Sobre Quando Reencarnei Como um Slime

Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 04 – Cap. 06.1 – Conquistando o Labirinto

 

 

 

Era um final de tarde tranquilo quando Shuna começou a ler em seu quarto. Assim que ela fez, Shion veio se intrometendo, como sempre, implorando por ajuda com uma ou duas receitas. Mas ela logo notou o livro nas mãos de Shuna e fez uma pergunta.

            — O que é isso, Senhorita Shuna?

            — Hee-hee-hee! — Shuna sorriu. — Este é um livro, Shion. Um livro de magia que o Senhor Rimuru nos deu.

            Bem quando elas estavam se acostumando com a rotina diária de administrar o lugar sozinhas, Rimuru voltou. Foi apenas na noite anterior quando ele se aproximou de Shuna e jogou uma pilha enorme de tomos mágicos no chão.

            — Oh, você está acordada, Shuna?

            Ele disse casualmente, como se não tivesse nada de incomum nisso.

            — Perfeito. Você queria aprender magia, certo? Aqui, eu tenho algumas coisas para você.

            Precisou apenas de um olhar para ela dizer que estes eram valiosos, tomos secretos, do tipo que os humanos definiriam como conhecimento confidencial e guardariam a sete chaves. Era uma fortuna, e ela agradeceu profundamente por isso., Rimuru se teletransportou logo depois de Shuna informá-lo sobre o que acontecia na cidade.

            — Que-? Ele só se encontrou com você, Senhorita Shuna? Isso não é justo!

            — Oh! Eu tinha me esquecido! Ele também tinha um presente para você, Shion.

            — Você é tão má, Senhorita Shion…

            Mas ao olhar para o lanche com cheiro doce, a raiva imediatamente se esvaiu do rosto de Shion. Era um novo tipo de doce açucarado, um que Rimuru havia supostamente descoberto na capital de Englasia. Ele comprou em grandes quantidades, o suficiente para que todos na cidade dividissem entre si.

Assistir Shion extremamente feliz pegando mais do que seu quinhão, Shuna não pode deixar de rir quando Benimaru entrou.

            — Hm? Ei, Shion, o que você está fazendo comendo aqui? Esqueceu que é para compartilhar?

            — Oh! Benimaru! Seu trabalho está indo bem?

            — Está indo sim. Os enviados do Reino Animal são os mesmos de sempre e as entregas ocorreram como combinamos. Demos nossos próprios bens e eles partiram com um sorriso no rosto. Geld, como sempre, relata que a construção está seguindo sem qualquer problema. A equipe de remoção de árvores terminou seu trabalho e deve retornar para cá em breve… Mas quem liga para isso! Me dê um desses doces!

            Antes que Shuna pudesse impedi-lo, Benimaru se adiantou e pegou uma das guloseimas, um doce de outro mundo que Rimuru havia comprado, conhecido como profiterole, e o devorou.

            — Ooh! — Ele gritou, doces eram uma de suas poucas fraquezas. — Isso é bom demais!

            — Senhor Rimuru comprou para a gente, — disse Shuna com um sorriso.

            — Ele comprou? Então ele nos fez uma visitinha rápida? Tenho que te dizer, trabalhando em seu lugar pude perceber quão difícil é uma tarefa que ele tinha que fazer. Quando estava aqui, ele fazia parecer tão fácil…

            — Verdade. Ele ainda tinha tempo de sobra para se divertir e não fazer nada… ao contrário de você, não que você tenha deixado que isso o atrasasse.

            — O quê? Qual é… Sabe, normalmente eu ficaria muito bravo em ouvir isso. — Benimaru retrucou, embora o sorriso em seu rosto sugerisse o contrário.

            Eles quase sempre agiam assim perto um do outro.

            — Senhor Rimuru também nos pediu para construir mais algumas casas geminadas para hospedagem.

            — Entendo. Informarei Geld agora mesmo.

            Com esse negócio fora do caminho—

            — Isso é delicioso. É bom demais! Na verdade, consigo saborear o amor do Senhor Rimuru enquanto cozinhava cada um!

            Do nada, Shion meio que gritou o quanto gostou dos profiteroles que estava comendo sem parar.

            — Você já experimentou aquele, Shuna?

            —  Acho que não…

            Shion estava muito longe na terra dos sonhos para conseguir ouvi-los. Ao ver isso, eles suspiraram. Era sempre assim que ela agia perto deles.

 

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Hmm. Me incomoda achar que Shion pode ter ficado ofendida com a minha visita. Melhor resgatar aquelas crianças e voltar rápido.

            Eu me concentrei no que estava à minha frente enquanto encolhia os ombros para evitar o frio repentino que fazia cócegas na minha nuca. Atrás de mim, havia cinco crianças sentadas em suas carteiras e focadas em suas aulas de leitura e escrita.

