de contrato, e ele nunca traíam seu invocador, desde que os termos tenham sido pagos, é claro. Se você pedisse mais do que pediu originalmente quando forjou o pacto, então acabaria por aí. Isso, e se as condições fossem muito irracionais, o contrato seria cancelado na hora. Todos os demônios negociavam dessa forma, então a confiança era importante. Só porque alguém era um demônio, não significava que era mau, afinal.

 De qualquer forma, agora eu tinha um plano em mente. Vamos fazer o corpo com magiaço, instalar um demônio dentro e criar esse golem. Eu tinha certeza de que poderia construir algo muito mais forte do que um monstro besta e medíocre, seria um de rank A.

 

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— Tudo bem. Eu vou te ajudar, beleza? Então pare de ficar desse jeito, Rami. Eu vou fazer esse guardião forte e louco para você, só não reclame, ok? Em troca, você poderia me ensinar engenharia espiritual?

Kaijin e Vester se interessariam por aquele Colosso Elemental também. Provavelmente poderíamos fazer com que trabalhassem juntos na cidade para reproduzi-lo. Eu não me importaria em fornecer os materiais para isso. Em troca, porém, vou dar a Ramiris o guardião que ela precisa.

— Combinado… mas você não está tentando me enganar de novo, está…?

Cara, meu deus cara. Ela era muito desconfiada. Por que ela não podia simplesmente acreditar um pouco mais nas pessoas?

— Não estou tentando enganar você. Eu tenho alguns artesãos anões em minha cidade, sabe, e eles estavam envolvidos naquele projeto de soldado de armadura mágica também. Achei que poderíamos realizar algumas pesquisas lá.

— Eu também quero pesquisar isso, Senhor Rimuru!

— Eu também!

As crianças com certeza ficaram entusiasmadas com isso. Humm. Soldados blindados com pilotos humanos dentro? Parece muito ambicioso.

— Você vai fazer com que fique parecido com isso? — Ramiris perguntou, empurrando a boneca que construí de volta para mim.

— Me deixa montá-lo primeiro, Senhor Rimuru!

— Eu também quero montá-lo!

Até o reservado Ryota topou. Definitivamente tenho que tentar fazer isso dar certo, pensei enquanto estendia a mão para pegar a boneca de Ramiris. E então, ela me impediu escondendo-a atrás das costas e entregando-a a vários servos, que lutaram para carregá-la para algum outro lugar.

— …Humm…

— Isso é meu! Não vou deixar você pegar de volta!

Quão egoísta você consegue ser? Primeiro, ela quer um guardião de mim, então ela não quer me devolver aquela boneca. Eu estava começando a perceber que muitos dos lordes demônios eram egocêntricos. Não vou citar nomes, mas são realmente muito egocêntricos.

— Bem, você vai me ajudar com isso, não vai?

— Ok! Então, que tipo de guardião você vai construir para mim?

— Hum? Oh, eu estava pensando em uma versão mais forte do que aquela que eu derrotei…

— Mesmo?! Uau! Você realmente é um cara super legal, não é?

E então, me comprometi a fazer um novo e aprimorado guardião para o domínio de Ramiris.

 Começando com o trabalho de preparação, eu vomitei um pouco de magiaço do meu estômago, alinhando os pedaços. Era uma das melhores qualidades possíveis de se encontrar por aí, enriquecidos com magículas para tornar mais fácil o uso de magias nelas. As crianças assistiram, muito curiosas.

— Onde…? Ei, onde você conseguiu tudo isso?! Oh, só… deixa pra lá.

Ramiris me olhou extremamente irritada. O que quer que ela tenha pensado sobre isso, ela guardou para si mesmo, então eu fui direto ao trabalho, processando cada pedaço de magiaço que tirei. Se íamos fazer uma figura humanoide, tinha que ter juntas esféricas. Eu não ia largar mão disso e realmente fiquei surpreendido com o quanto tinha ficado parecido com o que eu tinha imaginado.

Com cuidado, juntei as partes móveis adicionando alguns elementos originais de minha autoria. Eu tinha um amigo na Terra que era muito bom em montar e pintar action figures de anime. Eu ficava com tantos ciúmes dele, visto que eu era hábil o suficiente apenas para talvez montar modelos de robôs bem mais simples. Agora, as coisas são diferentes! Com o Grande Sábio me ajudando, eu poderia criar as coisas exatamente como as imaginava em minha mente.