            — Vocês precisam ser capazes de fazer pelo menos isso, ou então vão achar difícil viver neste mundo, entenderam?

            — Aham! — Todos responderam.

            Ótimo. É bom ver algum entusiasmo. E eles tinham um motivo para isso, é claro. Eu gostaria de pensar que era porque eles me adoravam, mas sabia que não era verdade. Eu tinha uma cenoura balançando na frente deles.

            — Ahhh, eu quero ler o que acontece a seguir!

            — Meus amigos, com certeza não achei que conseguiria recuperar esse atraso.

            — Bem, eu vou começar primeiro!

            — Eu gosto mais de livros ilustrados, mas mangá é bom também!

            — Acho que é mais importante estudar, obviamente. Mas nossa, Senhor Rímuru, eu não sabia que você era um reencarnado também. Não sei muito sobre animes ou mangas japonesas, mas isso é realmente fascinante.

            A cenoura, que eram os mangás que copiei, funcionaram muito bem. E fiz um pequeno ajuste neles, traduzi dentro do meu estômago para a linguagem deste mundo. Então, você tinha que aprender a ler para entender qualquer coisa, mas eu já havia feito maravilhas para melhorar o desempenho acadêmico delas.

            Eu estava ensinando aqui há um mês, orientando as crianças nos estudos enquanto trabalhava nos meus próprios preparativos. Eu só tinha uma coisa para investigar e, até encontrar a resposta, não poderia ir a lugar algum. Eu gostaria de ter sido mais rápido, mas tive que ser paciente. Queria fazer tudo o que pudesse por essas crianças, em vez de desperdiçar esse tempo e, felizmente, descobri que eu era muito bom em animá-las.

Na parte do dia eu dava aulas; nas noites ia em busca de informações. Ainda bem que não preciso dormir com este corpo.

Infelizmente, ninguém tinha as informações que eu queria; a localização de um elemental de alto nível. Nem mesmo Hakuro, a pessoa mais inteligente que conheci. Eu viajei até o domínio de Treyni em busca de pistas e fiz outra visita ao Rei Gazel. Até perguntei a Zegion e Apito se sabiam algo, mas não deu em nada.

Eu estava procurando por elementais de alto nível para que eles pudessem ser imbuídos nos corpos dessas crianças para que seus estoques de magículas fossem controlados. Essa foi a solução que o Grande Sábio deu para mim.

Eu já tinha a habilidade de invocar Ifrit, mas isso só me permitiria salvar apenas um deles. Não era bom o bastante. Treyni e sua família podem convocar espíritos semelhantes, mas estavam ligados a elas como parte do contrato de convocação, e eu não poderia pedir às dríades que sacrificassem eles por causa dessas crianças.

Então pressionei Treyni por uma alternativa, e então ela me contou sobre uma Habitação dos Espíritos, uma terra governada pela chamada Rainha Espírito. Infelizmente, parecia um beco sem saída.

— Peço desculpas, — ela me disse, — embora haja várias “entradas” que levam à Habitação, aquela que conhecia já desapareceu.

Parece que a Rainha Espírito a quem Treyni e sua família serviam havia falecido há muito tempo, praticantes nos tempos antigos. Elas não tinham ligações pessoais com a rainha atual, então nem mesmo as dríades sabiam mais onde este lugar ficava. Aparentemente uma audiência real estava fora de questão e uma vez que a Rainha Espírito poderia mover essas “entradas” sempre que quisesse, era difícil rastreá-las. Acho que isso faz sentido. Treyni era bem misteriosa às vezes, logo qualquer pessoa em uma posição superior na cadeia alimentar dos espíritos do que ela tem que ser ainda pior.

Pensando que não havia necessidade de apressar as coisas, decidi fazer uma pausa e viajar de volta para Tempest na noite anterior. Shuna me atualizou sobre o que tinha acontecido na cidade enquanto estive fora. Nada muito relevante, o maior destaque foi uma feiticeira recém-formada que se juntou à equipe de Yohm. Eu queria conhecê-la, mas eles já estavam no caminho para algum lugar, então decidi deixar isso de lado por enquanto.

Também tinha outra boa notícia, uma grande descoberta na verdade. Estávamos produzindo Poções Inferiores, cem de cada vez, diluindo Poções completas com água tratada magicamente, mas um dia, Gabil decidiu tentar usar água diretamente do lago subterrâneo. Todas as mágiculas dentro daquela coisa aparentemente tornaram o medicamento resultante um pouco mais eficaz. Vester, surpreso ao saber sobre isso, conduziu algumas pesquisas mais rigorosas e descobriu que usar a água do lago nos permitiria dobrar nossa produção industrial. Realmente ótimas notícias. Essas poções seriam uma grande fonte de receita em pouco tempo.

Tempest também recebeu recentemente um comerciante do Reino de Blumund, escoltado por Kabal e seus amigos. Este comerciante, Gard Mjöllmile, comprou mil Poções Superiores pelo preço de duzentos e cinquenta moedas de ouro, vinte e cinco de prata por poção. Esse foi o preço que pedimos e ele aceitou. Gard aparentemente tinha uma ou duas rotas comerciais em Englesia, então posso encontrá-lo aqui em breve. Eu teria que agradecer a ele caso acontecesse.

Tudo parecia estar indo muito bem para mim, mas eu ainda estava bastante ansioso quando se tratava de encontrar a Habitação dos Espíritos. Enquanto observava as crianças brigando por causa de um mangá que eu tinha acabado de jogar no meio delas, resolvi redobrar meus esforços.

 

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Hoje, decidi levar todos eles para um piquenique.

            A escola não estava tendo aulas, já que era um dia equivalente a um domingo no meu antigo mundo. Ficar sentado na mesma sala de aula por dias a fio deixaria qualquer aluno cansado e entediado, e eu ainda precisava trabalhar nas magículas em seus corpos regularmente.

            Estávamos descendo uma rua da capital quando percebi que uma grande multidão havia se reunido no centro da cidade.

            — Tem algum evento acontecendo?

            — Oh! Verdade, Senhor Rimuru! O Herói, Senhor Masayuki, está fazendo uma demonstração de luta na arena hoje!

            — Sim, dizem que o Herói é um cara muito forte. Quem vocês acham que ganharia se ele lutasse contra o Senhor Rimuru?

            — Ah, pelo amor de deus! Claramente seria o Herói! Nunca que o Senhor Masayuki perderia para um cara estranho de máscara!

            — Hum, bem, ainda estou do seu lado, Senhor Rimuru!

            — É, Gail interveio, — eu meio que gostaria de ver o Herói, mas provavelmente chegamos muito para conseguir lugares agora. Vamos sair da cidade para aquele piquenique que planejamos.

            Os cincos ficaram muito animados com o Herói, mas mantivemos nossa ideia original e combinamos de comprar ingressos antecipadamente para a próxima exibição. Gail, com seu jeito bem pé no chão, foi excelente em manter seu grupo focado no nosso planejamento original, o que foi muito útil para mim. Ter alguém um pouco mais velho servindo como líder tornou meu trabalho muito mais fácil.

            Isso me lembrava de Millim dizendo que os Heróis eram pessoas especiais; simplesmente se chamar de Herói sem a força para se apoiar só o levaria a uma morte rápida e desagradável. É como disse Yuuki: “Existem dois tipos de pessoas que atendem pelo nome de heróis; o que está disposto a arcar com os pecados de toda a raça humana e o tipo de tolo que nunca pensa nas consequências.”

E então tem esse cara, estrelando shows de gladiadores ou o que quer que isso seja em uma cidade como esta. Ele se encaixa em qual grupo? Algo me dizia que seus objetivos não eram lá tão nobres. Mas, digo de novo, Millim disse que simplesmente alegar ser um Herói atrairia a ira divina sobre você. Talvez esse cara Masayuki não fosse um idiota afinal, mas apenas alguém infeliz o suficiente para ter uma vida muito interessante. Por mais que parecesse ser japonês com aquele nome, ele poderia ser um reencarnado, pelo que eu sei. Eu meio que queria conhecê-lo, mas pelo menos por hoje, perdi a chance.

            Paramos em um café, onde o proprietário nos cumprimentou com uma gargalhada enquanto servia suco para as crianças.

            — Ei, crianças! É melhor vocês se sentarem direito e ouvirem seu professor, entenderam?

            — Obrigado, senhor! Podemos comer bolo também?

            — Hmph. Este suco não é ruim, eu acho. Aquele bolo ali parece muito bom, não é?

            Kenya e Alice sempre vão direto com sede ao pote. Isso me irritou, mas peguei minha bolsa de moedas mesmo assim.

            — Tudo bem, tudo bem. Ei, pode separar algumas fatias para eles?

            — Gah-há-há-há-há! Ouvi dizer que você alcançou o rank B+? Yuuki com certeza ficou surpreso ao saber disso! Devíamos comemorar! Podem comer e beber por conta da casa hoje, pessoal!

            Ele era um cara grande e musculoso, mas era muito bom de conversa, era bem relacionado também, se é que ele soubesse disso. Eu percebi um anúncio no quadro de avisos da guilda sobre um trabalho de coleta de trapos, aquelas floras que deram um baita trabalho para Geld. Apesar de ser um trabalho de coleta, eu ainda tinha permissão para aceitá-lo; e como eu por acaso tinha uma centena ou mais de flores em meu estômago, eu as entreguei à guilda. Isso combinado com algumas outras missões de coleta complicadas para as quais contribui, tornou surpreendente simples ser promovido a B+.