A ex-Rainha Espírito estava olhando para o meu trabalho com grande ceticismo, sem dúvida se perguntado o que diabos eu estava fazendo. Porém, conforme a construção progredia, ela passou a ficar visivelmente animada.

— Uau! Nossa, isso é incrível! Ó meu deus! Você, isso, isso é incrível! Eu não consigo acreditar que você pode fazê-lo se mover tão livremente assim.

Ela mal podia esperar por isso e realmente, eu não esperava que ficasse tão bom quanto acabou ficando. O fato de que o puro magiaço poderia se dobrar para atender às intenções do fabricante ajudava, sem dúvida.

Em pouco tempo, o trabalho estava feito. Era praticamente de forma humana; esguio, com um pouco menos de um metro e oitenta e com uma cobertura facial parecida com a minha máscara. Eu me senti orgulhoso!

— Certo! Terminei! Agora vou invocar um demônio e colocá-lo dentro disso, mas me prometa que não vai fazer nada de ruim com ele, combinado? Vou por um bloqueio mestre nele para ter certeza de que ele terá o direito de recusar qualquer coisa estranha que você o mandar fazer!

— Entendi, já entendi! Tanto faz! Mas posso usá-lo do jeito que eu quiser, certo?

— Hum? No labirinto sim, claro. Só não incomode outras pessoas com ele, ok? Além disso, acho que esse cara vai ser bem forte, então tome cuidado para não se machucar também.

Com a permissão de Ramiris, fiz os retoques finais. Primeiro, o bloqueio mestre; um feitiço com algumas ordens do criador original, delineando algumas regras simples. E então, o demônio. Por mais que estivesse dando muito trabalho, eu tinha certeza de que o resultado seria muito melhor do que apenas criar um golem usando um feitiço.

Abrindo meus braços, eu fingi entoar um feitiço falando algumas baboseiras. Ainda estávamos perto do altar de antes, embora eu tenha mantido as crianças afastadas dele para caso a situação ficasse perigosa. Apenas Ramiris estava atrás de mim.

Seria ótimo se funcionasse, mas se eu não usar força o suficiente, o demônio pode perder o controle. E então eu teria que fazê-lo obedecer à minha vontade o derrotando em batalha ou cancelar toda a convocação. Vamos rezar para que isso não aconteça. Todo esse trabalho contínuo minou muito da minha energia tanto física quanto mágica, então eu realmente gostaria de evitar mais empecilhos inesperados.

Ao lançar este falso feitiço, um círculo mágico foi desenhado no chão. Não teve necessidade de entoar coisa nenhuma, mas achei que ajudaria a criar um pouco de atmosfera. Eu estava tentando invocar um Demônio Superior, mais resistente do que um Demônio Inferior e de rank A-. Classificação bastante alta para um monstro, mas eu não queria um recém-nascido sem nenhum senso de identidade, então torci por um demônio mais velho e mais inteligente enquanto realizava a convocação.

E os resultados realmente nos deram um Demônio Superior. Seus olhos tinham as centelhas da sabedoria neles, ao contrário de um típico Demônio Inferior, que entraria em uma fúria assassina sem que o usuário o algemasse magicamente. A diferença ficou clara em seu comportamento desde o início. Ela imediatamente se ajoelhou diante mim; sua cabeça reverentemente curvada.

— Você me chamou, mestre?

Parece que consegui. O Demônio Superior estava jurando lealdade. Ele era maior e mais musculoso do que seus irmãos Inferiores, seu corpo formado por magículas já estava começando a se dissipar com o tempo. Sua pele era negra como azeviche, coberta por roupas feitas de um tecido resistente, mas desgastado. Olhando para isso, eu poderia dizer que ele estava vivo há muito tempo. Seu gênero, eu não saberia dizer, embora os chifres que saíam de ambos os lados de sua cabeça parecessem muito majestosos para mim.

Os demônios têm músculos de verdade? Isso provavelmente não é importante. O Demônio Superior atendia as minhas expectativas de qualquer maneira.