 Agora eu tinha o direito de tentar o rank A. Fazer esse exame várias vezes, provando que você era o mais próximo possível de um A em termos de talento, faria você ganhar uma promoção para A-. Suponho que o muro para o A em si era bem alto, e embora planejasse aceitar esse desafio mais cedo ou mais tarde, ser um B+ não era um grande revés.

            De qualquer forma, se tiver bolo de graça para mim, eu não vou recusar.

            — Uau! Muito generoso da sua parte! Nesse caso, vou querer um daqueles shortcakes de morango!

            O proprietário riu enquanto anotava os pedidos das crianças.

            — Hah! Nada como comida de graça para te animar, hein?

            Este café era propriedade do invocado que Yuuki mencionou. Ele parecia ser durão, mas era realmente um moleque no coração, e as crianças o adoravam, ou o bolo que ele estava dando, pelo menos. Eu vim aqui há poucos dias também, para comprar alguns bolinhos de nata para dar a Shuna como lembrança. Achei que precisava acalmar Shion, por ter ficado longe por tanto tempo; e claro estava esperançoso de que elas pudessem replicar a receita.

            O cardápio tinha muitas outras coisas além de bolo, então tentei convencer o dono a abrir a loja em Tempest. Porém, ele recusou, mas eu não me importei com isso. Tudo é questão de saber negociar, sendo assim vou continuar me esforçando.

            Com o bolo na barriga, peguei do proprietário as marmitas para o piquenique daquele dia. Ele tinha sanduíches para todos nós, prontos para comer no final da tarde. As crianças estavam cheias de energia hoje, então imaginei que poderíamos fazer algumas rodadas de combate simulado assim que chegássemos no campo. Tenho certeza de que isso fará com que o almoço tenha um gosto ainda melhor, quando estiverem cansados.

            Em pouco tempo, já estávamos no portão da cidade.

            — Ah! Bom dia para você, Senhor Rimuru, — disse o sentinela da guarda, que eu conhecia muito bem. — Mais treinamento hoje? Eu bem que gostaria de receber algumas dicas.

            Aventureiros de rank B+ definitivamente desfrutavam de um tratamento muito preferencial nesta cidade. Era como se fôssemos campeões do povo ou algo assim… embora eu ache que neste mundo nós realmente éramos.

            Finalmente eu estava começando a entender por que Kabal aproveitava do status de celebridade na cidade de Englesia. Ele era um homem do povo, e todos podiam ver como ele os protegia. Ao contrário de alguns nobres influentes e poderosos que só ficam relaxando em seus castelos, os aventureiros trabalharam do nível mais baixo e ganharam a enorme apreciação dos cidadãos por isso.

            — Continuem com o bom trabalho, homens, — respondi com bastante arrogância, com a lisonja já subindo à minha cabeça. — Aqui, tenho algo para vocês. Sintam-se à vontade para dividirem com o resto do pessoal na casa de guarda mais tarde.

            Entreguei a eles um prato de biscoitos que fiz com as crianças. O açúcar também era uma mercadoria cara em Englasia, então essa comida era como ouro para qualquer um com uma queda em doces. Mesmo esses cookies feitos por amadores e levemente deformados seriam um deleite estimado.

            — Nossa, muito obrigado! E vocês, crianças, sejam boas com seu professor, entenderam?

            — Pfft, vocês também, não? Sempre somos legais com o Senhor Rimuru. Certo, Ryota?

            — Sim. Se não fôssemos, ele nos puniria.

            — Você não tinha que dizer isso, idiota!

            — Não me confunda com essas crianças, senhor. Se continuarem agindo desse jeito, eles vão começar a pensar que sou tão estúpido quanto vocês, não acham?

            Turbulento como sempre. Rimos quando acenei adeus aos guardas.

            Assim, caminhamos por cerca de mais uma hora, conforme planejado, antes de chegar a uma planície gramada quase deserta. Com certeza, o campo de treinamento perfeito. Também não teria muitas pessoas nos observando, então poderiam dar tudo de si até certo ponto. Eles haviam amadurecido num nível que se pegasse leve com eles eu realmente ficaria em perigo. Seus movimentos se tornaram muito mais refinados, em parte graças ao fato de eles estarem realmente começando a seguir meus conselhos.

            Lutei contra eles um por um, como sempre, me certificando de manter minha guarda alta.

            — Merda! Eu estraguei tudo hoje também…

            — Senhor Rimuru é muito forte! Isso não é justo!

            — Você não deveria pegar mais leve com as garotas?

            — Eu deveria aprender mais magias…

            — Agh! Eu estava tão focado em me defender melhor hoje!

            Talvez fosse imaturo da minha parte, mas eu queria ser como uma parede impenetrável para eles. Nesse ponto, eu estava agindo em total contraste com Shizu. Porém, eu não tinha a intenção de desmotivá-los de qualquer forma.

            — Há-há-há! Vocês, crianças, acharam que poderiam me vencer? Tão sonhando alto demais!

            As crianças começaram a reclamar de mim. Essa era uma rotina bastante comum em minha classe. Só então—

            Hmm? Sinto uma estranha pressão…

Relatório. Grande quantidade de energia mágica detectada. Aproximando-se… é de um Dragão do Céu.

 

De acordo com o que aprendi na biblioteca da capital, um Dragão do Céu era uma reminiscência de um wyvern, embora muito diferente na realidade. Wyverns era uma ramificação aérea da família dos Dragões inferiores, mas um Dragão do Céu fazia parte do grupo dos Arqui-Dragões, tendo uma quantidade maior de sangue de dragão original. Como uma ameaça foi classificada como rank A especial, um monstro de classe calamidade.

Parece que nosso pequeno piquenique divertido teria que esperar.

            — Meu deus…

Gard Mjöllmile desabou no chão, com a cabeça entre as mãos.

Foi um dos melhores negócios que ele fechou em algum tempo, um golpe de sorte que aconteceu recentemente. O ramo de Blumund da Guilda Livre, o havia procurado, e o mestre da guilda Fuze discutiu os assuntos com ele pessoalmente.

 — Então a guilda está começando a levar a sério esse negócio de poções. Estamos falando em adquirir trezentas unidades por mês para as reservas da guilda e duzentas para as forças dos cavaleiros reais. No total seriam quinhentos, e pagaríamos a você cento e cinquenta moedas de ouro por elas, — começou Fuze, considerando Mjöllmile como um mafioso que extorque clientes. — Agora, temos um parceiro de negócios que vai vender isso a você por vinte e cinco moedas de prata cada, e esse provavelmente será o preço com o menor preço que encontrará por enquanto. Entendeu? Se você for comprá-las sem o desconto, eles vão pedir trinta cada, então… O que acha? O valor inicial pode não ser muito alto, mas este é um negócio com o governo; será contínuo, por muito tempo.

Mjöllmile calculou a aritmética em sua mente. Com essa proposta, quinhentas poções lhe renderiam um lucro de 2.500 moedas de prata, ou 25 de ouro. Não é ruim, mas não é o suficiente para arriscar a vida. Afinal, este era Gard Mjöllmile, um cara bem acostumado a trabalhar em becos e conseguir empréstimos para pequenas gangues de rua. Seria preciso mais do que uma carranca severa de Fuze para fazê-lo considerar.

 

 

 

— Você deve estar brincando comigo, senhor. Com essas condições infelizmente não posso aceitar. Se essa é sua proposta final—

— Oh? Você não gostou? OK. Volte para casa, então. Mas se fizer isso, lembre-se de que perderá todos os direitos que teria conquistado pelos negócios que faremos com aquele país. Eu queria te oferecer essa proposta primeiro porque confiava em você, sabe?

A sobrancelha de Mjöllmile se contraiu.

— “Aquele país”?

— Aham. Mas eu não posso te dizer mais nada se você sair agora—

— Me dê apenas um momento, Senhor Fuze. Nunca fui bom nesse tipo de negociação por suposições. Por que simplesmente não colocamos tudo na mesa?

Agora Mjöllmile cheirava dinheiro. Fuze sorriu ao perceber isso.

— Claro, claro. Mas antes disso, preciso mostrar a mercadoria, não é? Aqui está a primeira das suas mercadorias; uma Poção Superior. O que acha? Ainda não está interessado?

Na mesa, ele colocou uma Poção Superior, uma poção especial que fazia todas as outras parecerem obsoletas. Qualquer que seja o país por trás dela, com certeza tinham habilidades técnicas pelo menos equivalentes às do Reino dos Anões. Esse fato, mais os valores que Fuze mencionou anteriormente, fez Mjöllmile estremecer.

— Você quer quinhentos destas entregues à guilda? Só para confirmar, há algum limite para a quantidade que posso comprar?

— Isso eu não posso te dizer. — Disse Fuze, sorrindo novamente. — Mas é o seu trabalho como comerciante descobrir, estou errado? Por que você não viaja até lá sozinho e pergunta?

E assim, Mjöllmile se dirigiu para lá apenas para ficar ainda mais surpreso.

Uma jornada que ele esperava durar pelo menos duas semanas foi completada em uma, assim como seu guarda-costas Kabal o havia dito.

— Viu? Eu te disse, essa cidade é incrível!

— Eu… eu não consigo acreditar nisso. De onde veio essa rodovia…? Na verdade, de onde surgiu essa cidade inteira?!