— Sim. Eu o chamei aqui para criar um golem. Vou lhe conceder esta figura de magiaço para servir como seu corpo físico, por isso quero que você o preencha com seu espírito. Em troca, vou te prover minha energia mágica. Este contrato vai durar por… uh…

Eu olhei para Ramiris. Apressadamente, ela começou a contar nos dedos.

— Eu… eu quero um de cem anos! — Ela respondeu. — Vou estar totalmente amadurecida em até cem anos!

— Esse contrato vai durar cem anos. Depois de expirar, você pode manter essa figura como seu corpo, se desejar. O que me diz?

Contratos incomuns como esses sempre eram arriscados. Se fosse algo como “Dê uma surra naquele cara na sua frente!” seria aceito em um instante. Ordens de longo prazo com essa eram mais difíceis de serem aceitas pelos demônios. Se eu simplesmente quisesse que este demônio ficasse ao lado de Ramiris, um suprimento regular de magículas seria o suficiente, mas sem aquele corpo físico para apoiá-lo, ele sugaria muita energia mágica. Além disso, uma vez que você convoca uma criatura, você não pode convocar outra na hora, embora existam exceções em torno disso.

Agora, eu queria que esse demônio fosse o guardião de Ramiris, e eu tinha que ter certeza de que o contrato cobriria tudo isso.

— Eu não desejaria outra coisa, meu mestre! E já recebi sua energia como pagamento.

Bem, que bom que está pronto para o trabalho. O contrato foi concluído. Honestamente, eu não esperava que as magículas que eu usei para a convocação seriam o bastante como retribuição.

Ainda bem que fui inteligente o suficiente para dar mais do que eu pensava que era necessário. Não me admira que ele tenha sido tão respeitoso comigo. Com o pacto certo, não era um problema, mas se você convocasse uma criatura com uma mixaria de magículas e pedisse pelo mundo para ela, você poderia acabar morto no local. A única maneira de não correr riscos era invocando o monstro certo e propor um pacto razoável. Isso era algo para manter em mente.

Enfim, agora tínhamos um acordo. Esse cara não parecia ter um temperamento explosivo ou ser violento; ele parecia calmo e sábio para mim. Eu estava feliz por ter conseguido exatamente o tipo de demônio que pedi. Eu tinha certeza de que ele também não teria problemas com o bloqueio mestre.

 Continuando, eu instalei a figura de magiaço como corpus mágico do demônio; encarnando-o, você poderia dizer. A figura era na verdade um pouco menor do que o Demônio Superior, mas parecia ter se encaixado perfeitamente no cara. Ele voluntariamente abandonou seu corpo movido a magia, fundindo-se totalmente com o novo corpo de metal. Em seguida, fez alguns exercícios para se acostumar com o receptáculo. Sem problemas, aparentemente.

Fui eu quem desenhou a máscara na figura, mas no momento em que o demônio assumiu o controle, a expressão mudou para uma tendência mais, ouso dizer, do mal. Engraçado.

— Isso é incrível, — ele disse, com sua máscara não conseguindo esconder sua surpresa e alegria. — Eu não esperava menos de você, mestre. Eu pensei que mover este corpo exigiria gastar força mágica para transformar as articulações, mas com isso, sou livre para me mover como eu quiser. O corpo perfeito para eu possuir!

Bem, fico feliz que gostou.

Eu então, procedi com alguns pequenos ajustes para satisfazer os desejos de Ramiris e do Demônio Superior. Em pouco tempo, a fada ganhou seu novo guardião pronto para o serviço.

— Como é?

— Sim, é simplesmente incrível, — disse ele, movendo seus membros para se acostumar com eles. — Os níveis de intervenção física estão apresentando números muito elevados. Comparado a encarnar como humano ou besta mágica, nem é preciso dizer que minha força de ataque é extremamente superior e minha defesa física é simplesmente incomparável! Este é um corpo realmente surpreendente!

Para estarem presentes fisicamente neste mundo, os demônios precisavam encarnar em outra coisa, geralmente um animal ou monstro. No entanto, um fantoche de magiaço como este, funcionou tão bem quanto. Sendo feito metal puro (magiaço aliás, o mais resistente do mundo), sua defesa era naturalmente de outro mundo. Havia alguns metais raros lá fora com um ponto de fusão de mais de novecentos graus, mas o magiaço atingia mais de dezoito mil. Isso combinado com suas habilidades de autocura, não havia melhor metal por aí. Em suma, seria uma tarefa hercúlea derrubar este guardião com qualquer arma física.