Ele ficou pasmo. Contratar um grupo de três aventureiros rank B+ para esse trabalho faria ele perder dinheiro. Custavam-lhe cem moedas de prata por dia, e mesmo esse era considerado uma pechincha por ranks B+. Cem de prata equivalia a uma moeda de ouro; sendo assim, contratar esses caras por um mês custava trinta moedas de ouro. O único lucro garantido dessa viagem era de vinte e cinco, ele percebeu que isso o deixaria no vermelho, mas ainda queria ver essa terra pessoalmente, para confirmar se ela levaria a um negócio regular.

Pouco tempo depois, ele comprou mil Poções Superiores. Metade seria entregue rapidamente a Fuze; a outra metade, ele venderia fora das fronteiras de Blumund. O que ele também ganhou, entretanto, foi a experiência inestimável de ter os monstros o conhecendo pelo nome. Isso e as informações. Afinal, esses monstros detinham direitos de uso nesta nova rota comercial.

Aceitar esse trabalho não poderia ter sido uma ideia melhor, pensou Mjöllmile, com o peito praticamente explodindo de alegria. Um dos líderes dos monstros, um hobgoblin chamado Rigurd, falou que acreditava que aumentariam sua produção industrial no futuro. Ele também estava considerando outras especialidades que poderiam produzir. Assim, se tornando um parceiro comercial vital em pouco tempo, sem dúvida.

Logo após, Mjöllmile viajou de volta para Blumund, entregando com sucesso as quinhentas poções dos monstros. Kabal e sua equipe se despediram depois; no lugar deles, Mjöllmile contratou um aventureiro de rank C- que se autodenominou Bydd e embarcou em outra jornada para Englasia. Sua carroça, carregada com as quinhentas poções restantes, alcançou o reino sem incidentes.

O problema só aconteceu depois que cruzou a fronteira.

— O que é aquele monstro?! — Mjöllmile gritou.

Assolando a paisagem à sua frente estava um Dragão do Céu branco cintilante, a personificação pura da destruição que nenhum humano poderia parar. Os guardas do portão, presumivelmente soldados englesianos, começaram a evacuar os residentes próximos, deixando os viajantes e mercadores das outras nações para se defenderem sozinhos. Inclusive, já havia baixas.

— Vamos dar o fora daqui cara!

Ele podia ouvir Bydd gritando com ele, mas Mjöllmile não conseguia correr. Suas mercadorias estavam em sua carroça, mas os cavalos estavam assustados demais para obedecerem a ele. Não tinha outra opção, teriam que abandonar a carga. O que não era problema. Uma grande perda de fato, mas pelo menos viveria para compensar algum outro dia.

Não, não foi isso que fez Mjöllmile hesitar. Foi sua falta de preparo físico. Ele não amaldiçoava seu corpo rechonchudo assim há muito tempo.

 — Droga!

Como era um comerciante, Mjöllmile rapidamente chegou a uma conclusão em sua mente.

— Espera aí, Bydd, vamos distribuir essas poções para os soldados!

— Que merda você está falando? Tudo que podemos fazer agora é correr, cara.

— Seu idiota! Como diabos vamos fugir de um monstro que voa a pé? A única maneira de sobreviver é chegando ao outro lado do portão! A capital tem uma barreira mágica que repele os monstros. Melhor ajudarmos os soldados para ganharmos algum tempo!

— Mas…

Enquanto brigavam, o Dragão do Céu lançou raios que carbonizaram a terra, entregando um julgamento impiedoso sobre aqueles que escaparam tarde demais.

— Mamãe! Mamãe!!

— Elno!!

A mãe abraçou a filha com força para protegê-la. Agora, prestes a dar seu último suspiro, com seu corpo praticamente todo queimado.

— Waaaaahhhhh!

Pessoas corriam em todas as direções, gritando. Ninguém pararia para ajudar esta mulher que estava à beira da morte—

— Não vou deixar, me dê isso! Eu vou ajudá-las!

— S-senhor?

Mjöllmile pegou uma caixa de Poções Superiores e correu para o lugar onde um raio tinha acabado de atingir, direto para a mãe e sua filha. O raio o assustou, mas ele ainda correu, confiando em sua boa sorte.

 Eu não serei atingido. Sou mais sortudo do que isso!

Ele cambaleou até lá, borrifando o remédio na mulher parcialmente carbonizada. Apenas a poção foi o suficiente para impedi-la de morrer no local. Ele deu um suspiro de alívio, se curvando para dar um tapinha na cabeça da filha que chorava e então, percebeu uma sombra no chão. Seu sangue congelou de medo; fazendo seu rosto ficar pálido.

Olhando para cima com relutância, Mjöllmile encontrou exatamente a visão horrível que esperava. Tinha quinze ou dezesseis metros de comprimento, pequeno para um dragão, mas sua força era imparável. E agora, o Dragão do Céu desceu no local, pronto para queimá-los rapidamente.

— Merda, acho que isso era muito até para a minha sorte…

Quando Mjöllmile estava prestes a desistir, algo caiu do lado dele.

— Ei! Aqui, monstro! Eu vou te enfrentar!

Era Bydd. Ele havia jogado uma pedra para chamar a atenção do dragão.

— S-seu idiota! Por que você não está correndo?

— Heh heh. Eu não sou um homem virtuoso ou altruísta, mas um cara me contou uma vez… Disse que quando as pessoas precisam de ajuda, você tem que estar lá por elas! Isso vai fazer com que elas te vejam de uma maneira melhor, sabe? Então levante elas e as traga para o portão!

Mjöllmile pôde ver soldados atrás de Bydd. Eles estavam distribuindo as poções, exatamente como ele havia os instruído a fazer.

— Podemos ganhar algum tempo com isso!

Todos ficaram maravilhados quando perceberam o quão eficazes elas eram. Talvez isso funcione, ele pensou por um momento. Mas era uma ilusão. Os lábios do Dragão do Céu se curvaram, como se estivesse zombando dele. No momento seguinte, com um estrondo terrível, uma chuva de relâmpagos caiu sobre os soldados.

 Agora, todos estavam derrubados no chão, alguns aparentemente sobreviveram, mas nenhum deles foi capaz de se levantar depois de receber o ataque à queima roupa. Apenas Bydd permaneceu de pé, com os braços bem abertos para manter Mjöllmile e os outros em segurança.

— E-ei, Bydd…

— Heh heh! Se é para morrer, que seja com estilo.

— Hah! Ah-há-há-há! Sabe, acho que te entendi completamente errado, Bydd. Você é um verdadeiro campeão, sem dúvida. Se sobrevivermos a isso, vou contratá-lo como meu guarda costas pessoal.

— É melhor que venha com um aumento!

Eles sorriram um para o outro, então olharam para o Dragão do céu. O medo se foi, embora lamentasse que no final, não pôde salvar aquela mãe e filha. Mjöllmile sabia que Bydd sentia o mesmo, mas eles ainda assim eram capazes de rir da morte. Isso os deixou animados enquanto esperavam seu fim.

Como se estivesse brincando com sua presa, o sorriso do Dragão do Céu ficou ainda mais definido. Agora os dois estavam prontos para aceitar a morte. Mas antes que chegasse o momento, alguém apareceu na frente deles. Uma pessoa bonita com cabelos prateados na altura da cintura tingidos de azul veio mais rápido que um relâmpago, e no momento que os raios se encontraram com a pequena figura, eles desapareceram.

— N-não é possível… Aquela pessoa sumiu com os raios como se não fosse nada…?!

— Ele é… Ele é um Herói?!

Bydd e Mjöllmile recuaram surpresos quando a figura falou com eles com sua bela voz.

— Oh, ei, Bydd! É bom ver que você está se esforçando aqui. Estou impressionado. Mas você não deveria enfrentar um inimigo que não consegue derrotar, sabe?

Os olhos de Bydd se arregalaram. Ele não conhecia ninguém tão bonito quanto ele. Provavelmente se confundiu, mas de alguma forma, havia algo familiar em seus olhos.

— Vendo que minhas poções estão espalhadas por todo o lugar, você deve ser Mjöllmile, certo? Muito gentil da sua parte em tentar ajudar todas essas pessoas. Acho que não é o tipo de coisa que leva comerciantes ao sucesso. Não que eu esteja reclamando, mas…

Mjöllmile ficou tão surpreso que não conseguia se mover. Ele definitivamente era um completo estranho, uma figura esguia vestida com roupas estranhas. Algo sobre o comportamento dessa pessoa o lembrava da realeza. Ele queria perguntar quem era o recém-chegado, mas Mjöllmile não conseguia encontrar as palavras.

— OK. Já que você está aqui e tudo mais, pode continuar ajudando os feridos com aquelas poções! Vou fazer algo sobre esse monstro enquanto isso.

Ignorando a dupla em choque, a figura partiu.

 

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         Me decidi na hora que senti aquela onda de pressão.

— Tudo bem, — eu disse às crianças. — Eu vou ajudá-los. Deixar essa coisa solta vai levar a muitas mortes! Ranga!

— Estou aqui, — ele disse, emergindo das sombras.

— Eu vou derrotar aquele dragão bem rápido. Enquanto isso, fique aqui e mantenha as crianças seguras.

— Quer que eu dê a ele um gosto das minhas presas, mestre?

— Ummmm, bem que eu gostaria, mas vou cuidar disso eu mesmo. Essas crianças ainda estão me tratando como um tipo de charlatão.

Eu queria que Ranga fosse babá deles para mim. Além disso, era bastante duvidoso se ele poderia derrotar um Dragão do Céu ou não, embora eu não tenha dito a ele.