Depois de esticar um pouco suas novas pernas, o Demônio Superior se virou para mim.

— Juro por este corpo que eu cumprirei meu papel, mestre. Uma vez que meu pacto para servir como guardião daquela fada expire em cem anos, eu espero que você me deixe trabalhar com você.

Isso é… bastante repentino, não é? E daqui cem anos… nem sei se eu estarei vivo até lá. Talvez sua lealdade mude para Ramiris até então; nunca se sabe. Afinal, ela é uma lorde demônio.

— Bem, claro, se eu ainda estiver por aí…

— Há-há-há! Não seja bobo. Não tem como alguém como você, mestre, estar morto em um século. Se você me prometer isso, não exigirei nenhuma recompensa adicional.

Qual era a minha expectativa de vida neste mundo, mesmo? Eu não tinha pensado muito nisso. Acho que vou morrer quando for para ser. Você nunca sabe quando algum cara aleatório vai te esfaquear na rua.

Ainda bem que ele gosta de mim. Acho que sou naturalmente atraente para monstros. Nesse caso, seria meio inconveniente eu não o nomear. Eu tinha cerca de metade das minhas magículas restantes e a julgar pelas minhas experiências anteriores em dar nomes, monstros de nível superior consumiam uma quantidade enorme. Um demônio Superior de rank A-, talvez até mesmo A nesta nova encarnação, não era exceção. Nomeado ele superaria até isso, sem dúvida.

— Perfeito! Nesse caso, a partir de hoje, você se chama Beretta. Que você permaneça sempre leal a Ramiris e a mim. Eu quero que se esforce ao máximo!

Foi uma boa forma de motivá-lo, pensei. Algo na forma do golem me lembrou das belas linhas daquela famosa família de armas de fogo. E uau, de novo aquela sensação familiar de drenagem. Eu mal consegui resistir dessa vez; o medidor de combustível ficou perigosamente perto de E. Esse vagabundo acabou de tomar quase um terço das minhas magículas… Nossa. Agora ele vai ficar ridículo de forte.

Ao receber seu nome, Beretta começou a evoluir. A mudança começou a partir das articulações esféricas, para o peito, a cabeça, os quadris, os braços e as pernas até a superfície de metal que agora era coberta por uma membrana semelhante a uma pele. Parecia praticamente um humano, embora a cor transparente da membrana fizesse a estrutura interna parecer ainda mais elegante. O rosto permaneceu igual à minha máscara; os longos cabelos negros eram agora um tom radiante de prata. Era uma espécie de golem demônio, com uma beleza que eu só poderia chamar de bizarra.

Com o término da transformação, seu corpo ficou totalmente coberto; os olhos na máscara brilhando em vermelho. Tudo estava acabado. Então, que tipo de habilidades ele aprendeu de mim?

Beretta se levantou e fez uma reverência profunda.

— Eu sou Beretta, o arquigolem, e estou pronto para cumprir as ordens que me forem dadas.

Era uma figura bastante estranha, com uma máscara no lugar do rosto e nada por baixo. Um golem de destruição.

Virou-se para Ramiris e então fez uma contingência.

— Senhorita Ramiris. Seu desejo é uma ordem. Permita-me protegê-la.

Ela acenou com a cabeça animada, quase como se tivesse superado tudo que aconteceu até agora.

— Hm, hmm, sim! — Ela gaguejou, tentando manter um pouco de sua dignidade. — Com certeza! Conto com você!

É, isso deve bastar como uma substituição do Colosso Elemental. Provavelmente era duas vezes mais forte que ele também.

Agora eu tinha cumprido minha promessa a Ramiris, mesmo que eu tenha me empolgado e criado um guardião mais forte do que eu pretendia.

 Assim que eu comecei a fazer a figura, Ramiris continuou latindo para mim sobre como eu deveria fazer isso e adicionar aquilo. Isso me irritou tanto que acho que me exaltei um pouco. A força mágica de Beretta ajudou a aumentar muito seu ataque também, então, em termos de força, eu tinha certeza de que ela estava satisfeita.

Eu me dei ao trabalho de construí-lo, então espero que ele a ajude pelo menos um pouco. Mas, sendo honesto, eu nem queria imaginar Beretta lutando.

 

 

 

As crianças acabaram caindo no sono enquanto eu montava aquele golem, finalmente livres da ansiedade e medo de que os acompanhavam por tanto tempo. Se desligar de todo o estresse que suportavam deve tê-los deixado totalmente à vontade; eles estavam dormindo profundamente, com Ranga servindo de travesseiro. Eu não precisava dormir, mas com as crianças, fazia parte do trabalho. Durmam bem e cresçam fortes.

Vamos esperar que eles acordem, pensei enquanto decidia descansar um pouco.

Na manhã seguinte, uma vez que restauraram suas energias, tirei as crianças da Habitação dos Espíritos. Todos com elementais dentro deles; suas vidas não estavam mais em perigo. Eu tinha atendido o desejo de Shizu que ela me pediu após sua morte, e todos os nossos problemas ficaram para trás. Agora, pelo menos, posso voltar para Tempest em paz.

 

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Ao deixar o labirinto, usei minha nova habilidade extra Movimento Espacial para trazer as crianças de volta comigo para Englesia. Conectar dois campos de espaço físico requer minutos de preparação, mas permite revisitar qualquer local que você já esteve antes, o que a torna uma habilidade muito útil. Eu também peguei o anel mágico que deixei do lado de fora como uma rota de fuga. Eu não precisava dele para executar o Movimento Espacial, então eu o guardei no meio estômago, por mais que eu duvidasse que usaria ele novamente.

De volta à academia, imediatamente entrei em contato com Yuuki para relatar sobre o que tinha acontecido em nossa aventura e para discutir sobre o futuro das crianças. Eu pensei em adotá-los, mas também considerei que crianças como eles realmente precisavam do ambiente de aprendizado certo para se desenvolverem. Tínhamos essa academia aqui, cheia de professores talentosos. Eles poderiam receber educação básica e de magia no mesmo lugar.

Assim, decidimos que eles ficariam aqui na academia para aprenderem. Ver minha magia por si mesmos, deve tê-los convencido de que esse era o certo. No entanto, isso não os impediu e choraram quando eu falei que estava indo embora. Eu prometi que compareceria a todas as suas graduações e, é claro, eles estavam ansiosos em me receber.

Realmente, eles ficariam bem agora. Seus níveis de energia mágica estavam agora restritos a um pouco acima da média, permitindo-lhes viver uma vida normal. Mesmo alguém com habilidades mágicas de avaliação não notaria o que está acontecendo dentro deles.

Foi um tópico que eu também discuti um pouco com Yuuki.

— Depois que uma criança abandona uma criança, — ele raciocinou, — eu duvido que eles tentem levá-la de volta. Isso é uma violação dos direitos internacionais e os tornaria inimigos da Guilda Livre.

— Você acha que talvez pudéssemos fazer com que eles ganhassem suas identidades como aventureiros e se tornassem membros da guilda?

— Hmm…. Talvez pudéssemos, sim, se eles quiserem.

— Certo. Como alunos, eles terão um bom tempo para pensar sobre isso.

— Com certeza vão.

Eles ainda eram crianças, mas neste mundo, você era considerado adulto aos quinze anos. Não demoraria muito até chegarem lá, a idade mínima necessária para ingressar na Guilda Livre. Eles poderiam fazer o que quisessem, vivendo em liberdade sem serem restringidos por nada.

Yuuki também me pressionou várias vezes para descobrir como eu resolvi o problema deles, mas isso era segredo. Ele assumiu que eles tinham se tornado apenas crianças normais agora, e eu estava bem com isso. Suas magículas emergentes estavam realmente sendo neutralizadas pelos elementais, mas eu não via necessidade de contar a ninguém sobre isso. Já que espalhar esse fato poderia torná-los alvos de pessoas desonestas em todo o mundo, gerando novos problemas para eles.

 

As crianças já haviam recebido novos horários e professores. Meu papel na educação deles estava mais ou menos acabado. Eles passaram por um treinamento básico de combate, bem como se acostumaram a falar com seus pseudo-elementais. No meio tempo, saíamos para fazer piqueniques, com a equipe de Kabal parando para se divertir às vezes.