— Senhor Rimuru! Se quer enfrentar aquele monstro, você precisa esperar até que os cavaleiros apareçam!

— Sim! Tipo, você é mais forte que a gente, mas de jeito nenhum poderia vencer aquela aberração!

— Espere, espere, espere! Se você morrer, quem vai nos salvar então, hein?! Não vou deixar você se matar!

Entendem agora? Em momentos como este, é como se não confiassem nem um pouco em mim. Chloe e Ryota também estavam me olhando preocupados. Eu realmente precisava mostrar a eles o quão forte eu sou.

— Colaborem, pessoal, deixem isso comigo! Não sou estúpido o suficiente para entrar em uma luta que não posso vencer.

— Sem dúvida alguma. Meu mestre é invencível. Pode até não ganhar todas as batalhas, mas é invencível!

Verdade, Ranga. Eu nunca venceria Millim nem que me dessem um milhão de anos.

— Vocês o escutaram. Esse é um dos princípios fundamentais que precisam aprender primeiro, antes de qualquer coisa. Como avaliar seu oponente.

Comecei a me preparar para ir. Se eu mantivesse minha forma infantil atual, isso abriria a possibilidade de me reconhecerem. Sendo assim, achei melhor me disfarçar.

Me transformar usando minha estrutura celular de slime apenas me deixaria com o tamanho de uma criança, com um metro e meio de altura no máximo. Então eu decidi expandir minha névoa negra, pela primeira vez em algum tempo, e assumir uma forma adulta. Isso tornaria meu campo de visão maior, embora minhas percepções fossem baseadas no Sentido Mágico de qualquer maneira, então não é como se mudasse alguma coisa.

Troquei de vestimenta instantaneamente para o quimono chique que Shuna preparou para mim, concluindo a transformação na hora.

— Ah… — Ryota disse, atordoado em silêncio.

— Não é possível! — Alice exclamou.

— Que demaisss, — Kenya gritou com os olhos brilhando.

— Uau, Senhor Rimuru, isso é tão legal! — Chloe concluiu.

— Você consegue fazer qualquer coisa, não é? —Gail disse enquanto revirava os olhos.

Todas essas reações me ajudaram a lembrar de algo.

— Oh, verdade. Aqui, segure isso para mim.

Tirei minha máscara. Eu precisaria dela quando voltássemos para a cidade, mas usá-la agora iria expor minha identidade a todos. Todas as crianças ficaram com ciúmes quando Chloe a pegou.

— Ei! Isso não é justo, Chloe!

Eu tomei o choramingo de Alice como minha deixa para criar asas e voar para a batalha.

Quando cheguei ao local, encontrei um rosto familiar olhando para o Dragão do Céu. Era Bydd, e acho que realmente acatou meu conselho, já que estava preparado para proteger os feridos espalhados pelo campo.

Ao lado dele estava um homenzinho gordo segurando um frasco de poção com o selo de Tempest estampado nela. Presumivelmente, era o comerciante que Shuna havia mencionado. Considerando a avareza da maioria dos comerciantes que eu conhecia, fiquei bastante surpreso ao vê-lo abrir mão dos lucros para distribuir esse remédio. Sendo sincero, não sabia se isso era um bom ou mau sinal, mas acho que foi legal da parte dele, mesmo que seu rosto parecesse com uma doninha. Se ele estava fazendo isso como propaganda, foi realmente uma jogada de gênio.

Gritei para eles, o que eu não deveria ter feito, já que eu deveria manter meu disfarce. Foi uma surpresa tão grande vê-los no campo de batalha que não pude evitar. Melhor garantir que eles não falem sobre isso mais tarde.

— OK. Já que você está aqui e tudo mais, pode muito bem continuar ajudando os feridos com aquelas poções! Vou fazer algo sobre esse monstro enquanto isso.

Pelo que eu pude perceber, havia alguns feridos, mas ninguém estava morto ainda. Com Poções Superiores o suficiente, não seria tarde demais para salvar a todos. O guarda de portão que eu conhecia estava dentre os feridos, o que me deixou ainda mais feliz por ter chegado a tempo.

Os dois se entreolharam com espanto, então imediatamente começaram a agir. Ótimo. Agora, é hora de enfrentar o Dragão do Céu.

No instante seguinte, eu o matei em um piscar de olhos. Era grande, com cerca de quatro metros e meio de comprimento, mas era uma mera criaturinha em comparação com Charybdis. Ele podia lançar raios e ondas sônicas, além de ter uma pele grossa, mas nenhum dos seus ataques funcionou em mim. Então eu só precisei espancá-lo um pouco para depois usar o Glutão para comê-lo. Foi uma vitória fácil.


 

Tradução: Another

Revisão: ZhX

 

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