As vendas de poções, entretanto, estavam indo bem. Quando finalmente visitei Mjöllmile em Blumund, fui recebido como um herói. Ele conseguiu os lucros que queria e eu também estava feliz com isso. E toda vez que eu voltava para Tempest, via mais e mais aventureiros aproveitando nossa hospedagem. Estava se transformando em um lugar animado. É melhor eu voltar para logo, antes que algum outro grande problema apareça depois de um longo período de tranquilidade.

Chegou a hora de voltar para casa.

Era o dia da minha partida.

— Você … você está indo embora, Sr. Rimuru?

— Você não pode fazer ele esperar mais, Clo.

— Não, mas eu … quero dizer …

— Mas…

Chloe estava prestes a chorar. Eu não estava me sentindo muito melhor do que ela …, mas, sabe, eu poderia aparecer quando quiser com o Movimento Espacial. Este não era o fim.

— Ha-ha-ha! Você é uma bebê chorona, Chloe. Aqui, que tal algo para animá-la?

Tirei a máscara que estava usando e dei a ela. A Máscara da Resistência Mágica, uma lembrança de Shizu que foi quebrada uma vez antes de eu repará-la. Eu não tinha certeza do que me levou a dar a ela; parecia a coisa natural a se fazer. Ela aceitou sem pensar duas vezes.

— Awwwwww! Eu também queria …

— Hee-hee-hee! É minha agora!

Isso animou Chloe, então eu fiquei feliz. Enquanto isso, para a cabisbaixa Alice, eu tinha um uniforme escolar que Shuna preparou para ela.

— Ah!

— São para nós?

Eu tinha roupas para o Kenya e Gail; Ryota também, é claro. Pareciam iguais a todos os outros uniformes da academia, mas eram costurados com tecidos personalizados mais resistentes. Todas as crianças os aceitaram alegremente.

— Agora escutem, eu quero que vocês continuem estudando, certo? É difícil dizer adeus assim, mas não é como se eu nunca fosse ver vocês de novo. Venham para a minha cidade assim que estiverem de folga, ok?

— OK!

As crianças me viram partir, seus olhos marejados se transformando em sorrisos. Deixei a capital englesiana enquanto os sorrisos ainda estavam vivos em seus rostos.

 

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Pareceu uma viagem curta a terras humanas, mas acabou se estendendo por um bom tempo. Foi difícil, mas construí alguns vínculos para sempre insubstituíveis, que eu não trocaria por nada no mundo. Conseguir interagir com crianças assim novamente, como um slime, era algo que eu nunca poderia ter sonhado.

Tudo parecia estar indo muito bem.

Ou talvez, um pouco bem demais.

Em um mundo como este, onde emoções negativas como ciúme e inveja podem infeccionar sem saber o coração de seus colegas. Eu pretendia ser cuidadoso com todas as minhas ações, para não me tornar o alvo de tais sentimentos.

Mas, fato é, se eu me basear em informações falsas, eu vou acabar me ferrando. Tome o Grande Sábio como exemplo, ele tem habilidades de previsão surpreendentes, mas se eu fizesse as perguntas erradas, ele me daria as respostas erradas.

Se Tempest prosperasse, isso significaria que alguém perderia algo com um efeito colateral. Eu sabia disso instintivamente, é claro, mas não pensei que isso aconteceria em uma escala ou velocidade além das minhas expectativas.

Durante meu tempo como um slime neste mundo, tive minhas próprias pequenas ambições. De viver entre os humanos que eu admirava. De fazer contato com outros invocados ou reencarnados. Eu fizera isso acontecer e agora, em minha nova terra natal, Tempest, estava construindo a base para desenvolver projetos ainda maiores. De uma forma, eu já tinha conseguido, e de outra, eu tinha fracassado.

Eu era apenas uma pessoa normal; não entendia muito sobre governança ou política. Não estava consciente do puro egoísmo e o maquiavelismo que muitas vezes reina por aqui. Agora, o destino estava fazendo mudanças em um ritmo cada vez mais rápido, me forçando a definir minhas próximas ações.

Os dias de paz estavam chegando ao fim; dias de guerra estavam começando.

 


 

Tradução: Another

Revisão: ZhX

 

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